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sexta-feira, 21 de outubro de 2016
Ninguém nasce criativo mas nasce hiper perceptivo (o conceito de perceptividade)... E a regressão à média... Os mais criativos tendem a nascer mais (hiper) perceptivos do que os seus pais?
Fonte: cognitiva.tripod.com
A criatividade como eu já devo ter comentado se consiste em seu "conceito/ação" na "criação" de "produtos" inovadores e de qualidade ou que forem percebidos como tal. No entanto a partir disso fica complicado sugerirmos que algumas pessoas nasçam mais criativas do que outras porque afinal de contas ninguém nasce criando ou passa a fazê-lo em idade extremamente precoce. Então eu pensei em um conceito que antecede a criatividade, em um ''pré conceito'', literalmente falando, que não se consiste necessariamente na criação de produtos inovadores e qualitativamente superiores mas nas condições psico-cognitivas (e mais explicitamente, cognitivas) que antecedem, que são críticas ou causais à criatividade. Uma maior percepção antecede a criatividade assim como também a inteligência e a sabedoria.
A perceptividade se consiste na capacidade de percepção e a mesma se baseia, se principia pelo reconhecimento de padrões, se é pela lógica que delineia a nossa realidade. Quem percebe mais padrões é mais provável de "conectar os pontos", mesmo os mais mutualmente remotos, com maior frequência do que aqueles que são menos perceptivos.
Portanto a perceptividade se consiste na pré-criatividade, isto é, nas condições anteriores e necessárias para que a criatividade possa se manifestar. Ninguém nasce criativo, mas pode nascer hiper-perceptivo e de acordo com que o cérebro vai amadurecendo, é provável que esta capacidade perceptiva afiada termine por desembocar na criatividade.
Transtorno mental e criatividade...ou perceptividade??
Se a criatividade é ou parece ser mais um produto/efeito do que uma causa então a meu ver, é a hiper perceptividade, localizada ou generalizada, constante ou inconstante, que mais se relacionará com os transtornos mentais em especial quando o cérebro não for capaz de acompanhar a quantidade de informações que consome produzindo muitos se não a totalidade dos transtornos mentais.
Quem percebe demais, em especial se forem padrões inexistentes, é muito mais provável de "desenvolver" esquizofrenia do que quem for mais hipo perceptivo.
Faz até muito mais sentido que quem percebe muito será mais propenso a desenvolver sequelas psicossomáticas ou mesmo que sua hiper perceptividade se consista no efeito de uma desordem anterior, mais intrínseca ou de base genética, do que correlacionarmos ''criatividade'' com as mesmas, porque afinal de contas, quem cria/inventa/descobre mais, é mais propenso a desenvolver ou a ter desordens, OU, quem percebe mais*
Portanto a hiper perceptividade (ou conceito-causa para a criatividade, que se consistiria por sua vez em um conceito-efeito) pode ser o efeito ou a causa de uma desordem e eu acredito que aquele que percebe mais, sem ter como causa direta uma des-ordem, será mais propenso a se tornar criativo do que aquele que já nasce com uma des-ordem... o equivalente a dizer que quando a desordem vem primeiro que o potencial ou janela criativa, então ficará mais difícil criar, enquanto que quando a desordem aparece como fator psicossomático de risco, então a janela criativa será, a priore, logicamente falando, mais significativa.
Personalidade endógena como fator psicológico da "criatividade e gênio", perceptividade como fator cognitivo
Personalidade endógena: é a personalidade de quem é intra-orientado: com orientação interna, internamente dirigida ou motivada; aquele que usa os modos internos de pensamento, as avaliações internas; Aquele que é um alto grau autônomo, auto-suficiente; aquele que é relativamente indiferente às pressões sociais, influências e incentivos.
Em resumo, a personalidade endógena, definida por Bruce Charlton e Edward Dutton, que eu já refutei em um texto anterior, parece se consistir no ''aspecto psicológico'' para a fomentação da criatividade e concomitantemente/possivelmente do gênio.
E para o aspecto cognitivo eu pensei, ao invés da ''inteligência'', termo multifacetado e fluido, na perceptividade, como o conceito-mãe, muito mais objetivo, entre o ''fator g''/reconhecimento de padrões e os termos que se ramificam a partir dele, isto é, ''inteligência'', criatividade e sabedoria.
Inteligência, sabedoria e criatividade como conceitos-ação, conceitos-efeito ou conceitos-produto e perceptividade como o pré--conceito-ação, conceito-causa ou conceito-descrição--mor.
O reconhecimento de padrões leva à perceptividade que se desemboca nas muitas e válidas manifestações de inteligência, e que mais especificamente, pode se ramificar ainda na criatividade e/ou na sabedoria.
A perceptividade factualmente correta geralmente nos faz julgadores minimamente corretos da realidade, que apresenta muitas perspectivas, isto é, resultando na ''inteligência''.
A perceptividade factual-divergentemente correta nos levará para a criatividade.
E a perceptividade factual-moralmente correta nos levará para a sabedoria.
No entanto é sempre bom lembrar que a criatividade, mais do que apenas uma parte da inteligência, mais parece consistir na verdadeira inteligência, em específico os tipos de ''criatividade'' ou seria melhor, perceptividade, que estiverem mais atrelados à prioridades existenciais e/ou evolucionistas. No mais, basta constatarmos que tudo aquilo que ''o'' ser humano tem foi criado pelos tipos mais criativos, expandindo a zona de segurança (e ao mesmo tempo criando novos desafios, inclusive os que reduzem a neo-segurança pretendida ou conquistada), estes desbravadores criativos, desde a borracha de um lápis, passando pela filosofia, pelas artes, e chegando até a tecnologia e ciência.
Aquilo que identificamos como inteligente na verdade mais se consistiria em um sustentador ou mantenedor das múltiplas invenções dos tipos criativos, mais como um agregador de técnicas criadas pelos tipos mais criativos, dando significado, razão para serem usadas, ainda que como eu já falei antes, e pretendo comentar mais, muitas invenções parecem ser demasiadamente supérfluas.
O inteligente, tal como tem sido entendido, especialmente a partir de um viés escolástico/tecnocrático, seria o tipo mais cristalizado, enquanto que o criativo seria mais fluido em seu estilo ou dominância cognitiva.
Regressão à média e exceção à regra
Eu sou mais ''inteligente' que os meus pais*
Muito provavelmente não.
Mas não restam dúvidas, especialmente pra mim, de que eu seja mais ''criativo'' que eles, ou seria melhor, mais perceptivo. Eu percebo mais e melhor que eles, em relação a uma série de assuntos, especialmente nos assuntos que me são de maior interesse. Isso é inteligência**
Talvez, em seus aspectos mais puros, talvez sim, mas não vivemos em ambientes puramente inteligentes, mas repetitivos, convergentes e estabilizáveis, isto é, a vida tecnocraticamente mundana, e nesses aspectos eles estão muito melhores do que eu.
Nascer mais perceptivo que os pais parece ser uma tendência comum entre os hiper-perceptivos ou mais criativos.
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