A vida, ao se adaptar a certo ambiente, vai se tornando progressivamente como a um espelho dinâmico do mesmo, isto é, internalizando/emulando internamente as condições ambientais dos quais está se adaptando via mutação -- seleção natural.
Portanto pode-se dizer parcialmente, especialmente em relação aos seres humanos, que a vida se consiste em um ''ambiente invariavelmente nômade'' ou como um ''espelho do seu ambiente''.
O ser humano nasce genotipicamente puro e vai se miscigenando com o ambiente até se tornar fenotipicamente ''poluído''
Nascemos com as informações genotípicas que ''herdamos' de nossos pais ('nossa' família) e ao longo do tempo vamos internalizando parte das informações que emanam do ambiente e que nossos sistemas corpo-mente entendem como importantes, isto é, que nos impactam a nível subconsciente e consciente, visto que muitas de nossas lembranças são involuntariamente internalizadas provavelmente porque tendem a se relacionar de maneira indireta com algum evento 'obscuro' de nossas vivências, como eu já mostrei em um texto longínquo sobre o provável porquê de internalizarmos ''músicas que não estão de acordo com os nossos gostos pessoais''.
Nascemos genotipicamente puros e vamos nos tornando fenotipicamente construídos, tal como um carro recém saído da fábrica, zero-quilômetro, e que ao longo do tempo vai se desgastando por causa do seu uso constante. Eu acredito que aqueles que vivenciam experiências extremamente estressantes em um período de longo prazo ou que nasçam dolorosamente perceptivos, como eu, podem se desgastar (envelhecer) mais rapidamente do que aqueles que tem a sorte de viverem em espaço/tempos tranquilos ou que nascem abençoados sob a proteção da ''nossa senhora Ignorância''.
Portanto, ao longo do tempo vamos nos tornando fenotípica ou ambientalmente ''poluídos'', ainda que nossas pré-disposições de quando saímos ''zero-bala'' de nossas ''fábricas'' tendam a gerenciar imperativamente as nossas jornadas ou caminhos-perceptivos, nossas ''linhas do tempo'', tal como acontece com os carros, visto que as suas características específicas também vão direcionando os seus processos de desgastes, em outras palavras, os carros e os seres humanos se desgastam 'e'' se poluem com lembranças (que eu já chamei de mini-'traumas') do ambiente, de suas interações únicas, de maneiras individualmente distintas, ainda que para ambos também aconteça de se ''sujeitarem'' ''involuntariamente'' à subgrupos, por não serem tão singulares assim, isto é, ainda que indivíduos, tendemos a nos parecer ou a nos encaixar em algum grupo maior por compartilharmos similaridades, alguns em maior frequência, que geralmente serão os tipos comuns, outros em menor frequência.
Criatividade prático-vital: feita para ambientes instáveis ou que exige uma percepção mais ampla, aguda, eficiente e rápida
''Inteligência'' para a civilização: adaptável a ambientes estáveis ou que exigem abordagem perceptiva de longo prazo, emocionalmente estável, socialmente conformista, geralmente direcionadas para tarefas de manutenção das estruturas civilizacionais
Chegamos à possibilidade de expandir esta ideia para os estilos psico-cognitivos humanos tais como criatividade, inteligência e sabedoria.
As pessoas mais criativas, por exemplo, tendem a viver o agora, isto é, tendem a ser imediatistas, podendo apresentar uma percepção holística aguçada, mas que geralmente será de natureza específica, isto é, muito bons ''apenas'' em alguns aspectos cognitivos, por exemplo, na parte verbal, denotando uma tendência de assimetria, muito comum entre os mais criativos, mas não muito bons na percepção holística geral ou vitalmente fundamental, isto é, que conseguem ver acima/além de todo lixo cultural/ilusório que ''o ser humano'' tem criado.
No entanto é na manifestação mais essencial ou basal do comportamento intrínseca e constantemente criativo que eu quero falar (superficialmente) pois se relaciona com aquilo que eu chamo de ''neo-estratégia comportamental'', que é basicamente o oposto do comportamento humano padrão, a ''dualidade comportamental'', o ser ou não ser. A criatividade nasce ou brota de uma ambivalência psico-cognitiva, o famoso ''conflito interno'' do criativo.
O estado de agitação ou flutuação mental intensa que tende a caracterizar a criatividade, em especial a criatividade existencialmente adaptativa, isto é, o comportamento adaptativo ou potencial adaptativo por si mesmo, parece revelar uma predileção por ambientes mais agitados ... ou ... que sua atuação possa ser mais imprescindível ou adaptativa nesses tipos de ambientes mais instáveis.
Em compensação a sabedoria parece estar mais adequada a ambientes menos instáveis...
Ou também podemos dizer que a criatividade seja um conjunto de mutações que se originaram e foram selecionadas durante prolongadas estadias do ser humano em ambientes instáveis, em que foi necessário o talento criativo para a sobrevivência.
E que algo bem similar possa ser pensado sobre os outros tipos de estados cognitivos humanos como a sabedoria que parece muitas vezes conflituosamente complementar à criatividade.
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