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quinta-feira, 28 de julho de 2016

''Comportamentos evolutivamente novos'' e racionalidade

Satoshi Kanazawa, o psicólogo japonês que criou a teoria da inteligência vinculada a ''comportamentos evolutivamente novos'', deduziu que, ''os mais inteligentes'', via testes cognitivos, seriam mais propensos a se engajarem nestes tais comportamentos. No entanto, alcoolismo, homossexualidade ou esquerdismo, não parecem com comportamentos ADAPTATIVOS e nem evolutivamente novos, ainda que o esquerdismo possa ser entendido como ''novo'', na verdade se constitui na manifestação cultural de ''credulidade e estupidez'',  mas resultados de pré disposições comportamentais  que tendem a acompanhar com maior frequência as massas cognitivas que se encontram mais para o lado ''direito da curva de sino'', isto é, aqueles ''com'' ''qis maiores''. 

Eu já comentei, não sei onde, que é complicado definir como ''novo'' qualquer comportamento, até mesmo por causa das constantes transformações ambientais, que exigem novas estratégias, e que apenas transformações significativas, por exemplo, se o ser humano começasse a voar, ou em relação à comportamentos exclusivos da espécie, como o pensamento abstrato avançado, que poderiam receber, de maneira relativa (voar para o ser humano) ou absoluta (pensamento abstrato avançado), esta denominação.

''A inteligência é a capacidade de se adaptar''

Em termos puramente cognitivos, os ''mais inteligentes'', ou de acordo com critérios psicométricos,  estão mesmo mais adaptados às atividades tecnocráticas, das sociedades modernas. 

No entanto, o comportamento não é apenas a capacidade cognitiva. Eu também tenho questionado quanto ao fato de que as sociedades modernas parecem que foram feitas para selecionar os mais cognitivamente inteligentes e que portanto, não existe muita necessidade de esforço adaptativo para se adaptar porque o mais provável que eles se conformarão às suas vagas separadas.


A racionalidade complexa e/ou reflexível é quintessencialmente um comportamento evolutivamente novo, fortemente restrito à humanidade e provida de grandes vantagens tanto para o indivíduo que a tem quanto para o grupo a que este indivíduo pertence, se acessada.

Esta se consiste no verdadeiro comportamento evolutivamente novo, que não é apenas ''recreativo'.

Existe a racionalidade primária/instintiva que encontra-se dispersa por outras espécies em especial àquelas que estão mais próximas ao ser humano. Qualquer tipo de comportamento entre os animais não-humanos que expressar altruísmo, por exemplo, já pode ser compreendido como racionalidade primária. No final, podemos denominar esta tal racionalidade primária de lógica bio-específica, presente em toda forma de vida, que se consiste no uso logicamente coerente das características biológicas de cada espécie, via ''instinto'' ou pensar/agir que melhor define resumidamente no que se consiste a principal técnica psico-cognitiva de todas as formas de vida terrestre. E o ser humano é quintessencialmente o tipo híbrido lógica--racionalidade. A lógica bio-específica, que é destituída pela emoção ou melhor, que é amoral, e a racionalidade, ou a lógica já constituída ou completada pela emoção (e pelo instinto). 

A inteligência humana é complexa porque está relacionada com esses dois mundos, o instinto e a docilidade, e seu espectro intermediário. É diversa porque se manifesta de muitas maneiras, isto é, exibindo epicentros psico-cognitivos variados. É contextual porque assim como acontece com todas as estratégias evolutivas encontra-se parcial a predominantemente confinada ao seu melhor meio de sobrevivência. E o principal, por causa da própria condição individualmente recombinante de cada ser humano + a sua autoconsciência mais desenvolvida.

Existe uma linha lógica de evolução que encontra-se parcialmente independente desta diversificação psico-cognitiva proporcionada por diferentes pressões seletivas (culturais) entre os seres humanos, ainda que a agregue, por ser tão essencial, subjacente a toda complexidade humana.

Esta linha origina-se pelo próprio comportamento das outras formas de vida enquanto ou como lógica, como foi dito acima. Isto é, tudo aquilo que funciona, que dá certo, sem maiores considerações morais ou extra-lógicas (racionais) sobrevive como estratégia evolutiva em todas as formas de vida. A própria vida é lógica. A existência é lógica. O completo oposto da lógica é o caos absoluto. Para que a vida pudesse prosperar em solo terráqueo foi necessário que muitas lógicas se sobrepusessem umas sob a outras como por exemplo a existência do sol, a localização perfeita do planeta terra no sistema solar, o surgimento da Lua, enfim, uma combinação de eventos extraordinários que por fim produziram as condições ideais para que o nosso planeta pudesse estar preparado para sustentar vida complexa. 

Chegando ao ser humano. A linha lógica do comportamento que simplesmente define a existência por si mesma e que sustenta as vidas se estende à humanidade e adquire extra-características, produzindo a racionalidade. A racionalidade é a expansão contínua da lógica que se principia desde a própria existência, que além de ser sustentável também é re-sustentável. A lógica tende a prender-se aos seus modelos bem sucedidos e a desgasta-los, muitas vezes por falta de racionalidade e posterior sabedoria, isto é, a constante melhoria. Isto é, entra em um processo de inércia e se perde na disputa que trava contra si mesma para continuar a existir.  


A lógica pode ser vista, como eu comentei, como uma espécie de racionalidade incompleta. A lógica ''usa'' a vida individual como cobaia de sua experimentação natural que algumas gostam de chamar de "design inteligente". Metaforicamente falando, é como se um ''cientista maluco' abusando de suas cobaias em experimentos extremamente anti-éticos. 

A sabedoria por outro lado pensa a partir de um ponto de vista individual mas não egoísta enquanto que a lógica tende a pensar de maneira inversa, sob um ponto de vista coletivo (o que é bom para o grupo) e ao mesmo tempo egoísta. A lógica resolve problemas sem pensar se esta resolução não irá provocar novos problemas. É oportunista e remediativa.

 A sabedoria que se consiste na evolução da racionalidade, isto é, a racionalidade prática e pura em seu conceito, se antecede sobre os problemas buscando evita-los. A lógica se consiste na pura resolução de problemas. A lógica raramente tem mais do que dois planos. A lógica é reativa/remediativa aos problemas, uma resposta natural aos mesmos enquanto que a sabedoria principiando pela racionalidade é preventiva. A racionalidade já começa a se soltar deste mundo de improviso pragmático que se consiste a lógica renegando a seleção natural involuntária, ao sabor das intempéries ambientais, de escolher pelo que funciona "no momento", ou de ser forçado a isso porque a lógica primária é incompetente para prevê-los antes que se sucedam. A sabedoria já se consiste na maximização do pensamento lógico, em que pensa-se crítica e holisticamente. A criatividade encontra-se subjacente aos três processos. 

Partindo desta análise holística, transcendental, filosófica e psico-cognitiva, chegamos finalmente à conclusão de que os seres humanos mais inteligentes, não são os mais geniais em termos meramente práticos, bem representado pelo estereótipo do cientista "maluco" e suas experimentações draconianas e potencialmente revolucionárias, mas aqueles que conseguem ou que nasceram com um sistema corpo-mente que simplesmente transcendeu a própria humanidade e todos os seus becos sem saída, que ao contrário de uma megalomania criativa se mostra a partir de uma humildade realista da racionalidade, quiçá sabedoria. O início e a finalidade do pensamento humano é a filosofia.


Em termos mentais, a melhor mente de todas continuará sendo a sábia, a mais ''evoluída'', a partir de uma perspectiva ideal, ainda que muitas outras também serão de grande valia. Mas por ter uma autoconsciência mais portentosa e adequada, mostra-se comportamentalmente nova e ''superior'' e por razões tolas, por ser a melhor combinação entre o realismo natural e a fantasia cultural humana, como sempre revelando a sua natureza transcendental híbrida.

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