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terça-feira, 1 de março de 2016
Auto-biografia: foram apenas os fatores ambientais que determinaram quem eu sou??
Auto biografia. Uma ideia ruim para os hbds (pelo que parece). Excelente pra mim.
"fatores ambientais/ ambientes compartilhados" (???)
Um cenário extremamente comum. Filhos dos mesmos pais, criados no mesmo ambiente, de maneiras muito similares ou neutras, isto é, sem qualquer grande assimetria de tratamento de longo prazo, se desenvolvem de maneiras distintas em temperamento, idiossincrasias cognitivas, caráter, escolhas culturais, etc... Não restam dúvidas de que se tornaram e/ou que sempre foram INDIVÍDUOS, com as suas diferenças intrínsecas sempre espontaneamente expressadas.
O mito dos fatores ambientais familiares compartilhados
Eu compartilho com os meus pais e irmãos algumas características cognitivas ''e' psicológicas, mas isso não significa que nós, os filhos, copiamos os nossos pais via lavagem cerebral sutil ou mímica auto-induzida desde a infância, mas que, por termos muitas características em comum, apenas expressamos essas similaridades, que se manifestariam com ou sem a presença deles em nossos ambientes de vivência ou experimentação existencial.
Segundo o quase consenso de uma boa parte da psicologia, pelo que parece, o ambiente familiar teria um grande impacto no desenvolvimento psicológico do ser humano. Os crentes do behaviorismo comportamental ou da teoria de que nascemos "zero bala", deixa a sugestão autoritariamente subjacente de que a personalidade seja totalmente moldada por fatores ambientais. Supostamente, aqueles que foram criados por famílias socialmente funcionais, se tornarão socialmente funcionais, enquanto que o oposto também será verdadeiro. O problema é que para os dois casos haverão muitas exceções de maneira que, determinar o ambiente familiar como a principal influência para o desenvolvimento psicológico é contraproducente a partir do momento em que as mesmas ações ambientais não terão sempre as mesmas reações orgânicas. Como eu tenho falado repetidamente, é a capacidade reativa dos seres vivos que será decisiva porque nós é quem somos as vidas e os ambientes é que são os cenários de nossas vivências. Temos de separar as fronteiras entre nós, as nossas escolhas, e os ambientes em que vivemos...
Nada mais lógico do que a busca e o uso do autoconhecimento para melhor entender as influências que produzem os nossos comportamentos. O uso de relatos e investigações psico-autobiográficas podem ser muito relevantes para este tipo de estudo porque afinal de contas, estamos falando de nós mesmos, de nossos comportamentos....
Fatores ambientais compartilhados não são responsáveis por nossos comportamentos de curto e de longo prazo sem os nossos veredictos reativos finais.
Mesmo com uma relativa e/ou normal simetria de tratamento, os meus irmãos e eu não nos desenvolvemos iguais ou apropriadamente iguais como resposta à criação dada por nossos pais. Existem muitos casos em que acontece uma coincidência, que é quase sempre mal interpretada, em que as personalidades conscienciosas dos pais são fortemente herdadas por seus filhos, produzindo um ciclo relativo-a-preponderantemente harmonioso de interações inter-geracionais. Os pais conscienciosos e eu diria mais, moralmente inteligentes, cuidam melhor dos seus filhos que por sua vez, já tenderão a nascer com muitos dos predicados dos seus progenitores. Os pais cuidam melhor e este fator pode ser adicional mas dificilmente será impactante ao ponto de moldar personalidades e especialmente da maneira como que a grande maioria dos behavioristas acreditam.
Na maioria das vezes os pais não terão culpa ou responsabilidade pelo comportamento de seus filhos, na infância e adolescência ou na vida adulta. Os pais se convencem que os seus cuidados terão grande impacto no comportamento dos seus filhos enquanto que na verdade eles poderão fazer a diferença mesmo é por meio do seus respectivos direcionamentos para uma vida adulta economicamente estável, isto é, os pais pouco poderão fazer pelas características psicológicas e cognitivas inatas dos seus filhos, mas poderão manipular as estruturas sociais (de maneira honesta... ou não) que os encapsulam de modo a oferecer uma transição tranquila e eficaz da dependência para a independência emocional e financeira.
O que muitos interpretam como causal é na verdade correlativo como são muitas das concepções precipitadas que são rapidamente popularizadas dentro das comunidades acadêmicas dos departamentos de psicologia. O comportamento ''consciencioso'' (vagamente falando) dos filhos não é fundamentalmente o efeito de uma boa criação, porque já se consiste na expressão das suas características comportamentais intrínsecas mais agudas.
Infelizmente ( ou não), para que haja o mínimo de reciprocidade racional dos filhos em relação aos pais e aos seus sacrifícios, há de se ter uma pré-disposição, uma possibilidade, do contrário, como acontece muitas vezes, os pais terminarão se culpando por seus filhos ''mal criados''.
O que parece ser um "compartilhamento" de vantagens ou desvantagens ''ambientais' contagiosas, na verdade, se consiste na similaridade de comportamentos inatos e geralmente de ambientes sociais que são construídos por essas disposições comportamentais em interações contextualmente vantajosas com às circunstâncias.
Por exemplo, um casal que antes de constituir família, conseguem bons empregos (por causa de seus perfis cognitivos contextualmente apropriados) e estabelecem uma boa estabilidade econômica e emocional (por causa de seus perfis de personalidade). Tem filhos que nascem obviamente com muitas de suas características comportamentais e a partir daí serão mais propensos a repetirem muitos dos comportamentos conscienciosos dos seus pais.
Muitos entenderão assim:
''Melhor padrão de vida e ajustamento social fazem as pessoas mais 'socialmente funcionais' ''
Existem outros tipos de casos, e todos eles, de uma maneira ou de outra, provam a vital importância dos genes. O meu caso, por exemplo. Ao invés de uma predominância de semelhanças comportamentais entre os meus pais e os seus filhos, que tem sido 'compartilhadas' em um mesmo ambiente, nas mesmas condições, o que temos é a ocorrência de uma maior diversidade de temperamentos tendo como um dos ápices de diferença o auto-declarado sábio que vos escreve.
Nas mesmas condições de tratamento, com uma ''criação'' relativamente simétrica dada por nossos pais, nós evoluímos de maneiras muito distintas. Como explicar isso**
Compartilhamos os mesmos pais, os mesmos ambientes, as mesmas condições e ''mesmo assim'' nos tornamos singulares, ainda que com muitas similaridades em comum, como é o costume entre as famílias.
Na minha nada humilde opinião, retida de auto-observações pretensamente neutras (ver-me de maneira desapaixonada), a principal causa para esta situação será encontrada em nós, em nossas diferenças intrínsecas de comportamento e especialmente se forem comparadas às características dos nossos progenitores. Eles são mais dóceis, mais religiosos, mais ''calmos'' (o termo ''apático'' é sempre mais convidativo para explicar a suposta serenidade das massas) enquanto que nós nascemos mais arredios, mais exuberantes nestes aspectos. Um casal com alta carga mutacional produziu três filhos homens individualmente singulares que ao invés de compactuarem com a maioria de suas práticas culturais, se dispersaram num espectro maior de escolhas transcendentais.
Quando falamos de genes, muitas vezes, estaremos falando também de similaridades comportamentais que podem ser refletidas pela cultura. E isso pode nos passar a ideia de que o ''determinismo genético'' seja contrário à ideia de individualidade ou mesmo de uma relativa liberdade de escolha do ser humano. Mas dependerá, como quase sempre acontece, de caso pra caso. ''Os genes'', generalizadamente falando, que fazem alguns povos muito parecidos em comportamento, farão outros povos muito mais diversos. Portanto, não há porque tratar o ''determinismo genético'' como um eterno antagonista em relação à relativa plasticidade adaptativa/comportamental do ser humano, ou ''liberdade de escolha'.
Os meus pais sempre foram ''certinhos'', relativamente honestos, moralmente adequados, providos de bons níveis de capacidades cognitivas, que me parecem ser bem mais simétricas do que as minhas...
A maioria dos pais e especialmente os mais bem sucedidos, tentam passar ou transferir para os seus filhos as suas sabedorias (muito parciais), com conselhos e sermões, isto é, aquilo que foi fundamental para que obtivessem sucesso em suas vidas ou o que aprenderam com as suas experiências (na maioria das vezes, quase nada de supra-relevante).
Os meus pais me dizem que eu devo estudar para os concursos públicos porque a carreira profissional nesta área é muito mais estável e proveitosa. Eles dizem que eu devo me concentrar nos ''estudos'', leia-se, apreensão pragmática de técnicas e acompanhada com uma boa dose de memorização (vulgo, pura e simples ''decoreba''). Eles não entendem que eu tenho interesses específicos que tomam muitas horas do meu dia, não sabem que eu gosto de estudá-los, de me aprofundá-los, porque eles não são de intelectualmente obcecados como eu sou. Eles oferecem um bom ambiente para que possa alçar voos mais independentes, mas desprezam qualquer conhecimento em psicologia real, e eu tenho tentado mostrar-lhes o que se consistiria. Por causa de todas essas belas preconcepções que povoam densamente o reino encantado da educação, os meus pais ( assim como a maioria deles) querem me forçar a fazer aquilo que eu não tenho e nunca tive aptidão, que está querendo sugerir que seja algo mais intrínseco de minha pessoa do que apenas preguiça ou má vontade.
A maioria dos pais são preconceituosos em relação aos próprios filhos porque ao invés de buscarem entendê-los, se colocando em seus lugares, vendo por suas perspectivas, preferem se colocar como exemplos (mundanos, quase sempre) de sucesso, em outras palavras, se refletem em seus filhos, ao invés de buscarem pela luz própria dos mesmos, resultando numa cadeia muito comum de atropelos intra-familiares, de natureza constante e transcultural. Em sociedades muito exigentes como a Coreia do Sul ou mais ''permissivas' como as modernas nações ocidentais, e especialmente as mais ''progressistas', em todas elas, os pais, em sua maioria, simplesmente desconhecem os próprios filhos. Ao invés de buscarem por suas idiossincrasias, forças e fraquezas, os preconcebem enquanto indivíduos indissociáveis das massas, que são muito similares a qualquer outro. Produzem resumos grosseiros de suas próprias crias. Enquanto que existe uma grande tendência de similaridades entre os neurotípicos, isso não significa que mesmo entre eles não haverá um predomínio, ainda que menos intenso, de diferenças individuais que serão suficientes para não serem percebidas, ao menos por observadores natos. Eu sou filho de dois sociotipos de ''trabalhadores'', e no entanto, eu não herdei suas transcendências cognitivas e psicológicas. Eles são como formigas e eu sou como uma cigarra-formiga, quero viver a vida de maneira sossega, preguiçosa e intelectualmente vigorosa mas também tenho consciência de que preciso contribuir para a sociedade e de preferência do meu jeito.
Não, eu não sou um produto das circunstâncias, ainda que as carregue em minha memória como experiências e/ou lembranças (ou fenótipos do espaço/tempo).
Eu não imitei e não imito os meus pais, se exibo similaridades em alguns ou em muitos aspectos comportamentais, é pelo simples fato de ser filho deles e portanto de estar mais propenso de ter herdado muitas de suas características.
Eu não sou escravo do ambiente ainda que dependa dele, todos nós em nossas intimidades existenciais, somos donos de nossas decisões, ainda que tal raciocínio tenda a se dar de maneira não-linear ou indireta, isto é, aprendemos muitas vezes na base do solavanco, do susto, de mini-traumas psicológicos, quando algo prende as nossas atenções. O que parece ''ambiente'' pode ser apenas ''ignorância'' ou um limitado potencial perceptivo, a regra na espécie mais ''inteligente' deste planeta e devo falar deste assunto em um próximo texto.
Fatores ambientais compartilhados me ajudam estruturalmente e talvez me façam reagir de maneira mais adequada, mas tudo o que fazemos, somos nós que vamos decidir por último, o problema é que a maioria dos seres humanos tendem a tomar decisões de maneira muito intuitiva, rápida, pouco pensada ou refletida. No conforto do lar, eu tenho menos com o que me preocupar, e eu tenho consciência disto. Mas em termos de ''seguir o exemplo do pai'' ou ''reagir mecanicamente apropriado em relação à ajuda dada pelos pais'' se consistem em mitos tolos de quem está desprovido de inteligência interpessoal ou que a despreza, como muitos fazem.
Para entender realmente o seu comportamento você precisa começar a investigar por si mesmo e a partir daí extrapolar em relação ao comportamento humano em geral.
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