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segunda-feira, 25 de abril de 2016
O ''ateísta'' moral versus o ateísta religioso (redundante porém tolerável)
''Nem todos os ateus/agnósticos são iguais''
Todos aqueles que estão dentro do espectro da personalidade anti- social são de ateus morais, diferente daqueles que se definem como "ateístas/ateus religiosos" onde que tal correlação não se fará estritamente necessária.
Ateus/ateístas morais não acreditam em qualquer sistema de moralidade, objetiva ou subjetiva, tendendo a usufruir dos que já existem de maneira cínica para que atendam aos seus interesses extremamente mesquinhos.
A palavra ateu mais do que expressar uma descrença de natureza metafísica, em seu conceito mais puro, parece que deseja indicar fundamentalmente a descrença apesar de já ter ''alertado'' que apenas a dúvida (agnosticismo) que se consistiria no verdadeiro ato constante de descrer.
Ainda que, em sua etimologia, o termo ateu signifique ''sem Deus'', a própria ideia de Deus, que também, enquanto uma abstração metafórica ou metafísica, é amoral em sua raiz, pode ser direcionada para diferentes fins enfáticos. Deus enquanto um mediador metafísico de nosso comportamento, como muitos creem e que não deixa de ter um fundo de razão remota porém consistente, pode e geralmente será enfatizado por exemplo em relação à questões morais. Deus também pode ser entendido como ''consciência moral'' e aquele que estiver destituído da mesma é provável que se assemelhará a um psicopata ou ''ao menos'' a alguém que apresenta algum tipo de personalidade anti-social.
O epicentro semântico das palavras ''ateu'' ou ''ateísmo'' pode ser sutilmente perturbado a partir de uma quase-literalização (o ato de tornar concreto ou literal) da palavra ''Deus'', não enquanto uma divindade-mor metafísica, mas enquanto um mediador do comportamento ou auto-consciência moral.
Algumas pessoas conversam consigo mesmas, eu por exemplo, especialmente em momentos em que tais conversas internas se tornam muito necessárias. Enquanto que muitas outras elegem o Deus de sua paróquia ''religiosa'' preferida, como o seu ouvinte principal.
Deus é o ''estado mental'', estado em um sentido político-administrativo, só que entendido a partir de uma perspectiva psico-moral.
O estado é um intermediador das relações humanas em suas respectivas nações ou comunidades demograficamente portentosas, isto é, aparece como uma entidade, o próprio Deus, que cria as leis e as executa, o controle social, pura e simplesmente.
O estado-Deus psicológico é a auto-consciência moral humana, que tende a agir a partir de uma simulação abstrata de segunda pessoa, a chamada voz ou ouvinte interior. Um outro Eu, que tenta ser neutro, o Eu-pretensamente-racional, ou o Eu transformado em Deus, a partir das narrativas ''religiosas'' oficiais.
Portanto ao invés da simulação constante ou recorrente de um julgador pretensamente neutro/racional, ou mesmo a transformação do Deus-metafísico em um ouvinte, nós vamos ter entre os ateus morais ou a inexistência de uma consciência comportamental ou a presença de um incentivador irresponsável, a famosa ''voz do diabinho'' que nos inflama para cometer ações potencialmente prejudiciais, que poderíamos facilmente pensar na impulsividade anti-social, a infantil compulsão por ações moralmente questionáveis.
Duvidar de posições diametralmente opostas e fracas em suas argumentações, sem falar da inexistência de evidências de ambas as partes, ''teístas'' e ''ateístas'' oficiais, é o verdadeiro descrer, por esta perspectiva é claro, porque apenas o suicida que poderá ser descrito como completamente ateu, sob todas as perspectivas, ideacional e também em termos de ações, o descrente absoluto que não vê mais qualquer razão para continuar a viver, perdendo a crença inclusive no ato mais fundamental da ou para a vida.
Domesticação e religião
A crença religiosa clássica e geograficamente multiforme, que eu denominei sinteticamente de ''moralidade subjetiva'', mais parece se consistir em uma bem fundada marca de domesticação psicológica entre os seres humanos, enquanto que a descrença de qualquer tipo tenderá a se consistir em uma marca de selvageria psicológica, de tipos que estão menos domesticados, a domesticação que se dá por seleção e retroalimentação cultural, reforçando a submissão que só pode ser naturalmente internalizada por tipos de mente fordistas, que são incapazes de um pensar puramente filosófico ou huber-holístico, isto é, de fazer as perguntas mais óbvias e importantes.
O filósofo ou o observador, a sobrevivência da psicologia do sociotipo caçador (também entre astutos)
O ''caçador'' precisa entender o lugar onde vive, o seu ambiente de vivência e de sobrevivência, os perigos que rondam a sua área, ele tende a ser territorial. Fazer perguntas de natureza super-holística ou prático-filosófica, é uma maneira de esboçar mentalmente as típicas tarefas mentais rotineiras de um caçador ou de alguém que vive em um ambiente selvagem e ''portanto'', ''precisa'' entender:
- quem é,
- quem são as pessoas que vivem com ele,
- quem são as pessoas de outras freguesias,
- quanto são e como são os recursos naturais de sua área,
- os perigos das mais diversas naturezas que estão presentes ou em contato com as fronteiras do seu território de vivência e sobrevivência.
O verdadeiro filósofo, ou ao menos, em termos de praticidade, mais parece se consistir na sobrevivência deste sociotipo arcaico, ''artesanal'', holístico, ao invés dos domesticados super-especializados, ainda que a filosofia também se consista por si só em uma especialização, pseudo-paradoxalmente, a sua natureza exige reverberações holísticas, gerais, ao invés de, ou fundamental, de produtos muito específicos.
A mente fordista/domesticada é restritamente especializada e portanto, não tem como força o pensar filosófico ou huber-holístico, o pensar-além ou sistematicamente holístico. Como eu já especulei em textos anteriores, aqueles que expressam disposições para especializações de natureza técnica, poderão ser menos prováveis de esboçarem igual disposição para o puro-pensar, o pensar intelectual, a caminho da filosofia digna desta denominação.
Portanto, a diferença fundamental entre o ateu propriamente dito, o descrente ''religioso'', e o ateu moral, é a de que o segundo não crê em Deus enquanto um mediador neutro e pretensamente sábio do seu próprio comportamento, pois se consistirá naquele que usa a sua voz interior para extravasar a sua ganância em ações não-empáticas ao invés de se conter e buscar por interações mais racionalmente apropriadas.
O ''Deus'', enquanto um freio do comportamento, coerentemente racional (moralidade objetiva) ou metafisicamente subjetivo (a regra ou a moralidade subjetiva), será inexistente para quem tiver como epicentro enfático a imoralidade amoral, isto é, a inexistência de qualquer freio potencialmente altruísta, que, no mínimo, não permita que más ações sejam cometidas em uma frequência petulante, partindo do princípio que também esteja destituído de qualquer moral, e portanto, se caracterizando primeiramente como um amoral, para que depois possa agir de acordo subsequentemente lógico, produzindo comportamentais imorais, isto é, do 0-amoral, para o negativo-(1,2,3,4)-imoral.
O epicentro semanticamente correto e com reverberações no mundo real ou das ações, para o ateu moral, será a negação ou a descrença em ''Deus'' ou qualquer ''outra consciência superior'', e que geralmente será substituída pela própria consciência do ser humano ou auto-crítica que se fará tendenciosamente em segunda pessoa. Ele é essencialmente amoral, isto é, encontra-se livre tanto da moralidade objetiva ou sabedoria quanto da moralidade subjetiva ou ''religião'', e tende a se tornar imoral ao longo de sua pérfida caminhada, se não internaliza freios de qualquer natureza empática, pretensiosa ou holisticamente correta.
O ateu/ateísta religioso apenas nega a existência de uma força superior que tendemos a cunhar de Deus, a priore e vagamente falando (porque como parece ser a regra, muitos auto-declarados ateus/agnósticos tendem a substituir as velhas ''religiões'' por ideologias). O seu epicentro semanticamente correto e potencialmente lógico para o mundo das ações ou real, é a negação da existência de qualquer força superior, geralmente de aparência e natureza antrópicas, sem maiores implicações orgânicas em relação ao comportamento ou moralidade. No entanto, a descrença e o ponto enfático de ideais e ações, delinearão essas não muito sutis diferenças entre o ateu moral/comportamental e o ateu religioso ou redundante.
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