Eu falei neste texto sobre a existência de dois tipos de estúpidos, o típico ''estúpido'', isto é, aquele que tem menor capacidade cognitiva e aquele que exibe grande capacidade cognitiva só que é operacionalmente estúpido, e enfatizei para este segundo grupo a sua falta de controle em relação a este potencial cognitivo naturalmente alargado.
Em resumo ou em palavras mais fáceis, alguns tem pouco, outros tem muito mas não sabem usar esta suposta fartura. E claro que ainda existem os tipos cognitivamente medianos de ''estúpidos'' que não se caracterizarão obviamente por suas faltas ou excessos, se são medianos, mas principalmente pela incapacidade de usarem os seus potenciais de maneira fundamentalmente inteligente ou exponencialmente sábia e claro que numa constância vitalícia.
No entanto (isso se eu não já havia falado), com mais ou menos para se usar, no final das contas, o que mais importa não é bem a quantidade mas a qualidade do seu uso, e portanto, haverá um terceiro e universal tipo de estúpido, que se assemelhará mais ao segundo tipo que pensei, que ''tem muito'' mas que não sabe usar.
Este tipo universal define por excelência a fonte de qualquer tipo de comportamento estúpido, que se traduz com enorme frequência em incoerências ou contradições...
O princípio da estupidez é a contradição e quanto mais contraditório mais estúpido [se] será.
O exercício da inteligência é por excelência o exercício de se lutar contra a contradição, tarefa que já se inicia pela própria existência, isto é, a realidade por si mesma. Não é a toa que o epítome da existência é a racionalidade e apenas alguns poucos humanos que são decididamente capazes de acessá-la com grande e crescente frequência. A contradição usualmente se manifesta por meio de uma falta de integridade ou continuidade coerente entre todos os detalhes envolvidos, como se, metaforicamente falando, estivessem faltando peças para completar um quebra-cabeças, e mesmo assim um grupo de seres invariavelmente reflexivos a tomassem como toda a verdade. Novamente a minha ideia simples de ''tomar a metade como se representasse a totalidade'' [de certa particularidade rigorosamente factual], basicamente: cultura, ''ideologias'' 'e' ''religiões''.
O estúpido universal portanto é aquele que já será organicamente incoerente, isto é, em relação a tudo aquilo que as verdadeiras ciência, filosofia e religião buscam fazer: entender a realidade e agir de acordo.
O estúpido universal engloba os dois tipos fundamentais, mas há de se separar semanticamente o primeiro tipo, porque ele, novamente, será contextualmente estúpido, isto é, o antigo inteligente, se consiste em uma sobrevivência psico-cognitiva deste tipo.
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