''Prostituta'', ''mulher promíscua/bissexual'' e ''vagabunda''...
Alguma diferença**
Algumas, mas a essência é a mesma para as três.
O mesmo para a ideologia, religião e cultura, menos para o senso comum.
Ideologia, que eu já falei em outro texto, a partir da precisão semântica, se consiste fundamentalmente no estudo das ideias. No entanto no mundo do ''senso comum'', escorregadio e portanto volúvel, ela tem adquirido propriedades que não lhes são semanticamente cabíveis, como por exemplo, a de se consistir em um ''projeto de cultura/culto'' ou mesmo de ''religião''. [se é que podemos dizer ''ou mesmo''].
''Bem diferente'' da ideologia, a cultura, por sua vez, se consistiria, de acordo com o ''senso comum'', na ''manifestação corriqueira de hábitos, simbólicos/artísticos ou técnicos/diretamente úteis, de/em uma determinada população''. Ao invés de se consistir em um projeto de cultura, como a ideologia tende a ser rotineiramente entendida, a cultura já se consistiria na ''cultura em si mesma, que se transformou em hábito ou rotina macro-social e artística dentro de uma determinada sociedade''. Ideologia seria [n]o futuro e cultura seria [n]o presente.
A ''religião'', segundo a ótica do senso comum e portanto que é semanticamente incorreto, seria apenas a parte mais metafísica da cultura mas que tende a se mesclar promiscuamente com a mesma, sem falar que também se misturaria à ''filosofia'', que também tem sido semanticamente vandalizada.
No entanto, no mundo onde continuamos a catalogar as coisas a partir da lógica do mundo concreto, e em direção ao mundo abstrato, as 3 serão bem mais específicas e portanto distintas entre si.
A ideologia, que eu já comentei, é o estudo das ideias [prelúdios para a construção de certos tipos de fatos, fatos concretos-construídos ou essencialmente humanos, por exemplo tornando existente um celular ao se construí-lo ou para neo-percepções factualmente corretas, como compreender melhor o mecanismo social e a partir disso forjar soluções reciprocamente corretas]. Tal como uma geologia ou psicologia, como se a ideologia fosse uma matéria ou um domínio intelectual, só que semanticamente vago, se podemos entender mais diretamente o que geo-logia e psico-logia pretendem trabalhar, mas o mesmo não acontece quando unimos o termo ''logia'', com ''ideo'', ou ideias. Mesmo o termo ''geo-logia'' ainda parece impreciso entre o seu conceito semanticamente correto/puro e no que se ''transformou''. na sua prática, isto é, em uma parte da geografia que se limita a estudar mais especificamente a morfologia terrestre e suas propriedades e variabilidades relacionadas.
A cultura por sua vez adquire uma feição menos abrangente, como também acontece com as outras, e passa a ser caracterizada enquanto um culto a um conjunto variado de concepções artísticas e técnico-utilitárias. A simbolização artística [se não lhe parecer redundante] das atitudes e percepções humanas e com a sua base semântica na ideia de cultuar algo/alguém e geralmente a nível coletivo. A mitologia bem que poderia ser alocada pra dentro desta conversa ao se relacionar diretamente com o componente puramente simbólico da cultura, via histórias, músicas, culinária, arquitetura, etc... Interessante que na verdade é a mito-logia que faz mais sentido do que a religião como o componente metafísico/fantasia do culto ou cultura. O epicentro semântico da palavra cultura é justamente o culto, principia-se aí.
Continuando a precisar o significado das palavras que usamos, ao purificarmos o sentido do termo ''religião'' ou apenas se regredirmos à sua etimologia, veremos que o mesmo mais do que se caracterizar enquanto uma mitologia, mais se parecerá com a física moderna bem como também com a filosofia existencialista, que por sua vez se atreve a tentar expandir o conhecimento humano quanto àquilo que se encontra muito distante de nosso alcance perceptivo. O religar ao divino bem que pode ser diretamente interpretado como ''buscar pelo divino'', religando-se às origens da vida, ao menos, da vida humana. Não é atoa que toda religião tem um deus, um criador, isto é, a [suposta] origem de nossa existência, da realidade em que estamos, que somos.
Portanto, a partir da precisão semântica ou bom senso [etimológico], a ideologia será como um domínio semanticamente vago do conhecimento humano, cultura será basicamente um culto internamente diversificado de crenças/hábitos e a religião se consistirá em uma genuína conexão espiritual [apanteísta], isto é, com a hiperrealidade, via existencialismo e física moderna, que buscam desvendar as origens de tudo aquilo que existe, ou ao menos, em relação à existência humana bem como também no estabelecimento de uma simbologia/arte profunda sobre si, sobre a vida em geral, sobre a existência, tocando mais firmemente os braços de parte da filosofia. A verdadeira religião necessita da consciência estética para que possa ser coesa, potencialmente útil e de valor universal.
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