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terça-feira, 15 de março de 2016

Precisão semântica: Um (sempre) breve estudo da palavra "mito"

"O mito da relação entre gênio e transtornos mentais"

Eu já destrocei o mito-do-mito da relação gênio e transtornos mentais. Não é um mito e é sempre importante ensinar aos estúpidos que frases vagas atrapalham muito mais do que ajudam. 

Mito é uma completa mentira, geralmente fantasiosa ou pra lá de metafísica, tomada enquanto uma crença conclusivamente "factual", ''eu nunca vi, não tem como provar, mas aconteceu, porque o meu meio sócio-cultural diz que aconteceu''.

O mito dos deuses gregos do Olimpo,
O mito de jesus cristo,

O mito da diversidade etno-cultural como uma força,
...
O mito que o homem pode voar apenas com o bater de seus braços,
O mito que a raça branca é totalmente superior às outras.



Agora, existe uma clara relação entre transtornos mentais, sem falar do seu espectro maior, mais heterozigótico e leve, e a criatividade. A relação entre a expressão total dos transtornos e criatividade já é positiva. A relação entre todo o espectro maior da diversidade cognitiva extrema que também engloba as variações mais leves dos transtornos, organicidades implícitas e a criatividade não é apenas alta mas muito provavelmente causal e portanto próxima de 100% de causalidade e não "apenas" uma correlação positiva. Eu posso estar sendo muito precipitado, acredito que não, mas é esta a impressão de que tenho sobre este assunto. Isto é, mais do que se correlacionar, o estilo de mente mais intensa é causal à própria criatividade da mesma maneira que é para a panaceia de transtornos da mente.

Agora nós temos um novo desfavor para o claro entendimento da criatividade. A nova frase aforística do momento  é "o mito do criativo neurótico".

A maioria das pessoas vão interpretar literalmente esta frase e elas não estão erradas porque não é a função delas de entender mas a do comunicador de ser claro e portanto preciso. É claro que existem muitos criativos e gênios neuróticos. É claro que existirão fenótipos em que a relação entre criatividade e neuroticismo será alta e em outros fenótipos em que a relação será menos significativa. É burro ou mal intencionado meu filho?? 




Não é um mito, é ''apenas'' ou bastante correlativo.



A ciência tenta ''racionalizar'' pseudo-paradoxos como a da correlação significativa entre o espectro da diversidade neurológica (proxy para transtornos da mente e parentes talentosos ou ''heterozigóticos'') e a criatividade. 

A filosofia tenta entendê-la, ;) 

E a melhor maneira será por meio da precisão semântica


Ensinando precisão semântica: a correlação exponencialmente positiva entre espectro da diversidade neurológica e criatividade


Mesmo quando a correlação é negativa, o valor qualitativo também deve ser avaliado e os fatores ''meritocracia'' e visualização/reconhecimento



As pessoas com grande reconhecimento popular são indubitavelmente, as mais criativas** Ou será que muitos gênios não apresentam  traços que são fundamentais para uma carreira de grande sucesso* (conformidade, baixa empatia, alta simpatia, etc)

Eu continuo com a ingrata e persistente impressão de que não existe apreço pela precisão semanticamente investigativa na psicologia. Para que uma pessoa possa afirmar que a correlação entre neurose e criatividade se consiste em um mito, e afirmar isso para o grande público, ou ela precisa estar totalmente alienada dos termos que está usando ou foi a impressão que ela teve a partir dos últimos estudos. 




Até a pedra lascada foi produzida por causa da ênfase em relação aos problemas, às falhas, naquilo que estava faltando. Estar é um pouco diferente de ser. Estar é um estado temporário, ser é um estado constante, de longa vida. Todas as nossas atividades que visam na resolução de problemas precisam se dar com base na ênfase pelo negativo, se o positivo tende a significar satisfação. Se está satisfeito então não vai tentar melhorar. Quem não sente falta de algo não fará nada para tentar resolver este vazio de momento ou de longo prazo porque ele simplesmente não existirá.

Uma das principais estruturas da criatividade É a neurose, momentânea, relativa ou significativa.

Qualquer trabalho criativo precisa deste sentimento de que ''poderia ser assim ou poderia ser assado'' e se poderia, mas não é, então se consiste numa falta, num problema e uma pessoa que não estiver consciente desta realidade e portanto, neurótica, não fará nada para melhorar.

Neuroticismo puro nos levará ao ódio dos problemas, mas sem buscar solucioná-los, e isto é uma coisa claramente ruim.

No entanto, os estados neuróticos são essenciais para a produção criativa, mesmo quando não aparentamos qualquer distúrbio emocional explícito. Estar ansioso para solucionar um problema, ficar momentaneamente ''depressivo'' ou cabisbaixo ao se deparar com uma cadeia desarmônica de eventos e/ou situações acopladas à certa realidade (ou com raiva), tudo isso nos fará pensar, novamente, a diferença entre ter impressão e e ter consciência.

Vejam só, eu fiquei com tanta raiva deste moço aí da foto acima, que resolvi escrever este texto. Se eu tivesse ficado satisfeito com o que disse, eu não teria escrito nem uma frase de agradecimento, até porque não é do meu feitio.

Se nos tornamos conscientes, ao menos nós iremos pensar em tomar alguma decisão. Tendo apenas uma leve impressão (nem toda impressão é leve e ruim, na verdade ela é essencial para que um montante de informações nebulosas tome corpo e curvas para se tornar um conhecimento e apto para desdobramentos futuros), não nos sentiremos sequer motivados o suficiente para fazer alguma coisa a respeito. Nem a nível ideacional.

O idiota empático está cheio de boas intenções e péssimas ideias.

O sábio tem boas intenções só que serão baseadas em ótimas ideias.

Portanto, não existe tal coisa como ''o mito do criativo neurótico'', pegue um dicionário e aprenda a entender as palavras de uma maneira mais profunda e portanto precisa.

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