A melancolia é o gênio da tristeza
Viver de saudades
Junto e dentro de si
A alegria e a tristeza selvagens
Na desolação
No deserto de ilusões
Revive a deusa sombria
Mas que brilha, e ilumina o todo
Um céu escuro
Melancolia
O gênio da tristeza
A beleza de se despedir todo dia
De espreguiçar vida, braços abraçando o nada
Convidando-se
Contemplar a vil desgraça
Incerta dor
Chora em silêncio e sorri
Mas não sabe
O porquê de desabar
O ar é mais pesado
Mas mais sentido
Cheirado
Regride aos sentidos
Mais fino
Mais fundo
Puro o humano melancólico
maior contato íntimo com o existir
Mais perto de Deus
Mais ligado ao divino ser
Mais mundo e menos crer
O ventinho da noite
Fresquinha noite
Aqui no centro do mundo
No meio das curvas
Cheirando este ventinho
Um friozinho tímido, mas valente
A vida entrando em mim
Enchendo os meus pulmões
Uma alegria egoísta
O sofrimento me rodeia
Mas eu aqui
Criança e ancião
A festejar este cheirinho
Nem de orvalho é
Não sei descrever
Cheiro de amor
Cheiro de vida
De céu
De ventinho de noite tranquila
De lembranças
Vivemos só delas
Que sentimento é esse
Que me transpira
Isto é religar ao destino
A este ventinho
Ventinho divino
Antropofobia ou racionalidade
Hiper consciência das falhas humanas
Eu planejo, infiro, espero
E me decepciono
Eles são atores
Eu sou um cão sem dono
Sem eira nem beira
No frio de sentir na pele
A frieza e ilusão dos outros
Eu lhes dou as costas
E espero o tempo passar
Podem chamar-me o anti social
Com baixa inteligência emocional
Mas na verdade
Eu sou o oposto
De tão esperto neste sentido
Eu me privo
Sabendo que não vale apena tentar
Vendo a pena se desgastar
Custa-me prosear em versos tolos como este
Preguiçoso nas pernas
Tão rápido no pensar
Meu ritmo é meio lazarento
Difícil de achar
Eu desisti a muito
Não danço bem esta valsa
Conformidade
Me conformo em mim
E me deixo levar
Os meus pés a indicarem
Que a vida não tem retas
Nem caminhos
Se vive mesmo sem se mexer
Mesmo na inércia
apenas na troca de ares
A suspirarem talheres e pratos
Adocicando a boca, maçãs vermelhas
A natureza morta
Ao templo do olhar
As luzes do dia a dourarem uvas soltas
Fobia de se socializar
Eu sou culpado também
Sou muito sensível
Quebradiço
Minha força é na fraqueza
Onde eu encontrei o meu espírito
lânguido, rastejante, pedinte de respeito
Que prefere lugares escuros
do que praças abertas
Os humanos, são sempre muitos
Barulhentos, estúpidos, orgulhosos
Ter orgulho pela própria estupidez
uma virtude humana
Eu expresso bela harmonia
Me preparo pra melhorar
E eles o que fazem???
Nada
Pois continuam a me afrontar
A se afrontarem
Pensam que a vida é uma brincadeira
A vida mesmo
É coisa bem séria
Mas eles preferem assim
Se continuam crianças
Se Supostamente
mataram as suas infâncias
Mas permanecem nelas
Não são acúmulos de aprendizados
São o cúmulo de contos de vigário
Não estava escrito
É teimosia mesmo
Quando empaca
Não podem mais se salvar
E vivem
Mais do que eu
Que vivo evitando conflitos
Eles se puderem
se mudam com mala e tudo
pra este mundo aflito de uma vez
Parece que
Além de provocarem
Também se seduzem por seus próprios erros
Tudo poderia ser diferente
Bem melhor
Pra toda gente
Pra todo ser que vive junto a nós
Mas graças ao "gênio" humano
Aqui ficamos
A repetir as mesmíssimas besteiras
Não tem nome
Não tem desculpas
Todas caem por terra
Sobram apenas os de sempre
Porquês
Porém
Mas...
Na tentativa de equilibrar as contas
Podem gritar-me um louco
Mas faz sentido
Quando decido renunciar
Sabendo que não conseguirei
Renunciei a uma vida social completa
Por não saber lidar com tudo isso
Sabia que se tentasse
Provavelmente
Terminaria exaurido
Derrotado por lutar sabendo que perderia
De qualquer jeito
Por isso desisti
E à filosofia eu me entreguei
E espero vivê-la
mais literalmente
De minha sincera e demente
alma
Abraços
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