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quinta-feira, 3 de março de 2016

"Quero ser grande" referência sobre criatividade no cinema



Um cérebro infantil em um corpo adulto?? 

As crianças são realmente mais criativas??



O fator "vivacidade" como possível confusão parcial entre "psicologia infantil" e "criatividade".



O que parece se consistir em mais um mito popular e sofisticado da psicologia é a de que as crianças sejam naturalmente mais criativas do que os adultos.

Faria sentido se tivéssemos uma profusão de gênios criativos com menos de 10 anos de idade.  Pode-se dizer que cérebros imaturos sejam mais propensos a produzir maiores variações em seus padrões comportamentais e que esta ligeira plasticidade ou "movimento" ocasionado pelas fases de desenvolvimento cerebral possam resplandecer em uma maior variação ou liberdade de comportamento. As constantes descobertas existenciais de quem não tem nem uma década de existência assim como também o maior relaxamento social nesta fase da vida também podem ser muito influentes para produzir essas fortes tendências de comportamentos.

Nota-se que muitas das particularidades psicológicas das crianças tendem a sobreviver em mentes criativas em uma maior proporção do que em relação àqueles que exibem menor intensidade destes traços/elementos. 

Maior espontaneidade e sinceridade (que por sua vez tende a se relacionar com honestidade ) e menor preocupação em relação às opiniões dos outros tendem a marcar a primeira infância. De acordo com que o ser humano se desenvolve, esta naturalidade vai sendo substituída pela conformidade ou adaptação progressiva via inculcação cultural (hierárquica) e subsequente reciprocidade/vulnerabilidade/suscetibilidade. 

As crianças tendem a se engajar em eventos recreativos coletivos, isto é, que são efetuados na companhia de outros pares da mesma faixa etária. 

A recreação é terreno fértil para a invenção ou a criatividade. Quando estamos no ócio e estamos com vontade de nos distrair da vida, geralmente seca e dura, nos engajamos em experimentações, matéria prima para a criatividade.  

Ai aparecerá um fator muito importante que diferenciará a mera recreação como as brincadeiras infantis, de uma real criatividade, duas características sintetizadoras que a define de maneira conceitualmente precisa, a qualidade estética (ou de valor) e utilitária.



'Adultos infantis'' são mais criativos??



Em termos de criatividade meramente recreativa a retenção desta comportamentos infantis na vida adulta pode ser fortemente correlativo ou mesmo causal/orgânico. Mas como já sabemos que a criatividade se diversifica naturalmente para acompanhar a multitude de necessidades humanas que se desdobram pelo espaço/tempo laborais e que se mostram naturalmente dispostas para diferentes tipos de mentes, então a relação entre as duas variáveis é provável de concentrar-se em maior proporção em campos intelectuais fundamentalmente recreativos como as artes, em geral. A criatividade tende a ter o seu epicentro e/ou manifestação mais densa e pura, nas artes, mas isso não significa que essas características psicologicamente neotênicas não possam ser complementares em relação às respectivas arquiteturas de outros tipos de criatividade, como por exemplo, àquela que está direcionada para as ciências. 

Afirmar literal e categoricamente que as crianças, por causa de suas condições biológicas temporárias, são mais criativas que os adultos e que com o passar dos anos esta criatividade vai sendo substituída pela conformidade a fim de atender as necessidades evolutivas, pode não estar totalmente errado mas isso também não significa que resplandecerá perfeitamente a realidade desta situação.

A característica mais marcante da criatividade em sua estrutura ou  padrão cognitivo essencial é a ''intuição''. São as crianças mais intuitivas que os adultos??? 


As crianças não são mais criativas que os adultos mas são mais socialmente relaxadas e ser mais inconformista neste aspecto será um forte preditor para uma maior experimentação comportamental. 

São os adultos mais criativos que parecem de fato mais infantis do que a média neuro-típica e em algumas ou muitas dimensões do comportamento "cronologicamente correto". 

As pessoas mais criativas, assim como as crianças, são em média mais espontâneas, vívidas, ingênuas (que variará imensamente, dependendo, novamente, da perspectiva/dimensão que estiver sendo enfatizada).


Mas o fator cognitivo que separa os mais dos menos criativos é a intuição ou a produção de novos pensamentos e/ou ideias, a definição conceitual mais pura da criatividade. Portanto, refaço a pergunta: as crianças são mais intuitivas do que os adultos**

E novamente, as crianças produzem mais ideias que são originais e potencialmente úteis do que os adultos**


A imagem que ilustra este texto é a de um filme muito querido/popular dos anos 80, ''Quero ser grande'', um dos primeiros trabalhos do ator americano Tom Hanks. Segundo a sinopse do filme, a personagem de Tom Hanks é um pré-adolescente que deseja muito ser grande, para ser mais independente e não ter que prestar satisfações para a sua mãe. Então ele decide ir a um parque de diversões, e em uma espécie de ''fliperama dos desejos'', faz um pedido ao ''gênio da máquina''. Ele volta pra casa, dorme e no dia seguinte acorda em um corpo de ''adulto'. O seu desejo foi atendido. Porém, a sua mente permaneceu infantil. Esta estória parece ter sido baseada no mito popular e parcial de que (todas) as crianças sejam naturalmente mais criativas do que os adultos. Apesar da caricatura ou exagero, em partes, nós temos a impressão de que os mais criativos sejam mesmo mais parecidos com as crianças e como eu falei, muitas dessas semelhanças parecem se relacionar com o fator ''vivacidade'', que ambos compartilham. As crianças estão descobrindo o mundo em que vivem e quanto mais se desenvolvem, menos curiosas elas se tornam, menos espontâneas e vívidas. Em compensação, os mais criativos ou gênios criativos, parecem estar sempre descobrindo novas realidades, isto é, a curiosidade infantil permanece por longa data nessas pessoas especiais e raras.


As pessoas mais criativas retém mais características infantis do cérebro do que as que são menos criativas ou apenas neuro-típicas**

Quais são as características que marcam a infância de um cérebro humano*

As crianças tem menor inibição latente que os adultos**

A criatividade é uma regressão ou uma evolução biológica** Ou as duas coisas*


Baixa inibição latente, TDAH e neotenia 


Parece ter sido comprovado que as pessoas que são portadoras da TDAH (eu acho que tenho leve TDAH e vou escrever um texto sobre este assunto) amadurecem mais lentamente do que a maioria dos neuro-típicos. 

Se o caminho da evolução humana é a neotenia então a TDAH seria a alvorada da humanidade** Claro que não, até porque a maioria dos portadores desta condição tendem a padecer de muitos problemas de adaptação, não apenas em relação à sociedade onde vivem mas também em relação a si mesmos, como parece ser muito recorrente em todas as condições mentais extremas,  e a combinação hiperatividade e déficit de atenção (generalizado) não parece ser uma boa combinação evolutiva. 

No entanto, como acontece com o autismo, a TDAH poderia ser mais como uma ''condição-estirão'', como eu já expliquei em outros textos no velho blogue do Santoculto. Semelhante à analogia que eu fiz entre autismo/albinismo e inteligência/despigmentação neste texto, as características positivas da TDAH tendem a se relacionar com vários elementos psicológicos que compõe muitos dos excepcionalmente inteligentes e/ou criativos.

Refaço todas as perguntas deste texto para produzir a sua conclusão

1- As crianças são realmente mais criativas do que os adultos**

As crianças tendem a apresentar uma série de características psicológicas que são encontradas em muitas mentes criativas de maior idade. Semelhanças no entanto não significam organicidades, o ser, a roupa conceitual, o reflexo perfeito, infância não é sinônimo de criatividade e os critérios mais importantes para a segunda não parecem estar plenamente presentes na maioria delas. Pelo fato de estarem vivenciando o mundo a muito pouco tempo, em conluio com uma curiosidade logicamente complementar, de sofrerem menor pressão social para se conformarem e de não terem plena consciência ou conhecimento desta (suposta) necessidade de conformidade, as crianças tendem a exibir muitas características que se assemelham aos mais criativos.

2- 'Adultos infantis'' são mais criativos??

Depende de como que determinaremos o conceito de infantilidade entre os adultos, eu sou da opinião que em relação aos adultos mais criativos ou gênios criativos, haverá uma combinação tanto de características psicológicas infantis quanto de características psicológicas contrastantemente maduras. Em comparação ao típico neurotípico eu tenho a impressão de que os criativos, em geral, serão ou parecerão mais infantis, em termos subjetivos, isto é, que dependerá do valor de julgamento, ou em termos absolutos, isto é, que a partir de todas as perspectivas, tal comportamento resplandecerá perfeitamente um traço psicológico ou atitude infantil. E vale ressaltar que em termos de maturidade mental, a maioria dos seres humanos apresentarão características mistas tanto de amadurecimento, especialmente o moral, e de infantilidade.


3- São as crianças mais intuitivas que os adultos???


Também resiste a ideia de que as mulheres sejam em média mais intuitivas. Um exemplo muito popular constantemente usado para provar esta máxima é a ligação muitas vezes para-normal entre mães e filhos, como quando uma mãe prevê que algo de ruim possa acontecer com o seu filho se ele resolver desobedecê-la e de fato se comprova a sua previsão horas depois de dar o alerta. Até onde que isto se consiste na verdade eu não sei. Mas parece se assemelhar à relação ''psíquica'' entre irmãos gêmeos idênticos em que muitos deles tendem a ter as mesmas sensações em muitas situações, mesmo quando não estão no mesmo lugar. Esta similaridade genética, tanto entre os irmãos gêmeos, quanto entre mães e (alguns ou certos) filhos, pode nos ajudar a entender melhor este fenômeno interessante. No mais, até agora, os maiores gênios criativos da humanidade tem sido desproporcionalmente de homens, sem falar na grande necessidade de que certos traços psicológicos ''masculinos'' como a ousadia, a coragem ou a inconformidade natural ''tenham de estar' presentes no indivíduo para que ele possa se enveredar em projetos criativos de grande alcance assim como também de suportar a pressão social consequente. A criatividade vem no embalo de contrastes emocionais marcantes e se faz efetiva quando se é mais objetivo. Outra possível explicação para a relação entre a genialidade e a biologia masculina pode ser o papel do testosterona no produção de uma maior diversidade fenotípica psicológica entre os homens resultando tanto no gênio como no criminoso. Se as crianças são mesmo mais intuitivas que os adultos mas não levam a sério as suas supostas ideias geniais, resultando em uma não-aparente comprovação, eu realmente não sei. Mas muitas pistas parece que nos levarão à negação parcial porém contundente desta pergunta pretensamente conclusiva.


4- As crianças produzem mais ideias que são originais e potencialmente úteis do que os adultos**


Em termos de utilidade, um enfático não.


5- As pessoas mais criativas retém mais características infantis do cérebro do que as que são menos criativas ou apenas neuro-típicas**


Não posso responder com certeza absoluta porque não sou neurocientista. Mas de acordo com a teoria da neotenia humana, em que apresentamos desenvolvimento biológico muito mais lento do que em relação aos nossos parentes evolutivos mais próximos e que isso se dá por causa do amadurecimento de nossos cérebros, que são, em média, muito grandes, nós poderíamos pensar sobre isso com maior cautela, ou melhor, os especialistas da área. 



6- As crianças tem menor inibição latente que os adultos**


Desprezando a pergunta posterior à de número 5, no texto acima, porque também se relaciona com a neurociência, e continuando em frente com esta aqui. Eu tenho a impressão de que as crianças sejam mesmo mais 'distraídas'' do que os adultos e/ou que exibam menor inibição latente e que com o desenvolvimento do cérebro humano, em condições típicas, este ''neuro-padrão cronológico'' se desenvolva ou seja substituído por uma melhor capacidade de filtro sensorial. 

7- A criatividade é uma regressão ou uma evolução biológica** Ou as duas coisas*


Em termos puramente evolutivos a criatividade por si mesma é um grande avanço cognitivo. Dentro da complexidade da vida humana, a criatividade encontra-se presente e indispensável em cada novo pensar deste bípede atrapalhado. No aspecto puramente biológico a criatividade parece se consistir em um bio-produto invariavelmente recorrente em que as suas manifestações mais intensas tenderão a se consistir em uma potencial redução do fitness reprodutivo direto ou individual, ainda que seja fundamental para o fitness reprodutivo indireto.







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