O sábio precisa da vida
E não dessas doces ilusões
Se para de fato viver
É preciso respirar profundo
Sentindo este sabor uno de si
É preciso ter fatos
para sentir a brisa
de uma fantasia verdadeira
que apenas pelo contato
da sabedoria
se pode sentir
e saber que é de verdade
e saber que não se sobrepõe a nenhuma outra
que não é tolice e nem maldade
Vendo dias e noites
expirados pra dentro d'alma
comunicando com emoção
Cada momento,
cada ação
pirâmides
ei-las de egos
e de caveiras
Que um mundo inteiro quer subir
para gritar alto
e se esvaziar de sentido
vitórias,
quando são apenas brincadeiras
para muitos,
mais vale risos
torpes,
do que desesperos,
sinceros
e pensam eles,
podres e severos,
tomam a verdade como uma espada,
se sangram por guerras de fadas,
por mitos verdadeiros,
quando são todos falsos,
O sábio prefere sempre o natural
O fácil de se ter em mãos
Alva e objetiva direção
Se a filosofia
por seu cromossomo extra
se distancia desta ciência
que mundana,
gangrena em riscos,
em achismos e em testes bestas,
risca o quadro negro com as suas certezas
Transborda-se em sua inimiga
raivosa
Lhe aponta insana
deveriam ser amigas
tentação de corrigi-la
lhe mostra o seu verdadeiro caminho
O sábio é sempre o mais enamorado da vida
Sempre vendo-a linda,
rejuvenescida,
Mesmo quando a sua
já lhe for muito conhecida
muito gasta
Ele precisa do básico para ser feliz
Lhe basta o essencial
Enquanto que tolos
Esses muitos pés
sob o céu da existência
Se iludem com tudo o que brilha
Com o ouro da magia
Distorcem fatos
Os fabricam fantásticos
Até demais para milagres de areia
Ou de lágrimas artificiais
Vil e grosseira, histeria
Agem como loucos
perfeitamente normais
O inferno são sempre os outros
A te forçarem nestes bacanais
Ardem essas almas perdidas
febre da real loucura
a traçar planos triunfais
cantam vitórias,
em cima de túmulos e castiçais
clamam excelências
quando não passam de meros boçais
À sabedoria
Dessas poucas certezas
E é tudo o que temos
Nascemos para sermos iludidos
O sábio é o primeiro a acordar deste mito
O primeiro a separar fantasias e realidades
Segregando-as,
Construindo o seu mapa de verdade
Monstros são substituídos
O novo mundo se distribuiu em novos rumos
Se descobrir é sempre uma invasão
Eles, lá, continuam medievais
O sábio sempre num avanço de mais e mais
adentro da terra
Quer raízes,
quer núcleos
Quer se encontrar
Quer seu espelho bonito
Quer refletir a sua essência
Quer voltar a decência de não mais mentir
Quer o hábito da perfeita razão
E portanto quer uma honesta compreensão
sobre tudo
e sobretudo,
quer este básico,
este regredir às origens pálidas
Este castelo de cartas
estes blefes
esta arquitetura de mentiras
O sábio quer apenas tocar-lhe
à vida
para que possa
ele mesmo se tocar
encontrar em sua plenitude
a felicidade de ser feliz
o princípio da sabedoria
é o da igualdade
em seu refletir perfeito
em sua cumplicidade com o ser
Precisa de pouco
mas este, que é tudo o que de fato temos
já é muito
Entre milhões de cartas falsas,
ele toca as poucas que existem,
no tato,
novamente,
renova a mente,
e regride,
sempre em sua razão
por se espalhar perfeito,
de copiar a natureza,
o movimento das ondas,
o planeta em que vive,
o sistema que lhe dá cor e calor,
de emular a perfeição
que nos encapsula,
se a criatividade é uma bula,
vem sempre com contraindicações,
que é linda, exuberante,
com seus anéis, seus amantes,
suas roupas,
como uma dama da noite,
debaixo de toda a sua mentira,
onde vive a sua verdadeira beleza,
a sua verdadeira face,
a verdadeira Camélia,
esconde a criatividade
a luz da verdade
quer a fantasia
quer sempre se reinventar
mas sem a sua irmã sabedoria,
apenas continuará nadando contra o tempo
contra si mesma
se matando
se enrolando,
louca
o sábio nem da criatividade precisa
ele precisa do básico pra ser feliz
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