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terça-feira, 1 de março de 2016
Vantagem heterozigota: Argumentador nato e o mentiroso patológico??
Os mentirosos patológicos tendem a ser rápidos para elaborar contra-respostas ou argumentos convincentes, complexos e possivelmente corretos. No entanto o mentiroso patológico ou compulsivo se perde completamente (ou não) quando o assunto é sobre a SUA realidade. O seu grande talento de convencimento via agilidade verbal/semântica e inteligência ''emocional' não será acompanhado por uma necessidade de se ser sábio ou harmoniosamente realista.
A capacidade argumentativa de um mentiroso patológico via lógica intuitiva pode também se manifestar entre os parentes mais próximos, os que compartilharem parte destas características. Da mesma maneira que a esquizofrenia, o transtorno bipolar ou o autismo ''podem ou parecem conferir'' vantagens heterozigotas, isto é, aos parentes mais próximos dos portadores, o mesmo poderia ser pensado para a mentira patológica, principalmente por causa desta lógica do espectro ou da variação de intensidade expressiva intra-familiar.
O meu tio tem uma velocidade argumentativa ou verbal impressionante. Ele também parece estar provido de uma excelente memória verbal e tem olhos afiados para perceber perturbações nos padrões de comportamento das pessoas, algumas vezes de maneira exagerada, que extrapola o bom senso, bem típico de alguém que está na fronteira da loucura. E eu herdei indiretamente parte dessa capacidade ou dessas características. A capacidade argumentativa está intimamente relacionada com a criatividade verbal e indiretamente relacionada com senso de humor, isto é, a capacidade de elaborar rapidamente uma profusão de pensamentos verbalizados seja para ser engraçado ou para tentar convencer os outros de seus pressupostos.
A memória verbal é instrumental, e é costumeiramente acessada por aqueles que a detém em melhor eficácia, para mostrar às outras pessoas as suas próprias contradições, por exemplo, quando dizem algo e desdizem-no algum tempo depois. As pessoas com boa memória verbal são capazes de recobrar essas lembranças e mostrar aos outros os seus erros de lógica de longo prazo.
Uma boa memória verbal também está relacionada com a capacidade de mentir, uma excelente ginástica mental, visto que é muito mais difícil fazê-lo do que de dizer obviedades.
Aqueles que são muito bons para mentir também serão obviamente muito bons para argumentar, mas é claro que dependerá do potencial de cada um e portanto o nível de capacidade cognitiva tenderá a ser um fator muito importante.
Quem pode produzir mentiras muito bem construídas, será mais propenso também a entender a realidade, ao menos bem mais do que os ''sociotipos humanos'' que estão mais prendados para a execução de atividades puramente cognitivas, isto é, destituídas de personalidade e/ou influências psicológicas, a real inteligência humana, o senso de autoconsciência em constante interação com a aparelhagem cognitiva.
Portanto, sem mais delongas, estou propondo por intermédio deste texto que os parentes de sangue mais próximos dos mentirosos patológicos, serão mais propensos a herdarem vantagens heterozigotas advindas deste compartilhamento genético de variáveis psicológicas extremas.
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