O núcleo é quente,
mais forte e atraente,
As bordas são mais fracas,
ecos ou lembranças mortas,
do centro
da Terra ou duma tribo,
e também desta metáfora,
em gradual intensidade,
do dominante ao persuasivo,
do dominado ao atuante,
até ao completo niilismo,
poetas românticos,
homens em seus cânticos,
tambores de guerra,
ou flores na relva dos cabelos,
eco magro, queima que de tão leve esquenta,
fraco o vento,
e o furacão,
forte,
dramático,
dominante,
lazarento,
é o seu próprio centro, do seu próprio juízo,
mas por ser tão de si, se anula num caos circulante,
e decisivo,
se insinua louco, porém fixo,
declara-se à normalidade,
o mundo é de camadas, de sobreposições,
mil espelhos se afrontam e se mostram,
em percalços ou precauções,
e a força de um, será a fraqueza do outro,
o inferno de um, será o paraíso de todos,
se é paz e amor, de quem não vê qualquer barreira,
confunde anarquia com inércia, sai como ao vento
soprando areia,
migra, se adapta à confusão, ao complexo,
mas não se adapta,
apenas volta casa,
pro seu ambiente natural,
na borda, no núcleo,
estou eu no canto,
entre os filhos de Deus,
sou como os cacos da terra,
sou parte dela, mas também sou livre,
menos de mim,
se sou escravo do meu sistema,
do meu eu-verso,
e em versos eu desabafo,
eu sou o problema,
todos nós somos,
somos infecciosos, doenças,
sou intermédio, sou a minha técnica,
entre o inconsciente e o louco,
entre o núcleo quente e o fino assopro...
Mente/tempo e corpo/espaço
A mente está no espaço do tempo
O corpo esta no tempo do espaço
A mente é o encontro de dois mundos,
o abstrato extremamente rápido,
efêmero e expressivo
E o concreto, mais demorado em sua passagem,
mais regular em seus passos
mais lento e esquecido,
mas o tempo nunca esquece
A mente conta as horas do seu tempo
De sua existência
O corpo sente o espaço em sua vida
Em seu decompor de experiências ricas
Pressente e sente
num constante presente
Numa constância de inconsequências voluntárias
a teimosia da matéria a se espalhar
E a inteligência vital
de conservar-se perfeito
E também a maior dúvida
O porquê
Como um viciado moribundo
Que procura por seu ópio em latas de lixo
Buscamos por porquês em qualquer lugar
E muitas vezes
a satisfação vem no primeiro olhar
Não importa a qualidade do produto
Mas o produto de se ser
de entender as próprias origens
e os próprios fins
e de viver,
mais tranquilo...
O judeu médio é materialista, o caucasiano europeu médio é classicista, o sábio é vitalista
Só temos a nós e aos nossos irmãos de alma
A vida é a única verdade
Mesmo a ponte mais alta, mesmo a arte,
em sua beleza porosa e cálida
Nada aquece mais que o calor do corpo
Do que o toque, a verdadeira religião
Continuamos, ao cortarmos a primeira onda,
a nos dividirmos em diferentes realidades,
em diferentes ênfases,
e nos fecharmos em diferentes conchas,
O mais louco prefere objetos,
se prende por um amor doentio ao inanimado,
Uma parafilia embaraçosa,
E tem aquele que prefere o status,
Por sua posição social zelosa,
Na hiperrealidade,
voltamos a ser objetivos,
significativos,
passamos a buscar por nós mesmos
por nossas extensões em amigos do peito,
nossas vidas em outras vidas,
Acostumado ao dinheiro e ao ouro
Que até se tornaram parte da família
Tão a espera de um bom lugar na platéia
E quando a vaidade é maior
e quer ser a estrela do espetáculo
Da matéria ao abstrato
Nada vale perto da vida
Regredir ao único sentido de viver
À única direção que se pode ter
E seguir
Somos adjetivos
Alguns são tão potentes
Tão característicos
Alguns definem coletivos,
povos em seus inteiros,
em suas massas, multidões
em seus cortiços e pardieiros
em suas psicoses de nações
O nômade de muitas bandeiras
mas que louva apenas uma nação
E o homem branco, o europeu
Que se considera um deus
O material que compra
A moeda de troca
O abstrato que encanta
Títulos e pompas
E o santo sábio que apanha
Dentro deste circo de pulgas
Querem ter o controle
Mas são descontrolados
Por seus juízos torpes
Escalpelam a verdade, coitada
desprezam fatos dados
fardos se tornam
vírus soltos, que dobram
sinos ou roupas
que vestem,
investem na loucura
e lucram
O santo sábio que chama
lhe quer, a essência
transformar por dentro
voltar ao caminho único
á vida
ao vital, regredir à única razão
àquilo que é fundamental
O exército da ignorância
Meia volta volver
Todos aos seus postos
Papéis e lápis na mão
Hora de anotar a lição
Vocês ''sãos''
o exército da ignorância
Vocês ''sãos''
os agentes literais da pobreza
Soldadinhos de chumbo
Escondidos em seus corações frios
Cérebro de zumbi
Acrítico, obediente, perigoso
Fanático, ignorante, mentiroso,
mesmo sem sentir
Idiotas morais,
imbecis retumbantes,
Saiam de suas tumbas,
Como uma praga mental,
espalhem a sua petulância,
Não são mais indivíduos,
mas propagandas vivas,
sem vida, sem liberdade,
a tudo querem aprisionar em certezas sujas,
em suas crueldades
Suas guerras contra um único Goldstein,
chamado verdade
Os outros são sempre os estraga-prazeres
A onda do último eco de somma
Se espalha longa
aprisiona uma vida inteira
O primeiro civil é soldado
Que de tão acostumado a ser servido
Servil se tornou sem se perceber
Luta por outros, ao se eleger
a bucha de canhão que
a escola nunca ensina
Que a vida malandrinha
nunca avisa que é pra valer
Crianças nunca sabem a hora pra brincar
e quando não é pra ser
Mostram olhares vulgares,
botam os dentes pra fora
A fantasia impregnada alucina,
veem tudo ao contrário
Ainda não aprenderam a mensurar a vida
Na consciência da morte
Pra quem não tem a consciência completa
Como um ratinho perseguindo e preso
em sua rodinha rolante
o queijo
brilhoso e suspenso
numa busca constante
A vaga e torpe ideologia é assim
Soa maravilhosa como uma música honrosa
Mas esconde dos outros a sua sífilis
Sua face horrorosa
O seu veneno amigo,
o seu amor sufocante
Toda mentira que carrega,
Todo o seu fascínio inebriante
Entontece e como álcool, vicia
É paixão de fogo
É alucinação e ogro
torna apaixonado, por seu gosto
Desgosta a vida
Robô de pele e osso
Bicentenário oposto
Torna máquina antes o que era homem
Dilacera se possível
Em estado psicótico
Alerta emoção escura, sombria
À vil transformação
Mil agentes, uniformizados
Com flores nos cabelos
Ou em roupas engomadas
Direita ou esquerda
Direita e esquerda
Sem lados
do que a sabedoria é feita
Coxas ou charme
Pernas sensuais, reveladas pela dança,
escorregam de mãos em mãos, em kama sutras,
nas coxas dormem as ereções,
ejacular ao relento, e ouvir canções,
ou é o charme,
a personalidade é o sexo,
os olhares, anexos,
a conquista, sutil dominação,
alucina na sanidade,
coxas ou o charme,
a escolher,
a entreter nesta vida breve
insana santidade
a rezar uivos na meia noite
molha a cruz e o peito enruga
coxas ou charme
quero corpo e alma
sou guloso
e você*
que culpa*
que culpa*
O estupido universal, o aleijado mental
Chamem-na de cultura, ideologia ou religião
Eu chamo de bengala
Quando a mente é fraca
Não consegue se sustentar sozinha,
Quando a mente é fraca
Não consegue se sustentar sozinha,
precisa de algo que a ampare,
para que não caia de dor,
em sua falta de equilíbrio
busca por algo que alivie sua condição,
e se apaixona violenta pelos discursos vazios
que mais lhe prendem a atenção
Precisa de uma sustentação,
sente frio e precisa de segurança,
como uma criança,
se deixa levar pela força
ou persuasão
quando o adulto é sempre o mestre,
quando o adulto é sempre o mestre,
o eterno estudante
que só aprende frases curtas e esperançosas.
O conhecimento é parte do seu teatro,
de sua dramatização.
Sempre atuando,
o mentiroso inconsciente,
é um ator e tanto,
precisa ler e reler as suas falas diárias,
em sua doutrinação.
Na dança da morte
ele flerta perigosamente
com esta dama e sem perceber,
não sei se por sorte ou por crer
não sei se por sorte ou por crer
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