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quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Sobre os quatro temperamentos

 Apesar da teoria humoral, desenvolvida por Hipócrates e Galeno na Grécia clássica, ter sido descreditada pela ciência moderna, considero o modelo de personalidade que deriva dessa teoria muito preciso e útil, primeiro por causa de sua simplicidade e praticidade, composto por apenas quatro traços ou temperamentos: colérico, fleumático, melancólico e sanguíneo, e segundo pela universalidade dos mesmos, já que todos nós os expressamos, geralmente a partir de combinações individuais de intensidade de cada um, e ainda com significativa frequência, se eles representam alguns dos estados emotivos mais elementares: raiva, frieza ou inércia, tristeza e euforia. No meu caso, eu consigo encaixar minha personalidade de maneira bastante satisfatória nesse modelo, percebendo em mim uma prevalência dos temperamentos melancólico e colérico em relação aos temperamentos fleumático e sanguíneo. E mesmo que isso pudesse ser entendido como uma simplificação excessiva da complexidade humana, é necessário tomar nota de que cada temperamento apresenta uma série de correlações. Por exemplo, indivíduos com um temperamento mais melancólico, como eu, que também tendem a ser mais perfeccionistas, realistas e empáticos. Portanto, considero esse modelo de personalidade bastante útil, ainda que seja recomendado não se limitar ao mesmo, de buscar por outras referências da área, por exemplo, o modelo dos "cinco grandes" ou "big five", o que mais tem sido replicado em estudos acadêmicos. 

Uma falácia que une direita e esquerda: a da experiência

 Segundo o famoso "psicólogo" de direita, Jordan Peterson, conservadores, mas, também, muitos autodeclarados de esquerda, se você é um adulto que mora com seus pais, ainda mais se estiver financeiramente dependente deles, então, você não tem o direito de opinar ou comentar sobre nada em relação à sociedade ou à vida, porque você não tem vivência suficiente para saber sobre esses temas. Esquerdistas ainda tendem a considerar estar nessa situação como uma causa para inclinações "fascistas', como se não conviver de maneira mais constante com pessoas em vários espaços sociais sempre fomentasse uma ignorância especialmente sobre certos grupos. Mas essa é uma falácia porque, a priori, não é necessário que se experimente algo para se saber ou conhecer sobre isso. Por exemplo, eu não preciso ficar gripado para perceber e compreender ou reconhecer minimamente uma gripe, se posso fazê-lo observando as vivências de outras pessoas. E esse exemplo se aplica a muitos outros. Consequentemente, eu não preciso viver as experiências de um cidadão empregado, assalariado e/ou plenamente inserido dentro de um meio socioeconômico para ter uma opinião precisa ou objetiva sobre esse meio. Aliás, para ter uma visão mais imparcial, eu também preciso ter um olhar mais afastado ou panorâmico e pode ajudar não estar plenamente socializado.


Essa também é a falácia do "velho sábio", como se a velhice tornasse qualquer um em um sábio por ter tido mais experiências de vida. Mas o que define a sabedoria é o amor e a busca pelo conhecimento, pela verdade e, portanto, pela justiça. Por isso que, um maior acúmulo de experiências não implica em uma maior bagagem de conhecimentos ou aprendizados. Não apenas a velhice não resulta automaticamente em sabedoria como o que temos visto, com frequência, são idosos pouco sábios e jovens que, apesar da pouca idade, já mostram muita sensatez. 

terça-feira, 29 de novembro de 2022

A partir do ''timing'' sexual-reprodutivo, o que gera o intinto parental? E uma especulação sobre sua relação com a inteligência

 Eu comentei que todas as espécies sexuadas, incluindo a humana, apresentam um "timing" sexual-reprodutivo em que, quando chegam à maturação biológica, a mesma desencadeia uma grande necessidade de fazer sexo e que tende a resultar, quando consumado, na reprodução ou posterior geração de descendência. Eu disse que, especialmente as espécies não-humanas, não têm conhecimento quanto à causalidade entre o ato sexual e a concepção e/ou procriação, que apenas indivíduos de nossa espécie que podem ter esse conhecimento prévio ou antes da prática do ato, tornando possível desenvolver um ímpeto reprodutivo, um desejo consciente, porém variavelmente impulsivo, de gerar descendência sabendo que a cópula feita de modo "tradicional" tende a resultar na gestação. Então, a partir disso, surge a percepção de que estão ocorrendo mudanças no corpo, especialmente pela fêmea e, dependendo do nível de inteligência de cada espécie, de identificá-la pelo que é. Pois, após o parto, emerge o instinto de cuidar da prole. Só que também depende da espécie, em que algumas serão mais cuidadosas e outras não. Geralmente, o nível de cuidado parental depende da quantidade de descendentes que foi ou é tradicionalmente gerada. Isso significa que, quanto mais potenciais descendentes são gerados por cada gestação, menor o cuidado parental. Claro que é uma regra e é provável que existam exceções. 


Mas quais seriam causas do cuidado parental?? 

Em relação aos seres humanos, a explicação é a nossa inteligência, nossa capacidade de perceber e compreender logicamente, que também varia de indivíduo para indivíduo. Então, o meu palpite para explicá-lo em relação às outras espécies é que, especialmente para a fêmea, a maturação biológica não apenas atiça o seu desejo sexual, mas também um desejo mais instintivo de cuidar de "bebês" ou indivíduos recém-nascidos, ainda mais quando os tem. Geralmente, esse desejo é direcionado para os recém-nascidos da mesma espécie ou grupo social, por proximidade genética. Mas, exemplos de cuidado parental entre espécies diferentes abundam. 

Então, a maturação biológica gera o desejo sexual que resulta na reprodução de descendentes e que, dependendo da espécie, provoca um desejo variável e instintivo de cuidar da prole. 

Como já é conhecido, espécies com maturação mais lenta (seleção ou estratégia K) são mais propensas a gerar menos descendentes e a cuidar mais deles até que atinjam a vida adulta. Já as espécies com maturação mais rápida (seleção ou estratégia R) são mais propensas a gerar muitos descendentes e a não cuidar deles até porque, os que sobrevivem, amadurecem mais cedo (existem exemplos de espécies em que quase todo processo de amadurecimento orgânico acontece durante o período gestacional). No meio natural, observa-se que a seleção R é comum em nichos novos ou vazios, em que é "mais importante" gerar muitos descendentes "visando" o povoamento dos mesmos; que a seleção K é mais comum em nichos já ocupados e, portanto, mais competitivos, em que é "mais importante" gerar menos descendentes e cuidar melhor deles para que cheguem à vida adulta e possam, eles mesmos, se reproduzirem. 

Nós, seres humanos, pertencemos à categoria de espécies com maturação mais lenta, ainda que isso possa variar de indivíduo e grupo. 

Portanto, o instinto parental é determinado pelo tempo programado de maturação de cada espécie e que é refletido, dos progenitores à sua prole, também por proximidade genética, por reconhecimento instintivo de vínculo ou intimidade biológica (uma possível explicação, mais literal, do que esse vínculo ou proximidade se consistiria é a de que, em especial, os progenitores das espécies sexuadas e não-humanas que apresentam um padrão reprodutivo de seleção K "considerariam" ou perceberiam sua prole como uma extensão de si mesmas, daí o maior cuidado, tal como uma auto projeção. Já nos casos de cuidado parental minimamente consciente entre espécies distintas, haveria uma maior generalização dessa extensão ou auto projeção). 

No entanto, eu acho que a melhor explicação para o porquê desses tipos de estratégia é a de que, no caso da seleção R, ambientes novos tendem a ser naturalmente mais inóspitos e, por isso, "selecionam" por constituições orgânicas mais simples, como se representassem um estágio mais primário de trajetória evolutiva tradicional ou diretamente influenciada pelo meio. Já, os ambientes há mais tempo ocupados (geralmente há milhares de anos, no mínimo) apresentam espécies mais evoluídas ou com maior sofisticação quanto ao desenvolvimento e ao comportamento, em que a qualidade da prole é mais importante que a sua quantidade; um estágio mais evoluído, pelo menos nesse sentido de sofisticação.

Inteligência?? 

Pode ser que indivíduos humanos com menor capacidade cognitiva global sejam, em média, mais parecidos com os de espécies não-humanas de maturação rápida, refletido pelo menor tempo de amadurecimento, especialmente o cerebral, e o padrão oposto para os de maior capacidade cognitiva global. Ou que uma menor capacidade cognitiva global, que não é o reflexo de algum processo tacitamente epigenético ou de mutação, seja, por si mesma, uma consequência causal de uma maturação biológica mais rápida. E, novamente, a mesma relação entre uma maior capacidade global e maior tempo de amadurecimento, orgânico, incluindo o cerebral. 

É possível pensar que a existência de uma diversidade moderada de níveis qualitativos e quantitativos de inteligência entre os seres humanos, reflita uma diversidade moderada de níveis individuais de maturação.

*Importante não confundir a tendência de precocidade intelectual entre os academicamente superdotados com a de precocidade comportamental daqueles que tendem a ter "menores" capacidades cognitivas. Pois uma evidência de que não se tratam exatamente do mesmo tipo de precocidade é pela idade com que se iniciam na vida sexual: os comparativamente menos inteligentes bem mais cedo que os mais, pelo menos no cenário atual. Em outras palavras, enquanto que os mais academicamente inteligentes tendem a ser mais intelectualmente avançados em relação à sua faixa etária, os menos academicamente inteligentes tendem a ser mais comportamentalmente precoces, a atingindo seus níveis máximos de maturação mais cedo, isto é, as condições básicas para uma vida adulta "tradicional": a priori,  sobrevivência, competição e procriação (daí uma maior tendência entre eles de começarem a ter filhos na adolescência e/ou de tê-los mesmo sem apresentarem as condições financeiras mais adequadas). 

Mais um exemplo (da copa) sobre um grande problema da esquerda: a esquerda identitário-burguesa

 Agora, segundo alguns pensadores da esquerda identitária, está errado torcer contra a seleção brasileira nessa copa do mundo do Qatar porque... 


... "ela representa UM TIME DE EXCLUÍDOS, DE MARRONS, AMARELOS E PRETOS da periferia do mundo; porque brasileiro que torce contra o Brasil não se opõe a um time, mas rivaliza contra o terceiro mundo"...

Esse é um post que acabei de ver no Instagram e mostra o porquê de ser um "pecado" torcer contra o "Brasil", com vídeos de torcedores da seleção de vários países pobres, como Bangladesh. 

Que emocionante...

Só que, primeiro, a seleção brasileira é composta por multimilionários, por ex excluídos que, definitivamente, não mais representam gente pobre;

Segundo: como a esqueerda identitário-burguesa, em teoria, odeia o "homem branco", supostamente não existem excluídos de raça branca. Pois eu, que sou um homem branco, latino-americano, bissexual, com excentricidades mentais//sem emprego e de classe média baixa, aliás, que seria um indigente sem a tolerância dos meus pais em permitir que continue morando com eles, devo ter muitos privilégios, a maioria dos quais eu desconheço, claro. 

Mas será que, nesse post, o autor se esqueceu que existem negros, marrons e amarelos ricos???

Mesmo que não representem a maioria dos seus respectivos grupos... sem falar de amarelos, marrons e pretos de classe média alta no continente africano, na Índia e na China; e de japoneses e sul coreanos que, mesmo não sendo exatamente de "excluídos", estão longe de serem equiparáveis com a maioria dos bengalis (habitantes de Bangladesh), por exemplo;

Terceiro, que devemos esquecer o que o futebol representa: as desigualdades absurdas causadas pelo capitalismo, e torcer para que a seleção vença porque, assim, seus milhões de torcedores excluídos e coloridos ficarão felizes, se sentindo "representados"* apesar de continuarem alienados às suas realidades sociais, é isso??? 

* Em que categoria de "não-branco excluído" o jogador Lionel Messi e outros jogadores (brancos) da seleção argentina devem se situar?? 

Devemos esquecer a absoluta anti-meritocracia de existir uma elite de esportistas ganhando INFINITAMENTE mais que 95% da população mundial e que ainda são extremamente valorizados, em grande  contraste a profissionais de significativa importância para qualquer sociedade, como os cientistas (éticos), apenas porque eles dão mais lucros aos seus patrocinadores??? 

A lógica capitalista mais básica...

Devemos parar o boicote a essa copa que tem como país-sede o Qatar, e$colhido sem problemas pela Fifa, um país que exclui mulheres, LGBTs, trabalhadores estrangeiros e até cachorros de poderem ter uma existência digna??? 

Segundo nossos amigues, sim.

O racismo parece que virou uma espécie de chantagem emocional, pela esquerda identitário-burguesa, para "passar pano" em especial para pseudo-inclusões ou representatividades vazias, de político gay neoliberal a jogadores pretos de origem periférica, que hoje, são multimilionários.

O "mercado" está nervoso...

 O "mercado" não quer acabar com a pobreza, com a fome, com as desigualdades... No purgatório capitalista, o "mercado" é DEUS: onipresente, onisciente e onipotente. O "mercado" é adorado pelos que acreditam nele, dizem que é benevolente e perfeito. Que tudo de bom é por causa dele. Que tudo de ruim é por causa do "comunismo". O "mercado" não se importa com crises econômicas, com pandemias e presidentes psicopatas comprando cloroquina aos montes e convidando à infecção e à morte as populações que deveriam cuidar. Ninguém sabe o que realmente é o "mercado" porque ninguém nunca o viu apesar de "ser tudo". Talvez seja uma "elite econômica" ou "técnica", que entende de gastos e lucros. Talvez sejam de especialistas em enxugar gastos com a população, especialmente com que mais precisa, e dar lucros aos que mais têm; de moneycráticos que dão mais importância ao (seu) dinheiro do que à vida (dos outros); em ganância e avareza. 

O que também está por trás da crença religiosa (autocentrismo)

 Explicando novamente... 


Todas as espécies ou formas de vida têm um impulso extremamente básico e primordial de sentir e perceber a realidade em que se encontram por suas próprias perspectivas. Eu chamo esse impulso de autocentrismo. Isso significa que todos elas "se colocam" no centro de seus mundos, isto é, de suas percepções e sensações. Pois algo extremamente parecido, isso se não for uma derivação direta, acontece com a crença religiosa de qualquer tipo, se monoteísta ou politeísta, animista ou "civilizada", porque se consistem em uma interpretação humana ou antropocêntrica da realidade, em que o ser humano se coloca no centro dela, ao invés de tentar compreendê-la de maneira objetiva e imparcial. Por isso que, me parece que esse impulso extremamente primitivo e universal de autocentrismo, em humanos, tem se manifestado tradicionalmente pela "religião", ainda que também se manifeste por qualquer outro tipo de interpretação humana que se sobreponha a uma observação mais imparcial e objetiva da realidade. O autocentrismo é inevitável, porque sempre começamos a sentir, perceber, interpretar e compreender a realidade por nós mesmos. Mas, para nós, humanos, existe ao menos a possibilidade de expandirmos nossos horizontes de conhecimento, de compreensão factual e existencial, particularmente pela ciência e filosofia (verdadeira) e não por aquilo que chamamos de "religião". Inclusive, eu já comentei que existiria uma verdadeira religião, que preferi chamar de "inteligião", inexistente em termos oficiais, que busca ser coerente e responder as perguntas de caráter universal, objetivo e existencial que toda religião faz, com respostas que correspondam com esse caráter, e não com respostas paroquiais ou fabricadas, como toda religião tem respondido. Em outras palavras, a crença religiosa é um exemplo clássico de interpretação autocêntrica, de antropocentrismo, de modo que, até pode ser concluído que as outras espécies, não-humanas, também têm suas próprias "religiões", porque apresentam vivências autocêntricas, a formiga o formigocentrismo, a barata o baratocentrismo, o cachorro o cachorrocentrismo, a bactéria o bacteriocentrismo... 

A priori, a maior diferença entre o progressismo e o conservadorismo é a possibilidade (ou liberdade) de escolha

 O conservadorismo, historicamente, sempre impôs o que considera o certo, justo, necessário ou imprescindível. Já o progressismo abre espaço para a crítica, a reflexão, e também a escolha. 


No caso do feminismo, por exemplo e, idealmente, não existe uma imposição de como a mulher deve se portar, mas que ela pode escolher, inclusive de optar ser submissa ao seu parceiro do sexo oposto, isto é, optar por um cenário mais tradicional. 

Em outras palavras, o conservadorismo sempre foi contra as liberdades individuais, especialmente para indivíduos de grupos marginalizados por sua ideologia, como as mulheres; e o progressismo o oposto. 

Liberdade não no sentido de anarquia ou irresponsabilização, de se fazer o que bem entender e que podendo ter consequências negativas aos outros. Liberdade como autonomia de um indivíduo primariamente em relação à si mesmo. 

A falácia de que o conservadorismo apenas expressa a natureza humana...

 E que, portanto, não seria uma ideologia...


Pois quando é ''dado'' liberdade aos seres humanos, passam a se comportar de maneira muito mais plural do que quando estão submetidos a uma cultura ''tradicional'' ou mais conservadora, e isso sugere que é essa a verdadeira natureza humana, aquela que se expressa em um contexto mais livre, sem ou com menos condicionamentos invasivos. Por isso, o conservadorismo mais parece ser uma espécie de uniformização antinatural da pluralidade comportamental humana. Apenas compare países onde, atualmente, existe mais respeito às liberdades individuais, como a França, e aqueles que são mais autoritários nesse sentido, como o Irã... 

Essa nossa pluralidade também é o resultado de nossa autoconsciência mais desenvolvida que nos faz, em média, mais individuais em relação às nossas identidades. 

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Genocídio branco patrocinado pela "judiaria organizada": 'teoria' conspiratória ou realidade??

 * Antes, uma observação sobre o uso possivelmente equivocado da palavra teoria em "teoria de conspiração". Pois o ideal seria mudar esse termo para "hipótese de conspiração", particularmente para as que, de fato, não são factuais, se teoria é uma hipótese comprovada. 



A hipótese da vingança 


Imagine um povo (judeu) que foi trucidado em um genocídio (holocausto) e, depois da (segunda) guerra (mundial), em que seus maiores inimigos (nazistas//gentios brancos antissemitas) saíram derrotados, resolveu (especialmente suas organizações políticas**) colocar em prática um plano de vingança para eliminar lentamente essa "população' que os perseguiu por séculos, se consistindo na infiltração de suas principais instituições (isto é, dos países de maioria branca ou controlado por uma minoria branca), e uso de pautas morais muito relevantes, como o combate ao racismo, para convencer, primeiro, suas ''elites' política, acadêmica e cultural e, então, suas massas sobre: a inexistência das diferenças predominantemente intrínsecas entre indivíduos e grupos humanos, incluindo a inexistência de raças humanas; a irrelevância da genética ou biologia no desenvolvimento e comportamento humanos, ou tábula rasa; a inculcação de culpa, vergonha e auto-ódio coletivos pelo passado de colonialismo, racismo e outros preconceitos (apenas explicitamente para brancos); de uma cultura individualista e materialista; o feminismo que promove narrativas que aumentam a animosidade entre os sexos, e a conformidade à políticas multiculturalistas, que incentivam a imigração em massa e a miscigenação racial. 

Em outras palavras, um plano para “desarmar” populações brancas e fazê-las cometer suicídio racial /coletivo, lenta e inconscientemente.

** judeus mais etnocêntricos??

Agora, apenas veja o cenário atual em que temos uma maioria de brancos europeus e seus descendentes na diáspora, em todo mundo, apresentando: taxas de fecundidade extremamente baixas, altas taxas de miscigenação racial¹ e de imigração de outras populações, especialmente para os países em que são maioria, e com significativa participação de indivíduos e organizações judaicas na promoção dessas políticas [em relação às suas proporções demográficas comparativamente diminutas].

Então, o que você me diz?? 

¹ Lembrando que os fenótipos raciais dos brancos europeus são os mais geneticamente recessivos...

Alguns pontos relativamente discordantes:

Atrair uma grande população de muçulmanos para a Europa Ocidental tem sido mais prejudicial do que benéfico para os judeus que vivem nessa região, porque muitos desses imigrantes são tão antissemitas quanto os neonazistas nativos, especialmente por causa de Israel e sua política opressora no Oriente Médio,em relação aos palestinos. Aliás, o aumento de muçulmanos no mundo ocidental, ainda mais se for expressivo e ocorrer nos países europeus, a médio e longo prazo, além de aumentar a insegurança das comunidades judias, também pode acabar isolando, geograficamente, o estado de Israel...; 

Judeus são um povo muito plural, ideologicamente. Há muita crítica interna sobre a conduta de Israel em relação à Palestina, por exemplo; 

É possível especular, favoravelmente, que a maioria dos judeus comuns não estão ativamente promovendo ou, conscientes, sobre o genocídio lento e sofisticado, por enquanto, predominantemente não-violento, das populações brancas gentias (se é isso mesmo que está acontecendo) e o papel de suas elites ou parte delas nisso, porque, especialmente os judeus mais progressistas, também estariam ludibriados por certas ideias equivocadas "de esquerda", por exemplo, a crença na tábula rasa e da inexistência de raças humanas ou de diferenças médias mais pronunciadas entre elas, tal como acontece com muitos gentios;  

Judeus, especialmente os mais seculares e progressistas, e que também são, em média, os mais inteligentes entre eles, são os que mais se misturam ou se casam com indivíduos de outros grupos, e essa tendência pode ter consequências negativas no futuro quanto ao seu poder político, cultural e econômico, ainda mais se os ortodoxos se tornarem maioria;

A ampla adesão a comportamentos individualistas pela maioria dos gentios brancos pode indicar uma tendência anterior ou mais intrínseca, mas que era bloqueada pelo conservadorismo compulsório nos séculos passados.
[Sou da opinião de que as culturas conservadoras são tentativas de uniformização comportamental e antinatural da pluralidade humana].

Pode ser que, os judeus mais etnocêntricos e/ou revanchistas em relação ao antissemitismo histórico, que culminou no holocausto, estariam por trás dessa agenda genocida contra os brancos;

Outra possibilidade de explicação é que o perfil psicológico e cognitivo dos judeus europeus (capacidades cognitivas acima da média e mais verbal do que não-verbal), os inclinaria a abraçar pontos de vista progressistas (capacidades de pensamento crítico e abstrato), mas também capitalistas (capacidades matemáticas). Uma possível evidência que corroboraria parcialmente para essa hipótese seria a existência de uma desproporção de judeus ateus ou agnósticos e LGBTs, dois grupos universalmente mais propensos a se posicionar à esquerda no espectro político-ideológico;

Algumas más línguas até afirmam que os judeus asquenazes, especialmente e, "em média", seriam tal como "ciganos de alto QI", porque além do histórico de endogamia (casamentos consanguíneos) e de insularidade cultural, também teriam em comum uma inclinação para mentir ou enganar grupos de fora para alcançar seus objetivos individuais e coletivos (diga-se, ainda mais do que outras populações usualmente fazem)...

Existe até um nome para esse suposto genocídio, "Plano Kalergi", e que não teria a participação apenas das "elites" judaicas, mas também da monarquia europeia e de ultra-ricos (em sua maioria de brancos europeus e descendentes), que seria um plano para miscigenar todas as populações humanas, começando com aquelas que têm o maior histórico de revoluções, visando destruir suas identidades culturais e abrir espaço para o estabelecimento de uma civilização global com uma elite internacional e uma população de consumidores desenraizados e conformistas ou deficientes em pensamento crítico (muitos da extrema direita também chamam isso de ''globalismo'', ainda que o termo apresente versões diferentes entre eles sobre o que seria).

Enfim, talvez seja uma combinação de todos esses fatores citados,

De alguns deles, 

OU 

apenas uma "teoria" conspiratória...

Segundo o filme de propaganda nazista "O Eterno Judeu" (1940)...

 ... apenas os judeus que são gananciosos ou só pensam em dinheiro, que não valorizam o trabalho e a cooperação com as sociedades em que vivem, em contraste com os "arianos", porque estes seriam trabalhadores e desapegados dos bens materiais... 


Agora, os fatos: 

Mesmo que exista uma desproporção de judeus que são de capitalistas incorrigíveis, considerando a correlação histórica desse povo com ocupações específicas, como a de comerciante, também existem muitos "gentios europeus", na Europa e em sua diáspora, que são tão ou mais obcecados por dinheiro e status social...

Também, segundo esse filme, o povo judeu, mais especificamente a "judiaria organizada", além de dominar o mundo ocidental o faria apenas para explorar e oprimir gentios ou não-judeus...

Fato:

Se realmente existe uma desproporção de judeus entre as elites político-econômicas e culturais, desde aquela época e no mundo ocidental, e se muitos deles exploram e oprimem gentios ou não-judeus, além dos judeus pobres, a maioria dos indivíduos que fazem parte dessas elites são brancos de origem europeia, que também tendem a se comportar de maneiras moralmente reprováveis... Isso que não estou falando das elites "não-brancas".

Pois o filme deixa a entender que, qualquer ação de caráter acadêmico, cultural ou político de indivíduos ou organizações judias, ou em que estão desproporcionalmente atuantes, é sempre mal intencionada, destacando o que eles, nazistas//ultraconservadores, chamavam e continuam a chamar de "degeneração moral". 

Mas o que seria isto???

Luta contra o racismo e a homofobia, por igualdade de gênero... por liberdades individuais..?? Contra as injustiças???

Poderia concordar, mas muito parcialmente, sobre a crítica que os mais conservadores tendem a fazer em relação à hegemonia ideológica do modernismo e do pós-modernismo nas artes e que, historicamente, têm importante participação judaica...

Pois se judeus tendem a ser etnicamente nepotistas, assim é a maioria dos povos do mundo e não que estejam certos por isso, se é apenas uma realidade, a priori, lamentável, que não se restringe a um grupo. E mesmo se "gentios" brancos tendem a ser menos etnicamente nepotistas, pelo menos atualmente, como afirmam certos brancos supremacistas, ainda não significa que não possam apresentar outros tipos de comportamento similares, como de fato o fazem vide os favorecimentos não-meritórios por ideologia e por classe social (classismo).

Ainda segundo este filme, judeus são muito cruéis com animais "criados" para o consumo humano, especialmente por causa de seu "ritual de abate" de nome Kosher (também praticado por muçulmanos e que recebe o nome de Hallal). Aí eu concordo que se consiste em um ritual extremamente cruel, de deixar o animal sangrando até à morte, se não seria melhor optar por técnicas menos dolorosas ou rápidas (o ideal mesmo seria de acabar com essa carnificina industrial, mas parece difícil para nós, humanos, conseguir abdicar totalmente da proteína animal sem que acarrete qualquer risco de comprometimento de médio a longo prazo à nossa saúde). Então, o filme diz que (todos os) "arianos" ou brancos europeus com "traços raciais correspondentes" e seus descendentes na diáspora são os que mais expressam empatia por animais não-humanos, contrastando com o ritual de abate adotado pelos judeus e sugerindo que (todos eles??) não são capazes de demonstrar compaixão por outras espécies...

Percebe-se, novamente, o apelo à generalizações grosseiras, o que me deixa intrigado de pensar se a maioria dos alemães, especialmente os de classe mais educada, realmente acreditava nesse tipo de narrativa simplória e falaciosa.

Sem falar que os nazistas associavam e continuam a associar aparência física com qualidades intrínsecas, como o caráter, também para justificar seu ódio extremo contra os judeus.

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Basicamente, a relativização cultural//moral justifica práticas cruéis

Enfatizando o que já falei em outros textos...


A partir da narrativa de relativização cultural justifica-se, por exemplo: a proibição da transfusão de sangue entre testemunhas de Jeová, que coloca em risco de morte membros desta seita que mais precisam disso; a retirada dos clitóris de meninas africanas em algumas comunidades muçulmanas, para que não sintam prazer durante o ato sexual; a escravidão; os "sacrifícios" humanos; os rituais cruéis de abates de animais não-humanos, como o Kosher e o Hallal...

Essas "práticas" são criminosas ou cruéis também por serem completamente desnecessárias, extremas, insensatas e injustas, justificadas por mentiras ou falácias: "Deus não permite a transfusão"; "mulheres não podem sentir prazer no ato sexual"; "grupo X, por ser absolutamente inferior, deve ser escravizado"...

Mais um pouco sobre a "meritocracia" capitalista: cientistas versus jogadores de futebol

 Cientistas inventam vacinas que salvam milhões de vidas [apenas um exemplo em meio a muitos outros]. Mas quem ganha salários exorbitantes e tem milhões de fãs em todo mundo são... jogadores de futebol.


Essa é a lógica capitalista, que é muito simples: o maior mérito é tudo aquilo que gera lucro (boa parte que sempre vai para as mãos de uma minoria de sujeitos destituídos de escrúpulos) e não a importância intrínseca da atividade ou ato...

E continuando rapidamente com essa demonstração de anti-meritocracia, temos uma maioria de indivíduos de extrema direita elevando à condição de ídolos ou "mitos", sujeitos que, ao invés de contribuírem, de fato, com o desenvolvimento das sociedades em que vivem, as usam especialmente para o próprio benefício. São eles: políticos moralmente corruptos, monarcas, ditadores fascistas, super ricos, artistas deficientes em discernimento político ou moral...

(Não é que todo esquerdista seja excepcionalmente meritocrático ou justo quanto aos que considera dignos de sua admiração, longe disso. Ainda assim, comparativamente, é menos pior que esse nível encontrado entre extremo-direitistas e capitalistas contumazes).

Ímpeto reprodutor/reprodutivo ou "timing" sexual-reprodutivo?

Talvez seja possível afirmar que, nenhuma espécie, além da humana, é capaz de "saber" com antecedência sobre a relação de causalidade variável entre prática sexual e procriação. O que acontece é que, quando atingem a maturidade biológica, passam a sentir uma grande necessidade de praticar o ato e que tende a resultar na procriação. Percebe-se que não é uma necessidade ou instinto de procriar, mas de fazer sexo, da cópula. Já os instintos materno e paterno, de fato, existem e variam de intensidade de acordo com a espécie, em que algumas são mais cuidadosas que outras com a sua prole.


Portanto, o ímpeto reprodutivo de espécies não-humanas e sexuadas, na verdade, seria um "timing" sexual-reprodutivo, não uma necessidade instintiva de produzir descendentes e sim de praticar o ato, provocado pela maturação, que irá resultar nisso. Já, para o ser humano, é mais correto chamá-lo de ímpeto a partir do momento que, entre o desejo sexual e o de gerar descendência existe um conhecimento sobre a causalidade variável entre sexo e reprodução . Pode parecer estranho ou contraditório, se no meu texto em que especulo sobre as raízes psicobiológicas da correlação entre homofobia e conservadorismo, eu afirmo que os conservadores tendem a ter um ímpeto reprodutivo mais intacto ou parecido com os de animais não-humanos que explicaria em partes sua maior propensão a ter esse preconceito. Isso é verdade e até digo que esse ímpeto é o resultado do mesmo "timing" sexual-reprodutivo das outras espécies, da necessidade de fazer sexo que surge a partir da maturidade biológica, só que associado ao básico conhecimento de que uma coisa tende a resultar na outra se praticada de maneira tradicional (e que pode ser uma das causas pras suas tendências homofóbicas). 

A racionalidade é a inteligência em tempo real

 Novamente...


É o uso das capacidades intelectuais, cognitivas e psicológicas, visando à melhor compreensão, objetiva e imparcial, do que acontece ou se percebe nos âmbitos pessoal e geral. Desde o autoconhecimento até ao discernimento do que é verdade e do que é mentira e, portanto, do que é justo e do que é injusto. Não é o resultado de uma prova escolar ou de um teste de QI. É a constante contextualização da inteligência humana no mundo real, do melhor julgamento que se pode fazer.

O problema de uma explicação "puramente evolutiva" (um adendo para o texto sobre psicologia evolutiva)

 Ou não...


Eu comentei em um texto recente sobre o problema de considerar a inclinação à crença religiosa como um traço evolutivamente superior, apesar de estar predominante na maioria da população humana e se associar com alta fertilidade e longevidade, por se tratar de uma mera correlação forjada especialmente a partir da sedentarização de nossa espécie que resultou no surgimento das civilizações ou sociedades complexas, isto é, socialmente desiguais, em que os indivíduos mais conformistas prosperaram demograficamente nesses ambientes de servidão. Também comentei sobre a natureza claramente irracional da crença religiosa para argumentar que não pode ser considerada um traço ou comportamento intrinsecamente superior, nem mesmo se for relativo a um contexto específico.

Mas existe um argumento favorável à ela, em que é demonstrado que, apesar de ser mais objetivamente prejudicial em termos individuais, tem sido benéfica em termos coletivos, por promover o conformismo e a cooperação dentro das comunidades humanas. Esse é o que eu chamo de "argumento puramente evolutivo", que usa uma explicação lógica e generalista, em que um traço não precisa ser individualmente benéfico para ser evolutivamente benéfico, pelo menos dentro do seu contexto, já que a evolução de uma espécie ou população tende a acontecer em um nível coletivo...

No entanto, não é porque um traço encontra-se correlacionado com traços objetivamente positivos e esteja predominante dentro de uma população, que seja absolutamente superior ou valoroso. Então, além da ideia de que a crença religiosa se consiste em um reflexo da juventude do contexto evolutivo de nossa espécie, tal como eu argumentei no texto anterior sobre psicologia evolutiva, seu predomínio demográfico também pode ser o reflexo do interrompimento de sua trajetória ascendente de aumento da inteligência refletido na cultura, especialmente depois do período pré histórico, enfim, de um desvio de sua evolução mais ideal, em que inevitavelmente a crença religiosa deixaria de ser tão prevalente; passando a ser "benéfica", mas especialmente para as classes dominantes, não por suas qualidades naturais e sim por ser a expressão de uma mente mais controlável ou domesticável. 

Agora, analisando por alto todos esses séculos de domínio cultural das "religiões" organizadas, até hoje, é difícil concluir que seu predomínio tenha sido categoricamente benéfico, mesmo em um nível coletivo, se elas têm sido uma grande pedra no caminho evolutivo humano. Sim, porque primeiro que, evolução não é sempre sinônimo de avanço, em termos de desenvolvimento ou sofisticação adaptativa, se é possível evoluir "para trás" ou ficar parado por muito tempo no mesmo nível... e segundo que, além de se perpetuar em uma maioria de indivíduos intelectualmente 'deficientes", ainda promove para o alto de sua hierarquia, parasitas humanos. 

Como conclusão, ainda é possível dizer que a crença religiosa pode conferir uma vantagem evolutiva, mais em termos coletivos, mas apenas se olharmos por uma perspectiva distante do contexto histórico e social humano, mais "puramente evolucionista", porque quanto mais próximos, mais difícil de sustentar sua defesa, vide seu papel de destaque no subdesenvolvimento humano: social, cultural, intelectual, individual e coletivo, especialmente se a espécie humana tem a sua inteligência, a partir do acúmulo de conhecimentos, como principal estratégia evolutiva...

Lógica primária??

Pois esse também parece ser o caso, de algo que parece lógico, no sentido de adequado ou verdadeiro, mas que deixa de ser a partir de uma análise mais profunda. Então, se faz sentido que um traço predominante e correlacionado com traços 'objetivamente positivos" seja considerado evolutivamente valoroso, pelo menos a um nível coletivo e específico a um contexto, pode deixar de fazer quando se analisa sua influência e o que significa, em termos qualitativamente intrínsecos.

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Da olimpíada de Hitler de 1936 à copa islamofascista de 2022, e a irracionalidade predominante das massas

Um país artificial chamado Qatar em que direitos humanos básicos são completamente negados por causa de uma crença idiota chamado islamismo (poderia ser o cristianismo que daria no mesmo) e em que centenas (ou até milhares) de trabalhadores, chamados para a construção dos estádios, foram tão explorados que acabaram morrendo... Em outras palavras, pessoas reais sendo tratadas da pior maneira possível por causa de fantasias grosseiras que são levadas a sério. Pra variar, a "divina" crença em deus associada à ganância capitalista... aí, mais um pão e circo, especialmente para dar lucros à FIFA, às empresas patrocinadoras e aos sheiks de Alá. Tudo muito conservador, tradicional.. mentiroso, hipócrita e cruel...


Então, qualquer um com o mínimo de discernimento racional, munido de fatos, decide boicotar a copa pra não dar nem um centavo a esse circo armado. 

Agora, se eu te disser que não é a maioria que decidiu pelo boicote, sugiro não ficar surpreso ou decepcionado, porque desde os tempos das lutas de gladiadores nas arenas romanas, ou antes, que as massas têm se comportado desse jeito: completamente indiferentes às injustiças, tal como crianças perversas e tolas, incapazes de dizer não a espetáculos que só servem para enriquecer psicopatas. 

Também lhe proíbo de ficar surpreso ou decepcionado com a FIFA. Pois, não importa se é copa do mundo ou olimpíada, é só "esquentar" as mãos dos dirigentes que até o pandemônio pode virar sede de um desses eventos; até a Alemanha de Hitler que, desde os seus primeiros anos de governo, já começara a oprimir judeus e outros grupos, e mesmo assim "não foi suficiente" para os organizadores dos jogos olímpicos naquela época...

Foi-se o tempo, ao menos para mim, em que torcia para a seleção brasileira, ignorante quanto aos salários absolutamente absurdos que os jogadores recebem, apenas para "jogar uma bolinha", dessas desigualdades tão grotescas do sistema capitalista e de toda podridão que acontece atrás das cortinas, tudo, é claro, tendo como principal objetivo o lucro.

O dilema e o problema ideológico da psicologia evolutiva

 O que aparenta ser mais "adaptativo" é sempre intrinsecamente melhor??


Exemplo, a crença em deus.

Acreditar na existência de deus e na vida eterna é exatamente o mesmo que acreditar em uma afirmação extraordinária sem nenhuma evidência extraordinária, sem ter sequer uma base lógica que corrobore indiretamente para a sua existência. É o mesmo que acreditar em algo porque quer, porque essa crença lhe faz se sentir bem e não por ser verdade ou uma provável realidade. E isso é o mesmo que se comportar de maneira intelectualmente imatura, incapaz de aceitar fatos ou verdades que contradigam expectativas e crenças pessoais.

Está claro que a crença religiosa é uma expressão clássica e mais específica de irracionalidade. Apesar disso, existem indivíduos acima da média em inteligência, inclusive de gênios científicos historicamente reconhecidos, que são ou eram religiosos, demonstrando que os efeitos perniciosos dessa crença em relação à outras capacidades cognitivas podem variar individualmente. Porém, por uma perspectiva mais geral, existe uma clara desproporção de fundamentalistas religiosos entre os mais cognitiva e racionalmente limitados, e o padrão oposto para ateus e agnósticos. As razões são óbvias, se uma capacidade racional mais desenvolvida promove um maior pensamento crítico e que, por sua vez, se correlaciona com uma maior capacidade cognitiva.

No entanto, segundo muitos pesquisadores e aficionados da psicologia evolutiva, se um traço é ou está adaptativo, então, ele é qualitativamente superior, tal como tem sido o caso da crença religiosa, que se relaciona com uma alta taxa de fecundidade e, de maneira menos significativa, com longevidade ou melhor saúde. Outra razão para que a considerem um traço evolutivamente valoroso é porque a maioria dos seres humanos acreditam em deus e/ou vida eterna, partindo daquela lógica em que, se certo traço é mais comum em uma população, é porque lhe confere uma vantagem adaptativa.

Ok, não discordo de fatos, porém, é preciso entender que: a evolução de qualquer espécie nunca é perfeita; que nossa espécie é muito jovem, se comparada com as outras, que ainda estamos na "adolescência" de nossa trajetória possível de evolução e que, portanto, o predomínio da crença religiosa não significa que a mesma seja intrinsecamente superior e sim que é o reflexo de nosso jovem contexto evolutivo, sugerindo que, de acordo com que evoluímos, intelectualmente, ela se tornará cada vez menos comum. Outra explicação para o seu predomínio até hoje em dia é que o nosso contexto ecológico e evolutivo, especialmente a partir da civilização, tem sido o de auto-parasitismo, em que uma minoria de indivíduos com inclinações parasitárias passou a dominar e a controlar uma maioria de tipos mais auto-domesticados; que os mais auto-domesticados, mais propensos à crença religiosa, teriam prosperado demograficamente nesse ambiente de servidão, resultando numa associação com maior "fitness" ou melhor saúde, tal como acontece com as espécies domesticadas pelo ser humano*. Portanto, a maioria dos indivíduos mais religiosos seriam como as formigas operárias: altamente conformistas ou servis e organicamente incapazes de desenvolver seu pensamento crítico e/ou racional. Então, além disso, o empoderamento histórico e político das "religiões" organizadas também atrai, desde há muito tempo, uma desproporção de indivíduos moralmente idiotas, de psicopatas e sociopatas, para o topo de suas hierarquias, resultando em uma dupla corrupção: o intelectual, pois a crença religiosa, por si mesma, já é um tipo de negacionismo de verdades (das verdades existenciais); e o moral, em que esses sujeitos inescrupulosos, predominantes no topo da hierarquia religiosa, usam suas superestruturas para oprimir e parasitar seus subordinados.

* Maior o número de indivíduos que carregam certo traço e, dentro de um processo constante de seleção, mais esse traço se associa a traços considerados importantes para o sucesso adaptativo de uma espécie, como a alta fertilidade e a longevidade.

Como conclusão, a suposta superioridade adaptativa da crença em deus, segundo muitos psicólogos evolucionistas que, geralmente, são conservadores de direita, na verdade, seria o reflexo de um potencial mais limitado de percepção e compreensão da realidade. Portanto, não é porque a maioria dos seres humanos acredita em deus e que essa inclinação esteja relativamente relacionada com maior "fitness" que será um traço intrinsecamente superior, se se trata de uma correlação e não de uma causalidade.

Para efeito básico de comparação, existem muitos comportamentos ou traços considerados "adaptativos" em outras espécies que são considerados absolutamente indesejáveis para nós, tal como o hábito encontrado em uma espécie de aranha, chamada de viúva-negra, em que a fêmea devora o macho depois do acasalamento...

Bem, será que esse é um traço ou comportamento "adaptativo", no sentido de "intrinsecamente superior" só por ser praticada pela maioria dos indivíduos de uma espécie???

A determinação qualitativa da crença religiosa como um traço superior por muitos psicólogos evolucionistas nos mostra que, a psicologia evolutiva, ao estar dominada por pesquisadores ideologicamente enviesados à direita, tem sido usada como uma plataforma para a reprodução de suas crenças a partir de abordagens pretensamente científicas, ao invés de servir-se como um campo da ciência que sempre busca por uma análise imparcial e objetiva em relação aos tópicos do seu domínio.

domingo, 20 de novembro de 2022

Uma possível razão para a relação entre fecundidade, conservadorismo e homofobia

 Por acaso, conservadores de direita seriam, em média, mais parecidos com os animais não-humanos e, portanto, menos evoluídos??


Fundamentalistas religiosos são significativamente mais propensos a se declararem como ultraconservadores. Eles também tendem a produzir mais descendentes que religiosos moderados e, especialmente, que ateus e agnósticos, pelo menos na atualidade. A priori, eles são motivados pelas narrativas pró-natalistas de suas crenças. Mas, talvez, não seja apenas por isso, pois pode ser que tenha algo de mais profundo que os induza ao ímpeto reprodutivo. E a resposta pode estar nele mesmo, num ímpeto para procriação mais intacto que o de outros humanos e que se alinha ou se justifica por essas narrativas. Pois além dessa característica que parece ser mais intrínseca do que produto de alguma influência do meio, eles também são "campeões" na adoção de pensamentos preconceituosos, particularmente, a homofobia, produto de um estilo de pensamento mais intuitivo do que analítico. Isso sugere que esse ímpeto reprodutivo mais intacto pela evolução da complexidade comportamental humana pode ter maiores repercussões, além de um desejo irreflexivo em produzir bebês, que pode ser o reflexo de um nível menos evoluído de humanidade, menos racional ou mais tribal e instintivo, mais próximo dos outros animais, já que um dos pontos cruciais da evolução de nossa espécie, que nos diferencia, é a capacidade reflexiva, de "livre arbítrio" ou "julgamento complexo-reflexivo", e parece que, especialmente, os indivíduos mais conservadores, apresentam uma menor capacidade de tomar decisões com base na razão.

Portanto, um desejo instintivo de passar os genes adiante mais uma capacidade limitada para refletir pensamentos e ações podem ser um dos fatores intrínsecos que, em combinação, predispõem certos (ou muitos) indivíduos à homofobia e que também se associa a qualquer tipo de preconceito contra práticas ou justificativas anti-natalistas, além da inclinação homossexual. 

A crença religiosa como reflexo de um atavismo evolutivo

Eu também já levantei a hipótese de que a "religião", pelo menos tal como tem evoluído, historicamente, consiste numa perspectiva autocêntrica, em que o indivíduo humano percebe, analisa e julga a realidade de acordo com a sua própria perspectiva, limitando-se à mesma do que de buscar compreendê-la de maneira mais imparcial e objetiva. Também disse que essa perspectiva de autocentrismo está presente e determinante em todas as outras espécies e que, portanto, a crença religiosa seria a expressão de um atavismo, de um traço muito primitivo e universal, porém "sofisticado" pela imaginação e linguagem humanas. 

Então, além de um ímpeto reprodutivo mais intacto pela evolução, os mais conservadores também compartilhariam com animais de outras espécies essa tendência imperativa de compreender a realidade a partir de sua própria perspectiva, de maneira muito subjetivamente enviesada do que objetiva e imparcial; no nosso caso, antropocêntrica. Daí a forte correlação entre conservadorismo e crença religiosa, e também com baixa empatia (de se colocar em outras perspectivas).

Lembrando que, os indivíduos mais racionais não seriam exatamente os mais progressistas, mas aqueles que sempre buscam por posicionamentos ponderados: sensatos, factuais e/ou justos, independente de que lado no espectro político-ideológico em que estão sendo defendidos. Por isso que, é logicamente inevitável que acabem se tornando mais progressistas do que conservadores. Porém, aqueles que são demasiado progressistas também são antropocêntricos, tal como os conservadores, mas de maneira distinta, pois apesar de haver uma tendência de rejeição à crença religiosa entre eles, a substituem por outra de natureza similar, em que a humanidade é percebida como uma espécie totalmente à parte das outras, unicamente moldada pela cultura, e não como uma continuidade mais excêntrica do reino animal. 

Resumindo: o conservadorismo tende a exagerar o que temos em comum com os outros animais. Aliás, nos incentiva a "se comportar como eles", em relação ao que consideram "o mais natural", como a heterossexualidade e a constituição de uma "família tradicional", enquanto nos diz que somos especialmente distintos por sermos "filhos de deus". Já o progressismo, apesar de colocar em dúvida a narrativa religiosa, da existência de divindades e metafísica, exagera no nível de singularidade da complexidade comportamental humana, tratando o "homem" como um "animal sem natureza", totalmente moldado pelo seu meio cultural.

Enfim, o que quase toda ideologia tem em comum: contradições superficiais gritantes, mas que, em essência, são mais internamente coerentes.

sábado, 19 de novembro de 2022

Sobre esquerda, síndrome do impostor e "educacionismo"

 Eu já comentei sobre a minha hipótese de relação entre esquerda e síndrome do impostor, em que haveria uma desproporção de esquerdistas que aparentam ser muito dependentes de opiniões e pensamentos de autoridades acadêmicas e intelectuais, especialmente as de mesma matriz ideológica, para construírem ou ratificarem seus posicionamentos, porque não seriam confiantes o suficiente em suas próprias capacidades racionais; em relativo contraste aos direitistas, que seriam mais propensos a sofrer de síndrome de Dunning-Krueger, que é um excesso de autoconfiança intelectual e que teria como consequência uma maior vulnerabilidade para acreditar em teorias conspiratórias e fake news. 


Pois essa tendência mais pronunciada de síndrome do impostor entre esquerdistas pode ser um fator que os torne mais propensos à crença na tábula rasa, no determinismo absoluto do meio sobre o desenvolvimento e o comportamento humanos e que, por sua vez, também os levaria à crença no "educacionismo", de que a educação tem uma influência extrema no nosso desenvolvimento intelectual, especialmente durante a infância e a adolescência. A síndrome do impostor se manifestaria indiretamente pela impressão de que tudo o que se é ou se torna é devido aos outros ou às circunstâncias do meio, quer seja no sentido positivo ou negativo, mas especialmente no positivo, em que qualquer conquista ou bom desempenho seria exclusivamente o resultado de sorte, privilégios, treinamento, criação ou educação recebida... já, no negativo, a mesma lógica, só que inversa, que faltou ter sorte, privilégios, uma educação de qualidade ou ter crescido em um lar amoroso e economicamente estável... Mas também de que somos apenas produtos do meio; de que há pouco, em termos de personalidade e inteligência, que possa ser atribuído a nós mesmos, como se fôssemos meros reagentes ou marionetes das circunstâncias. 

A confiança exagerada na educação

Pois se existe uma desproporção de esquerdistas que tendem a glorificar opiniões e pensamentos de sua elite intelectual, porque não têm plena confiança em suas próprias capacidades racionais, isso não significa que não possam ser arrogantes e até tenho uma forte impressão de que costumam ser irredutíveis quanto às suas opiniões, isto é, nas que são produzidas por sua cátedra de intelectuais e adotadas por eles. Porém, esse excesso de confiança não tem a mesma origem que o excesso também percebido em direitistas, até porque ideias, ideais e posicionamentos de direita e esquerda refletem perspectivas diferentes: respectivamente, uma perspectiva mais "darwinista"' e concreta ou sensorial e uma perspectiva mais existencialista e abstrata, daí a diferença de autoconfiança entre os dois grupos já que os posicionamentos de direita costumam ser menos sofisticados ou teoricamente mais fáceis de serem endossados que os de esquerda.

Apenas o esforço...

Apesar da tendência de baixa autoconfiança, muitos dos que têm uma crença ou fé exagerada na educação, também tendem a apontar para o esforço empregado nos estudos como o único fator que explica tanto a excelência quanto a mediocridade acadêmica. Mas isso não entra em absoluta contradição com a tendência de síndrome do impostor, porque continua a ocorrer uma diminuição da relevância das capacidades cognitivas mais intrínsecas para o desempenho intelectual de qualquer nível, além de também ser comumente associado a outros fatores, extrínsecos, como a qualidade do ensino. Então, segundo essa crença, a genialidade, por exemplo, só é possível com grande esforço, mais circunstâncias favoráveis do meio em que se encontra. Porém, na verdade, é possível afirmar que, o potencial para se tornar um gênio é praticamente intrínseco, "de nascença". 
É evidente que as circunstâncias externas ou do meio podem e costumam ter um papel, mas nenhuma centelha de gênio se acenderia sem que houvesse uma predisposição para a mesma. A própria raridade do gênio é uma evidência indireta de sua natureza primariamente intrínseca.  

Tábula rasa (determinismo do meio): o negacionismo de esquerda mais importante

Em tempos de fake news e teorias conspiratórias, em sua maioria, produzidas e consumidas por indivíduos autodeclarados conservadores, de direita, pode ser comum de se pensar que negacionismos da realidade, se científicos ou políticos, são exclusivos a um lado do espectro político-ideológico. No entanto, existe um negacionismo que, se não é exclusivo à esquerda, ocupa um papel central em seu sistema de crenças, que é o da influência predominante da genética ou biologia no desenvolvimento e no comportamento humanos (que também se estende para outras espécies), chamado de tábula rasa.

Esse negacionismo se baseia na crença de que nascemos tal como folhas de papel em branco, sem herança genética (direta ou por combinação), particularmente em relação ao comportamento, como a inteligência, que somos totalmente moldados pelo meio.

Pois se é verdade que não existe livre arbítrio ou não da maneira como muitos acreditam, também não é possível dizer que somos absolutamente condicionados pelo meio, se pessoas nas mesmas circunstâncias tendem a agir de maneiras distintas e não apenas por causa de diferenças contextuais, de classe social ou cultura, por exemplo, mas também ou especialmente porque já apresentam diferenças intrínsecas de personalidade e de níveis qualitativos e quantitativos de inteligência. Então, essas variações são sempre consideradas produtos das circunstâncias dos ambientes em que cada ser humano tem nascido e se desenvolvido.

Esse negacionismo já está apresentando consequências esperadamente negativas, tal como o aumento da criminalidade, em partes resultado de políticas multiculturalistas que favorecem a imigração em massa para regiões ou países outrora mais seguros. Inclusive e, particularmente nas universidades ocidentais, essa crença de que apenas a cultura ou o meio que explica diferenças médias de comportamento e capacidades cognitivas entre indivíduos e grupos humanos se tornou consenso quase absoluto especialmente nas ciências humanas, com direito à perseguição declarada aos acadêmicos que discordam dele (causado pela criação de panelinhas de conformidade ideológica). Além disso, o sistema tradicional de ensino, predominante nas escolas em todo mundo, também tem sido baseado justamente nessa crença no determinismo do meio sobre o desenvolvimento intelectual, como se o mesmo dependesse totalmente da qualidade do ensino dos professores, desprezando que a inteligência acadêmica dos estudantes se desenvolve paralelamente, tanto em potencial alcançado quanto ao seu tempo de desenvolvimento, e que o máximo que os professores podem fazer, de positivo, é acelerar aprendizados específicos, de acordo com a capacidade de cada estudante.

Eu acredito que, se a esquerda parasse de endossar essa crença negacionista e aceitasse a realidade das diferenças médias e predominantemente intrínsecas de indivíduos e grupos humanos, talvez conseguisse se tornar mais popular ou mais eficiente no combate à ascensão da extrema direita. Por exemplo, se na Itália, políticos e acadêmicos progressistas abandonassem a defesa pelo multiculturalismo, ideologicamente baseada na crença da tábula rasa, mas que também funciona como uma estratégia arriscada para aumentar seu número de eleitores a partir dos imigrantes, a extrema direita teria uma pauta a menos a seu favor, diga-se, uma pauta muito importante mediante o seu poder de transformação, especialmente para causar problemas, e provavelmente não teria vencido de maneira tão avassaladora nas últimas eleições legislativas de 2022, em que uma mulher neofascista foi eleita primeira-ministra, Giorgia Melloni, e em que setores conservadores obtiveram o melhor resultado desde Mussolini (além de servir como demonstração didática de que não basta uma "representatividade" vazia de minorias ou maiorias historicamente marginalizadas, como as mulheres, tal como pregam identitários liberais, se for para eleger membros desses grupos que estão do "lado mais hipócrita e psicopático da força").  Porém, eu tenho consciência que essa revisão de mentalidade não seria nada fácil já que exigiria reconsiderar alguns de seus pontos mais importantes. Mas, se esses pontos são negacionistas... mesmo se são bem intencionados, a justiça nunca é plenamente possível com mentiras. 

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

"Livre arbítrio" entre esquerda e direita

 Pessoas de direita tendem a acreditar na existência do livre arbítrio "dado por deus", de que a maioria dos seres humanos tem plena agência e consciência sobre suas ações e consequências. Já pessoas de esquerda tendem a acreditar numa espécie de "reacionismo circunstancial" ou circunstancialismo, em que por, supostamente, sermos muito influenciados pelo meio, somos mais reagentes que agentes sobre nossas próprias decisões. No entanto, como eu já comentei em outros textos, mesmo que o livre arbítrio não exista tal como muitos imaginam ou como tem sido conceituado, ainda existe de maneira não-uniforme entre nós, mediado pelo nível de capacidade racional que cada um pode alcançar, no momento e cumulativamente. Eu até prefiro chamá-lo de (potencial de) "julgamento reflexivo".

Problematizando o discurso excessivamente positivo da "ascensão social"

 Adotado, inclusive, pelas esquerdas...



Pois se alguém precisa "ascender socialmente" para "melhorar de vida", no sentido de sair da pobreza, então, isso significa que existem desigualdades sociais grandes o suficiente para gerarem uma significativa diferença de privilégios entre as pessoas. 

Portanto, o mais certo seria de criticar a perpetuação dessas desigualdades do que se limitar à celebração acrítica da ocorrência de ascensão social, ainda mais se "acontece" apenas para alguns poucos "sortudos", mesmo se forem indivíduos vindos de grupos historicamente marginalizados.

Classismo embutido 

"Filho de empregada doméstica se forma como advogado"...

Outro problema com essa narrativa é que se baseia na desvalorização, vezes explícita, de profissões que já são desvalorizadas, em termos de salário e reconhecimento social. Novamente, é a celebração do sucesso de alguns poucos indivíduos e consequente desprezo das desigualdades sociais/salariais que os tornam notórios. Por exemplo, o catador de lixo que consegue passar pra uma universidade e pensa em ter uma profissão mais rentável e prestigiosa. Mas a função de juntar o lixo das ruas também tem sua valia e deveria ser mais valorizada...

terça-feira, 15 de novembro de 2022

Sobre facilidade cognitiva/psicológica e motivação intrínseca//extrínseca

 I. Fulano GOSTA de matemática... primeiramente porque ele percebeu uma facilidade ou potencial para desenvolver suas capacidades nessa área;


II. Ciclano TEM FACILIDADE para se socializar com os outros... porque já apresentava traços de personalidade favoráveis à socialização;

III. Beltrano já passou em vários concursos públicos... não apenas por causa de seu esforço empregado nos estudos, mas também por uma FACILIDADE para memorizar o conteúdo das provas. Pois até mesmo uma motivação extrínseca, em que meios e fins ou objetivos não são os mesmos, também depende de uma percepção de facilidade ou potencial específico à atividade requisitada.  

Portanto, todo grande esforço ou motivação é antecedido por uma percepção de potencial intrínseco, que é o mesmo que "nível de facilidade de aprendizado" ou "engajamento". 

A possível relação entre a esquerda radical e tendências anti especistas

 Uma impressão de correlação a partir de experiência pessoal e observação, de que, entre esquerdistas, especialmente os de linha "radical" ou marxista, existe uma tendência de desprezo à luta pelo respeito ou melhor tratamento possível aos animais não-humanos, reflexo de uma menor capacidade de sentir afeição pelos mesmos e também associada à uma tendência de perspectiva (existencial) antropocêntrica, de focar quase exclusivamente no ser humano, em termos de convívio e justiça social, desprezando as outras espécies.

Possíveis fatores para explicar o aparente aumento dos "casos' de autismo nas últimas 4-5 décadas

Vacinas?? 


Esse ainda não.

1. Endogamia fenotípica 

A "endogamia genotípica" é quando indivíduos de uma mesma família biológica: primos ou até irmãos, procriam entre si, geralmente associado a um risco mais alto de gerar descendentes com doenças congênitas ou saúde debilitada, por causa da baixa diversidade genética envolvida. Pois também parece ocorrer um outro tipo de endogamia, mas que se dá quando indivíduos com fenótipos muito parecidos procriam entre si. 

Bem, e como que isso se relaciona com o autismo?? 

Pois você por acaso sabe onde que a incidência desse transtorno complexo tem sido mais alta?? 

Em regiões onde há uma grande densidade demográfica de cientistas, engenheiros, técnicos da computação, por exemplo, no vale do Silício, que fica no norte da Califórnia...  

Então, um aumento nesse tipo de procriação em que pessoas escolhem seus parceiros com base em suas próprias preferências e não com quem a família escolhe, também pode estar contribuindo para aumentar a incidência de autismo.

2. Diminuição da taxa de fecundidade e aumento da idade dos progenitores

Especialmente em países desenvolvidos, casais heterossexuais têm tido menos filhos e mais tarde, atrasando a chegada do primogênito para além dos 30 anos. Essa tendência é maior para os que têm mais escolaridade. Pois o autismo está geneticamente relacionado com alto QI ou maiores capacidades cognitivas e que está associado a uma maior escolaridade. 

Menos filhos e mais tarde + endogamia fenotípica = aumento proporcional de autistas em relação à população total. Não necessariamente um aumento bruto, mas relativo. 

3. Aumento da altura média e também do percentual de 'obesos"

O autismo está relacionado com grande peso e maior capacidade craniana ao nascer, que se relacionam com maior peso e altura em indivíduos adultos.

Então, menos filhos e mais tarde + endogamia fenotípica + aumento da altura e/ou peso da população = aumento da suscetibilidade ou risco (dependendo da gravidade) de ter filhos autistas OU no espectro/ aumento relativo de indivíduos autistas.

4. Fatores ambientais 

Tabagismo ou alcoolismo durante a gravidez e poluição atmosférica são alguns fatores ambientais associados ao autismo, mas, em relação ao primeiro, eu tenho minhas dúvidas já que existem pais de autistas que não fumam e nem bebem, e também que a maioria dos filhos de pais que têm esses vícios crônicos muito provavelmente não são autistas. Portanto, podem ser mais correlações do que causalidades ou, então, em certos casos, pode depender da gravidade do vício durante a gravidez, especialmente pelo comportamento da grávida. Também pode acontecer que, vícios crônicos já seriam expressões de uma natureza mais instável ou mutante que aumentaria o risco ou suscetibilidade de geração de descendentes, herdeiros dessa mesma natureza, mais instável, e que o vício ainda poderia aumentar a severidade da carga mutacional transmitida. 

5. Aumento de diagnósticos, inclusive os equivocados 

Melhorias na identificação clínica de indivíduos autistas e um aumento de diagnósticos equivocados também podem estar contribuindo para o aumento aparente da incidência de autismo. Pense que, antes, o percentual de diagnosticados era extremamente baixo ou nulo, provavelmente porque a maioria dos autistas que recebia um diagnóstico não era de autismo e sim de outra condição. Talvez, a proporção de autistas 'sempre" foi, se não igual, pelo menos não tão dramaticamente maior...

6. Vacina, MAS não exatamente o que você pode estar pensando

Indivíduos que, antes, estariam em maior risco de falecer na infância se fossem acometidos por doenças infecciosas 'típicas" dessa faixa etária, nas últimas 6 ou 7 décadas, têm sido vacinados em grande proporção, resultando numa forte diminuição das taxas de mortalidade infantil. Porém, pode ser que muitos desses indivíduos estariam em maior risco de falecer por doenças infecciosas, justamente por terem nascido com uma maior carga mutacional, geralmente um indício de saúde mais frágil, incluindo aqueles que apresentam mais traços do espectro do autismo, neuroatípicos não-autistas e autistas. Então, a vacinação universal das últimas décadas permitiu que a maioria dessas crianças chegasse à vida adulta, possivelmente aumentando a proporção de indivíduos autistas ou dentro do espectro na população geral. Além disso, alguns (ou muitos?) deles também procriam, passando seus genes que aumentam a suscetibilidade para ter descendentes autistas ou com mais traços.

Não, vacinas não causam autismo, mas... e mesmo assim, é um mal muito menor do que não vacinar. 

Como conclusão, especialmente no mundo ocidental, temos uma população jovem (até 40 anos) proporcionalmente menor, por causa de décadas com baixas taxas de fecundidade (muito abaixo do limite mínimo de reposição), mais alta, mais bem alimentada, mas também mais propensa à obesidade e mais mutante, tanto por razões estatísticas quanto por outras razões, tais como as citadas. Todos esses fatores podem estar contribuindo para esse aumento aparente no registro de diagnósticos de autismo.

"Uma opinião pessoal não pode refutar a ciência"

 Mas lembrando que, se uma opinião for fundamentada na razão, pode, se não refutar, pelo menos desafiar o consenso de teorias e metodologias aparentemente científicas, porém ideologicamente enviesadas, que se passam como cientificamente legítimas.


 "CIÊNCIA" 


"Opinião PESSOAL"


Toda opinião é primariamente pessoal. Mas uma opinião pode ser fundamentada em argumentos, análises ou observações lógicas, imparciais e objetivas ou o oposto disso e se exceder em seu subjetivismo. Opiniões não são todas iguais em qualidade apenas por serem opiniões.