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quinta-feira, 14 de abril de 2016

Triste sereníssima



Asas da tristeza,
de-me este rasante,
d'águia ou d'água,
a mergulhar profundo,
da mente, aos velhos termos,
nunca dantes,
a perfurar-me por inteiro,
troca minha pele,
caminha comigo,
oh tristeza,
camaleão cambaleante,
se descobriu indescobrível,
viu-se muito mais puro e ogro do que pensou,
agora limita-se a pegar grãos de sabedoria,
sereníssima,
fez de si um fenótipo perfeito,
fez de mim mais rarefeito,
mais de juízo, mais eleito,
ai de mim, 
arde e enfim,
triste como os velhos canais,
como a história humana,
d'este pretenso e ''eterno'' bacanal,
desta irresponsabilidade,
minha idade eu não conto pra ninguém,
pois eu não tenho dias ou anos,
está tudo aqui,
no imediato,
eu sei o que sou,
o que todos são,
abstratos e diretos,
o primórdio do existir,
e eu o vivo,
como se eu não existisse,
como se cada novo dia nunca mais fosse vir,
eu me encontrei menos humano,
e mais como um fenômeno,
menos como vida iludida por sua carne, por suas fronteiras,
e mais perto do seu coração,
do seu núcleo,
eu fiz as pazes com a minha existência,
e hoje sou sábio...

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