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terça-feira, 19 de abril de 2016
Ser lembrança...
Pelo espaço do entorno,
ou pelo transtorno,
pelo tempo, que vai com o seu braço forte se puxando torto,
por todo lugar,
se espalhando, sem ser aquele eu-verso,
aquele indivíduo,
aquela poesia,
Os seus versos se foram,
mas continuam a existir,
como o eco sem fim, que viaja sem destino,
vaga em balancinhos,
a sentir o vento de ser uma sensação,
dois mundos se colidem com grande frequência,
a lógica, que se faz pela ilógica,
o bravio caos, brota uma estrada,
estável e certa por seu caminho,
com pedras e flores de desatinos,
de ser beleza e de se perder pelo tempo,
de ser comida pela gravidade,
de se tornar rarefeita e virar saudade,
a realidade concreta e gravitacional,
e aquela que de tão sórdida, não se mostra pra nenhum mortal,
a morte é a matéria prima da vida,
a vida é a estrutura,
a morte é a soltura,
a busca por uma saída,
e a entrada em uma nova partida,
a vida é o universo em miniatura,
somos anões do céu imenso,
somos explosões, mil orações e incensos,
a existência é um quebra-cabeças,
o não-lugar é perfeito,
está tudo certo, não há atrito,
não há verso ou dobraduras,
não é preciso ser criativo
ou sábio,
astuto ou arisco,
só é preciso,
Quando se torna lembrança,
se volta ao aconchego da mãe perfeição,
se a vida apenas repete o seu pai universo,
sempre imperfeito,
sempre a se sustentar ereto,
em seu desconforto gélido
a desenhar de giz,
a brincar de amarelinha,
ou a voar por cordilheiras e jardins,
a de ser qualquer ser,
ou o não ser, e ainda existir,
E enquanto lembranças,
deitamos no berço da imensidão,
na preguiça do infinito,
o universo é uma confusão,
o nada é tão ou mais bonito,
este mar enorme,
não adianta nadar,
não adianta a luta,
o destino de tudo o que há,
é sempre o afundar,
o começo é sempre um fim,
Ser lembrança,
sonhar sem ter mente ou corpo,
somos sentidos,
sensações,
viver é estar preso,
se sentir nesta vasão,
n'alma, somos sem ser,
sem filtros, sem regulamentos,
voltamos a ser apenas um,
A morte é a lembrança,
é uma eterna e doce saudade,
voltamos a ser os sentidos,
voltamos a ser abstração,
nos decompomos em impressões,
guardamos nossos amores,
nos encontraremos,
de pensar em ser lembrança,
de pensar, como criança,
ou na tristeza de uma esperança,
de se saber....
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