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domingo, 27 de março de 2016
A poesia é como o barulho da chuva caindo de tarde
É a experiência da vida
A profundidade do sentir
A emoção em sua forma mais pura
Tudo é efêmero
E a poesia é mais verdadeira
E quem sabe escuta-la
Aprende a ver a vida
Pela janela
A chuva caindo
Gotas de céu
Os sentidos aguçados
Sem qualquer outro zumbido
Com sussurros amigos e surrados
De nos conectar com o mistério profundo
De se agarrar no literal da vida
De abraçar ondas em um litoral tranquilo
De ver a beleza do existir
Por palavras que se convidam
No ritmo das rimas
Descortinando a lógica dos meandros
Destes rios velhos
Como cobras a trocar de pele
E o veneno da dúvida ou da certeza
Do saber ou do esquecer
Se é vermelha ou azul
Sempre mais uma bonequinha russa em outra caixinha
Dançando com os seus pezinhos suspensos
Suas sapatilhas enfeitadas
Sua pose adulta em sua altura de criança
Sua lourice ártica,
Indiferente ao tempo
A sempre rodopiar com ele
como o seu companheiro de dança
Deste vento, de cada troca gasosa,
Somos fervidos como chá quente
E o universo se serve de nosso evaporar
E Voltamos a sê-lo
Selados em nosso destino
De viver indivíduo
E de voltar ao nada coletivo
De onde tudo começa
Sem pressa, talvez sem horas nem minutos,
Queremos tomar a realidade nas mãos
Mas é como um pequeno pássaro de asas azuis,
Temos pena e o soltamos para o seu voo ermitão
A poesia é esta tentativa
Sem tecnologia ou botas frias
Sem força
É pela fraqueza da melancolia
Queremos tocar deus
De senti-lo no vazio de uma beleza
Que de graça, deixa de ser e se enfeia por seu desbotar
Mas deus é tudo
E nós somos os seus filhos
Somos o seu ar
Somos parte de si
Somos essas estrelinhas independentes
Que despertam numa loucura de perceber
Mas tudo é percepção
Tudo é refletir
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