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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016
A triarquia da subhumanidade: O ingênuo, o apático e o astuto
A grande maioria dos seres humanos cairão mais enfaticamente dentro de um destes 3 tipos propostos, e geralmente serão uma combinação assimétrica deles.
O sábio se consiste no completo oposto desta triarquia.
O sábio não é essencialmente ingênuo
Todos os comportamentos humanos (e não-humanos) se caracterizam por suas multidimensionalidades de interação e portanto dependem do contexto/cenário para que possam ser moralizados ou qualificados.
Todos nós estamos ingênuos em algum aspecto. O que diferencia é a que nível de essência que este padrão comportamental se encontrará. As pessoas que são essencialmente ingênuas tenderão a agir de maneira conclusiva/essencial, expressando um padrão constante, recorrente de comportamento. Isso significa que a resposta final para cada pensamento/ação subsequente tenderá para uma abordagem ingênua.
Por causa da sobreposição de dois cenários transcendentais, a cadeia alimentar ''natural' em fricção com a suspensão desta macro-constância pragmática e lógica (animalmente racional, humanamente irracional), a complexidade de análise e julgamento será uma forte tendência.
Um exemplo pessoal elucidativo: Eu sou/estou ingênuo por causa de meu idealismo perfeccionista e racional e por isso tenho evitado (e a recíproca é verdadeira) usar as minhas armas bio-adaptativas e/ou conformativas. Em compensação muitos dos meus colegas/amigos/ ou conhecidos, que estão desprovidos de sabedoria, tem usado de maneira respectivamente eficiente as suas armas bio-adaptativas ou conformativas, resultando em seus relativos "sucessos" individuais seja para o acúmulo de capital e "liberdade' financeira, seja para a replicação dos genes via constituição de família. Eles são "animais humanos" enquanto que os sábios seriam os "humanos animais", que podem neutralizar os seus ímpetos instintivos e primar pela evolução social/evolutiva.
Portanto, mediante tamanha complexidade de situações transcendentalmente sobrepostas existe a necessidade de se dar maior ênfase a natureza intrínseca destes padrões comportamentais/traços psicológicos mas sem desprezar a sua posterior contextualização.
Não ser essencialmente ingênuo a partir do contexto humano histórico e de vivencia direta se traduzirá na enfase perfeccionista existencial, isto é, para reconhecer a verdade dos fatos. Ainda que com muitas desvantagens como a exemplificada, os sábios e outros virtuosos estarão essencialmente corretos enquanto que os 3 tipos de 'subhumanos'' estarão potencialmente equivocados.
O sábio não é essencialmente apático
A maioria dos seres humanos são apáticos, porque a conformidade se consiste numa estratégia relativamente eficiente de sobrevivência e possível replicação dos genes. Na verdade todos os organismos vivos se conformam aos seus ambientes e fundamentalmente apenas a eles. Algo parecido acontece com o ser humano que só pode se conformar ao ambiente que melhor lhe apetecer.
Como um "humano-animal" o sábio abdica de seu instinto em prol de uma evolução moral pessoal ou essencial/existencial.
O sábio é reativo, ainda que por causa de sua profunda inteligência moral, tenda a se tornar preso por seu próprio juízo. Isso ainda não será sinal de apatia intrínseca porque será causada por uma grande discrepância de reciprocidade conformativa entre os indivíduos mais sábios e os ambientes psicopáticos que os demais seres humanos também se encontrarão encapsulados. Metaforicamente falando é como se quase todas as peças tivessem um formato triangular e o sábio "fosse" uma peça de formato completamente diferente. Como pode ser possível se conformar a uma sociedade que é o seu exato oposto??
O sábio não é essencialmente astuto
O sábio, como eu já mostrei em outros textos, especialmente no blogue Santoculto, apresenta grande desenvolvimento em sua empatia cognitiva como acontece com os tipos mais astutos. Em palavras mais fáceis, assim como o astuto, o sábio tem uma grande capacidade de entender as emoções, intenções e necessidades das outras pessoas. Mas ao contrário do astuto, o sábio também está provido por grande empatia emocional ou empatia por si mesma, a manifestação mais franca, condizente deste termo 'abstrato''. Muitos individuos são providos de grande capacidade empática mas estarão desprovidos de capacidade cognitiva empática. Sentem afeição com facilidade mas apresentam dificuldades para compreender seus mecanismos de funcionamento daquilo que sentem bem como em relação a dinamica interpessoal complexa que disto se resulta. Os mais empáticos geralmente serão ingênuos, o quase oposto simétrico em comparação aos mais astutos.
Também se poderia afirmar que todo sábio tem um potencial de adaptabilidade ou astúcia, mas a grande maioria repelirá esta possibilidade por razões moralmente óbvias.
Para entender a realidade e isso significa também entender os seres e suas expressões ou comportamentos, existe a necessidade de se ser equilibrado, mas isso não se traduzirá necessariamente na rejeição a intensidade. O sábio é ponderado mas enérgico ao mesmo tempo.
Em um mundo hierárquico, as pessoas se tornam naturalmente dependentes umas das outras, sem falar daqueles que se aproveitam desta situação e se impõem como dominadores.
O sábio, não tende a ser um perfeito polímata, que de tudo sabe, porque o que o difere de um superdotado, é a qualidade de sua objetividade. Não é preciso saber muito para entender a realidade, pelo contrário, se o ser humano tem o ''dom'' nato de complica-la, a função e motivação intrínseca do sábio é a de reduzir esta carga inútil de complexidade.
Os 3 tipos propostos, em seus extremos, serão desesperadamente incompletos e potencialmente desastrosos em suas empreitadas indiossincráticas enquanto agentes ou fenomenos de transformações, do nano ao macro-nível de interação e vivencia, cada qual com o seu excesso ou desequilíbrio, o ingenuo, em sua inaptidão para reconhecer a maldade, o apático, em sua inaptidão para a revolta em relação as injustiças de todas as magnitudes e o astuto, o pior de todos, que ao farejar com maestria as fraquezas dos dois anteriores, passa a explora-las, pondo fim a qualquer possibilidade de uso completo da sabedoria no manejo das sociedades humanas.
O sábio se constitui justamente por aquilo que falta aos 3, ainda que também se encontre vulnerável, como qualquer outro mortal, ao vício de cada uma das fraquezas citadas.
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