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sábado, 23 de julho de 2016

Problemas emocionais e proporção cultural-demográfica de similaridades comportamentais

A solidão pode e geralmente aumenta o estresse humano. Quanto maior for o número de pessoas que são comportamentalmente parecidas com o ser humano maior será a sua ''antropofilia local'', o sentimento de pertencimento àquele lugar, cultura/comportamento, de conforto por compartilhar os mesmos códigos ''morais''. 

Quando vamos percebendo progressivamente que temos poucas pessoas para confiar totalmente, isto é, estabelecer uma relação profunda de amizade, vamos nos tornando menos abertos, mais desconfiados e que dependendo da pessoa pode levar à níveis altos de paranoia. A proporção de pessoas que não se parecem com nós em termos de comportamento parece mediar, eu não diria exatamente a essência de nossas personalidades que pouco muda, mas em nossas ''personalidades sociais'' ou ''interpessoais'', a maneira com que nos apresentamos aos demais, bem como também as nossas abordagens inter-pessoais/sociais constantes em que quanto mais solitário, maior será o estresse psicológico, e quanto mais ''popular'', menor será.

Portanto nós temos as nossas características comportamentais inatas, as nossas disposições comportamentais e cognitivas e  também temos o ''ambiente'' em que estamos e suas características demográfico-psicológicas, que são muito relevantes pra nós, porque revelará a quantidade de amigos, pessoas a quem confiar, mercado de ''acasalamento'', etc... 

Maior é a alienação, maior será a vulnerabilidade para forjar uma personalidade social distinta em relação à verdadeira, à personalidade essencial.

Sabemos que introversão necessariamente não quer indicar timidez. Eu sou introvertido e processo uma carga maior de informações ambientais do que a grande maioria dos extrovertidos, creio eu. 

Mas viver em um ambiente onde a esmagadora maioria das pessoas são mais para extroversão, aumenta o meu estresse e o lado potencialmente patológico da introversão como a paranoia e a fobia social se torna mais provável de se manifestar.

Intuitivamente sabemos quando somos aceitos ou não. E ao nos sentirmos instintivamente ameaçados, os nossos cérebros irão se adaptar a este estado de estresse emocional constante, de maneira apropriada à situação. 

Mesmo que consigamos forjar ''personalidades sociais'' bem sucedidas, é muito difícil ser ou fingir ser aquilo que não é. 

Novamente, características comportamentais inatas contribuem para influenciar nas respostas reativas a esta realidade hostil ou que encontra-se abaixo do ótimo individual de harmonia inter-pessoal ou social.

Eu acredito que sem tanta hostilidade ou ao menos sem um leve porém constante e triunfante desprezo (e a recíproca tende a ser verdadeira), muitas pessoas que padecem de transtornos psicológicos exacerbados por este tipo de ambiente, seriam muito mais relaxadas e felizes se a realidade quanto à similaridade proporcional-comportamental fosse oposta.

Portanto, como conclusão deste breve texto, a solidão pode sim ter efeitos aditivos negativos à saúde mental humana, se somos uma das espécies mais sociais, então precisamos da companhia de amigos ou ao menos de pessoas iguais a nós em especial em comportamento para que possamos relaxar e deixar a fluidez da ignorância nos levar, ou não, dependendo do tipo de pessoa, de sua capacidade perceptiva, crítica e reflexiva.

Não estou retirando a genética como fator importante, pois de fato nascemos com pré-disposições, mas o ambiente também pode e geralmente terá um impacto, em especial naqueles que estão mais inatamente e ambientalmente vulneráveis, como eu por exemplo, isto é, ao exibir um combo de maior reatividade emotiva + um ambiente que, ao invés de balancear esta tendência, funciona como um fator aditivo para este caminho.

Eu acredito firmemente por agora que se tivesse muitos amigos verdadeiros ou mesmo que apenas vivesse em um ambiente cultural e comportamental que espelhasse ao menos metade das minhas predileções pessoais tanto para a cultura quanto para o comportamento e subsequente constância nas interações inter-pessoais, eu não teria desenvolvido fobia social nem paranoia, por razões que parecem óbvias. Eu acredito também que isso não significa que neste tipo de situação todo mundo reagiria igual, que portanto haveria uma variação de resposta acumulativa e que como eu já falei antes, apenas em ambientes/circunstâncias ou situações extremas que haverá uma maior tendência para homogeneidade nas respostas reativas individuais.





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