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quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Conservatores

Conserva atores 
Conserva a atuação 
Conserva dores
Sem discriminação 
Sem sutileza
Com um bom deus no coração 
Atua pensando ser real 
Despreze a filosofia 
Chame a arte de engana dor 
Me chame de farsante 
Se inflame e no barbante
Arrebente e sem se arrepender
Pendure lá no alto do prédio
E construa o mundo que não é seu 
E tenha orgulho do papel de trouxa que recebeu
Trabalhe e quem sabe se libertará
Em seu limbo cravado nos genes
É intrínseco, difícil curar
Conserva sem pesar 
Generaliza sem piscar
Olhos fixos no mundo de papel
Que não é seu 
Enxuga e seque-o no varal
Cante músicas simples vindas do coração 
Embaçado a sua visão 
De quem entende o mundo pela metade
Igrejas de uma certeza
Monstros de mares bravos
Da incerteza, de pecados
A idade média passou
Mas continua nela
Como um museu ambulante 
Não é preciso ler livros de história
Se a humanidade é obsoleta, lenta e fajuta
Não é preciso ler sobre guerras 
Se agora pouco caiu mais um morto doutro lado do mundo

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