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quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Sabedoria (auto) e inteligência (alto) O pensador e o trabalhador

Auto, 
A consciência sabe de si mesma,
Aprende a ver os próprios defeitos,
No detalhe, no sabor da sutileza, 
Aprende a pensar,
E com a sabedoria, põe-se a enamorar,

Alto,
A inteligência em intensidade,
Tem mais corpo que malemolência,
Mais força do que jeito,
Aprende rápido, e muitas vezes errado,
Não é liberta, 
Não vê os próprios defeitos,
Muitas vezes, nem responsável é, 
Aprende melhor que ninguém,
Aquilo, que o criativo descobriu ou inventou,
E tampa os ouvidos, como toda criança mimada,
Quando a mãe sabedoria, tenta lhe mostrar o caminho,
Pensa que é uma cilada,
Pensa que é auto, 
Mas é alto

E do alto,
Não pode ver o chão,
Do alto,
O ar rarefeita, 
Engana, intoxica,
Pra ser sábio,
É preciso saber que não é o mais,
E assim,
Quando estiver no alto,
Não acreditar que é Deus,
Que as nuvens foram feitas pra si,
Que o céu foi um desejo seu,

Confunde o intenso com o perfeito,
Se o perfeito é ideal,
E se o ideal é o equilíbrio,
Nem mais nem menos,
O sábio e seus pequenos feitos,
O gênio de apenas saber,
E na humildade, admitir quando não sabe,
E sempre crescer,
Humilde, pois não tem vergonha de vacilar,
De voltar atrás,
De dar passos em marcha ré,
Se é auto,
Pode ir onde quiser,
Mas se for apenas alto,
Então sempre irá em frente,
Com chão ou enchente,
Com segurança ou lava ardente,


O pensador,
Em seu ato característico,
Em seu epicentro,
Em sua labuta,
No ato de julgar,
De concluir,
De estar sempre aprendendo,
Não é apenas o pensar,
É o agir, depois da refletir,
Se o reflexo, já é o primórdio do existir,
Se quando somos espelho,
Somos o universo inteiro a se despir,

O trabalhador,
Aprende, ou melhor, apreende,
Seu epicentro não são interrogações,
Mas pontos finais,
Nem muito as exclamações,
Na deliciosa descoberta,
No espanto da criação,
Quando voltamos a ser crianças,
Risonhas, que riem sem ter razão,
Riem porque a vida é um brinde,
Sem saber que é,
Se é na sensação que mais se sabe,
Se é a pele que, quando ouriça, 
Se aprende na marra, é direto,
É na hora, é profundo,
Enfeitiça,
A pele é a primeira mente,
Se é calafrio ou uma sensação boa,
Se o corpo sente,
Ele aprende,
Muito mais, do que quando estudamos,
Lemos, ou recebemos instruções,
É o corpo quem irradia à mente,
É na dança da vida, que se aprende a dançar,
No pensamento, que se aprende a viver, 
E é na humilde certeza, que aprende a filosofar,

O centro do trabalhador,
O mesmo que do escravo,
Despreza o primeiro ato,
Pensar,
E logo pensa que são fatos,
Mas são ordens,
São adestramentos,
O trabalhador,
Que eu queria libertar,
Mas toda mudança,
Nasce de si mesma,
E sua mente gosta,
Acha que é a verdade,
Pensa, e dá votos de cabresto,
Acredita, acha que sabe,
Vive procurando a si mesmo,
Sabe, no fundo da alma,
Que não é só isso,
Mas perdido,
Põe-se a procurar-se,
Nu objetivo,
O uniforme subjetiva,
Crê nas identidades,
Sem saber que é uma entidade,
Crê em Deus ou no dinheiro,
Sem saber que já é divino e rico,
Vive uma vida de ator,
Atua com o seu trabalho,
Com as suas mentiras,
Com seu pouco zelo,
Pensa que o trabalho liberta,
Se já é liberto, 
Sem saber,
Sem saber de si,
Continua a servir,
Eis o trabalhador,
Eis o pobre enganado,
Que como todos nós,
Quer apenas enganar a dor,
O sábio, o pensador,
Não se engana, 
Sabe que servir pode ser lindo,
Mas é na justiça, na igualdade,
Que não cairá em limbos,
Que viverá uma vida plena,

Ele é auto,
Independente, porém responsável,
Pois vive plena liberdade,
Vive no alto,
Onde a filosofia respira,
Mas é auto,
E não tem cobiças,

Este é alto,
Dependente, 
Tem muita altura,
Mas não tem controle,
Gigante abobalhado,
Ou é muito imprudente,
Ou tropeça em falso,
O gigantismo da inteligência,
Que quando sobe muito,
Termina louca, perturbada, 
Nunca entra no ritmo,
Sempre uma assincronia,

Pra ser sábio,
É preciso ser de tudo um pouco,
É preciso ser arrogante e ponderado,
É preciso ser luz e escuridão,
É preciso ser polido e desaforado,
É preciso ser santo e devassidão, 
É preciso ser como a tudo,
Pequenino,
Emulando a Deus,
Convertendo-se na única e verdadeira religião,
Pintar tudo com cores frescas,
A tudo ver arte,
E na precisão de suas tintas,
Perceber que o mundo é ímpar,
Nunca se anestesiar,
Nunca perder-se em olhos marejados,
Nunca desviar da verdade,
Nem de sua beleza,
De sua realidade...






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