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sábado, 29 de abril de 2023

Progressista por: auto identificação, maioria de votos OU coerência???

 Eu penso que, se fosse depender da opinião da maioria dos autodeclarados progressistas, seria considerado, no mínimo, um centrista. E que se fosse depender da opinião da maioria dos autodeclarados conservadores, o mesmo aconteceria. Também que, dependendo do nível de fanatismo ideológico, poderia ser considerado um comunista de extrema esquerda ou um fascista de extrema direita. Mas o problema pode estar justamente nessa dependência sobre o que maiorias pensam. Pois apesar de ter aceitado a possibilidade de me considerar como um centrista, se não me importo tanto com essas caixas de identificação, eu ainda acredito que, pelo critério da coerência, especialmente em relação aos meus pensamentos ou pontos de vista, eu sou mais progressista, "de esquerda", que provavelmente a maioria dos que se identificam como tal, pelo fato de ter aprendido a sistematizar o pensamento e o julgamento mais imparcial e, portanto, justo, o máximo que consigo, em minhas abordagens intelectuais, justamente aquilo que essa provável maioria "de esquerda' não faz, resultando em uma coleção de contradições nada modestas.

terça-feira, 25 de abril de 2023

A ciência é uma despersonalização objetiva e a filosofia é uma personalização objetiva

 A ciência sempre despersonaliza mesmo sobre o que nos é mais íntimo. Já a filosofia sempre personaliza mesmo sobre o que nos é mais alheio ou distante. 


O exemplo mais óbvio é a diferença entre a astronomia e a própria filosofia. Pois se a primeira nos mostra o quão absurdamente grande é o universo, a outra nos mostra o quão absurdamente pequenos nós somos, por comparação.

A filosofia (verdadeira ou autêntica), portanto, visa por uma moralização objetiva.

A ciência visa suprimir a subjetividade o máximo possível em prol da objetividade. A filosofia visa uni-las.

Sobre a liberdade de expressão

 Não é apenas o nosso direito de se expressar, mas também o direito do outro de se expressar, inclusive de nos criticar.

Sobre a "Cleópatra da Netflix"

 A Cleópatra, particularmente a mais famosa das Cleópatras, era grega, nascida no Egito. E retratá-la como uma mulher negra  não tem nada a ver com justiça social. Pelo contrário, tem a ver com apropriação ou distorção étnica para fins político-propagandísticos e, assim, continuar alimentando o "dividir para conquistar", ou controlar, de continuar colocando mais lenha na fogueira da polarização ideológica.


Esse não é o único exemplo de trabalho artístico com tema histórico que autodeclarados  "de esquerda" ou "progressistas" têm adulterado para favorecer suas narrativas...

Eu gostaria de dizer que "sou de esquerda"...

 Mas se eu disser tudo o que penso para alguém de esquerda, é bem provável que me acusará de ser um fascista.  


Então, mesmo discordando que um típico esquerdista  possa ser totalmente capaz de julgar o nível de "esquerdismo" ou de "desejo pela justiça social" alheio, eu não ligo de me categorizar como "centrista". 

Mas se eu disser tudo o que penso para um de direita, é bem provável que me acusará de ser um comunista.

Sobre ex-ateus e convictos...

 Os primeiros são os que tendem a se tornar ateus por motivação ou gatilho emocional, geralmente de natureza pessoal. Por isso, estão mais propensos a reconsiderar. 


Já os que se tornam ateus por uma questão de racionalidade, de análise crítica e imparcial à crença religiosa, são menos propensos a voltarem para o rebanho ...

Pelos sentidos

 Pela cavidade do ouvido 

Vem o som da caixa de mentiras 
A televisão 

Vem o zumbido de sua torpe ousadia 
Que quer nos manter divididos (se é mais lucrativo) do que promover a nossa união

E eu grito, silenciosamente, 
Vem direto da alma,
Me incomoda, tal como alergia,
E eu saio da sala em um avião
Para um vício ainda mais envolvente
Chamado celular

Onde os neurônios se perdem em cada vídeo
Se uma obra de Fellini ou um gato divertido 
Se pelas músicas que tocam aleatoriamente
Foo Fighters, como sempre 
Diz que voltará para aquela merda de cidade 
De tarde, o céu nublado acima 
E Harold Budd me encanta com as suas poesias, desde há uma década atrás, 

E meu impulso de poeta quer tudo registrar

Quero escrever meu testamento,
Meu pequeno legado que carrego nas costas 
Quero descarregar minha melancolia

E me espanto ao saber que Ryuichi Sakamoto 
Já abriu aquela porta 
Para nunca mais voltar

Ele já terminou o seu testamento
Nos deixou suas composições tão lindas
A minha favorita é aquela do filme "O Último Imperador"
Do ano em que saí do útero e comecei a chorar
Sem dor
Dos meus primeiros momentos de vida 

terça-feira, 18 de abril de 2023

Eu não gosto de rotulação excessiva, mas acho que já sei o que sou...

 Ou o que tenho??


Autismo de "alto funcionamento"? Ou "leve"?? 
Asperger?? Ou um termo menos nazista... 

Só me faltava um traço, sintoma, característica. 

Hipersensibilidade sensorial.

Agora, parece que não falta mais.

Eu até que escuto bastante. Mas o que me causa mais dificuldade é a luz do sol, quando vem forte e eu só consigo ver os pés no chão. 

Obsessão pelos meus interesses, que consomem boa parte da minha atenção, eu já sabia que tinha, se é impossível não notar.  

Dificuldade de interação, apesar de ser uma dupla via, também sempre me foi elementar. 

Dificuldade de mentir, um desejo de sempre dizer a verdade, se o que penso ou sinto, ou acho que sei, nunca consegui controlar, totalmente.

Agora, eu preciso de um diagnóstico, álibi ou justificativa, mas que não explica o todo que sou. Porque eu não sou apenas autista, artista ou anarquista. Esse é o problema de rotular, se é praticamente o mesmo que reduzir, simplificar. Se eu sou, assim como todos, um múltiplo de um inteiro e não o resto de uma conta de dividir ou tirar.

Ainda não sei se é isso mesmo, mas neuroatípico, diferente dos normais, eu sou desde o berço.

Mais uma diferença entre direitas e esquerdas

 É uma "preferência" pelo anti-intelectualismo entre as direitas e pelo pseudo-intelectualismo entre as esquerdas. É a diferença entre o apelo ao intuitivo, ao emocional e ao subjetivo, em suspensão do pensamento lógico-racional ou imparcial-objetivo, e a  pretensão de não fazê-lo...

É melhor altas habilidades

 Superdotação sugere uma manifestação singular de alta capacidade, tanto é que os testes cognitivos têm sido indiscriminadamente adotados como o único método de avaliação intelectual por muitas instituições especializadas e profissionais da saúde mental.


Altas habilidades sugere uma multiplicidade de manifestação de inteligências ou talentos, de especificidades, que se desenvolvem muito acima da média, bem mais condizente com a realidade da própria inteligência humana. 

E ainda sugiro mudar esse termo para altas capacidades ou potencialidades, especialmente quando identificadas cedo, antes de se desenvolverem como habilidades. 

Problemática sobre a representatividade

 Para exercer qualquer profissão, o mais importante é a vocação e o talento. E não a raça, a orientação ou a identidade sexual, o sexo ou a classe social. Além disso, também acrescentaria o discernimento moral (ou racional), como um fator muito relevante. Diferente disso e não é meritório ou justo. São os privilégios de acesso que precisam ser combatidos: facilidades, apadrinhamentos e/ou nepotismo. O filho do pobre ou do remediado tem que ter as mesmas condições que o filho do rico. Mas os resultados, a partir de mecanismos perfeitamente meritocráticos, não podem ser controlados. Pois se, entre os maiores corredores olímpicos, africanos e jamaicanos continuarem a dominar o topo deste esporte, é preciso aceitar a sua supremacia. E o mesmo vale para as outras áreas, além do velocismo: no mundo burocrático, das ciências, das artes e o político. É verdade que é necessário ter mais personagens, estórias e artistas de grupos marginalizados ou historicamente oprimidos. Princesas negras, heróis LGBT e deficientes com protagonismo... Mas os criadores também precisam ter a liberdade criativa de escolher. Sem cotas de representatividade, por favor!  


Com amor, razão.

Sub(consciente)

 O meu consciente me esconde

O meu subconsciente me expõe

O meu consciente me aconselha
O meu subconsciente me manda 

O meu consciente reflete
O meu subconsciente pratica 

O meu consciente pondera
O meu subconsciente me atiça 

O meu consciente quer paz 
O meu subconsciente quer guerra 

O meu consciente quer meditar
O meu subconsciente quer ir longe 

O meu consciente quer viver o presente
O meu subconsciente vive de passado e futuro 

O meu consciente é mais fleumático, normal 
O meu subconsciente é mais dramático, um ciclotímico impulso

O meu consciente é o meu ideal 
O meu subconsciente é o mais forte

Mas eu ainda acabo no meio de dois mundos 
Eu não sou os braços de um lado ou de outro 
Eu sou a corda que puxam

Deusa-cianobactéria

 Sem ti

Não existiríamos
Para te chamar de Deus,
Maomé ou Jesus Cristo
Mais que Marias e Madalenas
Respiramos por ti
Que, felizmente, não sabe quem somos
Não tem tempo para o ser humano desprezível
Mas, obrigado!!

Sem ti
Não saberíamos viver
Essa experiência tão absurda e extraordinária
Continuaríamos às margens da inexistência
Nadando no meio do Nada, sem peso nem asa

Sem ti
Sequer poderíamos dizer que somos criaturas abençoadas
E acordar de pesadelos 
No meio da madrugada

Graças ao seu altruísmo cego 
Despertamos, internos
Para depois desacordarmos pra sempre 
Em um sono sem sonhos, eternamente

Um péssimo exemplo de ''lacração errada'' e sua versão alternativa, muito mais apropriada

 Pequena Sereia negra ...


Não o filme, eu vi mais na minha infância o desenho da Pequena Sereia, que passava na televisão durante os anos 90. Ariel, a personagem principal, sempre foi retratada como uma menina branca e, segundo a versão da Disney, branca e de cabelos ruivos. Até por ser um conto de fadas escrito por Hans Christian Andersen, dinamarquês, faz todo sentido que seus personagens tenham características nórdicas. Mas, recentemente e, turbinada pela nova moda de ''representatividade' na mídia ocidental, Holywood resolveu inovar  ''enfiando'' uma Ariel negra no novo filme baseado nesse conto. Negra, de cabelos rastafari e vermelhos. 

Mas, não seria muito melhor fazer uma heroína negra, primariamente para o público infantil,  com base em um contos de fada africano????

Mais parece uma provocacão gratuita, especialmente aos brancos conservadores, do que uma homenagem ou reverência às "meninas negras"...

Aliás, essa parece ser a principal motivação para muitos da "esquerda cultural", a provocação gratuita. 

Uma certa praga...

(É sempre MUITO desgostoso, para mim, criticar as esquerdas, assim, tão abertamente, mas algum progressista precisa se oferecer ao sacrifício, de agir como o "advogado do diabo", de arriscar perder amigos ou ganhar inimigos, de dizer o que precisa ser dito, discutido e, se possível, começar a ser corrigido ou melhorado. Pois se você se identificou com todos os traços ou tiques, está no seu direito de sentir-se ofendido. Mas espero que esse texto abra a sua mente. Aliás, eu também posso me considerar como um da espécie se é quase impossível não entrar em contradição, frequentemente, entre o que se fala e o que se pratica, sendo um progressista inserido dentro de um contexto de hegemonia capitalista).  


A praga dos "alecrins dourados"


Eles não acreditam que existe o certo e o errado. Mas têm certeza que estão mais certos que os outros.

Eles afirmam que a verdade é apenas subjetiva e a moralidade apenas relativa. Mas querem impor as suas. 

Eles dizem que defendem a ciência. Mas não acreditam em objetividade e até a acusam de ser "ocidental" e "positivista".

Eles pensam que são os que mais entendem sobre filosofia. Mas a trocam por discursos fáceis e bonitos, como fazem os sofistas.

Acusam os outros de serem irracionais. Mas, com frequência, usam falácias lógicas em seus argumentos, e têm dificuldade para distinguir pseudo ciência da verdadeira, ideologia/política de teoria científica. 

Dizem que são contra as desigualdades, mas fazem pouco ou nada para combatê-las dentro de suas esferas pessoais, mesmo ou especialmente quando têm recursos para alcançar esse objetivo.

Se dizem a favor do meio ambiente, mas muitos são consumistas natos, ao invés de adotarem o minimalismo.

Dizem que são contra preconceitos, mas estão sempre praticando os seus. 

Dizem que são anti racistas, que raças humanas não existem. Mas vêem raça em tudo; odeiam brancos e amam pretos.

Se dizem críticos do capitalismo, mas têm muitos que adoram dinheiro.

Acusam os outros de adorarem mitos, mas eles também têm os seus ídolos intocáveis e "perfeitos".

Acreditam que basta apoiar certos partidos e/ou votar em certos políticos, nas próximas eleições.

Suas empatias se limitam mais à pregação do que às suas ações.

Se dizem a favor do respeito e da tolerância, mas são muito intolerantes com quem pensa diferente, mesmo se a discordância não for significativa.

Dizem que são a favor da democracia, mas não sabem lidar com opiniões destoantes. 

Dizem que uma opinião é apenas uma opinião. Mas então... sempre tem uma contradição adiante.

Dizem que estão cheios de incertezas. Mas estão sempre falando sobre suas certezas absolutas.

Dizem que a arte é subjetiva, mas estão sempre querendo impor suas preferências. 

Lhes parece impossível evitar a hipocrisia, se parece que lutam contra a coerência. Mas, absolutamente, não são os únicos.

Se pensam acima do bem e do mal. 

Confundem o neutro com o imparcial, o complexo com o confuso. 

Reduzem a complexidade de um contexto a uma lista de adjetivos ofensivos.

São alecrins dourados ou papagaios??

Ingênuos como Pippa Bacca ou espertos como certos milionários?? 

Refletem sem refletir. Julgam sem saber. Criticam os outros e pouco a si mesmos. Falam mais do que sabem e mais sobre o que distorcem. Afinal, o que querem ou por quê??

Vaidade? Conformismo? Baixa autoconsciência? Comunismo??

Um pouco de tudo, de tudo um pouco.


Eu acredito que a maioria realmente deseja um mundo melhor, que suas boas intenções são genuínas. Mas disto, o inferno está sempre cheio. Não bastam discursos vazios ou sentimentos puros, sem o bom senso da sabedoria. Não adianta serem moderados sem ter ponderação, se é mais um extremismo ideológico, mais um exemplo de doutrinação, e não de educação legítima.

Poderiam ser mais um grupo marginalizado, porém ousado e opinativo. Mas, muito pelo contrário, eles já estão em todo lugar. Nas aulas de filosofia, de história e geografia, de biologia, nas universidades, nos mundos artístico e político, na sua sala de estar. Já derreteram as esquerdas por dentro. Agora, acreditam que seu raciocínio é exemplar. Mas não adianta, é preciso aceitar que não estamos certos sobre tudo. Não adianta acertarmos o diagnóstico e errarmos no tratamento. Não adianta identificar a doença e se limitar aos sintomas, ou pior, aplicando remédios que pioram o quadro ao invés de abrandar. Não adianta acertar na essência e quanto ao resto se equivocar. Porque não adianta acertar apenas a metade ou adulterar fatos inconvenientes. Eles só desaparecerão de suas mentes. Não tem como lutar pela justiça, se agarrando à mentiras supostamente empáticas.  Mas as esquerdas têm ido longe demais. Tão longe que abriram espaço para o avanço da extrema direita, enquanto discutem sobre o sexo dos anjos em cima de nuvens abstratas. Ter um exército de alecrins dourados, sempre prontos para censurar ao invés de educar, para escutar e aprender e não apenas para ensinar, e praticar; para xingar ao invés de sempre tentar o diálogo, só ajuda os inimigos da verdadeira justiça social. Mas essa praga já se tornou uma epidemia mundial. 

segunda-feira, 10 de abril de 2023

Como que a religião está diretamente relacionada com a disgenia humana??

 As religiões, especialmente as monoteístas, que são as mais pró-natalistas, não se preocupam com a qualidade intelectual e moral dos seus seguidores, porque para as mesmas, quanto mais seguidores, melhor. Em outras palavras, para as religiões, a quantidade é mais importante que a qualidade. Aliás, elas dependem que seja assim, pois quanto mais inteligente e sensato é o ser humano, mais propenso a duvidar das narrativas e das práticas de uma religião organizada, culto ou seita, de se tornar cético ou ateu. Ainda que indivíduos muito inteligentes possam ser religiosos, eles são minoria. Já quanto aos mais racionais ou sensatos, estes raros indivíduos que alcançam o mais alto nível de racionalidade, a religião, de maneira geral, é inevitavelmente identificada como um sistema de crenças sem qualquer base lógica e, então, severamente problematizada. 


Em suma, a crença religiosa trabalha ativamente contra a evolução intelectual e moral (filosófica) da espécie humana e especialmente a partir de nosso maior trunfo, nossa capacidade racional. Porque sem a sua superstição, seu "ganha-pão" mais básico, não consegue se sustentar e se perpetuar ao longo das gerações.

*Disgenia, o oposto de eugenia, é um processo em que, aqueles desprovidos de qualidades objetivamente desejáveis, geralmente associado à inteligência e ao comportamento, produzem mais descendência que os seus opostos e que, a partir da lógica da seleção natural ou de processos seletivos e adaptativos, resulta em um aumento constante desses indivíduos e seus polimorfismos em determinada população.

"300% de aumento"

 Para os que já estão ricos,

Para os mais corruptos, 
Para os adoradores de notícias falsas,
E de pão e circo,
Para os de centro e os de direita, com certeza 
Mas não se engane muito com a esquerda, 
Porque a política é um negócio,
É um teatro de vampiros,
É um concurso de esperteza,
São servidores do povo que se servem do dinheiro público,
Se são pastores ou empresários,
Sofisticados ou rústicos
 
300% de aumento,
Porque dizem que são meritocráticos,
Especializados em cinismo,
E o povo,
Sempre passivo,
Aceita com raiva, mesmo que se revolte por dentro,
E ainda tem muitos que justificam, 
Porque fariam o mesmo se fossem políticos

Não é possível o verdadeiro progresso 
Com essa corja desprezível,
Determinando nossas vidas no congresso
Por Deus, pátria e família 
Sem escrúpulos e princípios
Ou por outros tipos de hipocrisia,
Não basta culpar apenas as formigas
Por ter açúcar no chão, 
Não basta culpar apenas Brasília 
Por terem direito a salários altos e outros benefícios sem uma boa razão,
É claro que os piores serão atraídos
É claro que haverá corrupção.

O improviso...

 ... é a criatividade reativa, a partir de uma necessidade de responder a uma situação inesperada. Que não é a mesma que a criatividade deliberada ou perseguida.

Na contramão

As luzes dos carros passam 

Enquanto eu volto pra casa 
No entardecer
E penso no que foi planejado 
Tentar reatar alguns contatos 
Porque a culpa foi minha 
E, então, minha consciência
Emerge durante o momento 
E eu temo pela própria vida
Pelo imprevisto 
Pelo indesejável 
Que as minhas luzes se apaguem 
Todas de uma só vez
Pra sempre,
Eu confio nos motoristas 
Com a ingenuidade de uma criança pequena 

Eu me perco de mim

 Eu envelheço

Fui os dias em que eu existi

Os momentos desaparecem 
E as vidas

Os corpos são caixões
Almas em fotos, mensagens, poesias

Eu queria me lembrar das conversas que tinha com a minha avó  
Mas só consigo sentir saudades
E isso é tudo 

Sobre o amanhã

Não há razão para pensar
Se hoje é o mundo acontecendo

Ontem, foi-se tudo, apesar
De que a vida continua a passar com o tempo

E os dias se apagam, ininterruptos,
E o corpo continua intenso

É tudo isso que (ainda) temos

As horas são intervalos
Os minutos são momentos
E os segundos, 

esquecimento

A alegria é o contato de um deslumbramento 
Os retratos são distâncias,
E as palavras, devaneios, 
Versos sem concordância, nem alinhamentos
 
Seguimos, sofrendo e sorrindo,  sem rodeios, 
a sombra do único vento

Miserável e maravilhosa existência

Um professor decapitado
Sombras de um rosto querido que não vive mais
Guerras que nunca terminam 
Tragédias que se repetem
O mal convence e domina
E só temos uma única vida
Tão frágil e breve

A existência é miserável

Cada bom dia e boa noite 
Os amigos que me esperam
Que eu também quero
O calor de uma felina adorável
O prazer e o transtorno do sexo
Os risos de minha mãe com as minhas piadas
Passarinhos comendo as migalhas que eu jogo no chão

A existência é maravilhosa 

O mal venceu a humanidade

 O mal anda de carro luxuoso, compra ilha particular em um paraíso tropical, destrói a natureza por dinheiro, explora e engana por poder, governa com chumbo e opulência, divide para conquistar, envenena para extrair, sorri enquanto despreza e humilha, mata enquanto se diverte, acumula privilégios e perversidades, sabe que os bons são ingênuos ou covardes, sabe que a maioria não tem piedade... o mal se passa como necessário, inevitável, e agora diz que somos todos absolutamente iguais, que somos anjos sem sexo nem raça, mas tudo não passa de mais uma trapaça, de uma nova mordaça, tudo não passa de uma bondade teatral e lucrativa, tudo que não é o mais importante, que não é essencial, e é assim que o mal venceu a humanidade, criando mitos e seguidores, vencedores e perdedores, aliados e inimigos, labirintos e areias movediças ... 

"A maioria das pessoas não se tornam gênios criativos porque não têm tempo para se dedicar aos seus interesses mais intrínsecos"

 Na verdade, a disposição criativa tem uma natureza impulsiva e obsessiva. Por isso que todo gênio criativo se dedica integralmente aos seus interesses mais intrínsecos, mesmo quando não tem recursos financeiros ou ajuda de outros para bancá-lo. A maioria das pessoas não é altamente criativa, não por falta de tempo, mas pela própria falta de uma disposição criativa mais desenvolvida ou potencial. 

Não existe o amanhã

 Tudo é o hoje

O amanhã ainda não aconteceu 
Tal como a próxima erupção de um vulcão extinto
Ou a segunda/primeira ressurreição de Jesus Cristo 
Ou uma terceira guerra mundial
Que eu já sinto os tambores batendo
no meu coração aflito
Não existe o depois sem ter havido 
O agora é o único momento
Porque o ontem também não é possível 
Se só existe esse tempo
Para nós, pobres mortais
Constante e finito

Algumas vezes

 Eu me vejo no espelho 

E não sinto que ele sou eu 
Porque eu sinto um descompasso 
De corpo e espírito 
De chama e eixo
Como se não me sentisse
Como se fosse justamente o que sou 
O sangue que irriga as veias
Os neurônios que fazem tempestades
A consciência de fora por dentro 
Sinto como se não existisse
Como se fosse uma mentira abstrata
Mais em pensamento do que forma
Mas só algumas vezes 
O meu olhar não se encaixa com os meus olhos
E eu vejo o que sou na realidade
Uma ação, um fenômeno da existência, 
Uma construção ilusória, 
Minha própria subjetividade 

O outono

 Um ciclo de tragédias anunciadas termina 

para ser sucedido por outros
As tardes ficam mais claras e as noites mais escuras
Bom para caminhar nos morros de Minas 
E nas montanhas da Lua
Com os olhos andando pela janela turva 
Nas nuvens que se esqueceram de evaporar 
Nas asas tardias de uma ave solitária 
Que apenas uiva
Nos sonhos, nas memórias e em sua mistura
É o outono das damas noturnas 
Que começou a se manifestar
Um novo ciclo de encontros e buscas
De encantos e desencantos
Até o inverno chegar
Discreto 
Carregado pelo friozinho do sul
De fim do mundo 

A opressão da estupidez humana

 Das ruas malfeitas, das igrejas malditas, das casas maltrapilhas, das decisões insensatas, da ostentação sem sentido, das desigualdades, das mentiras esculpidas, das veias abertas, d'aorta de venenos, dos rios de sangue, do frio concreto, das emoções sem sentimentos, dos amigos invisíveis, dos vizinhos distantes, das florestas destruídas e dos shoppings eretos, dos lucros protegidos... das vidas descartáveis, nas estantes dos supermercados, se agora é como antes, o presente é o passado, sem otimismo para o futuro, que também é previsível e decepcionante, se daqui há 300 anos, o que poderia ser resolvido e finalizado na próxima década, mas não existe nada mais dominante que a estupidez dos líderes destes "homens sábios" e sua legião de asseclas...

domingo, 2 de abril de 2023

Falácias "anti racistas"

 1. Brancos não podem sofrer racismo



Racismo é um tipo de tribalismo, um comportamento universal que indivíduos de qualquer grupo racial podem praticar ou sofrer. Pois mesmo que o racismo contra brancos tenha sido historicamente menos comum, ainda não dá para dizer que não exista ou que não seja possível. Esse tipo de racismo também não pode ser confundido com a heterofobia, um tipo de preconceito logicamente possível, mas praticamente inexistente. 


Aliás, dizer que brancos não podem sofrer racismo...  é racismo. 


2. Todo branco é privilegiado por ser branco


O racismo estrutural existiu, integralmente, na época da escravidão, no Brasil e em outras regiões do mundo, e se irradiou por muitas décadas depois da abolição. Mas, hoje em dia, não dá para dizer que continua intacto, que não tem havido muitas melhorias em termos de combate ao racismo. Além disso, o racismo estrutural está intrinsecamente associado ao classismo, do contrário, não existiriam (muitos) brancos pobres e remediados, explorados ou oprimidos por "elites" inescrupulosas (a maioria)...


Quanto às relações de poder e privilégio, a raça nunca é o único parâmetro, se existem outras vias de identificação e tratamento, como a orientação sexual e a classe social, que também são muito importantes. Por isso que, não é nada incomum que um indivíduo branco possa ser menos privilegiado que os de outras raças. Aliás, por uma perspectiva individual, é muito fácil encontrar "não-brancos" que são muito mais privilegiados que brancos. Por exemplo, um branco LGBT e pobre ou classe média baixa versus um negro ou um oriental heterossexual e rico. 


3. Ser contra ou ter uma opinião cautelosa sobre o multiculturalismo//imigração em massa é racismo


Na verdade, não é, e nem xenofobia, se nenhum país é ou deveria ser obrigado a abrir suas fronteiras para a imigração, ainda mais se for "em massa". Enquanto que a xenofobia e o racismo existem, ser mais interessado na própria cultura e/ou povo e querer preservá-los não é xenofobia, mas uma espécie de autoctonofilia. Essa é a diferença entre "odiar estrangeiros" e "preferir pelo próprio povo", ainda que pareça comum apresentar uma combinação dessas tendências ao invés de expressar apenas uma delas.


No caso da xenofobia, como é um termo ainda mais vago que racismo, então, é possível dizer que existem casos de "medo de estrangeiros" que são mais racionalmente justificáveis que outros. 


4. Raças humanas não existem 


Pode chamar de variações fenotípicas (que não se limitam aos aspectos físicos) ou populações, porque dá no mesmo. Não existiriam se não existisse qualquer diferença entre populações humanas. O simples fato de existirem pessoas negras, brancas e orientais, por exemplo, já é uma forte evidência... 


5. Racismo é preconceito de cor


Racismo não é colorismo ou "biologismo", preconceito unicamente com base em aspectos físicos ou biológicos (tal como o albinismo... e a homofobia). Ainda que o colorismo seja uma parte importante do racismo, é muito comum que as pessoas discriminem racialmente com base em comportamento do que "apenas' por diferenças físicas.


6. Acreditar que as raças humanas apresentam diferenças médias e intrínsecas de comportamento e inteligência é racismo 


Racismo é generalizar um grupo racial, tanto no sentido negativo quanto no positivo. Também é racismo legítimo afirmar que a raça de um indivíduo é causal ao seu comportamento. Isso é atribuir causalidade à raça o que lhe é correlativo (uma correlação interseccional ou não-paralela). Isso é dar muita ênfase à raça (ismo).


Qualquer forma de preconceito irracional (porque também tem aquele que é mais racional) é um exagero, uma injustiça e, portanto, uma mentira. 


Verdades ideologicamente inconvenientes, tais como as diferenças raciais em comportamento, cultura e capacidades cognitivas, não são racistas, porque não são mentirosas ou injustas, especialmente quando é enfatizado que se tratam de correlações e que, consequentemente, contribui para evitar generalizações.


7. Vítimas de racismo alegado têm sempre razão 


Depende do contexto, porque tem casos complexos em que, por exemplo, o indivíduo que denunciou a injúria racial ofendeu antes...


8. Ser contra ou cauteloso à miscigenação racial é racismo e ser a favor é legitimamente anti racista 


Pois um mestiço ser a favor da miscigenação e contra a endogamia racial ou étnica não é muito diferente de um heterossexual homofóbico ou de um homem misógino. 


Uma pessoa querer que pessoas brancas de origem europeia e negras de origem africana não se misturem, por preferir que preservem suas respectivas diversidades, mas compreender que sempre existirão cônjuges interraciais e mestiços é, por acaso, racismo?? 


9. Pobreza e conflitos armados na África são resultantes do colonialismo europeu 


Não apenas na África, mas em praticamente todas as regiões em que existe uma população negra de origem subsaariana, aleatoriamente selecionada e predominante, assim como em relação à qualquer outro grupo não-branco. 


Só que não, porque, geralmente, a culpa de boa parte do que acontece em qualquer lugar é dos que vivem lá... 


10. Os brancos são culpados pela escravidão africana


Todos?? De todas as idades?? 


Mesmo que a maioria dos seus ancestrais tivessem participado ativamente no tráfico de escravos negros e no sistema escravagista, não é moralmente correto culpar o filho pelos crimes do pai. Mas nem isso, porque os maiores responsáveis pela escravidão africana também foram os um dos que mais se beneficiaram dela: as "elites" monárquicas.


Ainda é possível atribuir culpa histórica, mas nunca individualmente. Na verdade, nem coletivamente, se durante os quatro séculos de escravidão africana nas Américas, a maioria dos europeus também era explorada e oprimida por suas "elites".

Eu gosto de geografia, história, psicologia... por que eu não gosto de matemática e geometria??

 É quase certo de ser um pensamento falacioso, ainda que possa ser parcialmente verdade em certos casos. Mas, além de duvidar que correspondam à maioria, com certeza não é o meu caso, porque eu sempre gostei de ciências humanas, primariamente de geografia, desde os meus 9, 10 anos de idade. E sim, paralelo a isso, eu também comecei a ter dificuldades com as ciências exatas, principalmente a partir da quinta série. Mas eu também tenho certeza de que uma coisa não levou à outra, pelo que já foi dito logo acima, se o não-gostar e o gostar podem e, é até possível dizer que, geralmente se manifestam de maneira paralela. 


Portanto, para finalizar essa breve discussão, eu gosto de geografia porque eu gosto de geografia e não porque não gosto de matemática. E, se eu fiz faculdade nas ciências humanas, não foi unicamente para "fugir" das exatas, mas especialmente por gostar e perceber uma facilidade para aprender sobre as humanas*. Não foi por eliminação, mas por escolha, independente se, na época, eu já soubesse que é uma área com menos oportunidades no mercado de trabalho.  Até porque nunca passou pela minha cabeça me especializar em alguma área de exatas.

* Desprezando que o conhecimento matemático, pelo menos o básico, é variavelmente exigido nas humanidades. 

Porque eu gosto da infância

 Dos desenhos, dos filmes, dos programas e das estórias de criança, de brincar, da leveza, da inocência... de me sentir como o menino que eu fui um dia, de nunca esquecê-lo. Mesmo, agora, na casa dos 30, apesar de pensar como se já tivesse uns 80. Porque eu sempre penso na minha mortalidade, no destino de todos nós. Por isso eu sempre volto no tempo em que a eternidade parecia possível. Em que não sentia o peso de estar vivo. Da época em que a energia é tão pura e intensa, quando tudo é intuição e entusiasmo. É por isso que eu sempre procuro, mais que relembrar, vivê-la todos os dias. Não mais que um vício, um sacramento. Para nunca acordar como um adulto demasiado frio e pragmático. Pra nunca acordar com uma máscara de maturidade, vestido de mentira da cabeça aos pés. E perder o amor às pequenas alegrias e ao mundo mágico da imaginação. Pra nunca perder essa fé na vida que apenas as crianças têm.