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quarta-feira, 16 de julho de 2025

Um exemplo cabal de um comportamento irracional tipicamente feminino

 O contágio social de fazer cirurgias plásticas com resultados duvidosos 


Para quê fazer uma cirurgia plástica que deixa você feio ou estranho ao invés de "melhorar' sua aparência?? 

Pergunte isso à muitas mulheres que já fizeram cirurgias ou estão cogitando entrar no bisturi e ganhar um rosto novo e esquisito. Mas deve ser só para seguir a moda de alguns nichos, geralmente mais "privilegiados", de mulheres de classe média alta, "celebridades" (muitas, riquíssimas...). E, claro, isso é muito irracional. Se parece que é mais comum que mulheres caiam nessas modas contraproducentes do que homens. Bem, isso começou faz tempo. Desde que começaram a aceitar que furar as orelhas ou andar de salto alto as tornam mais femininas ou pelo menos mais aceitáveis em seus círculos sociais exclusivamente femininos. Tudo pela vaidade do momento, pela conformidade constante e corrente das venusianas. Mas e quando aos marcianos?? 

quinta-feira, 19 de junho de 2025

Um exemplo hipotético de como muitas pessoas não entendem a relação entre cultura e comportamento humano

 E se todas as regras da cultura japonesa (incluindo até mesmo o aprendizado do idioma) começassem a ser impostas aos brasileiros que estão nascendo agora, desde os seus primeiros anos de vida???


Eles se tornariam "culturalmente japoneses"?? 

Dependendo de quais brasileiros estamos falando, é provável que haveria uma mudança cultural variável. E, de maneira geral, também é provável que ocorreriam mudanças não-significativas. Portanto, sim, o meio influencia o comportamento humano. Mas essa influência não é absoluta e nem predominante. Primeiro que, para que haja uma reação de aderência à certa pressão social ou do meio, é sempre preciso que exista uma predisposição, de modo que, é seguro afirmar que nenhum comportamento é possível sem uma possibilidade ou potencial (biológico) subjacente. Segundo que, a geração de brasileiros que fosse submetida a essa experimento é pouco provável que passaria a replicar os comportamentos típicos dos japoneses, ou da cultura original, se tratando de duas populações distintas, cognitiva e psicologicamente. Então, mesmo se as bases culturais fossem as mesmas, as características médias e mais intrínsecas das duas populações contribuiriam para alterar o resultado final, no sentido de que os brasileiros "culturalmente niponizados" não se tornariam cópias exatas dos nipônicos originais e, ainda se tratando de populações tão distintas, outro tipo de cultura, mais intermediária, mas também mais possivelmente próxima à cultura brasileira do que à japonesa, surgiria... Mas não é isso que muitas pessoas pensam, já que acreditam justamente no determinismo da cultura ou do meio (um terraplanismo do comportamento) e não da biologia, de que, se certa população receber certa educação, ela, em sua maioria, se comportará plenamente de acordo, acreditando que as diferenças entre um japonês médio e um brasileiro médio são apenas culturais e não que sejam reflexos de suas disposições comportamentais mais intrínsecas e também que, da mesma maneira que brasileiros podem ser plenamente educados como japoneses, o oposto também seria possível, um outro tipo de terraplanismo do comportamento, da plasticidade adaptativa indefinida ou infinita do ser humano, como se os nossos limites psicológicos e cognitivos fossem completamente alteráveis ou superáveis.

sábado, 4 de janeiro de 2025

Como a cultura humana frequentemente se desvia do que deveria ser sua função principal/How human culture often deviates from what should be its primary function

 A cultura humana, originalmente, consiste em um manual de orientação, de conhecimento, compreensão... Mas desde há muito tempo que tem se desviado do que deveria ser sua função principal ou pelo menos a ideal. Evidências que concordam com essa afirmação são abundantes. Tal como a falta de conhecimento, que parece ser comum a muitos seres humanos, sobre sinais no ambiente que podem indicar a ocorrência de algum evento natural perigoso, como uma tsunami ou ondas gigantes. Foi por causa disso que muitas pessoas perderam suas vidas na tsunami de 2004 que varreu as costas de vários países banhados pelo oceano índico. E não estou falando apenas de moradores locais sem uma instrução adequada, mas também de turistas vindos de países de primeiro mundo que ignoraram os sinais anteriores a uma tsunami, especialmente quando acontece um terremoto de grande magnitude, posterior regressão da água do mar e, também, por estarem no litoral da mesma região. Pois a simples ruptura de um padrão conhecido já deveria soar como um alarme preocupante, suficiente para a adoção do comportamento mais básico numa situação como essa que seria de se afastar de onde se pressupõe que a ameaça virá. Mas não são poucos aqueles que, enfurnados nas cidades, se esquecem ou nunca chegam a aprender sobre como proceder em situações de risco, um aspecto que deveria ser compulsório a uma cultura ou sociedade humana.  

Outro exemplo de como a cultura humana tem evoluído de maneira bastante distorcida do seu objetivo primordial ou ideal é a existência de grupos grandes de pessoas que acreditam que um fluxo constante e volumoso de imigrantes estrangeiros ao país em que vivem, ainda mais se forem oriundos de culturas diferentes, não terá consequências sérias à sua ordem social e identidade nacional a médio e longo prazo. 

Um último exemplo que nega o bom senso, o pensamento racional aplicado, é a negação do impacto extremo da ação humana na natureza, exatamente de se pensar que ações extremas não costumam gerar repercussões extremas...

Então, é possível concluir que certas culturas ou ideologias podem deteriorar ao invés de melhorar a compreensão que se tem sobre o mundo (eu também poderia citar a crença religiosa como um exemplo de cultura que costuma causar mais desorientação do que esclarecimento). 

No mais, é certo que praticamente toda crença político-ideológica, ou religiosa, que é adotada, tende a gerar mais bem-estar do que mal-estar ao indivíduo, pelo menos inicialmente; de lhe passar uma sensação de conforto, confiança, certeza... mesmo que possa prejudicá-lo mais tarde. Porém, esse efeito positivo não pode servir como justificativa para a adoção de crenças muito desviantes aos fatos ou a uma ponderação analítica, pois como demonstrado acima, elas podem causar problemas graves, mesmo se não estão causando no tempo presente ou apresentando consequências negativas e imediatas a nível pessoal. 

O custo-benefício da socialização 

Mais socializado o indivíduo está, mais profundamente familiarizado com uma cultura e suas normais sociais ele está. E isso vem com custos e benefícios. O maior benefício é uma facilidade teórica para navegar nesse meio ao conhecer bem suas normas. O maior custo é que esse conhecimento pode se sobrepor ou substituir outros conhecimentos mais importantes, relevantes inclusive à própria sobrevivência. Isto é, isso pode ser supernaturalizado e gerar dependência naquele que acredita. Tal como o exemplo do politicamente correto vigente no mundo ocidental, em que se doutrina a acreditar no dogma da igualdade absoluta dos seres humanos no lugar de uma compreensão mais imparcial e verdadeira sobre as nossas diferenças. Então, essa troca pode orientar o doutrinado a tomar esse dogma como uma verdade incontestável e passar a agir de acordo com a sua crença, como de se anestesiar no caso de um cenário de alto fluxo migratório, justificando ou racionalizando com base no que apreendeu como moral ou socialmente aceitável de se pensar, priorizando sua aceitação (ou camuflagem) em seus círculos sociais sobre a sua capacidade racional de análise e julgamento adequados. E mesmo se sabe que se trata de uma inverdade, e só a defenda em discurso e não na prática, ainda assim, essa passividade diante de uma situação com grande potencial para se agravar pode custar caro mais tarde. Então, se a cultura é um resultado evidente da evolução cognitiva de nossa espécie e deveria nos ajudar a nos orientar, desde há um bom tempo que tem servido para outros propósitos, até mesmo o propósito de nos desorientar, especialmente quando é moldada para inculcar no povo o que certas "elites" querem. 




Human culture originally consists of a manual of guidance, knowledge, understanding... But for a long time now it has deviated from what should be its main function, or at least its ideal. Evidence that supports this statement is abundant. Such as the lack of knowledge, which seems to be common to many human beings, about signs in the environment that may indicate the occurrence of some dangerous natural event, such as a tsunami or giant waves. It was because of this that many people lost their lives in the 2004 tsunami that swept the coasts of several countries bathed by the Indian Ocean. And I am not just talking about local residents without adequate education, but also about tourists from first world countries who ignored the signs prior to a tsunami, especially when a large earthquake occurs, followed by a retreat of the sea water, and also because they were on the coast of the same region. After all, the simple rupture of a known pattern should already sound a worrying alarm, enough for the adoption of the most basic behavior in a situation like this, which would be to move away from where the threat is supposed to come from. But there are many who, stuck in cities, forget or never learn how to proceed in risky situations, an aspect that should be compulsory for a human culture or society.

Another example of how human culture has evolved in a way that is quite distorted from its primary or ideal objective is the existence of large groups of people who believe that a constant and large flow of foreign immigrants to the country in which they live, especially if they come from different cultures, will not have serious consequences for their social order and national identity in the medium and long term.

A final example that denies common sense, applied rational thought, is the denial of the extreme impact of human action on nature, precisely because it is thought that extreme actions do not usually generate extreme repercussions...

Therefore, it is possible to conclude that certain cultures or ideologies can deteriorate rather than improve one's understanding of the world (I could also cite religious belief as an example of a culture that tends to cause more disorientation than enlightenment).

Furthermore, it is true that practically every political-ideological or religious belief that is adopted tends to generate more well-being than discomfort for the individual, at least initially; it gives them a feeling of comfort, confidence, certainty... even if it can harm them later. However, this positive effect cannot serve as a justification for adopting beliefs that deviate greatly from the facts or from analytical consideration, because as demonstrated above, they can cause serious problems, even if they are not causing them in the present time or presenting immediate negative consequences on a personal level.

The cost-benefit of socialization

The more socialized an individual is, the more deeply familiar he or she is with a culture and its social norms. And this comes with costs and benefits. The greatest benefit is a theoretical ease in navigating this environment by knowing its norms well. The greatest cost is that this knowledge can overlap or replace other more important knowledge, relevant even to survival itself. In other words, it can be supernaturalized and generate dependence in the believer. Just like the example of political correctness in force in the Western world, which indoctrinates people to believe in the dogma of absolute equality of human beings instead of a more impartial and true understanding of our differences. This exchange can then guide the indoctrinated person to take this dogma as an indisputable truth and start acting according to the belief, such as anesthetizing herself in the case of a scenario of high migratory flow, justifying or rationalizing based on what she have learned as morally or socially acceptable to think, prioritizing her acceptance (or camouflage) in her social circles over her rational capacity for adequate analysis and judgment. And even if she knows that this is an untruth, and only defend it in speech and not in practice, this passivity in the face of a situation with great potential to worsen can still cost her dearly later. So, if culture is an evident result of the cognitive evolution of our species and should help us to orient ourselves, for a long time now it has served other purposes, even the purpose of disorienting us, especially when it is shaped to inculcate in the people what certain "elites" want.

sábado, 22 de junho de 2024

Ideologia, filosofia/sabedoria e a metáfora do manual e do automático/Ideology, philosophy/wisdom and the metaphor of manual and automatic

 Mais informações acumulamos, mais automáticos se tornam os nossos padrões de raciocínio, porque, ao invés de continuarmos procurando por respostas, passamos a usar as que já estão sob os nossos domínios particulares. Basicamente, se trata de preencher lacunas vagas de consciência resultantes da própria evolução da inteligência humana, de flexibilização dos instintos tornando possível o preenchimento dessas lacunas com novas informações, de uma maneira mais interessante, flexível, mas também mais imprecisa, incerta... O bônus e o ônus de uma inteligência mais complexa. Pois a maximização do bônus, pelo menos no campo intelectual, acontece quando os nossos sistemas pessoais de crenças são solidamente construídos a partir de conhecimentos e ponderação analítica. Em outras palavras, quando nossas ideologias pessoais são unicamente a filosofia ou a sabedoria. Já o oposto disso, de maximização dos ônus, pelo menos em um campo intelectual, é quando são predominantemente baseadas em outras ideologias e não pela única que se consiste na busca pela verdade. Então, a priori, é naturalmente esperado que os nossos padrões de pensamento ou raciocínio se tornem mais automáticos do que manuais de acordo com que acumulamos mais informações. Porém, quando nossas ideologias pessoais são ou se tornam, sistematicamente, a própria filosofia, isso significa que estamos, de fato, acumulando conhecimentos, melhorando nossa compreensão do mundo e realmente aumentando a nossa inteligência (que parece ser independente das pontuações em testes cognitivos). Também significa que, apesar da tendência inevitável de redução da flexibilidade dos padrões de raciocínio, por essa via, ainda os mantemos mais flexíveis do que se seguirmos o caminho oposto, de estarmos sempre prontos para corrigir ou melhorar nossos pontos de vista e a contextualizá-los da maneira mais adequada. Pois, pelo caminho da irracionalidade, a tendência é de nos tornarmos mais dogmáticos, muito dependentes dos nossos arcabouços pessoais de crenças, ainda mais se apresentamos uma compreensão limitada sobre o que acreditamos.

Essa é a básica diferença entre construir uma cultura pessoal homogeneamente inteligente e uma cultura pessoal variavelmente inteligente. 

Ideology, philosophy/wisdom and the metaphor of manual and automatic

The more information we accumulate, the more automatic our reasoning patterns become, because, instead of continuing to look for answers, we start to use those that are already within our particular domains. Basically, it's about filling vague gaps in consciousness resulting from the evolution of human intelligence itself, making instincts more flexible, making it possible to fill these gaps with new information, in a more interesting, flexible way, but also more imprecise, uncertain... bonus and the burden of more complex intelligence. Then, maximizing the bonus, at least in the intellectual field, happens when our personal belief systems are solidly built from knowledge and analytical consideration. In other words, when our personal ideologies are solely philosophy or wisdom. The opposite of this, of maximizing burdens, at least in an intellectual field, is when they are predominantly based on other ideologies and not the only one that consists of the search for truth. So, a priori, it is naturally expected that our patterns of thought or reasoning become more automatic than manual as we accumulate more information. However, when our personal ideologies are or systematically become philosophy itself, it means that we are, in fact, accumulating knowledge, improving our understanding of the world, and actually increasing our intelligence (which appears to be independent of cognitive test scores). It also means that, despite the inevitable tendency to reduce the flexibility of reasoning patterns, in this way, we still keep them more flexible than if we followed the opposite path, of always being ready to correct or improve our points of view and to contextualize them in the most appropriate way. Because, along the path of irrationality, the tendency is to become more dogmatic, very dependent on own personal frameworks of beliefs, even more so if we have a limited understanding of what we believe.

This is the basic difference between building a homogeneously intelligent personal culture and a variably intelligent personal culture.

segunda-feira, 10 de junho de 2024

3 pontos para explicar similaridades geracionais e diferenças intergeracionais de comportamento /3 points to explain generational similarities and intergenerational differences in behavior

 1. Gerações tendem a expressar aspectos estruturais ou socioeconômicos de suas épocas


Então, se os jovens, atualmente, estão em maior risco de ficarem desempregados do que nos tempos de juventude das gerações mais velhas, não é apenas porque tem mais preguiçosos entre os jovens atuais, mas também ou especialmente por causa de uma maior estagnação econômica (entre outros fatores, tal como o aumento da automação), resultando em um déficit entre a oferta e a demanda de emprego...

Mesmo diferenças físicas, como de estatura e peso entre as gerações, também podem ser reflexos (nesse caso, cumulativos) de mudanças nas estruturas socioeconômicas, de quando tinha mais pobreza e desnutrição até quando passou a ter mais fartura.

2. Gerações expressam aspectos genéticos e fenotípicos correntes de suas populações 

Diferenças nos padrões seletivos e reprodutivos podem gerar mudanças na paisagem genética entre as gerações e mais notadamente entre as gerações mais distantes. Por exemplo, décadas com baixas taxas de fecundidade, grande aumento da natalidade tardia e da reprodução assortativa* (com base em similaridades fenotípicas do casal) podem causar um acúmulo progressivo de mutações de uma geração para a outra.

* Parcial e possivelmente associada a uma maior incidência de casos de autismo, por exemplo, no vale do Silício, região do estado da Califórnia, nos EUA, com grande concentração de engenheiros, cientistas e técnicos da computação mais propensos a estarem "dentro do espectro"

E como citado acima como parte reflexiva do estado dominante das estruturas socioeconômicas de uma geração, diferenças físicas também expressam o estado corrente de características fenotípicas da mesma, tal como a estatura e o peso. 

3. Gerações tendem a expressar aspectos culturais e psicológicos específicos às suas primeiras décadas de existência

A partir de suas tendências reativas mais comuns a esses aspectos, tal como por diferenças culturais de criação, por exemplo, das gerações mais antigas, em que o modelo era mais "tradicional" ou autoritário, e das gerações mais novas (atualmente, nesse início de século XXI), em que tem havido uma maior atenuação desse autoritarismo dos pais em relação aos seus filhos. 

Além disso, o que é universal à toda geração é uma ligação emotiva à cultura dominante de sua época, especialmente de seus "anos formativos', de infância e juventude, ainda que a força dessa ligação também dependa de outros fatores, tal como a compatibilidade de características intrínsecas, como a personalidade, com a cultura ou, subculturas de influência, no caso das tribos urbanas.  

1. Generations tend to express structural or socioeconomic aspects of their times

So, if young people today are at greater risk of becoming unemployed than in the youth in older times, it is not only because there are more lazy people among today's young people, but also or especially because of greater economic stagnation ( among other factors, such as increased automation), resulting in a deficit between job supply and demand...

Even physical differences, such as height and weight between generations, can also be reflections (in this case, cumulative) of changes in socioeconomic structures, from when there was more poverty and malnutrition to when there was more affluence.

2. Generations express current genetic and phenotypic aspects of their populations

Differences in selective and reproductive patterns can generate changes in the genetic landscape between generations and more notably between more distant generations. For example, decades with low fertility rates, a large increase in late births and assortative reproduction* (based on the couple's phenotypic similarities) can cause a progressive accumulation of mutations from one generation to the next.

* Partially and possibly associated with a higher incidence of autism cases, for example, in the Silicon Valley region of the state of California, in the USA, with a large concentration of engineers, scientists and computer technicians more likely to be "within the spectrum "

And as mentioned above as a reflective part of the dominant state of the socioeconomic structures of a generation, physical differences also express the current state of its phenotypic characteristics, such as height and weight.

3. Generations tend to express cultural and psychological aspects specific to their first decades of existence

Based on their more common reactive tendencies towards these aspects, such as cultural differences in upbringing, for example, of the older generations, in which the model was more "traditional" or authoritarian, and of the younger generations (currently, at the beginning 21st century), in which there has been a greater attenuation of this authoritarianism of parents towards their children.

Furthermore, what is universal to every generation is an emotional connection to the dominant culture of their time, especially their "formative years" of childhood and youth, although the strength of this connection also depends on other factors, such as compatibility of intrinsic characteristics, such as personality, with culture or, subcultures of influence, in the case of urban tribes.


domingo, 10 de dezembro de 2023

A dissonância entre a crítica de cinema especializada e o público. Quem está mais com a razão?? Por que existe essa dissonância??

Eu tentei assistir ao filme "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" e não consegui. Foram 20 minutos tentando entender e gostar de uma bagunça pretensamente filosófica, sem nexo e cansativa. Eu tinha pensado em assisti-lo porque vários críticos de cinema o elogiaram bastante, anunciando-o como uma novidade imperdível. Então, logo depois do choque de expectativa frustrada, fui ver se estava sozinho, se não era apenas eu e vi que, a grande maioria das críticas de pessoas comuns sobre o filme, pelo menos de brasileiros, foi muito negativa, particularmente no site "Adoro Cinema", em que obteve uma média de 3,3 pontos, bem medíocre para um filme que ganhou várias premiações no Oscar de 2023.



Outra crítica sobre esse filme que coaduna com a minha decepção, você pode ler aqui embaixo:


Pois isso pode ser mais uma demonstração de que essa premiação perdeu o seu prestígio, diga-se, já faz um bom tempo...

Isso também pode mostrar que, infelizmente, não podemos confiar sempre no gosto dos críticos de cinema. 

O que é certo é que existe essa tendência de dissonância entre o que o público gosta e o que eles gostam...

Veja que, algo parecido aconteceu com o filme "Super Mario Bros" em que, enquanto a crítica "especializada" foi implacavelmente negativa, a maioria do público adorou, se tornando um dos filmes de maior bilheteria do ano. 

Mas por que existe essa dissonância?? 

Faria sentido argumentar que os críticos de cinema, com mais conhecimento na área, tendem a estar mais certos que o público. Mas parece que está bem longe de ser só isso. Até pode fazer sentido quando se trata de um filme "cult", raro, daquele tipo excepcional, que foca no enredo e nas atuações, que não agradam ou atraem a maioria. Mas em relação a filmes comerciais, geralmente, produções americanas, não faz, já que a crítica especializada não é indispensável para avaliá-los. 

O fator ideológico

Pois se colocássemos um questionário sobre preferência político-ideológica para críticos de cinema, é bem provável que a maioria, se não a grande maioria deles, acabasse pontuando bem para o "lado esquerdo da força" e, a priori, isso não deveria significar muita coisa, afinal, um crítico de arte deveria, idealmente, ser o mais imparcial e objetivo possível em sua crítica, independente de suas opiniões políticas ou, ao menos, diluindo-as durante a construção de sua crítica. Em um mundo idealmente racional, sim. No nosso mundo, muito aquém disso, o que acontece é que, mesmo quando atuamos como alguém que avalia produções artísticas, não existe nada impedindo que o façamos com base em nossas impressões pessoais e ideológicas e é justamente o que parece estar acontecendo com a maioria da crítica especializada da sétima arte, já que tendem a avaliar os filmes de maneira tendenciosamente subjetiva. Nesse caso, a tendência é que, se um filme coloca e até exalta a tal "diversidade" ou "representatividade" de "minorias' socialmente "marginalizadas', no elenco de atores, no enredo e nos personagens,  mesmo que não seja digno de grande menção, ainda terá pontos a seu favor apenas por essa "benevolência". E, no caso, em especial, de indivíduos que estariam mais para um perfil pós-moderno, qualquer obra artística que desafie convenções consagradas de como fazer um filme, pintar um quadro ou escrever um poema e que, ainda por cima, sinalize compatibilidade ideológica com o seu pós-modernismo, é muito provável que será imediatamente avaliado de maneira positiva, mesmo que apresente mais uma falta do que uma abundância de atributos favoráveis a uma boa avaliação. Pois, enquanto muitos críticos de cinema, até para não "pisarem em ovos" com a nova censura ou ditadura do pensamento via hegemonia cultural da "esquerda" burguesa, fazem malabarismos em suas retóricas evitando qualquer crítica mais contundente sobre isso e suas consequências negativas, o povão, você e eu, por termos uma maior liberdade para criticar obras artísticas, quando vemos um filme ruim em que a propaganda política supera e se sobressai à sua qualidade intrínseca, não nos inibimos de criticar o que estamos vendo, de agir tal como o menino que aponta para o rei nu, naquele conto de fantasia. E quando vemos um filme que é mais do tipo que entretém do que "educa" (ou doutrina), não julgamos com esse preconceito de considerar qualquer filme comercial ou convencional como de baixa qualidade.

Não que um filme não tenha mérito por abordar temas políticos ou de grupos social ou historicamente marginalizados, mas que o faça de maneira doutrinária, com base em distorções de fatos, focando mais na "mensagem" e/ou na "representatividade", do que na qualidade da atuação, da direção e do enredo.

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Sobre crianças ferais e aculturação

 Se os casos de crianças ferais são absolutamente legítimos, no sentido de que, realmente se tratam de uma maioria de crianças aparentemente normais, sem qualquer deficiência intelectual congênita, que foram criadas em condições de ausência absoluta de socialização e aculturação com outros humanos resultando em severos déficits comportamentais. Isso prova que, sem esses processos de socialização e aculturação nos primeiros anos de vida, podemos regredir a um nível inferior de desenvolvimento mental. No entanto, a maioria das crianças humanas, quando expostas desde os primeiros dias de vida ao convívio com outros de sua espécie, geralmente parentes mais próximos, isto é, ao serem submetidas a condições normais de criação, apreendem com grande naturalidade e facilidade "o que é ser humano", de tal modo que parece ser um potencial ou capacidade com o qual se nasce. Pois se fosse apenas o meio que determinasse o nível de "humanidade" de um ser humano, então, não seria difícil educar animais de outras espécies a se comportarem como tal desde que fossem criados de acordo.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Você tem uma "personalidade inteligente"??

 Você gosta de pensar e debater sobre ideias, teorias e/ou hipóteses?? Você costuma ter ideias e pensamentos interessantes?? 


Você é mais introspectivo?? Mais imaginativo?? Mais atento ou perceptivo ao que acontece em seu redor?? 

Você não concebe o conhecimento apenas como um meio para ganhar mais dinheiro e nem mesmo o tem como finalidade para o seu aprendizado, mas principalmente para entretenimento pessoal??
Você se interessa por ciência e/ou filosofia?? 

Você tem um gosto artístico mais sofisticado?? Você tende a desprezar o que se considera como entretenimento barato?? 

Você tende a se interessar por política?? Você tem ou acredita que desenvolveu seu senso crítico e/ou sua consciência social?? 

Então, é provável que você tenha uma personalidade inteligente. 

Considerações:

Pois apesar de haver uma correlação lógica entre ter uma personalidade inteligente e maiores capacidades cognitivas, não é todo indivíduo de "alto QI" que a tem, integralmente, e o mesmo para os indivíduos de intelecto mediano e abaixo da média, até porque, como eu já comentei outras vezes, a avaliação da inteligência humana por testes de QI é literalmente o mesmo que estimar o peso de uma pessoa por sua altura (ou vice-versa), se analisam superficialmente as capacidades quantitativas: verbal, espacial e de detecção descontextualizada de padrões, e desprezam as qualitativas: criativa, emotiva e racional. 

Personalidade superficial e substancialmente inteligente 

Todo indivíduo que é altamente intelectualizado apresenta uma "personalidade inteligente". Porém, é comum que muitos desse tipo apresentem uma personalidade inteligente mais superficial do que substantiva, que é quando existe interesse,  engajamento e/ou estimulação intelectual predominantes, mas sem um controle de qualidade, isto é, sem que essa inclinação os torne mais racionais ou sensatos, se até o oposto costuma acontecer e parece que, com grande frequência, de um indivíduo muito intelectualizado se perder do bom senso e acabar excessivamente abstrato em seu raciocínio.  

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Sobre zumbificação e doutrinação ideológica ou cultural

Estou acompanhando a série The Last of Us (O último de nós), da HBO, baseada em um jogo de vídeo game de mesmo nome, que se trata de um cenário apocalíptico em que a espécie humana é acometida por uma pandemia de infecção por fungos da espécie cordyceps que parasitam a mente do hospedeiro e o transforma em um zumbi, e que teriam evoluído para nos atacar. Essa espécie existe no meio natural, mas, felizmente, para nós, suas vítimas são insetos e outros artrópodes. Então, depois de ter assistido o primeiro episódio, no outro dia, eu vi um vídeo da National Geographic, pelo YouTube, sobre o mesmo tópico, em que mostra como esse fungo parasita e mata a sua vítima, primeiramente inundando o seu cérebro com substâncias alucinógenas* que a impede de perceber sua presença e, portanto, que se transformou em uma zumbi que obedece apenas às ações do invasor, até o momento em que é devorada e morta por ele. 

* Atualização: Eu vi um outro vídeo, mais recente, que mostra um estudo sobre o mecanismo desse tipo de parasitismo e que descobriu que o fungo da espécie cordyceps surpreendentemente não ataca e controla o cérebro da vítima (geralmente uma formiga), mas os seus músculos, sugerindo que ela experimente uma sensação de estar presa em seu próprio corpo a partir dessa infecção (coitada!). 

Pois, pelo menos para mim, se tornou inevitável não fazer uma comparação metafórica com a doutrinação ideológica ou cultural que acomete a maioria de nós, humanos, se também se baseia em uma (auto) lavagem cerebral que resulta na adoção de crenças falaciosas ou delirantes, que não correspondem plenamente com a verdade, e que ainda podem fazer muito mal ao indivíduo "infectado" e/ou aos outros indivíduos, justamente por desvirtuá-lo do caminho da verdade ou da sensatez, de fazê-lo acreditar no que não é real. Então, tal como acontece com a zumbificação promovida por essa espécie de fungo, uma doutrinação ideológica ou cultural seria tal como uma substância alucinógena, transmitida pelo elemento invasor, isto é, por aqueles que a criaram ou que mais se beneficiam dela, que infecta a mente e impede que o "infectado" perceba que não está pensando por si mesmo, mas estritamente de acordo com a ideologia que "adotou'. Isto é, ao invés de perceber que o céu está azul, ele precisa que sua ideologia confirme que o céu está azul ou, então, se ela nega essa verdade, ele acredita com convicção, ao invés de observar por si mesmo, de buscar pela imparcialidade dos fatos. Enfim, ele não percebe que foi zumbificado por uma ou mais ideologias, pois acredita que suas crenças sempre expressam verdades incontestáveis e não que muitas se consistem em interpretações distorcidas dos fatos.

Dois exemplos de "zumbificação", a crença na igualdade absoluta dos seres humanos ou na tábula rasa, de que a maioria de nós nasce exatamente com os mesmos potenciais e que apenas as condições do meio que influenciam nos nossos desenvolvimentos e comportamentos, e a crença religiosa, de que existe Deus e vida após à morte. A primeira crença pode transformar seu portador em uma presa fácil a predadores e parasitas humanos. Já a segunda pode fazê-lo postergar viver a vida todos os dias, com mais entusiasmo e intensidade,  pois o faz acreditar que haverá uma continuidade eterna da mesma após à morte e que deve ser obediente ao seu "criador".

* Lembrando que uma doutrinação sobre certa ideologia ou cultura não é o mesmo que educação, se a primeira é mais como um fanatismo ou uma adoção radicalmente acrítica de um sistema de crenças e práticas e a segunda é a sua compreensão mais imparcial possível (imparcial não é o mesmo que neutro/a).

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Lições do filme "Midsommar" sobre doutrinação e cultura

 Pequeno texto recheado de "spoilers"


O filme de terror Midsommar, do diretor Ari Aster, um dos mais aclamados de 2019, buscou mostrar que é possível um filme do gênero causar medo à luz do dia, sem ter a escuridão da noite como elemento catalisador. Sua história se centraliza na situação delicada da protagonista, Dani, que acabou de perder de forma trágica seus pais e sua irmã, e acaba sendo convidada, sem querer, para uma viagem à Suécia com o namorado e amigos dele, vacilante de continuar seu relacionamento com ela. Mas, ao invés da capital, Estocolmo, eles seguem em direção a uma comunidade alternativa no interior do país em que, durante uma de suas cerimônias mais importantes, demonstra tratar-se de um culto macabro que pratica sacrifícios humanos, incluindo visitantes. 

Mas o mais interessante do filme, para mim, é que mostra como funciona um culto, especialmente pelo uso de chantagem emocional: de rituais de socialização que visam reforçar o elo coletivo e o recrutamento de pessoas em situação de vulnerabilidade, por exemplo, as que se encontram em um estado de solidão ou tristeza profunda, como a protagonista. O filme também mostra como o fanatismo ideológico, induzido por técnicas constantes de condicionamento social, dessensibilizam indivíduos, especialmente os mais suscetíveis, manipulando-os a aceitar práticas cruéis como "parte da cultura". 

Também é revelador a cena final em que, um dos jovens membros da comunidade, condicionado a se sacrificar com outros homens dentro de uma igreja de madeira, especialmente construída para ser queimada junto com os escolhidos para morrer, desperta de seu transe e começa a gritar de desespero quando as chamas passam a queimar o seu corpo. Pois essa cena em particular se refere ao despertar, vezes tardio, de indivíduos ideologicamente doutrinados. 

Então, a conclusão que eu cheguei após assistir esse filme é que aquela comunidade fictícia não representa apenas cultos praticados em comunidades isoladas e pequenas, mas também qualquer cultura ou ideologia humanas, atuais e extintas, porque todas apresentam características idênticas aos cultos, principalmente a doutrinação por mitos, ou por pensamento mágico, e a normalização cultural ou dessensibilização de práticas de crueldade...

Sobre cultura, adestramento e filosofia

 Antes de seres humanos aplicarem técnicas de adestramento em animais de outras espécies, como os cachorros, eles já as aplicavam entre si. Essas técnicas só foram transferidas do lido humano para o animal. Por isso não é equivocado concluir que toda doutrinação ideológica, ou cultural, se consiste em uma espécie de "adestramento humano": o mesmo mecanismo de repetição associativa entre comandos específicos e gratificações. 


Existem duas maneiras de doutrinar: associando o comando a uma recompensa positiva ou a uma punição em caso de desobediência.

Um exemplo quase universal de doutrinação é a religião, em que são inculcados comandos ou dogmas*, afirmações fechadas para reflexão ou crítica, tal como a existência de deus e da vida eterna, a partir dessas duas formas de doutrinação: pelo medo da punição por desobediência ou negação da fé e por gratificação, pela sensação de bem estar emocional que a crença religiosa costuma causar à maioria das pessoas.

* Dogma não é apenas uma verdade incontestável, mas que é considerada como tal por um grupo, como uma afirmação de verdade não-verificada que não pode ser testada, pela crença de que seja absolutamente verdadeira. Verdades incontestáveis existem, quando são verificadas e confirmadas de maneira conclusiva, assim como afirmações que são consideradas como tal, mas que muito provavelmente não são.

Interessante que o mecanismo de doutrinação é similar ao do aprendizado genuíno, de aquisição de conhecimentos, porque também acontece por repetição ou memorização e ainda costuma vir acompanhado por uma sensação de bem estar, espacialmente quando existe facilidade cognitiva para aprender e o conhecimento faz parte do grupo de interesses especiais do indivíduo, o que pode explicar por que a maioria dos seres humanos parece ser tão facilmente doutrinável, afinal, pode ser que seja muito comum a confusão entre crenças ou comandos internalizados e conhecimentos legítimos.

Já a filosofia, em sua prática literal, é basicamente um processo de (auto)reflexão sobre esses comandos ideológicos ou culturais. É tal como se um cachorro adestrado parasse de responder aos comandos pelos quais foi ensinado a obedecer e reconhecesse seu adestramento pelo que é. Também equivale ao exemplo de um ser humano que foi doutrinado a acreditar em deus ou, (auto)adestrado a internalizar essa crença como uma verdade absoluta, mas que, então, passa a questioná-la.

Por fim, existem seres humanos que são menos suscetíveis à doutrinação ideológica (ou adestramento), que são os mais instintivos, geralmente os tipos mais anti sociais. E os que são capazes de desprogramar comandos internalizados e atualizar suas crenças, inclusive a qualidade das mesmas, que são os mais intelectualmente reflexivos, mais aptos à prática filosófica. 

domingo, 9 de outubro de 2022

O "geracionismo" é uma nova astrologia??

 Eu nasci no final dos anos 80, fui uma criança anos 90 e um adolescente anos 2000. Minha memória está impregnada com produtos culturais desses períodos, que mais me marcaram: programas de TV, músicas... e com lembranças mais pessoais: de momentos, pessoas, seres, especialmente os que já se foram... Eu expresso preferências culturais dessas épocas; marcas temporais de uma geração. Mas eu não acredito que minha personalidade foi completamente moldada por experiências vividas nas minhas primeiras décadas de existência. No entanto, são muitos os que acreditam que cada geração apresenta um tipo de personalidade, produto de suas vivências em determinado período e tempo. Mas, será que todo "millennial" é igual, ou será que, exatamente como acontece com a astrologia, aqueles que mais se identificam com características ou comportamentos considerados de sua geração, equivalente aos signos do zodíaco, tomam-nas como partes elementares de suas personalidades, criando, assim, uma bolha de coincidência e concordância?? 


Pois eu acho que me identifico bastante com as preferências culturais e características psicológicas, consideradas da minha geração, mas, nem por isso minha identidade pessoal foi totalmente moldada por um espaço/tempo particular, se, pelo que percebo, a maioria das pessoas de mesma faixa etária não apresentam o mesmo tipo de personalidade ou preferências. 

É totalmente verdade que compartilhamos memórias culturais de nossas épocas. Por exemplo, eu sei que muitos se não a maioria dos "millennial" brasileiros se lembram do Mundo de Beakman e que vários deles, na casa dos 30 anos, passaram até a cultuar esse programa divertidamente educativo dos anos 90 (voltei a ver uns episódios recentemente). Nem por isso, todo "millennial" brasileiro, por ser da mesma geração, tem a mesma personalidade ou predileções.

Por isso, resolvi chamar essa crença de que nossas características psicológicas e cognitivas são moldadas principalmente pelo período em que nascemos e crescemos de "geracionismo".  

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Sobre a complexidade da pauta antiespecista

 Um relato pessoal 



Em 2008, eu fui oficialmente apresentado à internet e, desde então, foi amor e vício à primeira vista. Criei meu perfil no Orkut, naquela época, dominante nas redes sociais brasileiras, começando a "curtir" páginas que iam de acordo com o que pensava, incluindo as de protesto. Algumas delas eram contra a crueldade com animais, particularmente o que acontece de maneira relativa no extremo oriente, o consumo de carne de cachorros e gatos que, desde há muito tempo, se transformaram nos maiores "mascotes" da humanidade.

Não que essa prática seja comum, até porque não teria como um bilhão de chineses consumirem esse tipo de carne todo ano.* O fato é que acontece e, até por causa das dimensões demográficas, especialmente as da China, estamos falando de milhares de cachorros e gatos que, anualmente, são mortos e consumidos. Não bastasse isso, também está normalizado naquelas terras, bem como no oriente médio, outras práticas extremamente cruéis: comer animais vivos; caçar baleias... e existem até dois "método de abate" chamados Kosher e Hallal, respectivamente típicos das "religiões" judaica e islâmica (consiste em ferir o animal não-humano, deixando-o sangrar até à morte. Dizem que é um "ritual sagrado")...

*... Mas nada impede, infelizmente, que se torne uma prática comum. É o que pode começar a acontecer na Coreia do Norte.

Não que nós, ocidentais, sejamos muito mais cuidadosos no tratamento que damos aos animais, mas pelo menos tendemos a poupar as espécies que estão mais íntimas ao nosso convívio. 

Pois, quando fui exposto a essa contradição, de continuar comendo outros tipos de carne enquanto acusava orientais de comer cachorro e gato, eu comecei a pensar seriamente em me tornar vegetariano. Pois foram alguns anos até, mais ou menos o ano de 2015, que consegui parar de comer carne, incluindo peixe, porém, mantendo o consumo de derivados do leite. Mas, lá para meados de 2018, não consegui mais dizer não a bolinhos de bacalhau, voltando a comer "frutos do mar". Desde então, tinha mudado o meu "status" moral-alimentício de "vegetariano ovo-lácteo" para "peixetariano". Quanto à minha saúde, não havia notado grandes mudanças, se desde 2015 estava sem comer carne de boi, vaca, porco e frango. 

Então, neste ano de 2022, eu comecei a perceber um declínio na minha saúde com dores de garganta e resfriados frequentes. Justamente no meu mês de aniversário, agosto, eu o passei doente, com a garganta muito dolorida e tosse. O fechei com febre e mal estar, começando setembro com diarreia e fortes dores de barriga, causadas por uma provável intoxicação alimentar, e ainda tive reação alérgica a um remédio contra dor, Buscopan, que quase me causou um choque anafilático (provavelmente associado a uma combinação de abuso de remédios no mesmo dia e baixa imunidade). Pois mesmo que nada disso tenha acontecido por causa da dieta que estava seguindo, eu decidi voltar a consumir carne. Porque, como já havia comentado, eu não tenho exatamente uma saúde de ferro. Outro problema é que, quem começa uma dieta como essa, seja lá por quais razões, precisa se informar bem para conseguir encontrar fontes de alimento que substituam pelo menos uma boa parte da proteína animal que deixará de ser consumida. E eu não sou essa pessoa organizada. Eu fui direto na mudança de dieta por razões morais, como a maioria faz, sem ter acionado o meu paraquedas, isto é, sem ter buscado compreender os prós e contra e compensar de maneira satisfatória.

Mas isso não muda em nada o que penso sobre a pauta antiespecista. Na verdade, confirma aquilo que já sabia, que não é apenas uma questão de parar de comer carne, porque não é e nunca foi tão simples assim. Aliás, essa é uma das pautas mais complexas e, portanto, mais difíceis de serem plenamente implementadas, porque se, por um lado, está muito certa sobre combater todo tipo de crueldade contra animais não-humanos, por outro, ainda não é tão fácil mudar a dieta humana, depois de milhares de anos de co-evolução biológica e cultural. De qualquer maneira, eu continuarei defendendo pelo melhor tratamento possível, inclusive para os animais que são criados para alimentar a humanidade, ajudando com o que estiver ao meu alcance; e continuarei totalmente contrário à certas "práticas culturais", do "abate Hallall" ou "Kosher" ao consumo de carnes de cachorros e gatos, até mesmo pelo status histórico e co-evolutivo dos mesmos com os humanos. Aceitar a complexidade dessa pauta é o primeiro passo. Reconhecer quando não consegue mais sustentar um modo de vida, adotado por razões morais, mas sem desistir de continuar apoiando pela melhoria do tratamento que é dado às outras espécies, além da nossa, é outro passo importante se também for o seu caso. 

segunda-feira, 25 de julho de 2022

Sobre condicionamento social e cultura

Nenhuma cultura conseguiria se perpetuar por mais de uma geração se não fosse por condicionamento social, porque sem uma imposição constante aos seus seguidores, eles acabariam se dispersando em uma pluralidade de crenças e práticas irrestritas ao seu perímetro ideológico. 


Pois o maior problema de uma cultura ainda não é sua imposição via condicionamento social, se precisa disso para sobreviver a longo prazo, mas que também busque inculcar crenças falaciosas ou mentirosas que inevitavelmente resultam na prática de injustiças. 

sábado, 27 de julho de 2019

Diferenças raciais em inteligência, ou melhor, diferenças histórico-civilizatórias...

Compare uma população de caçadores coletores com uma população urbanizada... O que você tem*

Maçãs e laranjas. 

A maioria dos africanos são oriundos de comunidades de caçadores coletores e agrícolas.

Em compensação, a maioria dos leste asiáticos e dos europeus, historicamente, vêm de sociedades agrícolas e urbanas, sendo que as de caçadores coletores, correspondem a uma minoria entre eles. 

 Posso até pensar num processo de transições sócio-cognitivas semelhante à ''transição demográfica''. 

Imagine as etapas de transição demográfica, a primeira, em que o crescimento da população é equivalente ao da taxa de mortalidade; a segunda, em que a taxa de mortalidade cai; a terceira, em que é a taxa de natalidade/crescimento demográfico que cai; e a quarta, em que a mortalidade aumenta [por causa do envelhecimento demográfico]. 

Pois então podemos ou eu posso ''criar'' a transição sócio-cognitiva, em que primeiro nós temos uma comunidade de caçadores coletores, com [comparativamente] baixa complexidade cultural ou cognitiva; então, segundamente, temos uma comunidade agrícola, mais sedentarizada, com média complexidade cultural e cognitiva [requerida]; terceiro, uma sociedade proto-civilizada, que já exige elevada complexidade cultural e cognitiva, e por fim, uma civilização completa. 

Os africanos, de maneira geral, jamais chegaram a alcançar o nível máximo de civilização, mas conseguiram chegar ao terceiro, sendo que seu epicentro de desenvolvimento cultural e cognitivo tem sido entre os caçadores coletores e os agricultores sedentários, primários, ou ''neolíticos''.

É tal como tentar comparar igualmente a pirâmide etária entre Nigéria e Japão...

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Homossexualidade: cultura feral versus real

Aqui, buscarei mostrar a quanto andas a cultura homossexual, não apenas no Brasil mas em todo mundo, onde tem sido permitida. Como eu já comentei, a cultura apresentaria fases de desenvolvimento ou organização, enquanto que a pré-cultura equivaleria à ''feral'', ou, em estado selvagem. Usei a homossexualidade ou a comunidade LGBT como exemplo. Então, neste texto, buscarei, como sempre de maneira resumida e entendível, salientar os aspectos mais importantes desta cultura, em seu estado atual, o feral, e o ideal. Vamos lá, sem mais delongas...

Cultura feral homossexual

Nível de organização comunitária muito baixa, resultando em proporção possivelmente alta de 'membros'' em situação diversa de risco [ameaça física, psicológica..] além ou por causa da falta de solidariedade entre os mesmos;

Promiscuidade desenfreada caracteristicamente presente em uma parcela nada desprezível dessa população, isto é, a expressão quase sem controle de uma de suas fraquezas mais significativas, resultando na impossibilidade de uma coesão mais enxuta entre os membros, inclusive no que tange à procura do par perfeito para o estabelecimento de relações mais seguras;

Envolvimento da elite político-intelectual com ideologias historicamente contrárias ou proibitivas à própria condição assim como também a pseudo-conhecimentos, que, ao invés de propagandearem o compromisso da comunidade, coletivamente falando, com a verdade, faz o caminho oposto;

Demandas ou envolvimento em lutas estéreis quanto à construção de uma co-existência menos conflituosa com a população circundante que não pertence ao grupo;

Parca existência de instituições e rede de espaços urbanos e rurais para reuniões e convívios da comunidade;

Inexistência de um cronograma de desenvolvimento psico-social [e sexual] dos membros [autoconhecimento coletivo], sem ritos de passagem ou organização temporal sobre o desenvolvimento dos comportamentos típicos bem como também dos seus desafios.


Cultura real homossexual/LGBT

Nível integrado de organização, em que a maioria dos membros pertencentes à categoria podem procurar por ajuda, isto é, existindo toda uma rede de suporte social, econômica e psicológica, de preferência evitando práticas nepotistas excessivas/injustas aos que não pertencem ao grupo, ainda assim, dando preferência aos ''mais iguais'';

Incentivo fixo para a monogamia e poliamor, especialmente neste caso, já que a promiscuidade irresponsável é possivelmente a maior fraqueza da comunidade. E apenas será possível obter grande sucesso nesta meta a partir de uma rede suportiva que ajude os indivíduos da comunidade a encontrarem os seus pares mais condizentes sem falar também de profissionais que os ajudem ao cultivo de virtudes tão desprezadas na área tal como a tolerância para com o cônjuge;

Emancipação da elite político-intelectual quanto ao risco de se tornar subserviente à ideologias historicamente maculadas por atitudes coletivas moralmente desaprováveis como revoluções sangrentas [sem mesmo ter tentado o uso de táticas racionais e sem se basear na totalidade de suas verdades]. Busca pela verdade dos fatos e não por pseudo-conhecimentos que possam servir para a deslegitimar a causa e o grupo [por exemplo a ''teoria de gênero''];

Demandas inteligente ou racionalmente elaboradas, focando naquilo que é o mais importante para a comunidade, por exemplo, o respeito aos direitos básicos, e tentando evitar provocações gratuitas ou exigências forçadas;

Constituição de espaços físicos de diversos tipos e baseados no mais alto nível de respeito em que os membros da comunidade possam circular seguramente e/ou exercerem plenamente as suas naturezas, claro, sem excessos sexuais, que são universalmente desaprováveis, sem medo de julgamentos torpes ou instintivamente/emocionalmente motivados;

Observação e elaboração de um cronograma quanto ao desenvolvimento típico vivenciado pelos membros a partir da infância, em especial aqueles que tem convívio com LGBTS desde essa fase, ou que estão sob a sua proteção, buscando dar conselhos e mesmo impor restrições, tudo pelo desenvolvimento saudável da criança sem que se torne sexualmente precoce ou despreparada.

Tudo isso poderia ser resumido basicamente a: aumentar as doses de práticas conservadoras [essencialmente falando] aos membros, demarcando a sua entidade comum ou idiossincrática natureza, podendo assim ajudar de maneira muito mais efetiva.


segunda-feira, 20 de agosto de 2018

A desordem de personalidade do hiper-conservadorismo e que também é da adaptação de qualquer ser vivo: transtorno obsessivo compulsivo

Excesso de regras para sobreviver.. especialmente no caso do conservadorismo cultural ... em considerável contraste superficial [porém não essencial, já que ambos são conservadores] ao conservadorismo natural.

segunda-feira, 26 de março de 2018

Mais pensamentos sobre a inteligência verbal [estilo de pensamento]

A inteligência verbal em suas raízes não é apenas cultural. Talvez possamos dizer que o estilo de pensamento seja a inteligência verbal (oops múltiplas ...) + inteligência emocional sem cultura. 

A inteligência verbal é sobre a comunicação, que é um dos aspectos mais importantes da inteligência, não apenas da humana. Não é "apenas" comunicação entre as pessoas, mas também intrapessoal. A inteligência verbal está diretamente relacionada com a autoconsciência, talvez mais íntima do que qualquer outra habilidade bio-cultural-acessória (que também é aprendida). Obviamente que, para pontuar de forma normal em um teste de QI verbal, deve-se aprender a ler e a escrever pelo menos na sua língua materna.

A inteligência verbal através da internalização cultural da linguagem é apenas a expressão do estilo de pensamento, associado a símbolos, em interação perceptiva com a realidade envolvente.

Portanto nós temos:

Estilo de pensamento e percepção do mundo, tradução ou filtro desta percepção e tradução ou verbalização do mesmo via linguagem.

domingo, 25 de março de 2018

Analogia de proficiência com o violino para explicar qi/educação e produto bio cultural

Vamos imaginar que você nasceu em uma sociedade em que todo mundo é obrigado a aprender a tocar violino e a compor músicas com este instrumento. Este ensino é transmitido desde a infância. Então depois de um tempo as crianças da geração anos 90 cresceram e uma diversidade ou nível de proficiência com o violino apareceu tal como tem acontecido desde a invenção do mesmo e a democratização e imposição do seu uso como etapa cultural importante. Então [número 2] um grupo de psicólogos resolvem criar um teste para mensurar o nível de proficiência dos habitantes deste país para tocar violino e compor músicas. O teste basicamente comprova novamente a realidade da variação na proficiência, dos mais talentosos aos menos. Sem o ensino das técnicas de como tocar violino e compor músicas a maioria das pessoas deste país fictício não saberiam como fazê-lo por si mesmas especialmente quando ainda são crianças. Algo possivelmente similar pode ser afirmado em relação aos testes cognitivos, alfabetização e ensino da matemática. Sem o ensino e claro feedback ou reciprocidade positiva por parte das pessoas para aprender, a maioria delas não teria aprendido nem a tocar e nem a compor músicas (o mínimo possível) e os testes de proficiência teriam como resultado uma muita baixa capacidade média desta população para com o instrumento. Vamos imaginar então que este modelo cultural é adotado por um outro país, mas diferenças aparecem na hora de compará-los. O país que adotou o modelo do primeiro simplesmente apresenta um desempenho médio mais baixo e com uma menor proporção de violinistas super talentosos. Se eu fosse analfabeto e fizesse um teste de QI, onde evidentemente haveria o QI verbal, eu com certeza obteria uma pontuação muito baixa do que se eu tivesse sido alfabetizado. O mesmo em relação às capacidades matemáticas e também espaciais [que exigem conhecimentos verbal e matemático].

QI, que não é o mesmo que inteligência, pode ser então, na minha opinião, facilmente comparado a qualquer [outro] tipo de potencial de capacidade que necessita do aprendizado de técnicas/invenções culturais como o vocabulário e a matemática.. Isso, como todos deveriam saber, não significa que os testes não mensuram inteligência, mas parte importante dela com certeza e é justamente aquela em que apreendemos a escrever os símbolos associativos que foram inventados para facilitar e mesmo aprofundar a comunicação humana. 

quinta-feira, 8 de março de 2018

Deus: quando o ser humano ''se tornou'' autoconsciente...

... as questões extremamente complexas sobre a origem da vida e da existência inevitavelmente apareceram. Como o ser humano não tinha maiores capacidades cognitivas OU recursos culturais/tecnológicos para buscar por explicações lógicas, acabou apelando pelas mais fantásticas, em acordo com a dimensão das mesmas. Tal como se aparecesse um dilema muito complexo e extremamente urgente para uma tribo cognitivamente mais simplória e ela tivesse que resolve-lo. Desta diferença brutal entre a pergunta e a capacidade de respondê-la, Deus [antropomórfico] surgiu...