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domingo, 25 de dezembro de 2016

Anjos e demônios em relação à inteligência verbal ... a imprescindibilidade e o potencial ilusório da inteligência verbal

Entendemos melhor, de maneira mais precisa, mais significativa a realidade, ou ao menos parte dela, por meio de nossas capacidades verbais, mais alguns outros apetrechos atrelados, tanto de tez mais cognitiva, por exemplo, o estilo de pensamento [ mais lógico, racional a sábio], quanto os de tez mais psicológica e que são quase sempre complementares à cognição, por exemplo a honestidade intelectual/busca pela verdade objetiva. Portanto, a inteligência verbal é fundamental para que possamos aprofundar nosso conhecimento sobre o mundo, ela é basal, quase omnisciente, mesmo em relação à matemática por exemplo, se precisamos interpretar antes de fazer contas. E no entanto, é justamente dela que também surgem muitos dos piores demônios da mente humana

Os seres mais racionais da humanidade é provável que apresentarão no mínimo inteligência verbal acima da média, porque é preciso ter grande eficiência e motivação intrínseca para se interessar, manipular e extrair fatos das associações simbólico-descritivas, mental (apenas a linguagem) ou transladada para o ''mundo material'' via letras, ou vocabulário, que em sua maioria serão de natureza abstrata, se já o são por si mesmos. Da mesma maneira que o aumento da inteligência verbal, associada à níveis generosos de racionalidade, pode nos fazer mais precisos quanto ao entendimento factual, ao menos em relação aos elementos com os quais temos maior familiaridade, mas especialmente quando nos direcionamos para as necessidades filosóficas, isto é, a caminho da sabedoria, a mesma também pode associar-se à fraquezas diametralmente opostas, resultando naquilo que chamo de ''ilusão verbal'', isto é, em que, ao invés de termos pessoas direcionadas para a precisão semântica, proxy para a justiça factual, não apenas quanto aos elementos impessoais, mas especialmente quanto aos pessoais, nós vamos ter ''contadores de estórias'', excepcionalmente capazes, em termos cognitivos, e apenas cognitivos, com bom a excelente vocabulário, capacidade/facilidade no aprendizado de mais de uma língua, e mesmo alguns dotes mais particulares como por exemplo o ''dom' da poesia, MAS QUE encontrar-se-ão severamente divorciados da realidade factual e contribuirão em demasia no convencimento de tolos desgarrados ou mesmo agarrados às suas ovelhas, de suas abobrinhas ou factoides brilhantemente enfeitados com requinte e pompa de natureza literariamente elitista/estilística. Exatamente como uma miragem no meio de um deserto caudalosamente extenso e tórrido. Eles, esses farsantes da razão, vendem a verdade tal como a miragem vende as suas promessas de água, coqueiros e odaliscas sexualmente atiçadas, e na verdade sabemos que não há nada ali. 

Em outras palavras, eles, conscientes ou nem tanto, usam os seus talentos verbais, para enganar mentes crédulas que aquilo que estão afirmando pomposamente é a verdade, apelando para as fraquezas psicológicas das pessoas comuns, especialmente daquelas que estão mais perto de acatarem as suas manipulações semânticas equivocadas. 

Portanto uma das maiores ilusões psico-cognitivas ou manifestação mais literal daquilo que denominei de ''inteligência artificial'', no sentido de ''não ser autêntica, enraizada, aprofundada, legítima, mas superficial, que aparenta mais do que é'' será justamente a ''ilusão verbal'', e pelo que parece a maioria das pessoas que julgamos ser mais inteligentes, especialmente por causa de seus talentos nessas áreas, é provável que serão, na verdade pálida porém justa dos fatos, de ''contadores de factoides/estórias'', predominantemente falando, constituídos por grandes capacidades verbais [cognitivas], mas que encontram-se divorciadas de um estilo de pensamento que seja no mínimo, lógico e no máximo, sábio, isto é, fracos em compreensão factual, pois internalizam meias-verdades e buscam ''transformá-las'' em verdades inteiras, resultando justamente em suas miragens, em que o desenvolvimento pode ser até mesmo interessante e intelectualmente desafiador, e no entanto, partirá de bases desenraizadas de fatos. Percebam que muitos ''filósofos'' e ''intelectuais'' exibem este perfil assimétrico e essencialmente problemático.

E pode piorar porque ainda vamos ter muitos cognitivamente inteligentes em matemática ou em cognição quantitativa, que apresentarão as mesmas assimetrias internas fatalmente problemáticas, isto é, muito inteligentes na parte cognitiva, mas na parte psico-cognitiva, ou simplesmente na completude da inteligência, deixarão a desejar de maneira demasiada. Em outras palavras, não bastarão as mesmas [palavras] para enganar crédulos, pois também poderá incrementar a sua máquina de manipulações equivocadas, outros talentos frivolamente compostos ao ser, que ao invés de serem objetivos, isto é, tendo direcionamento racional a sábio, farão o oposto, e qualquer caminho que for oposto ao da sabedoria só poderá levar à estupidez.

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