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sábado, 2 de março de 2024

Mais provocações voluntárias

 Bondade sem racionalidade não é apenas estupidez, mas também insanidade


A essência da bondade ainda não é ser educado, como muitos parecem pensar, mas ser justo 

Ainda assim, o mais bondoso é aquele que é o mais altruísta e, ao mesmo tempo, mais justo. Uma raridade...

A essência podre do capitalismo é que vale tudo por dinheiro 

Conservadores adoram culpar a falta de religião, atualmente, no mundo ocidental, pelo que chamam de "degeneração moral". Mas muito dessas mudanças culturais são culpa da influência ideológica capitalista, particularmente da ganância de lucrar em cima de qualquer oportunidade, inclusive as consideradas mais "imorais"

A degeneração moral não é exclusiva à "esquerda". Séculos de hegemonia cultural tradicionalista ou conservadora, de pobreza, desigualdades sociais, preconceitos injustos, ideologias insanas dominantes e muitas guerras não nos deixam mentir  

Conservadores são, em média, falsos coletivistas?? 

Se é fácil se dizer a favor de uma sociedade quando a sua cultura espelha o seu modo de pensar e viver

O problema de conviver com pessoas com baixas capacidades cognitivas é que também tendem a ter uma baixa inteligência emocional 

E o problema de conviver com pessoas mais inteligentes é que também tendem a ter uma inteligência emocional mais baixa do que em comparação às suas capacidades cognitivas, mas são mais implícitas nessa expressão de deficiência do que as de menor capacidade, ou mais dissimuladas 

Quem defende um malfeitor (objetivamente determinado):

- Pensa que poderia estar na mesma situação dele, que agiria igual (pura especulação)

- Pensa que somos todos literal ou absolutamente iguais e que ele merece ter os mesmos direitos (mesmo depois de provar o contrário)

- E/ou é igual a ele

Boa parte das políticas atuais da dita esquerda ocidental se baseia em chantagem emocional barata 

Tipicamente, o esquerdista busca por explicações complexas para o que é mais simples, enquanto o direitista busca por explicações simples para o que é mais complexo 

Em torno de todo líder tirano, tem uma multidão de mercenários e idiotas 

Uma maneira típica de relativizar conceitos básicos, como verdade e conhecimento, é de produzir exemplos irrealistas ou extremos, tal como situações de "escolha de Sofia"

Muitos entendem inteligência emocional com empatia, controle e carisma. Mas, a Inteligência emocional também é sentir tristeza, raiva ou timidez em momentos ou circunstâncias adequados, vezes a longo prazo ou indefinidamente

Inteligência emocional também pode ser pela opção da distância 

O mais irracional tende a se tornar mais "bonzinho" quando percebe que é oprimido e o oposto quando percebe que está mais "empoderado"

O mais racional tende a se tornar mais aguerrido quando percebe que é objetivamente oprimido, mas mais moderado quando está no poder (o que, em termos adaptativos, parece ser menos lógico)

Pais não tendem a gostar mais de um filho porque aparenta ser mais 'problemático" que os outros, mas apenas porque gostam mais, sem ter uma explicação além disso

Pais que não colocam nenhum limite adequado aos seus filhos são tão problemáticos quanto aqueles que impõem limites demais 

Pais que não percebem conflitos entre os seus filhos, especialmente conflitos que geram tratamentos injustos de uma parte à outra, também não estão mostrando excelência nesse ofício

Em relação ao conhecimento sobre o mais básico, a verdadeira filosofia é suficiente, pois não precisa da ciência e sua especialização da lógica, se basta a sua generalização. Por exemplo, quanto à crença religiosa, um filósofo legítimo não precisa do método científico para duvidar de sua veracidade

A diferença entre o mais sábio e o mais inteligente é tamanha que chega a ser comparável à diferença entre duas espécies distintas 

É quase certo de se afirmar que a maioria dos autodeclarados filósofos são uma combinação entre um artista (escritor ou poeta) e um cientista fracassados, isto é, que fracassam em ser um ou outro, de maneira genuína, e acabam se tornando um nenhum entre os dois, ao invés de buscarem ser exatamente como um filósofo, uma combinação equilibrada entre o artista emotivo ou o existencialista e o cientista analítico ou o realista

Quando você escreve muito bem, é capaz, mas também muito provável que irá preencher boa parte da sua escrita com o seu ego disfarçado 

A crença de que a França é um grande centro filosófico é um provável sintoma de pseudo intelectualismo

O relativismo cultural e o igualitarismo atraem do mais ingênuo ao mais perverso. Mas, geralmente, o tipo mais comum é uma combinação entre os dois, até por ser assim todo fanático verdadeiro 

Tão desprezível quanto os fanáticos são os falsos moderados

Indivíduos autodeclarados de esquerda ou a favor da justiça social querem acabar com todos os privilégios, supostamente... Mas a única maneira de fazê-lo seria pelo estabelecimento de uma sociedade plenamente meritocrática, ou uma intelectocracia (o meu modo ideal de sociedade, o governo dos mais sábios) 

Um perfil exemplar de irracionalidade extrema é a de um indivíduo que acredita em Deus, Marx e Lamarck ao mesmo tempo

Acreditar que o capitalismo é um modelo ideal de meritocracia é outro sintoma 

A doutrinação ideológica (ao contrário da educação/filosofia) é uma sistematização da falácia da evidência suprimida 

Se o coletivismo é o sacrifício do indivíduo pelo "bem da sociedade", o individualismo é o sacrifício da sociedade pelo "bem do indivíduo"?

Eu já disse em outros textos ou pensamentos que a religião, assim como a ideologia, é uma forma de auto terapia mais intuitiva. No entanto, também posso dizer que essa auto terapia é um tipo de mascaramento do transtorno que deveria ser corretamente tratado. Tal como de, ao invés de dizer a uma pessoa com transtorno psicótico que os seus pensamentos delirantes são delirantes, de concordar com a realidade ou parte da realidade que ela resolveu distorcer para acomodar suas questões pessoais divorciadas dos fatos

domingo, 10 de dezembro de 2023

A dissonância entre a crítica de cinema especializada e o público. Quem está mais com a razão?? Por que existe essa dissonância??

Eu tentei assistir ao filme "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" e não consegui. Foram 20 minutos tentando entender e gostar de uma bagunça pretensamente filosófica, sem nexo e cansativa. Eu tinha pensado em assisti-lo porque vários críticos de cinema o elogiaram bastante, anunciando-o como uma novidade imperdível. Então, logo depois do choque de expectativa frustrada, fui ver se estava sozinho, se não era apenas eu e vi que, a grande maioria das críticas de pessoas comuns sobre o filme, pelo menos de brasileiros, foi muito negativa, particularmente no site "Adoro Cinema", em que obteve uma média de 3,3 pontos, bem medíocre para um filme que ganhou várias premiações no Oscar de 2023.



Outra crítica sobre esse filme que coaduna com a minha decepção, você pode ler aqui embaixo:


Pois isso pode ser mais uma demonstração de que essa premiação perdeu o seu prestígio, diga-se, já faz um bom tempo...

Isso também pode mostrar que, infelizmente, não podemos confiar sempre no gosto dos críticos de cinema. 

O que é certo é que existe essa tendência de dissonância entre o que o público gosta e o que eles gostam...

Veja que, algo parecido aconteceu com o filme "Super Mario Bros" em que, enquanto a crítica "especializada" foi implacavelmente negativa, a maioria do público adorou, se tornando um dos filmes de maior bilheteria do ano. 

Mas por que existe essa dissonância?? 

Faria sentido argumentar que os críticos de cinema, com mais conhecimento na área, tendem a estar mais certos que o público. Mas parece que está bem longe de ser só isso. Até pode fazer sentido quando se trata de um filme "cult", raro, daquele tipo excepcional, que foca no enredo e nas atuações, que não agradam ou atraem a maioria. Mas em relação a filmes comerciais, geralmente, produções americanas, não faz, já que a crítica especializada não é indispensável para avaliá-los. 

O fator ideológico

Pois se colocássemos um questionário sobre preferência político-ideológica para críticos de cinema, é bem provável que a maioria, se não a grande maioria deles, acabasse pontuando bem para o "lado esquerdo da força" e, a priori, isso não deveria significar muita coisa, afinal, um crítico de arte deveria, idealmente, ser o mais imparcial e objetivo possível em sua crítica, independente de suas opiniões políticas ou, ao menos, diluindo-as durante a construção de sua crítica. Em um mundo idealmente racional, sim. No nosso mundo, muito aquém disso, o que acontece é que, mesmo quando atuamos como alguém que avalia produções artísticas, não existe nada impedindo que o façamos com base em nossas impressões pessoais e ideológicas e é justamente o que parece estar acontecendo com a maioria da crítica especializada da sétima arte, já que tendem a avaliar os filmes de maneira tendenciosamente subjetiva. Nesse caso, a tendência é que, se um filme coloca e até exalta a tal "diversidade" ou "representatividade" de "minorias' socialmente "marginalizadas', no elenco de atores, no enredo e nos personagens,  mesmo que não seja digno de grande menção, ainda terá pontos a seu favor apenas por essa "benevolência". E, no caso, em especial, de indivíduos que estariam mais para um perfil pós-moderno, qualquer obra artística que desafie convenções consagradas de como fazer um filme, pintar um quadro ou escrever um poema e que, ainda por cima, sinalize compatibilidade ideológica com o seu pós-modernismo, é muito provável que será imediatamente avaliado de maneira positiva, mesmo que apresente mais uma falta do que uma abundância de atributos favoráveis a uma boa avaliação. Pois, enquanto muitos críticos de cinema, até para não "pisarem em ovos" com a nova censura ou ditadura do pensamento via hegemonia cultural da "esquerda" burguesa, fazem malabarismos em suas retóricas evitando qualquer crítica mais contundente sobre isso e suas consequências negativas, o povão, você e eu, por termos uma maior liberdade para criticar obras artísticas, quando vemos um filme ruim em que a propaganda política supera e se sobressai à sua qualidade intrínseca, não nos inibimos de criticar o que estamos vendo, de agir tal como o menino que aponta para o rei nu, naquele conto de fantasia. E quando vemos um filme que é mais do tipo que entretém do que "educa" (ou doutrina), não julgamos com esse preconceito de considerar qualquer filme comercial ou convencional como de baixa qualidade.

Não que um filme não tenha mérito por abordar temas políticos ou de grupos social ou historicamente marginalizados, mas que o faça de maneira doutrinária, com base em distorções de fatos, focando mais na "mensagem" e/ou na "representatividade", do que na qualidade da atuação, da direção e do enredo.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Um exemplo de relativismo moral/cultural e subsequente problematização

 Trecho do livro: Sapiens, Uma breve história da humanidade, de Yuval Harari, sobre uma tribo indígena, os achés: 


" ... caçadores-coletores que viveram nas florestas do Paraguai até a década de 1960.

 ... quando morria um membro importante do bando, eles costumavam matar uma menina e enterravam os dois juntos... quando uma mulher aché idosa se tornava um fardo para o resto do bando, um dos homens mais jovens se esgueirava por trás dela e a matava com um golpe de machadinha na cabeça. Um homem do grupo contou aos antropólogos curiosos histórias de seus anos dourados na floresta.

'Eu costumava matar as velhas. Matei minhas tias... As mulheres tinham medo de mim. Agora, aqui com os brancos, fiquei fraco'.

Bebês nascidos sem cabelo, considerados por isso insuficientemente desenvolvidos, eram mortos de imediato. Uma mulher se recorda de que sua primeira filha foi morta porque os homens não queriam mais uma menina no grupo. Em outra ocasião, um homem matou um garoto porque estava de mau humor e a criança chorava. Outra criança foi enterrada viva porque 'tinha aparência engraçada e fazia as outras crianças rirem' ...

No entanto, devemos ter cuidado para não julgar os achés de modo muito superficial. os antropólogos que viveram com eles durante anos relatam que a violência entre adultos era muito rara. Homens e mulheres tinham a liberdade de mudar de parceiros à vontade. Eles sorriam e gargalhavam constantemente, não possuíam um líder hierárquico e em geral rejeitavam as pessoas dominadoras. Eram muitíssimos generosos com suas poucas posses e não tinham obsessão por sucesso ou riqueza. As coisas que mais valorizavam na vida eram as boas interações sociais e as amizades íntimas. Viam a eliminação de crianças, doentes e velhos como muitas pessoas hoje em dia veem o aborto e a eutanásia. Vale notar também que os achés foram caçados e mortos sem piedade por fazendeiros paraguaios. A necessidade de escapar de seus inimigos provavelmente os levou a adotar uma atitude bastante dura com relação a qualquer um que pudesse representar a fraqueza do bando. 

A verdade é que a sociedade aché, como toda sociedade humana, era muito complexa. Devemos evitar sua demonização ou idealização com base num conhecimento superficial. Os achés não eram nem anjos nem demônios - eram humanos. Assim como os antigos caçadores-coletores."

Problematizando...

1. Todos os achés cometiam esses atos de extrema crueldade??? 

Bem, por esse trecho e os relatos contidos nele, nota-se que eram mais comuns de serem praticados por homens e que suas vítimas tendiam a ser do sexo feminino ou crianças... 

Todas as mulheres idosas achés que, por causa da idade avançada, apresentavam mais dificuldade para cooperar com o seu grupo, aceitavam o seu destino de serem assassinadas por homens mais jovens?? 

Provavelmente não. Perceba que, no relato do trecho, um homem, depois de dizer que "matou suas tias" revelou que "as mulheres tinham medo dele...".

É quase certo de se concluir que esses atos cruéis jamais seriam cometidos por indivíduos plenos de suas capacidades racionais.

Transtornos de personalidade, como a psicopatia e a sociopatia, provavelmente já existiam entre os seres humanos pré-históricos, assim como também em comunidades remanescentes de caçadores-coletores. Portanto, mesmo se fossem práticas ou comportamentos "endêmicos", não é possível justificá-los como "apenas cultural", se provavelmente outros membros do mesmo grupo não concordavam/concordam com os mesmos.

Como eu já comentei, em minha crítica ao modo com que o anacronismo histórico tem sido aplicado (tratado como sinônimo de relativismo moral),  concluir que atos de crueldade praticados em determinada sociedade, se do passado ou atual, são apenas parte de sua cultura é o mesmo que silenciar vozes que discordavam ou discordam dos mesmos, incluindo, em especial, suas vítimas. É exatamente o mesmo que reduzir a complexidade dessas sociedades a uma suposta conformidade social absoluta, mesmo em relação aos atos mais insensatos, tratando-os como se fossem "práticas culturais" triviais tal como tipos de dança ou técnicas de ornamentação. 

2. A maioria das pessoas que, atualmente, são favoráveis ao aborto e à eutanásia, jamais concordariam com esses atos. Primeiro, porque defendem, não pelo aborto em si, mas pela autonomia da mulher em relação ao seu próprio corpo, especialmente quanto à liberdade de poder praticá-lo quando achar necessário ou inevitável. Além disso, aborto não é exatamente o mesmo que infanticídio, ainda mais em casos como os de gravidez de risco ou por estupro. 

Segundo, em relação à eutanásia, é importante diferenciar assassinato de idoso, no sentido de geronticídio, que é o homicídio por causa da condição de velhice de um indivíduo, e de uma vontade do mesmo indivíduo em tirar a própria vida, quer seja por doença incapacitante ou outra razão que possa servir como justificativa, inclusive a própria velhice. 

Essa foi, com certeza, uma comparação infeliz, ainda que não discorde totalmente desse trecho, pelo que o autor escreveu. 

3. Por fim, temos uma tentativa de Yuval Harari, de justificar esses atos ao destacar que, 'fazendeiros paraguaios caçavam e matavam índios achés sem piedade e que, portanto, foram forçados a adotar uma atitude dura consigo mesmos'. 

Mas, o que uma menina qualquer, uma criança com um rosto diferente ou um bebê que nasce sem cabelo têm a ver com isso?? 

Nem nos casos de idosos e doentes, eu poderia apostar alto que era mais complexo do que acreditar que todos da tribo concordavam com os seus assassinatos, mesmo se ninguém expressasse sua discordância, porque mesmo na tribo mais isolada ou com o menor número de membros, é muito provável que não existe "unanimidade absoluta". E ainda me parece exagerado pensar que, apenas uma mulher idosa poderia causar tantos transtornos a um grupo a ponto de não restar outra alternativa a não ser matá-la. Duvido muito que ninguém lamentasse o assassinato de uma pessoa e de forma tão brutal, tal como nos casos relatados de crueldade nessa tribo indígena, e apenas por isso já pode ser um indicativo de que não havia ou não há absoluta concordância. Isso também significa que concepções praticamente universais de moralidade, tal como a empatia, a compaixão e a justiça, também existem em culturas ancestrais, da mesma maneira que existe a crueldade. 

... 

Será um tipo de falácia?? 

Eu até pensei em um termo pra ela: "generalização coletiva por ações individuais".

Tal como: alguns indivíduos de uma tribo cometem atos cruéis, recorrentes ou isolados. Logo, esses atos são práticas "culturais" ou da cultura, isto é, da tribo... 

Ou, na verdade, atos cruéis cometidos por indivíduos são só isso mesmo?? 

Até parece um tipo mais sutil de narrativa do "bom selvagem".

Como conclusão, como eu já comentei acima, não discordo de tudo sobre o trecho que selecionei deste livro porque, de fato, não podemos demonizar e nem idealizar sociedades culturalmente distintas das "nossas', mediante a complexidade cultural ou moral e intelectual envolvidas. Mas isso não significa que, então, devemos considerar tudo o que fazem, mesmo práticas recorrentes de crueldade, que não são atos individuais isolados, como "apenas parte de suas culturas", se o ideal seria de tratá-los pelo que são, atos cruéis ou racionalmente injustificáveis, e que foram ou são mais propensos de serem praticados por certos indivíduos do bando e não por todos ou por qualquer indivíduo. 

Também é muito importante ressaltar que, assim como os conhecimentos natural e técnico têm evoluído ao longo do tempo, por exemplo, a invenção da roda à invenção do ônibus espacial, o mesmo acontece com o conhecimento moral, complementado pelos saberes de outras disciplinas, de "deus castiga quem apresentar determinado comportamento" para "determinado comportamento é ou não é equivocado pelas seguintes razões objetivas".

Novamente, mesmo se todos de uma sociedade hipotética estivessem aparentemente conformados às suas regras sociais, essa conformidade é quase sempre mais superficial do que genuína, porque no interior de cada pessoa que vive nessa ou em qualquer outra cultura é esperado que existam níveis variados de concordância ao que é imposto, um longo e geralmente silencioso espectro de diversidade de opiniões e pensamentos. 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

O que a crença da tábula rasa quer dizer, literalmente??

Tábula rasa = negacionismo anti científico da influência genética ou biológica no comportamento humano


Que se, nós, seres humanos, nascemos como "folhas de papel em branco", então, quer dizer que supostamente nascemos sem predisposições variavelmente herdadas ou com nenhum desenvolvimento cerebral específico, que começa na concepção, quando ocorre a combinação dos materiais genéticos dos nossos pais, passa pelo período pré-natal, de desenvolvimento do que foi combinado, até ao parto, e que pré-definiria nossas personalidades e inteligências.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Novamente sobre o relativismo das artes com uma comparação

 Nadar versus natação


Tudo o que você faz dentro de uma piscina, de um lago ou no mar é nadar, correto??

Mesmo se você ficar só boiando, ainda estará batendo os pés levemente para não afundar. No entanto, se você começar a nadar, no sentido de ir de um ponto ao outro e, cronometrando o tempo, então, você estará praticando natação, certo??

Nadar é uma coisa. Praticar natação é outra. 

O mesmo vale para a autoexpressão e as artes. Pois se autoexpressar, por exemplo, apenas assobiando, sem ter outra finalidade, não é o mesmo que cantar ou compor uma música. Definir a arte apenas como autoexpressão, portanto, seria o mesmo que definir o ato de nadar, sem estabelecer regras ou critérios, como prática de natação.

Sem falar que, a natação exige esforço, foco e superação, enquanto que nadar, a priori, não exige nada disso. Portanto, a autoexpressão sem ser elaborada, orientada e avaliada, não pode ser considerada arte, pelo menos em um sentido que vai além de um autoentretenimento lúdico. Por isso que, a atual relativização artística, pela hegemonia da ideologia pós moderna na alta cultura, em que a qualidade de uma obra é determinada por popularidade ou lucratividade, mas também se corresponde com o princípio relativista que determina essa ideologia, de originalidade, radical a uma estética mais tradicional, é uma distorção venenosa do que mais importa para as artes, o talento genuíno.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Uma lista de efeitos colaterais

1. Criticar "erros" de gramática ou ortografia durante um debate em ambiente virtual, ainda mais sem qualquer necessidade lógica que justifique, nunca é um argumento;


II. A ciência não se limita às universidades e/ou à busca pelo conhecimento, por também ser estritamente necessária na produção e prática de conhecimentos técnicos, do artesanato (intersecção com as artes), como o crochê, à tecnologia, como a internet...


A ciência não é o conhecimento em si mas o meio ou a técnica para buscá-lo ou produzi-lo;  


2+1. A "culpa' pelo subdesenvolvimento socioeconômico de países, como os da África subsaariana,...


... não é apenas do colonialismo de países atualmente desenvolvidos, como as metrópoles coloniais de outrora da Europa Ocidental, mas também e, principalmente, de suas próprias "elites" corruptas e de suas populações com, em média, baixo potencial cognitivo...


Na verdade, é prejudicial aos mesmos culpar apenas seus antigos "colonizadores".


Por isso que, não adianta tentar reparar os males causados pelo colonialismo mandando dinheiro para os países mais pobres, se muito provavelmente será usado pelas "elites" locais em prol de si mesmas;


2+1+1: Europeus colonizaram parcialmente as Américas, especialmente a do norte, significativamente a Oceania, mas não colonizaram a África* e a Ásia, pois não as povoaram com os seus "efetivos". 


* apenas algumas áreas.


Colonização não é o mesmo que ocupação;


IIII. Crente: "A quem os ateus chamam em um momento de desespero??" (Implicitamente, ele mesmo responde: "eu sempre peço ajuda a Deus") 


Eu, ateu: "Só uma criança chamaria pelo pai em um momento desses"; 


5. Sobre crenças terrenas e metafísicas e a megalomania em comum:


A crença megalomaníaca de se acreditar que é "o filho do criador do universo e que viverá para sempre, isto é, que é invencível" e a humildade de considerar como verdades muito prováveis a inexistência de um "criador" (humano??) do "mundo" e a finitude da vida.


A mesma megalomania de se acreditar que, aqueles que "pertencem' a uma classe social mais baixa são absolutamente "inferiores" aos das outras classes e a humildade de considerar como uma verdade simples e indiscutível a igualdade, em essência, de todos os seres humanos e vivos, de aceitar que é essencialmente igual, mesmo às espécies mais microscópicas e/ou primitivas;


VI. As pessoas não ajudam os outros por causa de alguma crença em seres imaginários, como Deus, mas porque reconhecem, se mais ou menos conscientes, ou se momentaneamente, a igualdade essencial de todo ser humano (e que se estende a todo ser vivo). 


A maioria dos autodeclarados religiosos, pra variar, nada fazem para ajudar o próximo. Pior, se ainda votam em políticos que dificultam suas vidas e as dos outros;


VI,1: O especismo nosso de cada dia:


"Tragédia acontecendo em qualquer lugar do mundo: uma tsunami, uma enxurrada, uma nevasca..."


Grande preocupação com vidas humanas e pouca ou nenhuma com vidas não-humanas;


-1+8. Um problema da polarização ideológica também é o dualismo induzido de extremos: 


Ser ou não ser, 


Ser 8 ou 80,


Ser bom (a ponto de ser um trouxa) ou não ser (ou ser o mais egoísta e cruel possível)??


Ser totalmente "livre" ( no sentido de inconsequente e impulsivo) ou não ser (e ser muito obediente e autocontrolado)??


Escolher um extremo ou outro?? 


Eis a questão...;


2.3+2. A polarização ideológica é mais uma demonstração de que a maioria dos seres humanos é fácil e até profundamente doutrinável;


3+3+3. Hitler foi um amador em termos estratégicos. Pois se ele fosse mais racional, jamais teria perseguido minorias, como os judeus, pelo menos da maneira como fez.


Teria combatido indivíduos desagregadores (psicopatas, sociopatas e narcisistas) ao invés de colocar toda culpa em um só povo.


Teria fomentado respeito e admiração ao redor do mundo, além da Alemanha, e não apenas entre conservadores. Teria conquistado até seus opositores mais ferrenhos. Porque teria avançado com políticas "humanistas", ao invés de fazer o oposto. Até poderia fomentar a ideologia do "orgulho branco". Mas também reconheceria a importância das outras raças assim como os males cometidos ao longo da história por todos os grupos humanos, incluindo os brancos. Enfim, induziria uma ideologia racial baseada em conhecimento e empatia e não no ódio irracional.


Ao invés de uma ideologia de "raça superior", uma "política superior "...


Combateria, de fato, o capitalismo e outras tiranias de todos os tipos, inclusive as autodeclaradas socialistas.


Jamais teria iniciado uma guerra com a União Soviética. E se não tivesse escolha buscaria transformar em aliados todos os povos eslavos e, inclusive os não-eslavos, que viviam nos países ocupados, como os judeus, para ajudar os alemães a combater o "inimigo vermelho".


Jamais teria iniciado uma guerra no front ocidental, pois saberia que, para ter ampla vantagem e chance de vencer uma guerra, ainda mais em duas frentes, seu país deveria estar muito bem preparado, o que não era o caso. Mesmo assim, ele saberia que, apelar para um conflito bélico só seria inevitável quando todas as tentativas diplomáticas fossem exauridas. 


Hitler foi um excelente orador, mas por contrapartida, foi um artista e um intelectual medíocre e megalomaníaco... 


Os nazistas perderam a guerra que provocaram porque seu modo de pensar era extremamente ideológico ou excessivamente binário, que resultou em toda crueldade e hipocrisia envolvidas e amplamente praticadas;


3+3+3+0,1: Os nazistas não estavam totalmente errados sobre os judeus. Estavam/estão mais certos do que as narrativas pró-semitas, excessivamente simpáticas ao "povo escolhido", porque é mais factual que um povo qualquer, ou indivíduos do mesmo, tenha cometido e continue a cometer crueldades, do que, durante toda sua história, sempre ter sido inocente ou vítima, tal como pregam essas narrativas e que ainda acusam qualquer crítica aos judeus, como um povo, como antissemitismo...



X. Relativistas teóricos: 


"A verdade é relativa" ;


"A moralidade é relativa"


Os mesmos relativistas teóricos: 


"Vacinas salvam vidas!!! Anti-vacinas são uns mentirosos!!!" 


(A verdade é SEMPRE relativa??)


"Racismo é um crime imperdoável!!!" 


(A moralidade é SEMPRE relativa??)


Eleven: Eu acredito que sou bastante cético e contestador. 


Não, não acho que seja um excesso de adjetivos porque não têm o mesmo significado, se o primeiro seria um tipo de contestador passivo e o segundo um tipo de cético ativo, a diferença entre duvidar e criticar;


Meia dúzia + meia dúzia =  "economismo"


O economismo é uma pseudociência/fraude relacionada à economia,  que se baseia em argumentos sofisticados para justificar o parasitismo social, isto é, para defender práticas econômicas equivocadas, geralmente de natureza capitalista, similar à qualquer pseudociência na área da medicina que promove tratamentos "alternativos' sem nenhuma eficácia cientificamente comprovada. Mas, a comparação mais adequada aqui seria com o movimento anti-vacinas porque, ao invés de ser tal como a homeopatia, que não faz bem ou mal, o economismo faz mal à sociedade por justificar e defender por modelos que são ecológica e socialmente problemáticos, mas "vendendo-os" como o melhor "tratamento";


(1)+(3) = A esquerda, especialmente a identitário-burguesa, prega a auto-indulgência aos seus grupos "super protegidos": minorias e maiorias historicamente "oprimidas' e/ou socialmente marginalizadas. Já a direita, especialmente a cultural, prega pela mesma auto-indulgência mas aos seus próprios grupos "super-protegidos": minorias e maiorias histórica e/ou socialmente empoderadas//opressoras...


28/2: Rapidinho sobre o ateu toddynho


a) Ele é mais anti-cristão que ateu


b) Ele é mais identitário que coerente;


QUINZE: A Jamaica se tornou um dos países mais violentos do mundo, diga-se, com índices altos de criminalidade organizada e que tem sido reportada oficialmente. Mas mesmo que essa situação seja o resultado de diversos fatores, é inevitável não pensar na possibilidade de que a população jamaicana apresente uma desproporção de indivíduos, especialmente do sexo masculino, com tendências intrínsecas ou biológicas para comportamentos anti-sociais, ou que tenha acontecido uma seleção positiva por esse tipo, a partir de uma fertilidade diferencial, tal como também parece acontecer nas periferias brasileiras, só que em escala nacional... Afinal, não faz sentido que apenas fatores externos que induzam tantos homens à violência e não ao diálogo;



4.4: Sobre a mitologia capitalista 


Geralmente, a definição de riqueza tende a ser arbitrária, porque acontece a partir da valoração de algo por um grupo específico com base em seus próprios valores ou crenças e não necessariamente pelo seu valor mais intrínseco. Pois se assim fosse, vida e água seriam nossas maiores riquezas. Aliás, na realidade mesmo, elas são.


Mas algumas definições são ainda mais arbitrárias que outras. O dinheiro, por exemplo. Já que, por ser um símbolo abstrato, seu valor pode ser inflado quase infinitamente, que em muito contribui para aumentar as desigualdades sociais a níveis ainda mais absurdos. 


Então, como conclusão bem realista, não existe 1, 100, 100.000, 1.000.000 e muito menos 1.000.000.000 de reais, dólares estadunidenses ou pesos argentinos... tudo não passa, grosseiramente falando, de uma fantasia que deveria ou poderia ter uma finalidade conclusivamente pragmática, de facilitar trocas financeiras superlativas. Mas serve especialmente para gerar desigualdades extremas de renda e patrimônio;


1(7): How "elite" (the best people for doing specific stuff) are: sportists, artists and politicians?? 


In a 0 to 10 scale


Sportists: 9,5; artists (currently and being generous): 5; politicians (being very generous): 3;


20, 19, ... : A vida complexa é como uma colônia variavelmente ambulante de vidas simples;


39 - 20: Ainda sobre a falácia de que "apenas o esforço nos estudos que basta para passar em provas de concurso ou no vestibular".


Basta estudar para as matérias que são solicitadas. Sim... Mas, geralmente, são muitas as matérias que são pedidas, sem haver uma maior precisão de quais delas que realmente cairão na prova. Pois esse procedimento habitual mostra que não basta apenas se esforçar nos estudos, se não tiver uma ótima capacidade de memorização, porque será inútil. E se fossem detalhadas quais matérias que cairiam, ainda seria possível argumentar que apenas ou principalmente o esforço empregado nos estudos que importa para passar numa prova, mesmo que fosse falacioso de qualquer modo;


Venti: Quando se fala que uma situação, fenômeno ou comportamento tem causa multifatorial, não significa que não existe uma hierarquia de influência ou importância entre os fatores envolvidos. Por exemplo, a pobreza. Pois, apesar de ser multifatorial, alguns fatores são mais relevantes que outros para explicá-la. De maneira geral, o nível de pobreza é o resultado de como que uma sociedade tem sido gerida, um problema coletivo e estrutural. Mas, características individuais intrínsecas, como a inteligência e o autocontrole, também são muito relevantes para explicar especialmente contextos específicos;


Ventuno (21): Nenhuma opinião é apenas uma opinião, pois diz mais sobre a pessoa que a expressa, o que pensa, acredita ou é, do que ser um pensamento distante de sua identidade e realidade...


Vinte e two: "em que besteira(s) você já acreditou por não estar criticamente atento??" 


Que santos choram, dinheiro tem sentimentos e bebês são como folhas de papel em branco.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Sobre o problema do anacronismo histórico

 Mais uma vez...


O que é mais importante, a palavra ou o que ela representa?? 

O conservadorismo só surgiu quando o seu conceito foi estabelecido no início do século XIX?? A misoginia só começou a existir quando essa palavra foi inventada??? 

Claro que não!! 

O conservadorismo, especialmente sob a forma de patriarcado tradicional, heteronormativo e classista, existe desde os primórdios da civilização. Em termos ainda mais essenciais, o conservadorismo é qualquer ideologia ou cultura que, de maneira mais sistemática ou localizada, impõe algum tipo de exclusão injusta ou opressão a grupos e, portanto, indivíduos. 

Injustiça ou prática da mentira e conservadorismo são quase sinônimos. 

Já a misoginia, como um pensamento em que toda mulher é considerada inferior, intelectual e moralmente, e indigna de gozar de direitos iguais ou similares aos dos homens, também existe desde há muito tempo. 

Esse tipo de anacronismo não é histórico e sim semântico, mas nem por isso mais importante. 

Portanto, não há anacronismo histórico em falar sobre misoginia ou conservadorismo, os exemplos usados, em relação a períodos anteriores à invenção oficial dos seus conceitos. 

Além de justificar práticas claramente cruéis e/ou baseadas em ignorância, essa maneira de aplicar o anacronismo histórico ainda apaga da história a existência de indivíduos e grupos que eram contrários às tais práticas, especialmente se não lhes fosse permitido expressar. 

É literalmente o mesmo que contar apenas a versão dos "vencedores" ou opressores. 

Pois imagine se um historiador, 200 anos no futuro, resolvesse analisar os valores dominantes em nossa era capitalista ou, então, sociedades autoritárias, como a Arábia Saudita de hoje em dia, ainda mais se tivessem predominado narrativas e discursos dos que detêm o poder político e econômico atualmente?? 

Um exemplo em que ocorre um verdadeiro anacronismo histórico é o uso do termo capitalismo para se referir a sistemas socioeconômicos da antiguidade, ainda que existam semelhanças importantes entre eles. Porque mesmo apresentando semelhanças, sistemas anteriores, como o feudalismo  e o mercantilismo, não eram centralizados no capital e as "elites" dominantes ainda não eram de burgueses .

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Como começar a refutar relativismos extremos...

 .... que condenam a própria ideia de que exista uma objetividade??


Começando pela exposição de determinismos OU verdades (percebidas) extremamente básicas, como a existência da vida neste planeta, nossa e das outras incontáveis espécies; de nossa finitude ou morte; dos elementos que compõem este planeta, enfim, de mostrar verdades que estão além de nossa percepção subjetiva, inclusive, nós mesmos ou nossas realidades enquanto existências percebidas de maneira mais panorâmica e imparcial. Pois se parece fácil afirmar que não há qualquer objetividade a partir das percepções sensoriais, por exemplo, por suas diferenças individuais e por espécie, parece impossível honestamente negá-la ao enfatizarmos essas verdades tão evidentes e auto-deterministas (aqui particularmente independente à discussão se há continuação da vida após à morte). 

E sempre ressaltando que não há uma dicotomia absoluta entre afirmar que a verdade é subjetiva e/ou relativa e também objetiva, se cada qual cabe uma perspectiva de observação e percepção, se a verdade não é um conceito e uma realidade unidimensional. 

Uma possível causa para os relativismos, de esquerda, da verdade e da moralidade: a classe social predominante dos "intelectuais' que os desenvolveram...

 ... e das gerações subsequentes de "intelectuais' que os defenderam/defendem


Se você for classe média alta ou rico, do tipo que passa férias em Paris, que não tem que lidar com o grosso da humanidade diariamente, se está seguro em seu ciclo social exclusivo, em seu bairro de "elite", em sua escola particular, dentro do seu carro de luxo, sem ter que trabalhar exaustivamente para ganhar pouco ou em risco de ser assaltado ou morto por bandidos "de periferia", então, você pode se dar ao luxo de se sentir acima do bem e do mal, do certo e do errado, da verdade e da moralidade, supostamente, é claro. Você também pode demonizar apenas os brancos burgueses e idealizar pretos e pardos pobres. Essa maneira de pensar pode lhe cair perfeitamente e atender suas conveniências pessoais.

O mesmo padrão para o relativismo cultural  defendido por "intelectuais' pós-modernos já que é muito cômodo defendê-lo quando se é um ocidental de classe média alta e não uma mulher muçulmana que mora em uma comunidade rural, sujeita à toda sorte de abuso em nome do islamismo.

Mas não apenas isso, porque uma disposição para o pensamento abstrato, geralmente relacionado com maior escolaridade, QI, especialmente o verbal e renda, também é provável de ser uma outra causa. 

Uma incapacidade de discernir o cenário pessoal de um cenário mais holístico, extrapolando-o ao segundo, que é uma manifestação típica de padrão irracional de pensamento, é o que estaria implícito à relativização da moralidade e da verdade a partir de uma condição socioeconômica privilegiada, isto é, de abstratizar a realidade humana em demasia até por não precisar lidar pessoalmente com os seus aspectos mais problemáticos.

Tipo de personalidade e estilo cognitivo também são fatores importantes que explicam preferências político-ideológicas. Mas a posição social que se encontra e, dependendo da capacidade racional, também pode contribuir com a geração de pensamentos e ideias que refletem auto-projeção de contextos pessoais a contextos mais holísticos, disfarçados como observações ou teorizações imparciais.

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Basicamente, a relativização cultural//moral justifica práticas cruéis

Enfatizando o que já falei em outros textos...


A partir da narrativa de relativização cultural justifica-se, por exemplo: a proibição da transfusão de sangue entre testemunhas de Jeová, que coloca em risco de morte membros desta seita que mais precisam disso; a retirada dos clitóris de meninas africanas em algumas comunidades muçulmanas, para que não sintam prazer durante o ato sexual; a escravidão; os "sacrifícios" humanos; os rituais cruéis de abates de animais não-humanos, como o Kosher e o Hallal...

Essas "práticas" são criminosas ou cruéis também por serem completamente desnecessárias, extremas, insensatas e injustas, justificadas por mentiras ou falácias: "Deus não permite a transfusão"; "mulheres não podem sentir prazer no ato sexual"; "grupo X, por ser absolutamente inferior, deve ser escravizado"...

quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Sobre opiniões e opiniões no mundo das artes. Exemplo: Legião Urbana/Renato Russo

 Quando é apenas uma opinião...


Faz um tempo atrás que me deparei com um texto-resposta no Quora escrito por um usuário do site, estereotipicamente nerd: branco e de óculos, não apenas criticando, mas também tentando destruir a reputação artística da banda Legião Urbana e, consequentemente, de seu vocalista e líder, Renato Russo, afirmando, como se fosse um fato, que as composições do Legião são (todas??) chatas, "depressivas", com letras ruins e que a banda tem sido superestimada pela mídia. Pois esse é um caso em que é possível afirmar que se trata apenas de uma opinião, porque se consiste em uma análise tendenciosa: distorcida ou exagerada de um tópico e não de uma análise imparcial ou justa que visa se aproximar da verdade.

Segundo que, não gostar das músicas do Legião Urbana é sempre uma questão de diferença de gosto, porque, por uma análise imparcial sobre sua qualidade, é praticamente impossível concluir que seja uma banda ruim, tal como eu li na resposta do Quora que, diga-se, recebeu vários "likes". Ainda é possível concluir que apresenta uma variedade qualitativa de músicas, algumas bem razoáveis. Mas, as mais conhecidas são, sem dúvidas, excepcionais tanto na composição quanto na melodia. Pois aquele que julga "Faroeste Caboclo" ou "Eduardo e Mônica", por exemplo, como composições de baixa qualidade só pode estar delirando. Mas parece que foi exatamente isso que quis dizer o nerd caolho em sua resposta. 

Portanto, nem mesmo no mundo das artes, o relativismo de opinião consegue, de maneira objetiva, se firmar como a melhor abordagem. Afinal, uma banda com um legado de músicas belíssimas e/ou inteligentes é impossível de ser criticada sem que se aceite que não passa de uma opinião baseada em gosto pessoal.

domingo, 31 de julho de 2022

Mais pensamentos sobre o problema da relativização de opinião

 De um debate no Quora sobre opinião a partir de uma pergunta que eu fiz: ''Por que é tão comum de se pensar que tolerar opiniões equivocadas é racional e civilizado?''


"Nenhum ser humano tem o direito de ser arrogante ou intolerante com pessoas que, de acordo com o julgamento dele, possuem opiniões menos embasadas... Ninguém tem o direito de ser intolerante, porque não existe opinião absolutamente certa" 


Na maioria das vezes é necessário ser ríspido se uma opinião nunca é apenas um pensamento, porque costuma se traduzir em comportamentos baseados em opiniões. Além do mais, isso é o mesmo que alimentar a imaturidade alheia e de si mesmo, porque a verdadeira humildade intelectual não é tolerar opiniões erradas, injustas ou perigosas, e arrogantes, mas de respeitar a verdade. Pode ser que não exista uma opinião "100% certa", mas existe opinião "100% errada" e sim, pessoas mais sensatas (específica ou geralmente) têm esse direito, ou melhor, esse dever e não é nenhum pouco sensato achar que se deva tolerá-las, porque é graças à essa tolerância que acontece tanta coisa errada…

"Porque não existe opinião absolutamente certa"

Ok, deixar uma criança muito doente, porque segundo a crença religiosa fundamentalista dos seus pais, ela pode ser curada pelo poder da oração, é uma opinião 100% errada e, pensar o contrário disso, de que essa criança tem que receber um tratamento adequado, é uma opinião 100% certa. Me baseei no caso de uma menina com diabetes tipo 1 que vivia na Flórida e faleceu de complicações dessa doença depois que seus pais, de fundamentalistas religiosos, não permitiram que ela fosse tratada pela medicina moderna, por causa de suas crenças. 

quarta-feira, 1 de junho de 2022

A filosofia precisa ser primariamente essencialista e não relativista

 Dizer que a verdade é relativa ou subjetiva é como dizer que a água é molhada. É uma obviedade redundante. Porém é preciso compreender que a verdade também é objetiva e que uma perspectiva não cancela a possibilidade das outras se estamos falando de diferentes perspectivas e não de uma única dimensão. Pois a filosofia, especialmente a "moderna", parece que tem abraçado o relativismo crítico-analítico, acreditando que a verdade não pode ser objetiva ou que exista uma dicotomia entre essas perspectivas: a de si mesmo ou subjetiva, a de si em relação a um outro sujeito-objeto de comparação, ou relativa, e também a perspectiva do próprio objeto*, ou objetiva. E se a realidade se divide por perspectivas, além dessas, também existe a perspectiva da ou pela essência, não apenas de si por si mesmo, de si em relação à um outro sujeito-objeto ou de um outro sujeito-objeto, mas o que está além e universal a todos esses ângulos de comparação e é por ela que a filosofia precisa se basear. 


* objeto que, inclusive, pode ser a si mesmo, mas analisado de maneira objetiva ou imparcial, ao invés de ser baseado no que sente sobre si ou subjetivamente. Por exemplo, de eu me sentir mais atraente e de como que, por uma comparação objetiva e relativa, os outros, métodos e indivíduos me qualificam, mesmo se há certa correspondência entre a minha auto-impressão e as dos outros, sem necessariamente ter que haver uma exclusão definitiva de uma delas.

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Blefe e equívocos do relativismo moral


Blefe e equívocos do relativismo moral

Alguns (ou muitos dos) autodeclarados racionais, gostam de dizer que a justiça social é utópica no sentido de impraticável e irrealista, por não ser baseada em fatos e sim em sentimentos. No entanto, primeiro, é preciso diferenciar uma análise descritiva de fatos, neste caso, históricos, de uma análise moral comparativa dos mesmos. Segundo, também é preciso compreender que, nenhuma análise factual é completa sem que tenha a presença dos nossos sentimentos, pois são estes que usamos para avaliar os elementos e as intempéries da realidade. A análise factual, geralmente acontece de modo distanciado aos elementos que estão sendo observados. Pois é sempre importante nos colocarmos, nos contextualizarmos próximos às circunstâncias, situações ou acontecimentos para que também possamos julgá-los, em primeira pessoa, com base em uma simulação realista, que é como se expressa uma análise moral. Não basta apenas compilar fatos, como as ações humanas, mas também julgá-los, por suas qualidades ou, um termo-chave neste pequeno texto, por seus níveis de Imprescindibilidade. Observamos e analisamos  certa realidade, buscando entendê-la, e então, julgamos ou reagimos à ela [interagindo em primeira pessoa]. Por exemplo, com os meus sentidos, eu consigo detectar a existência de uma rosa em um jardim. Então, eu reajo estética ou emocionalmente à ela. Da primeira reação, eu posso estender o meu raciocínio e ponderar a melhor atitude a ter sobre ela. Se eu a deixo ali mesmo, se chego perto e busco extrair um pouco do seu sabor pelo cheiro, se a levo pra casa, se piso em cima dela, do porquê de fazê-lo, se é imprescindível ou inevitável, ou facultativo...

É imprescindível ou inevitável levar esta rosa pra minha casa?
É imprescindível ou inevitável pisar nela?
É imprescindível, inevitável ou facultativo chegar perto para cheirá-la?

Se não há nada de detectavelmente imediato ameaçando a bela existência desta rosa [ou a minha em relação à ela], então a melhor resposta de ação das três possibilidades acima é a de, ao menos, chegar perto para ver se tem um aroma gostoso.

Agora, um exemplo histórico: a escravidão africana nas Américas. A priori, é possível compilar uma boa quantidade de detalhes de como aconteceu, por que, onde, quando, para quem.. A partir daí, é inevitável a julgarmos moralmente. Primeiro, analisamos distanciados. Depois, nos colocamos nos lugares dos envolvidos neste longo e miserável evento da história humana para ponderarmos ações, necessidades ou possibilidades, e primeiramente fazemos as questões mais importantes: "a escravidão foi realmente imprescindível ou inescapável?? Não existia outra alternativa??". A resposta, sabemos.

Relativistas morais, supostamente, param na análise técnica ou factual e banalizam a ação moral criando esta falsa dicotomia absoluta entre fatos e sentimentos.. diga-se, sentimentos de sensibilidade altruísta. Não fazem isso por serem mais sábios ou detentores racionais da verdade, mas porque apenas projetam suas personalidades ou estratégias reativas/adaptativas [egoístas], tratando-as como se fossem reflexos perfeitos da realidade, especialmente em relação à sua perspectiva existencial ou moral.

''O que eu sinto é a verdade e/ou o mais certo... mesmo sem eu ter raciocinado mais profundamente sobre isso''

E, na verdade, eles também reagem sentimentalmente aos fatos, como é esperado do comportamento básico do ser humano. Só que, como só pensam ou se preocupam consigo mesmos, então, acabam por analisar essas situações que exigem empatia afetiva, de maneira pobre e tendenciosa. Daqui a pouco em sua leitura, mostrarei que suas análises morais se consistem em um blefe.

Altruístas irreflexivos ou irracionais, também costumam agir de maneira instintiva, pela projeção de suas personalidades e, portanto, crenças e opiniões pessoais, tratando-as como se fossem verdades absolutas, não apenas subjetivas, e, resultando na idealização ideológica, quando criam concepções distorcidas da realidade, sem antes tê-la analisado quanto aos seus fatos mais elementares e perspectivas, isto é, tentando encaixar o modelo ideologicamente idealizado [aquilo que gostariam que fosse], como vínculo enraizado de suas personalidades a um sistema ideológico, em cima das dimensões da realidade enfatizada.. O principal critério da moralidade é a imprescindibilidade, se certa ação ao outro, bem como também a si mesmo, é absolutamente necessária ou se existem outras possibilidades, melhores. Aliás, tudo sobre moralidade é sobre o melhor possível em termos de sobrevivência, isto é, de preservação da vida, e das vidas, com a expansão da consciência ou compreensão existencial do mundo.

Percebam, novamente que, o que denominamos de certo e errado, na verdade, pela moralidade humana [de autoconsciência, ou compreensão expandida], se consiste no grau de imprescindibilidade de ações e condutas a partir de um rol de possibilidades.

A crueldade é imprescindível para que possamos sobreviver ou para viver a vida como se deve??

Pela racionalidade, sabemos que não, porque por ela podemos ponderar o máximo de possibilidades cabíveis a partir da análise factual e moral, e então escolher pela melhor para cada situação.

 Pela falácia animalista, de se acreditar que o ser humano deva ser inteiramente anexado às outras espécies não-humanas em termos de comportamento, conclui-se que a escravidão, por exemplo, não é nem moralmente correta ou errada, caindo no julgo do relativismo.

Mas, se inflige dor ou prazer, então não é moralmente "relativa".

Além do mais, sugerir que nossos níveis de discernimento moral [potencial] sejam iguais aos dos outros seres vivos é o mesmo que dizer que nossas habilidades aquáticas também são iguais às dos peixes.

O blefe do relativista moral

O relativista moral é um mentiroso crônico, especialmente quando é questionado se gostaria de sentir dor ou sofrimento ou de ser injustiçado por outras pessoas [ou seres vivos]. Quando é perguntado sobre o que prefere que os outros façam para ou com ele, em termos morais, o seu relativismo desaparece sem deixar rastro.  Seu sadismo natural não se expande para um sadomasoquismo. A explicação para o porquê de se agir parasítica ou predatoriamente, está contida no próprio ato, que, no reino animal não-humano, é ''apenas' um tipo de adaptação e que se refere à probabilidade de comportamentos. Mas, eles não têm escolha, pois são produtos replicantes e estereotípicos dos eventos seletivos que os forjaram. Supostamente, os humanos com essa ênfase intrínseca de comportamentos também não têm controle [OU] discernimento das consequências de seus atos. A diferença é o uso da linguagem para manipular /neutralizar o verdadeiro significado de suas intenções. Portanto, humanos cruéis e egoístas relativizam a moralidade tratando-a como equivocada ou ilusória apenas quando se referem aos outros, porque quando é sobre si mesmos, jamais aceitam que sofram as mesmas ações insensíveis que praticam, e isso é um blefe ou mentira, e não uma iluminação filosófica por uma perspectiva mais sombria [''e racional''].