A vida é um labirinto,
nascemos potenciais, disposições, distintos
e um futuro pela frente,
e ao longo deste caminho,
tornamos realizações, conquistas ou derrotas,
alguns começam a perder desde cedo,
outros só perdem quando as luzes se apagam,
quando as pestanas finalmente descansam,
a vida é o verdadeiro teste,
nem teste, se é a própria realidade,
se o verdadeiro teste, ainda é um teste,
Nascemos puros,
e nos poluímos pelo vício de respirar,
brânquias ou pólen,
nos acostumamos ao ritmo,
à liberdade do próprio movimento,
do próprio pensar,
e o humano, que é o mais livre de todos,
se afugenta e ao inconsciente,
deixa ser guiado,
inocente e culpado,
põe-se a vagar em busca de distrações,
quer tudo à superfície, plana e simples,
não quer mais cavernas,
ainda que viva em muitas,
quer o perfeito equilíbrio,
entre a santa ignorância
e a pestilenta sabedoria,
pois as vê assim,
quer luz, mas fraca, indireta,
quer escuridão, mas o suficiente,
para conter a verdade dos sentidos,
pra não ver logo à sua frente,
é ainda uma criança
e pouco sabe da vida,
menos ainda da morte,
o instinto é um vestígio,
prefere os pés voando do que socados ao chão,
e quem deseja diferente**
nem mesmo o mais forte,
Nascemos no labirinto,
e os mais sábios logo encontram a saída,
e põem-se do lado da única certeza,
de que esta busca terá um fim,
que o fim é a única certeza de um começo,
mais tarde ou cedo,
com cabelos brancos ou em um desastre,
mas a vida é um desastre por si mesma,
vem então a melancolia de se saber muito,
se sabe profundo, rasgando camadas de fantasias,
se dividem em duas, lamenta pelo que fez,
mas já está feito,
e sábio, toma o verdadeiro horizonte em seus olhos,
encontra a filosofia,
segue ao ritmo do universo,
equilibrado, comprometido,
holístico, imenso,
pode ser de pouco pavio,
mas só sabe existir, e tenta existir o melhor que pode,
como a existência por si,
o tempo segue mais lento,
mais entendível,
reverte a confusão humana,
vidas valem mais,
as distrações não podem substituí-las,
o estrabismo se desfaz,
vê o que vê,
sente o que sente,
e volta ao leme,
cortando as águas,
volta a andar,
se todos desistiram,
ele continua, imparável,
em sua purificação,
quer retornar ao primeiro respirar,
a vida ao encontro da vida,
o sair do labirinto é a sabedoria,
encontrei a sua razão e vivo-a,
com zelo e alegria,
mesmo em desolados palcos,
por seus tolos e suas atuações,
eu não interpreto a verdade,
eu a vivo, eu sou a verdade,
a vida também me encontrou.
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