A metáfora do transbordamento para explicar a criatividade, da não-série: a criatividade é uma trans-ordem

Quase todo ''criativo genuíno'' precisa de:

- senso de singularidade pessoal para que possa desenvolver o seu narcisismo existencial, auto-importância, só que bem direcionada e produtiva,

- senso de desordem pessoal, que geralmente acompanha a própria singularidade e que pode ser instrumental para um rápido reconhecimento de forças e fraquezas, que comumente se encontrarão muito assimétricas entre os mais singulares,

- perfeccionismo em sua área de atuação,

- objetividade ou foco em suas forças mas também, 'paradoxalmente', uma grande tolerância para os próprios erros via experimentação de ideias, que muito provavelmente serão cometidos.

O criativo genuíno é aquele que transborda os próprios limites, como ele se fosse metaforicamente como um copo que de tão cheio de líquido acaba transbordando. Mas este ''transbordamento'' não acontece de maneira absolutamente espontânea pois é preciso reconhecer as próprias forças, direcioná-las e tentar superá-las, a trans-ordem individual. O trabalho criativo exige mais energia extra do que habitualmente se necessita para as atividades de qualquer outra natureza. 

O reconhecimento da própria singularidade, que muitas se não na grande maioria das vezes será sinônimo de desordem e a capacidade de transformar o que era pra ser um defeito adaptativo em uma superação pessoal, a trans-ordem.

É como se os mais criativos não nascessem ''completos'' e portanto necessitassem completar de alguma maneira esta falha.

A criatividade é a superação pessoal da própria desordem. 


É diferente,
tem um destino improvável,
as estatísticas não funcionam pra ti,
tu és mais livre,
mas também é mais triste,
por ser solidão,

mesmo na fama mais popular,
e pior, quando não tem este refresco,
para quem nasceu em busca,
que descobre certezas em vida,
do próprio existir,

quem nasceu incompleto,
desbrava a própria alma,
se projeta em uma constante procura,
n'alma de todo um novo mundo,
tem medo, mas é preciso enfrentá-lo,

tateia novas formas,
fecha os olhos, 
e sente pela intuição,

é órfão da segurança,
e por isso que quer vê-la com os seus próprios olhos,
boatos não são suficientes,
porque não são fatos contundentes,

o medíocre não te satisfaz,
é preciso ir mais fundo,
é preciso mergulhar,

transborda as suas próprias fronteiras,
vai além, erra, pisa em falso,
mas quando acerta...

nasceu condenado,
e se se conhece,
desenvolve extraordinário,
como Júpiter,
sem um corpo demente,
é apenas projeção, 
não tem superfície,
é apenas abstração,
é o núcleo, a sua essência em condensação,
a se mostrar verdadeira.