O melancólico sente um profundo e constante pesar por saber que A VIDA partirá, a vida enquanto a experiência dos sentidos e das sensações.
O melancólico vê a vida numa perspectiva que não é autocentrada ou egoísta. A vida que inevitavelmente partirá cedo ou tarde não é a sua mas A VIDA, a dinâmica em que está inserido e especialmente a partir de uma consciência estética profunda, isto é, direcionada para a beleza. Ele a vê como um grande amor e que não tem controle sobre o seu destino pois sabe de antemão que é efêmera e imparável.
O melancólico vivencia o mundo num estrabismo existencial, em que não se vê plenamente centrado ao redor do umbigo, mas como se além de si mesmo, em seu rio transitório, também percebesse a vida que vive, as experiências que atravessam o seu singular cosmo, a vida sem ser vista como ego mas como pura sensação.
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