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quarta-feira, 15 de junho de 2016

A síndrome do design inteligente: abordagem perceptiva lógico-conclusiva e as generalizações dos conservadores e um plus sobre a teoria rushtoniana

Enfatiza e exalta o produto

 mas se esquece do processo...

A teoria do design inteligente nos diz que ''a natureza'' é ''obra de Deus'' por causa de sua perfeição/precisão mecânica, por exemplo, o funcionamento de um organismo microscópico. 

Mas se esquece que a evidente perfeição dos organismos e da própria realidade que nos envolve são produtos de processos anteriores, diga-se, bem menos perfeccionistas e portanto muito mais dolorosos, de ''tentativa, erros e acertos''.

''Os negros são menos inteligentes que os brancos''

''Os homossexuais são mais propensos a se contaminarem com doenças sexualmente transmissíveis''

''O capitalismo é o melhor sistema social que existe''

Todas as afirmações pra lá de generalistas/vagas acima são comumente ditas ou percebidas por conservadores e se consistem em produtos [parcialmente corretos] de processos anteriores.

''A natureza é perfeita''

''A Terra é um planeta perfeito''

''Os EUA são um país de primeiro mundo''

Toda sujeira que o processo produziu para resultar em cada ''perfeição'' ou apenas ''conclusão'' presente em nossa realidade foi jogada pra de baixo do tapete, mas segundo uma visão tipicamente conservadora, seja para o bem ou para o mal, seja para falar sobre grupos queridos ou não, o processo tende a ser desprezado em prol do resultado politicamente coerente com os seus pontos de vistas predominantemente unilaterais.

Este tipo de pensamento é lógico, porque baseia-se em uma análise pragmática, sinceramente bruta e potencialmente precipitada de uma certa realidade humana ou não, que é ao mesmo tempo imediata e abstrata. E também é conclusivo por enfatizar o produto final de processos ''anteriores' invariavelmente complexos.

Neste caso, me parece que o condicionamento psicológico

''correlação não é causalidade''

entre os esquerdos desonestos e/ou cientificamente pedantes, faz sentido e ainda mais quando for aplicado para a maioria dos  conservadores.

''Deus é um arquiteto perfeito''

A partir disso pode ser criado, até mesmo, uma sensação de imutabilidade. E este tipo de ênfase que tende a ser comum entre os mais conservadores, que, mais alheios a determinados aspectos do pensamento abstrato, serão mais propensos a tomarem como terminados os produtos/conclusões da realidade literal ou imediata e portanto ''imutáveis''.

''Eu vivo em um mundo em que os homossexuais são muito mais propensos a se contaminarem com doenças sexualmente transmissíveis, os negros serem menos inteligentes que os brancos, os EUA ser um país de primeiro mundo, a natureza ser perfeita, o capitalismo ser o melhor sistema social que existe...''

Não há nada de errado com este aspecto da percepção humana, (pretensamente)-holística e 'equilibrada', superficialmente equilibrada, diga-se. No entanto sempre haverá algo de errado quando houver um desequilíbrio na enfatização, isto é, quando desprezamos as correlações que produzem certa realidade, como se esta fosse atomizada, como se vivesse em uma dimensão paralelamente solitária ou auto-centrada, imutável, novamente a famosa ''correlação não é causalidade''.

 O erro do típico ser humano independente de sua filiação política é quando ele para de raciocinar para tentar entender os seus pontos cegos/preconceitos [ilógicos] cognitivos e a partir disso estabelecer pontes de diálogo, provavelmente porque sequer os reconhecerão como ''pontos cegos/erros de lógica''.

Eu não sei se a minha percepção está equivocada mas eu tenho percebido um padrão no pensamento conservador, especialmente aquele que estiver mais avançado do que o habitual (mistura de ''religião'' com ''lógica''), em que ocorre a descoberta de uma nova realidade ou fenômeno, só que sem qualquer cuidado em relação aos detalhes embutidos, mesmo aqueles que parecem muito evidentes ou salientes, que podem até ser facilmente notados. 

As generalizações exemplificadas ainda terão como reverberação lógica na associação conclusiva e histriônica entre os elementos de interação, como quando ''negro'' passa a ser sinal de estupidez, ''homossexual'' passa a ser sinal/sinônimo de doença sexualmente transmissível ou capitalismo passa a ser sinônimo de superioridade social.

Estereótipos, podem ou não estar certos, mas partindo de sua ideia original, todo estereótipo parte de uma generalização abrupta porém parcial a predominantemente correta de uma característica que encontra-se mais prevalente em um grupo do que em outro.

Estar parcialmente correto não é suficiente para um pensador inteligente.

Primeiramente a precisão contextual semântica (porque a precisão semântica com certeza que eliminará por completo a moralidade obtusamente embutida em qualquer palavra abstrata primando pelo seu conceito mais puro e portanto amoral),

 o que é mesmo

raça*
raça negra*
estupidez*
inteligência*
homossexualidade*
dsts*
capitalismo*
comunismo*

Segundo, analisar profundamente as causas para certa correlação positiva, por exemplo, homossexualidade e DST's, principiando pelos agentes das respectivas macro-tendências, e como não somos geneticistas, dando ênfase às suas macro-tendências visíveis a olho nu (a um macro-nível) mas também aos cenários em que estão inseridas. 

Exaltar ponderada-porém-consistentemente as exceções, porque se elas existirem, então isso significa que tal associação superficial porém macro-constante se consistirá em uma correlação de X com Y, e não X=Y. A homossexualidade não  causa por si mesma ou sozinha a propensão para a promiscuidade. Com certeza, homossexualidade = atração pelo mesmo sexo, conceito ou causalidade intrínseca, forma [o que é] e expressão [ o que faz], mas ''homossexualidade = dsts'', não se consiste em uma causalidade ou conceito-forma  nem no conceito-expressão. Não é [o que é], ou [o que faz], mas [o que pode causar]. Este parece se consistir no ''ponto cego'' do pensamento típico conservador em que, invariavelmente ''causalidade = correlação''. 

''O capitalismo é bom, apenas compare Venezuela com a Escandinávia, neste ano de 2016**''

Não é apenas o hábito do conservador típico mas também do estúpido típico de realizar este tipo de observação. O conservador médio generaliza, o esquerdista médio complica a generalização conservadora, que era para ser mais simples de ser entendido e desenvolvido.

Outro exemplo muito interessante é sobre o trabalho fantástico de Phillip Rushton sobre as diferenças comportamentais entre as macro-raças humanas (caucasianos europeus, negros africanos e leste asiáticos). Neste trabalho, Rushton compara as populações humanas em relação às outras espécies usando como critério o ''tipo de reprodução'' e conclui que, os negros africanos, por terem mais filhos, atualmente, estão mais R-orientados, enquanto que os leste asiáticos, por terem menos filhos, atualmente, são mais K-orientados, comparativamente falando.

No reino animal as espécies K-orientadas são mais propensas a terem menos filhos e a cuidarem melhor deles, enquanto que as espécies R-orientadas são mais propensas a terem mais filhos e a cuidarem menos deles. 

No entanto, Rushton observou por esta perspectiva/número de filhos, e apenas no ''presente'' [século XX e XXI] , em que as macro-populações humanas  e suas respectivas nações encontram-se em diferentes estágios da transição demográfica.

O produto é valorizado e exaltado como se fosse uma uber-macro-tendência, enquanto que na verdade não é tanto assim.

Rushton tenta provar a sua linha de pensamento com base nas diferenças de natalidade/fertilidade entre as macro-raças humanas, mas as mesmas são produtos de diferentes processos, de modo que usá-las como provas de alguma coisa mais contundente me parece bastante imprudente de ser feito.

Eu posso comprovar que os K-orientados sejam mesmo mais propensos a terem menos filhos, mas será em em especial, para se ajustarem a cenários/ambientes K-orientados e não porque eles são intrinsecamente mais propensos a serem menor férteis.

Portanto ao invés do cenário proposto por ele:

- leste asiáticos, menos filhos = K-orientados,
- caucasianos europeus, menos filhos = K-orientados
- negros africanos, mais filhos = R-orientados

[imutável, o produto apenas, desprezando o processo)

... via precisão semântica, a partir do momento em que centralizarmos o conceito de ''estratégias' de reprodução K e R em, respectivamente, maior e menor prudência/pensamento de longo prazo/sistematicamente reflexivo para organizar a vida/e constituir família, nós vamos ter este provável cenário:


- leste asiáticos, menos filhos, ''agora'', por causa  de um ambiente K-orientado, que força a maioria deles para terem menos filhos = ''K-orientados'',

- caucasianos europeus, menos filhos, ''agora'', por causa de um ambiente K-orientado, que força a maioria deles para terem menos filhos = ''K-orientados'',

- negros africanos, mais filhos, ''até agora'', por causa de um ambiente R-orientado, que não os força para terem menos filhos = ''R-orientados''. 

K e R,

 quanto maior o animal menor a ninhada*

No reino animal, quanto maior é o animal ou mais robusto, maiores serão as chances de produzir menor número de filhos. Em compensação, os animais de menor porte serão mais propensos a produzirem um maior número de filhos.

Corpos maiores podem incindir em um menor número de descendentes e corpos menores podem incindir em um maior número de descendentes e por razões logicamente orgânicas, se organismos maiores tendem a ser mais custosos e até mesmo por razões agudamente espaciais.

Animais de porte pequeno podem ser menos mentalmente complexos [menos mentalmente evoluídos] e portanto, desenvolverem sistemas de reprodução menos complexos, resultando em mais filhos. Situação semelhante parece se dar entre os seres humanos, não em relação ao tamanho do organismo, mas em relação à correlação entre complexidade mental e disposição para menor fecundidade (e nos casos mais histriônicos como dos gênios, em média, menor fertilidade ou potencial fértil) e em especial, em ambientes K-orientados.

Uma complementaridade para esta explicação nós podemos encontrar no próprio estudo do Rushton que comentou sobre a maior incidência de gêmeos entre os negros africanos e o oposto entre os leste asiáticos. Os negros tem selecionado/apresentam uma maior proporção de pessoas que são mais organicamente férteis, ao contrário dos leste asiáticos. Mas será que aqueles que são mais propensos a ter gêmeos também serão mais R-orientados**

Portanto, algumas espécies tem selecionado este tipo mais fértil de organismo ou vida resultando até mesmo em uma prevalência significativa do tipo, ao ponto de torná-la a norma, ao invés de uma exceção ou minoria como costuma ser o caso da humanidade. Como se a maioria dos seres humanos fossem mais propensos a terem ''gêmeos''. Todos sabem que isso acontece com cães e gatos e muito provavelmente com os respectivos ancestrais deste tipo. 

Os R-orientado do reino biológico não-humano não tem apenas mais filhos, mas também mais crias, isto é, muitos filhos em apenas uma gravidez, enquanto que os K-orientado seriam mais propensos a ter no máximo 2 ou 3 filhos, em média. 

Os seres humanos, dentre outras espécies, no entanto, geralmente costumam ter um filho por gravidez.

Mas o fato de ser mais futuro-orientado não significa que não possa construir uma família numerosa. No entanto, por ser mais precavido/essencialmente inteligente, e em um ambiente complicado e custoso como o atual, ter muitos filhos, pode ser mais problemático e é justamente por isso que a maioria das pessoas tem optado por terem famílias pequenas, bem menores que a de seus pais e especialmente de seus avós. O ambiente urbano também propicia este tipo de auto-ajustamento subconsciente por causa do menor espaço ou pela maior densidade demográfica.

Estratégia K e R, até mesmo por causa do termo ''estratégia'', parecem equivocadas, como eu já comentei, e acho que foi no velho blogue, sendo que o mais correto seria ''tendências para tipo de pensamento/atitudes reprodutivas'' K e R, sendo que K se consistiria na capacidade de se ajustar às mudanças ambientais enquanto que R se consistira na incapacidade ou lentidão de se fazê-lo, a definição crua, objetiva porém igualmente vaga para ''inteligência'' enquanto um ''comportamento inteligente/habitualmente lógico''

Isso provaria a partir desta perspectiva que os mais K-orientados seriam, em média, mais inteligentes que os R-orientados por se ajustarem a essas mudanças, ainda que isso não signifique que sempre o farão corretamente, como tem acontecido em praticamente todo mundo desenvolvido.

A síndrome do design inteligente em que o produto/presente é exaltado e determinado como discretamente imutável, parece permear o típico estilo de pensamento conservador e por expressar apenas verdades parciais, se consiste em um estilo de pensamento potencialmente equivocado em seu desenvolvimento e na totalidade de suas raízes, justamente por não ser completo, como é a sabedoria.









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