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sexta-feira, 11 de março de 2016

Intuições criativas dos gênios e outros vícios de virtudes



A intuição dos gênios criativos é um processo de internalização profunda de certa informação ou conhecimento (como eu já mostrei de outro ângulo neste texto) em que ocorre a mistura de identidades do ser e da coisa que está sendo escrutinada. É um processo simultâneo de coisificação e humanização que produz o estado mental apto para explodir em uma grande densidade de ideias criativas. De fato, o gênio se apaixona por seu objeto de interesse e o mesmo passa a fazer parte de sua identidade essencial.

Ao falar e pensar sobre as suas ideias o gênio está a pensar sobre si mesmo.

O neuro-típico tende a internalizar de maneira (mais) rasa as informações que lhe chama a atenção, mantendo bem demarcadas as fronteiras entre a sua identidade, do ser, em relação ao fenômeno de maior interesse momentâneo ou de longo prazo. 

O conhecimento preferido passa a fazer parte da identidade do gênio e de outros virtuosos. Mas não é o bastante porque algo parecido costuma acontecer com muitos monomaníacos. O que diferencia esta mistura de identidades de talentosos, monomaníacos sem potencial de talento e os gênios é que os últimos são capazes de expandir as áreas de seu conhecimento, isto é, eles não se tornam fãs devotos, mas em parte do conhecimento de melhor estima, no nível mais alto de empatia, isto é, colocar-se no lugar ''da coisa'' a ser observada, de sê-la, e pensar em novos meios de se vê-la. 


Portanto, em ordem crescente de virtuosidade criativa, nós temos os fãs comuns, no nível mais baixo desta cadeia hierárquica intelectual, os monomaníacos com interesses de natureza intelectual (filosofia, ideologia, religião ou artes) ou cognitiva (matemática, biologia), os monomaníacos com motivação intrínseca para manipular os seus objetos/coisas de interesse, isto é, os tipos mais talentosos, neste nível, a adoração começa a ser substituída pela empatia completa, isto é, se ver como o objeto, sem fronteiras entre o ser e a coisa. Por último nós vamos ter obviamente os gênios criativos, que perpassam o limite da adoração (proxy para fanatismo), ou 'empatia parcial' (no sentido empático), e a partir do momento em que caem de amores por um objeto de interesse em particular, passam a criar laços consistentes e permanentes de constantes internalizações, uma espécie de cognitofagia.


Qualidade (sábio) versus quantidade (polímata)


O acúmulo de conhecimento do sábio não se dá especialmente a nível quantitativo, que resultaria em um polímata, mas a nível qualitativo e como acontece com o gênio, esta relação que é profundamente impactante, passa a exigir do sábio a melhoria constante de sua abordagem em relação ao mundo, isto é, que sempre se auto-ajuste em prol da sabedoria, em busca do caminho da iluminação, do sentido e do valor da vida.



A intuição é o estado completamente oposto da ansiedade

A extrema auto-sincronia intelectualmente produtiva

Quando nos tornamos ansiosos seja na procura por um certo objeto ou para que algo aconteça, geralmente, por causa desta tentativa de dominar o tempo, o que mais desejamos simplesmente não se expressará, seja para encontrar uma caneta ou para esperar, por exemplo, por um grande amor.

A fluidez da vida é um dos grandes mistérios da existência, e a intuição aparece como a inteligência/pensamento que está conectada neste ritmo sereno e constante, um processo extremamente poderoso que tem sido essencial para a humanidade, para o seu bem ou para o seu mal. 

Ao nos vermos destituídos de uma constância instintiva de comportamento, ao mesmo tempo em que abrimos espaço para o pensar reflexivo, paradoxalmente, parece que também fechamos a válvula que nos possibilidade criar por meio do instinto, algo que poucos seres humanos são capazes de fazer a um nível impressionantemente novo e de qualidade.

O ser humano parece ter percebido o valor dos defeitos e é isso que nos faz tão distintos.


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