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quinta-feira, 7 de julho de 2016

O ventinho da noite e outros açoites

A melancolia é o gênio da tristeza

Viver de saudades
Junto e dentro de si 
A alegria e a tristeza selvagens 
Na desolação 
No deserto de ilusões 
Revive a deusa sombria
Mas que brilha, e ilumina o todo
Um céu escuro 
Melancolia 
O gênio da tristeza
A beleza de se despedir todo dia 
De espreguiçar vida, braços abraçando o nada
Convidando-se
Contemplar a vil desgraça
Incerta dor
Chora em silêncio e sorri 
Mas não sabe 
O porquê de desabar 
O ar é mais pesado 
Mas mais sentido
Cheirado 
Regride aos sentidos
Mais fino
Mais fundo 
Puro o humano melancólico 
maior contato íntimo com o existir
Mais perto de Deus
Mais ligado ao divino ser

Mais mundo e menos crer


O ventinho da noite

Fresquinha noite
Aqui no centro do mundo 
No meio das curvas 
Cheirando este ventinho 
Um friozinho tímido, mas valente
A vida entrando em mim 
Enchendo os meus pulmões
Uma alegria egoísta 
O sofrimento me rodeia 
Mas eu aqui
Criança e ancião 
A festejar este cheirinho 
Nem de orvalho é 
Não sei descrever
Cheiro de amor 
Cheiro de vida 
De céu
De ventinho de noite tranquila
De lembranças
Vivemos só delas 
Que sentimento é esse
Que me transpira
Isto é religar ao destino
A este ventinho 
Ventinho divino



Antropofobia ou racionalidade 


Hiper consciência das falhas humanas

Eu planejo, infiro, espero
E me decepciono
Eles são atores
Eu sou um cão sem dono
Sem eira nem beira
No frio de sentir na pele
A frieza e ilusão dos outros 
Eu lhes dou as costas
E espero o tempo passar
Podem chamar-me o anti social 
Com baixa inteligência emocional 
Mas na verdade 
Eu sou o oposto 
De tão esperto neste sentido 
Eu me privo 
Sabendo que não vale apena tentar
Vendo a pena se desgastar
Custa-me prosear em versos tolos como este
Preguiçoso nas pernas
Tão rápido no pensar
Meu ritmo é meio lazarento 
Difícil de achar
Eu desisti a muito 
Não danço bem esta valsa
Conformidade
Me conformo em mim 
E me deixo levar
Os meus pés a indicarem
Que a vida não tem retas
Nem caminhos 
Se vive mesmo sem se mexer
Mesmo na inércia
apenas na troca de ares
A suspirarem talheres e pratos
Adocicando a boca, maçãs vermelhas
A natureza morta
Ao templo do olhar  
As luzes do dia a dourarem uvas soltas
Fobia de se socializar
Eu sou culpado também 
Sou muito sensível 
Quebradiço
Minha força é na fraqueza
Onde eu encontrei o meu espírito

 lânguido, rastejante, pedinte de respeito 
Que prefere lugares escuros
do que praças abertas 
Os humanos, são sempre muitos
Barulhentos, estúpidos, orgulhosos
Ter orgulho pela própria estupidez
uma virtude humana 
Eu expresso bela harmonia
Me preparo pra melhorar
E eles o que fazem???
Nada
Pois continuam a me afrontar
A se afrontarem 
Pensam que a vida é uma brincadeira
A vida mesmo 
É coisa bem séria
Mas eles preferem assim
Se continuam crianças
Se Supostamente 
mataram as suas infâncias
Mas permanecem nelas
Não são acúmulos de aprendizados
São o cúmulo de contos de vigário 
Não estava escrito 
É teimosia mesmo 
Quando empaca 
Não podem mais se salvar
E vivem 
Mais do que eu 
Que vivo evitando conflitos 
Eles se puderem
se mudam com mala e tudo

 pra este mundo aflito de uma vez
Parece que 
Além de provocarem
Também se seduzem por seus próprios erros 
Tudo poderia ser diferente
Bem melhor 
Pra toda gente 
Pra todo ser que vive junto a nós
Mas graças ao "gênio" humano 
Aqui ficamos 
A repetir as mesmíssimas besteiras
Não tem nome 
Não tem desculpas
Todas caem por terra 
Sobram apenas os de sempre 
Porquês 
Porém

Mas...
Na tentativa de  equilibrar as contas
Podem gritar-me um louco
Mas faz sentido 
Quando decido renunciar
Sabendo que não conseguirei
Renunciei a uma vida social completa
Por não saber lidar com tudo isso 
Sabia que se tentasse
Provavelmente
Terminaria exaurido 
Derrotado por lutar sabendo que perderia
De qualquer jeito 
Por isso desisti
E à filosofia eu me entreguei
E espero vivê-la 
mais literalmente 
De minha sincera e demente

 alma
Abraços



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