Quem é da Romenia e quem é de Porto Rico** (ou da Espanha*)
No ano de 2004 me deparei acidentalmente com a exibição da ginasta romena Catalina Ponor durante as olimpíadas de Atenas.
Depois de um período sem ter meios para acompanhar o esporte a não ser pelas poucas vezes em que a tv brasileira transmitia algum evento ginástico, tive o "prazer" de ver Catalina novamente. A sua beleza tão familiar, tão brasileira e o seu grande talento mais uma vez me impressionaram.
Antes, esta familiaridade não era percebida até que de acordo com que fui expandindo timidamente o meu resumido e superficial conhecimento em antropologia racial, passei a prestar maior atenção a aparência física de outras ginastas romenas, especialmente durante as olimpíadas de Londres, em 2012, e sobre como que muitas vezes a máxima esquerdista "a raça é uma construção social" pode ter nexo com a realidade.
A ginasta romena Diana Bulimar
E a realidade romena (os Bálcãs em geral) nos mostra que de fato, nas fronteiras entre grupos humanos distintos porém histórica e geograficamente relacionados, os fatores sociais poderão falar mais alto do que uma simples identificação literal racial.
O caso de Catalina é perfeito justamente por ser muito bonita e ao mesmo tempo de aparência exótica, especialmente para os padrões europeus. Se tivesse nascido na América Latina, Ponor teria passado desapercebida dentro da paisagem humana predominante desta região, menos por sua beleza.
E eu não duvidaria se ela, assim como muitos outros romenos, não tivesse alguma "gota de sangue cigana", já que a Romênia é o país com a maior população de ciganos de todo mundo. Pelo que
Os mais inteligentes e civilizados dos ciganos deixam as suas comunidades para viver com quem eles compartilham muito mais semelhanças culturais e ou psicológicas, como os romenos étnicos. Será??
A aceitação e/ou a "nacionalização" de mestiços de ciganos e romenos, como pode vir a ser o caso de Ponor, é uma (possível) prova contundente quanto ao aspecto social e portanto subjetivo da identidade racial entre os seres humanos. Ainda que muitos romenos, principalmente os de origens alemã e húngara, possam suspeitar de sua aparência, não parece e não é de meu conhecimento que Catalina sofra ou tenha sofrido qualquer tipo de rejeição sistemática e especialmente por parte dos romenos étnicos, isto se já não tiver sido considerada como tal. O comportamento "normal" de Catalina se comparado com o show de horrores habitual dos roma, a sua beleza (traços suaves e mais "europeus"), pele mais clara, talento e a comprovação final deste via fama internacional são aspectos mais do que relevantes para que os seus compatriotas a considerem como uma romena, ;)
Onde a raça é mais misturada, apenas uma "pureza de aparência fenotípica" não será suficiente para se aceitar que certo indivíduo possa fazer parte do grupo racial e/ou étnico.
As diferenças fenotípicas entre as ginastas romenas Larisa Iordache e Catalina Ponor são de fato muito pequenas, ainda que a segunda continue a olhar mais ''exótico'', comparativamente falando.
E é claro que esta realidade será invariavelmente comum e geograficamente difusa em muitos outros recantos do mundo, desde os mais óbvios como o Brasil....
A belíssima Aline Riscado. Será que ela poderia passar por romena**
... dos relativamente intermediários, como a Bielorrússia ...
A linda ex-ginasta veterana da Bielorrússia, Svetlana Bogynskaya, ''eslava'' ou ''centro-asiática'' **
Até aos lugares (considerados) mais improváveis como a Noruega.
O campeão mundial de xadrez, Magnus Carlsen, e sua aparencia pra lá de ''nórdica''.
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