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sábado, 4 de janeiro de 2025

Como a cultura humana frequentemente se desvia do que deveria ser sua função principal/How human culture often deviates from what should be its primary function

 A cultura humana, originalmente, consiste em um manual de orientação, de conhecimento, compreensão... Mas desde há muito tempo que tem se desviado do que deveria ser sua função principal ou pelo menos a ideal. Evidências que concordam com essa afirmação são abundantes. Tal como a falta de conhecimento, que parece ser comum a muitos seres humanos, sobre sinais no ambiente que podem indicar a ocorrência de algum evento natural perigoso, como uma tsunami ou ondas gigantes. Foi por causa disso que muitas pessoas perderam suas vidas na tsunami de 2004 que varreu as costas de vários países banhados pelo oceano índico. E não estou falando apenas de moradores locais sem uma instrução adequada, mas também de turistas vindos de países de primeiro mundo que ignoraram os sinais anteriores a uma tsunami, especialmente quando acontece um terremoto de grande magnitude, posterior regressão da água do mar e, também, por estarem no litoral da mesma região. Pois a simples ruptura de um padrão conhecido já deveria soar como um alarme preocupante, suficiente para a adoção do comportamento mais básico numa situação como essa que seria de se afastar de onde se pressupõe que a ameaça virá. Mas não são poucos aqueles que, enfurnados nas cidades, se esquecem ou nunca chegam a aprender sobre como proceder em situações de risco, um aspecto que deveria ser compulsório a uma cultura ou sociedade humana.  

Outro exemplo de como a cultura humana tem evoluído de maneira bastante distorcida do seu objetivo primordial ou ideal é a existência de grupos grandes de pessoas que acreditam que um fluxo constante e volumoso de imigrantes estrangeiros ao país em que vivem, ainda mais se forem oriundos de culturas diferentes, não terá consequências sérias à sua ordem social e identidade nacional a médio e longo prazo. 

Um último exemplo que nega o bom senso, o pensamento racional aplicado, é a negação do impacto extremo da ação humana na natureza, exatamente de se pensar que ações extremas não costumam gerar repercussões extremas...

Então, é possível concluir que certas culturas ou ideologias podem deteriorar ao invés de melhorar a compreensão que se tem sobre o mundo (eu também poderia citar a crença religiosa como um exemplo de cultura que costuma causar mais desorientação do que esclarecimento). 

No mais, é certo que praticamente toda crença político-ideológica, ou religiosa, que é adotada, tende a gerar mais bem-estar do que mal-estar ao indivíduo, pelo menos inicialmente; de lhe passar uma sensação de conforto, confiança, certeza... mesmo que possa prejudicá-lo mais tarde. Porém, esse efeito positivo não pode servir como justificativa para a adoção de crenças muito desviantes aos fatos ou a uma ponderação analítica, pois como demonstrado acima, elas podem causar problemas graves, mesmo se não estão causando no tempo presente ou apresentando consequências negativas e imediatas a nível pessoal. 

O custo-benefício da socialização 

Mais socializado o indivíduo está, mais profundamente familiarizado com uma cultura e suas normais sociais ele está. E isso vem com custos e benefícios. O maior benefício é uma facilidade teórica para navegar nesse meio ao conhecer bem suas normas. O maior custo é que esse conhecimento pode se sobrepor ou substituir outros conhecimentos mais importantes, relevantes inclusive à própria sobrevivência. Isto é, isso pode ser supernaturalizado e gerar dependência naquele que acredita. Tal como o exemplo do politicamente correto vigente no mundo ocidental, em que se doutrina a acreditar no dogma da igualdade absoluta dos seres humanos no lugar de uma compreensão mais imparcial e verdadeira sobre as nossas diferenças. Então, essa troca pode orientar o doutrinado a tomar esse dogma como uma verdade incontestável e passar a agir de acordo com a sua crença, como de se anestesiar no caso de um cenário de alto fluxo migratório, justificando ou racionalizando com base no que apreendeu como moral ou socialmente aceitável de se pensar, priorizando sua aceitação (ou camuflagem) em seus círculos sociais sobre a sua capacidade racional de análise e julgamento adequados. E mesmo se sabe que se trata de uma inverdade, e só a defenda em discurso e não na prática, ainda assim, essa passividade diante de uma situação com grande potencial para se agravar pode custar caro mais tarde. Então, se a cultura é um resultado evidente da evolução cognitiva de nossa espécie e deveria nos ajudar a nos orientar, desde há um bom tempo que tem servido para outros propósitos, até mesmo o propósito de nos desorientar, especialmente quando é moldada para inculcar no povo o que certas "elites" querem. 




Human culture originally consists of a manual of guidance, knowledge, understanding... But for a long time now it has deviated from what should be its main function, or at least its ideal. Evidence that supports this statement is abundant. Such as the lack of knowledge, which seems to be common to many human beings, about signs in the environment that may indicate the occurrence of some dangerous natural event, such as a tsunami or giant waves. It was because of this that many people lost their lives in the 2004 tsunami that swept the coasts of several countries bathed by the Indian Ocean. And I am not just talking about local residents without adequate education, but also about tourists from first world countries who ignored the signs prior to a tsunami, especially when a large earthquake occurs, followed by a retreat of the sea water, and also because they were on the coast of the same region. After all, the simple rupture of a known pattern should already sound a worrying alarm, enough for the adoption of the most basic behavior in a situation like this, which would be to move away from where the threat is supposed to come from. But there are many who, stuck in cities, forget or never learn how to proceed in risky situations, an aspect that should be compulsory for a human culture or society.

Another example of how human culture has evolved in a way that is quite distorted from its primary or ideal objective is the existence of large groups of people who believe that a constant and large flow of foreign immigrants to the country in which they live, especially if they come from different cultures, will not have serious consequences for their social order and national identity in the medium and long term.

A final example that denies common sense, applied rational thought, is the denial of the extreme impact of human action on nature, precisely because it is thought that extreme actions do not usually generate extreme repercussions...

Therefore, it is possible to conclude that certain cultures or ideologies can deteriorate rather than improve one's understanding of the world (I could also cite religious belief as an example of a culture that tends to cause more disorientation than enlightenment).

Furthermore, it is true that practically every political-ideological or religious belief that is adopted tends to generate more well-being than discomfort for the individual, at least initially; it gives them a feeling of comfort, confidence, certainty... even if it can harm them later. However, this positive effect cannot serve as a justification for adopting beliefs that deviate greatly from the facts or from analytical consideration, because as demonstrated above, they can cause serious problems, even if they are not causing them in the present time or presenting immediate negative consequences on a personal level.

The cost-benefit of socialization

The more socialized an individual is, the more deeply familiar he or she is with a culture and its social norms. And this comes with costs and benefits. The greatest benefit is a theoretical ease in navigating this environment by knowing its norms well. The greatest cost is that this knowledge can overlap or replace other more important knowledge, relevant even to survival itself. In other words, it can be supernaturalized and generate dependence in the believer. Just like the example of political correctness in force in the Western world, which indoctrinates people to believe in the dogma of absolute equality of human beings instead of a more impartial and true understanding of our differences. This exchange can then guide the indoctrinated person to take this dogma as an indisputable truth and start acting according to the belief, such as anesthetizing herself in the case of a scenario of high migratory flow, justifying or rationalizing based on what she have learned as morally or socially acceptable to think, prioritizing her acceptance (or camouflage) in her social circles over her rational capacity for adequate analysis and judgment. And even if she knows that this is an untruth, and only defend it in speech and not in practice, this passivity in the face of a situation with great potential to worsen can still cost her dearly later. So, if culture is an evident result of the cognitive evolution of our species and should help us to orient ourselves, for a long time now it has served other purposes, even the purpose of disorienting us, especially when it is shaped to inculcate in the people what certain "elites" want.

Um pensamento sobre a "esquerda" e sua compaixão desmedida por criminosos de colarinho azul /A thought on the "left" and its inordinate compassion for blue-collar criminals

 Dos muitos "bola-fora" da esquerda capitaneada pelo identitarismo burguês, está a sua compaixão desmedida por indivíduos que cometem crimes, ainda mais os hediondos. Parece que querem ajudar o "pobre" para que, em uma situação de acabar preso, tenha seus direitos garantidos. Mas isso passa uma ideia ignorante ou estúpida de que todo "pobre" é um meliante em potencial, enquanto que a maioria raramente acaba na prisão. A bandeira "antipunitivista" da esquerda cria condições para que indivíduos perigosos, abundantes em regiões mais pobres, como as periferias, circulem livremente nas mesmas. O trabalhador dessas áreas que só quer ganhar o dinheiro dele e criar sua família, se sente refém dessa bandidagem que a "esquerda" caviar sente compaixão, de longe. Esse é apenas um exemplo de como a direita tem ampliado sua presença entre as classes trabalhadoras.


One of the many "mistakes" of the Left, led by bourgeois identity politics, is its excessive compassion for individuals who commit crimes, especially heinous ones. It seems that they want to help the "poor" so that, if they end up in jail, their rights are guaranteed. But this gives the ignorant or stupid idea that every "poor" person is a potential criminal, while most rarely end up in jail. The left's "anti-punishment" banner creates conditions for dangerous individuals, who are abundant in poorer regions, such as the outskirts, to circulate freely there. Workers in these areas, who only want to earn their money and raise their families, feel like hostages of this banditry that the "caviar" left feels compassion for, from afar. This is just one example of how the Right has expanded its presence among the working classes.

Um possível efeito colateral logicamente inesperado da alta empatia: limitação do círculo social/A possible, logically unexpected side effect of high empathy: limitation of social circle

 Mais empático é o indivíduo, mais profundamente simpático ou afetuoso com os outros ele tende a ser. Só que, ao invés disso resultar em uma maior capacidade de se relacionar com os outros, pode acontecer o efeito oposto, de dificultar essa capacidade e acabar limitando a quantidade de pessoas com as quais consegue estabelecer contato permanente e/ou frutífero. Porque a empatia, em seu sentido associado com simpatia ou afetividade, não é apenas sentir carinho, ser respeitoso ou cuidadoso pelo ou com o outro, especialmente se percebe o mínimo de afinidade, mas também de sentir preocupação pelo mesmo, bem como de tomar suas dores. Além disso, outro efeito que também pode ter um papel negativo nessa finalidade, de se fazer amizades, é a percepção de carência do outro em relação ao mais empático, se a alta empatia tende a, pelo menos, tornar o seu "portador" mais aparentemente carente, característica que costuma afastar mais do que atrair pessoas. Pois não bastasse o que já foi comentado, o mais empático também pode desenvolver uma visão mais crítica e, portanto, rabugenta sobre o mundo, particularmente sobre o mundo humano, suas injustiças, crueldades... que também afasta mais do que atrai pessoas para o seu convívio. 


The more empathetic an individual is, the more deeply sympathetic or affectionate he or she tends to be with others. However, instead of resulting in a greater ability to relate to others, the opposite effect may occur, hindering this ability and ending up limiting the number of people with whom one can establish permanent and/or fruitful contact. Because empathy, in its sense associated with sympathy or affection, is not only about feeling affection, being respectful or caring for or with the other, especially if one perceives the slightest affinity, but also about feeling concern for them, as well as empathizing with their pain. Furthermore, another effect that can also have a negative role in this purpose of making friends is the perception of the other's neediness in relation to the more empathetic person, if high empathy tends to, at the very least, make its "bearer" more apparently needy, a characteristic that tends to drive people away rather than attract them. As if what has already been said were not enough, the most empathetic person can also develop a more critical and, therefore, grumpy view of the world, particularly the human world, its injustices, cruelties... which also drives away more people than it attracts to their lives.



Sobre liberais da economia, comunistas e social-democratas/About economic liberals, communists and social democrats

 Desses três, os únicos que podem realmente se vangloriar por suas escolhas de modelo socioeconômico são os social-democratas, por causa do sucesso relativo da social-democracia em sua prática ou experiência, enquanto comunistas e liberais não podem fazer o mesmo, afinal, o comunismo nunca foi sequer implementado e todas as suas experiências de socialismo real têm sido fracassadas e/ou reverteram para um modelo econômico mais capitalista, como no caso da China. Já quanto ao liberalismo, existiu em sua forma mais pura até os anos 20 do século passado e foi um dos grandes responsáveis pela crise de 29, nos EUA, a maior crise do sistema capitalista que se tem registro, que precipitou a emergência do neoliberalismo, sua versão menos extrema, com um maior controle do estado nas travessuras do livre mercado. Pois mesmo que agora se percebam problemas crescentes em países que são democracias sociais, não dá para atribuí-los totalmente ao modelo adotado, se, por exemplo, os países escandinavos resolveram introduzir políticas radicais de imigração, não é por causa desse modelo de sociedade e economia, que busca por um equilíbrio entre os setores econômico e social. 


E se uma das razões para o sucesso do modelo social-democrata é justamente sua parcimônia de buscar ampliar benefícios sociais de maneira constante sem necessariamente romper com o sistema dominante, o capitalista, como propõe o comunismo, mas também sem seguir em direção completamente oposta, de romper com o compromisso do bem estar social, limitando a intervenção do estado nesse objetivo para favorecer setores de "elite", como o liberalismo. Nesse sentido, é possível concluir que o modelo social-democrata é o menos utópico se comparado com os outros dois.


Of these three, the only ones who can truly boast about their choices of socioeconomic model are the social democrats, because of the relative success of social democracy in its practice or experience, while communists and liberals cannot do the same, after all, communism was never even implemented and all their experiments in real socialism have been failures and/or reverted to a more capitalist economic model, as in the case of China. As for liberalism, it existed in its purest form until the 1920s and was one of the main causes of the 1929 crisis in the US, the greatest crisis of the capitalist system on record, which precipitated the emergence of neoliberalism, its less extreme version, with greater state control over the mischief of the free market. Even though we now see growing problems in countries that are social democracies, we cannot attribute them entirely to the model adopted. If, for example, Scandinavian countries decided to introduce radical immigration policies, it is not because of this model of society and economy, which seeks a balance between the economic and social sectors.

And if one of the reasons for the success of the social-democratic model is precisely its parsimony in seeking to constantly expand social benefits without necessarily breaking with the dominant system, the capitalist one, as communism proposes, but also without going in the completely opposite direction, of breaking with the commitment to social welfare, limiting the intervention of the state in this objective to favor "elite" sectors, such as liberalism. In this sense, it is possible to conclude that the social-democratic model is the least utopian when compared to the other two.