O ser humano é o animal menos instintivo de todos. Mas entre nós alguns ainda serão menos instintivos do que os outros. Um padrão recorrente. Em qualquer eleição para presidente ou plebiscito "os mais [ cognitivamente ] inteligentes" tendem a votar de maneira equivocada em especial a partir de uma perspectiva instintiva enquanto que o oposto tende a ocorrer entre os "menos [ cognitivamente ] inteligentes". O voto pela saída do Reino Unido na União Europeia é um exemplo desta realidade. Também é provável esperarmos que uma grande proporção de americanos "mais [ cognitivamente ] inteligentes" votem no candidato democrata para presidente ainda que tais tendências pareçam variar de país para país.
Escolhas politicas estupidas parecem ser lugar comum para uma grande proporção de pessoas que exigem "maiores capacidades cognitivas". E essas escolhas tendem a se correlacionar significativamente com abordagens instintivas. Por exemplo, ser a favor ou contra a imigração em massa pode revelar o quão "instintivamente inteligente" você está
O instinto e a intuição são formas habituais do pensamento humano e predominantemente dominantes entre as outras espécies. O instinto é veloz e eficiente mas são justamente as suas qualidades que podem ser problemáticas em especial em ambientes em constante transformação.
Comportamentos herdados são instintivos por excelência e revelam o modo de vida/estratégia de sobrevivência das espécies. O ser humano exibe em média menor influência instintiva em seu comportamento quando comparado com outras espécies ainda que permaneça forte e atuante de qualquer maneira. Alguns seres humanos são ainda menos instintivos que os outros. O aumento do pensamento reflexivo parece se relacionar com uma redução do instinto. Outro fator potencialmente correlativo e desvantajoso é que a redução do instinto pode tornar o ser, humano ou não, mais vulnerável à técnicas de hipnose se o mesmo também define as nossas personalidades.
Maior livre arbítrio = menor senso de identidade, mais demorado será a construção desta identidade, mais vulnerável será este processo e maiores serão as chances de formar seres humanos manipuláveis.
Por outro lado os seres humanos mais instintivos tenderão a apresentar um senso excessivo de identidade, a partir de uma perspectiva humana, uma autoconfiança excessiva perto do nível de uma megalomania.
Pelo que parece o melhor caminho por agora para o pleno entendimento da realidade da identidade do indivíduo se dá a partir do meio deste espectro entre o livre arbítrio e o instinto. No entanto um livre arbítrio, por agora inexistente, sugere uma maior domesticação, e mais, sem ter uma proposta lógica, visto que não viveremos pra sempre e talvez a possibilidade de transcender as nossas identidades pareça excessivo, sem razão nem propósito. O cérebro perde a plasticidade e o suposto maior arbítrio dos mais domesticados, livres de doses maiores de instinto que os faria menos plásticos em seus comportamentos, como não tem utilidade lógica, os transforma em seres manipuláveis, por serem desprovidos de sensos mais protuberantes de si mesmos ou autoconfiança.
O sábio novamente por se localizar no meio deste espectro se embebe tanto da necessidade fundamental de se saber quem é quanto pela possibilidade de contestar a si mesmo, isto é, unindo duas abordagens espectralmente opostas, tendo consciência e confidência instintiva sobre si mesmo, mas ao mesmo tempo desconfiando, se julgando, ou a reflexão.
Tal acontece com o planeta Terra que encontra-se em uma zona habitável de nosso sistema solar, além de outras características únicas, o mesmo acontece com o sábio que se encontra em uma zona habitável para a real vida inteligente, em um sentido constante, imediato e portanto exponencialmente dominante, de se tentar ser de fato inteligente a todo momento, aquilo que os humanos tendem a tratar como ''o pecado da perfeição comportamental''.
A domesticação por reduzir o instinto pode aumentar a reflexão, mas não a um nível da sabedoria, pois funciona mais como um ''não-instinto'' do que como uma sabedoria, que como eu já falei antes, também é constituída pelo mesmo.
Observando os cachorros mais mansos, percebemos que a falta de instinto nos torna altamente vulneráveis ao ataque alheio, exatamente como ''presas fáceis'' porque com isso deixamos de
nos entender
desconfiar das outras pessoas
até mesmo por causa de uma provável redução do pensamento intuitivo não-criativo, isto é, o modo de pensar habitual de todas as formas de vida, incluindo a humana.
Certas impressões ou preconceitos cognitivos estão apenas certos ainda que potencialmente conflitivos justamente por se consistirem em técnicas de abordagem ideacional e comportamental pragmáticas, lógicas, solucionadoras de problemas praticamente homicidas, que não pensam em nuances, mas de maneira eficaz em generalizações espectralmente corretas ou por aproximação/impressão.
Caímos no velho espectro do predador e da presa.
Portanto como conclusão deste texto, muitos dos mais cognitivamente inteligentes, também parecem ser mais domesticados, isto é, destituídos de uma maior capacidade instintiva, resultando na ingenuidade, em especial, para lidarem com as outras pessoas. Tal como raças caninas muito domesticadas estes tipos de humanos parecem ser muito vulneráveis tanto para a domesticação cultural, se já exibem um déficit instintivo, quanto para o abuso de outras pessoas.
O sábio comunga com as duas psicologias, do predador e da presa, e por isso que é perfeito para a função de administrador das sociedades humanas, para entender o comportamento e prover as soluções que de fato serão as mais racionais.
Presas tem pouca intuição sobre a intenção alheia por serem menos não-verbais. Predadores por outro lado serão muito fortemente não-verbais, denotando grandes habilidades de manipulação/caça.
No entanto, a psicologia da presa relaciona-se muito com a sabedoria por mostrar o quão grande pode ser o valor do amor em um mundo brutalmente misterioso como é o nosso.
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