Imitar ao vento,
pensar que é música,
que não chora apenas,
que também pode cantar,
que pode ser doce,
como uma flauta
ou como um sentimento,
o vento,
assobio e assim o imito,
a primeira arte
o corpo em movimento,
lamentando confissões,
se espalhando
se misturando e a si,
ao vento,
nuas palavras,
ainda fetos,
a bocejar barulhinhos,
água a brincar de ser melodia,
poesia no assobio,
primeva música,
vinda do meu coração,
celebrando a vida,
num capricho,
nesta ida,
assobiando, quando o nosso mundinho é perfeito,
quem dera fosse deste jeito,
sempre assim,
a comunicação seria um fiu fiu...
a alma das canções,
o eco de um fino desespero,
dum incerto anseio...
A vida corre, a inteligência tem pressa
Acuidade e rapidez,
objetividade e robustez,
temos todos um muro para construir,
temos todos um desafio a seguir,
não pedimos o desafio,
ninguém pede pra nascer,
mas aqui estamos,
e viciados na vida, passamos a correr,
querendo ou não, corremos
porque a vida também corre,
e precisamos segurar nos fatos,
pra não desprender
e cair no chão empoeirado,
neste deserto de certezas,
as poucas que já temos,
a inteligência tem pressa,
a sabedoria está em todo lugar,
parece difícil,
mas é até bem fácil,
quando descobre que tudo é artifício,
a vida humana é pura arte,
arte pura, em toda engenhosidade,
de não ser sua, mas de enganar-se, primeiro,
para que depois nos engane
e num trem fantasma entramos,
trem que não anda,
anos, séculos passam,
o marasmo manda,
governa majestoso, arrogante,
os mesmos trilhos sempre vistos,
parece uma tela,
parece uma caminhada infinita,
mas é apenas engano,
a cultura, a ideologia, a religião,
todas parecem distintas entre si,
mas são as mesmas bruxas,
falsas, a se pintarem frescas,
verdadeiras, como princesas,
tudo é sífilis a corroer,
jaz um paradoxo,
é preciso correr,
mas sereno e constante,
numa marcha atlética,
num bailar triunfante,
triunfar sobre a vida,
chegar primeiro,
e vê-la chegando...
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