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domingo, 1 de novembro de 2015

Somos todos iguais e somos todos diferentes, em um mundo de múltiplas perspectivas



Somos todos iguais porque:

- pertencemos a mesma espécie,
- somos seres vivos relativamente autoconscientes,
- somos seres vivos com um tempo limitado e parecido de vida,
- nenhum de nós tem qualquer certeza concreta quanto à ''proposta da vida'', o porquê de estarmos aqui, de sermos o que somos, se existe sequer um porquê...


Mediante uma macro-perspectiva, de fato, somos indistinguíveis enquanto ''destino final e misterioso'', porque estamos todos presos dentro de uma realidade da qual sabemos muito pouco e se sabemos pouco sobre a realidade então isso quer indicar que também saberemos pouco sobre nós mesmos, no máximo uma tentativa de tatearmos as nossas respectivas superfícies. 

No entanto, somos todos diferentes ( ou, não somos todos iguais) porque:

- nascemos de famílias diferentes que tem características bio-acumuladas diferentes que por sua vez reverberarão em comportamento, características físicas, saúde etc. Mesmo entre irmãos, existirão diferenças, apenas clones que poderão ser quase que completamente iguais,

- nascemos em lugares, classes social e tempo diferentes, nossas vivências serão únicas e quanto maior for a capacidade vital perceptiva (quanto à passagem do tempo) maior será esta impressão e possível realidade, aquilo que eu denominei de ''perspectivas existenciais''.

Segundo uma abordagem mental reducionista, binária, de ''ser ou não ser'', a maioria das pessoas se sentirão naturalmente impelidas a escolher entre uma dessas afirmações. Quem vê mais diferenças, ou seja, que se consiste em um particularista ou em um competidor, será mais propenso a desprezar pelas macro-similaridades e a dar grande ênfase/atenção às micro-singularidades, que o fará mais propenso a competir. De cima, vistos por um balão colorido e com desenhos festivos, somos formigas indistinguíveis com destinos e angústias em comum, conscientes ou subconscientes de nossas frágeis, efêmeras e misteriosas passagens vitais ou vidas. De perto, somos todos diferentes, porque estamos nos vendo de igual para igual, ao vivo, in loco, de longe tudo se parece e parece ser mais fácil de ser entendido (se chama ignorância), de perto tudo parecerá mais complexo e diverso. Apenas o sábio que pode encontrar semelhanças e diferenças/particularidades em cima de uma montanha metafórica, de todos os níveis entre os seres vivos e os seres humanos, mais agudamente, porque o que o diferencia em relação aos seus iguais, porém diferentes, é justamente a disposição mental para abordar o mundo a partir de múltiplas perspectivas, ou seja, de querer de fato entendê-lo, ao invés de escolher por aquilo que melhor apetece/aquece o seu coração semi-selvagem ou ser conveniente e se entregar aos caprichos de sua própria natureza (sistema mente-corpo).

Outros exemplos da ''modernidade'' (leia-se, ''domínio tecnológico'') podem ser elencados tal como a ''existência e a inexistência das raças humanas'', ''capitalismo é bom, capitalismo é ruim'', ''qi mede inteligência, qi não mede inteligência''.

''Raças humanas existem''

- porque foram taxonomicamente identificadas,
- porque suas diferenças são visíveis a olho nu, existem tal como pedras de diferentes classes, montanhas altas e baixas, tipos diferentes de plantas e de animais não-humanos,
- porque apresentam diferenças médias de comportamento, qualidades cognitivas/físicas,
- porque raça é subespécie, portanto, é completamente normal e lógico que possam existir as duas, o problema é achar que raça seja conceitualmente cambiável com espécie. Apenas ignorantes e desonestos que poderiam pensar deste jeito.

''Raças humanas não existem''

- porque existem semelhanças e diferenças entre e dentro das populações humanas,
- porque as sociedades humanas dão multi-prioridades mundanas e não apenas à raça, para inclusão social e acasalamento, como cultura ou religião e classe social (proxies para tipos de personalidade e capacidade cognitiva), e portanto, a raça também pode ser considerada como uma construção social,
- porque a acumulação de maiores montantes de quantidade de elementos também pode ser considerada como arbitrária/artificial e irreal, seria o equivalente a existência literal das fronteiras artificiais dos países.


Capitalismo é bom porque:

- gera riquezas,
- produz inovações,
- parcialmente, o capitalismo tende a ser muito mais meritocrático do que o comunismo (mas está longe de ser perfeito, muito longe).

Capitalismo é ruim porque:

- gera desigualdades sociais e pobreza,
- incentiva/cria uma cultura materialista, hedonista e pobre em sabedoria, até pior que isso porque ao invés de desprezá-la apenas, ainda será tratada como inimiga da ''alegria consumista medíocre'',
- explora o indivíduo, tratando-o como uma peça descartável, útil para servir aos interesses de uma minoria privilegiada. Portanto, se caracteriza por ser um regime semi-escravagista,
- está longe de ser meritocraticamente perfeito.


QI mede inteligência porque:

- mensura cada macro-particularidade de nossa cognição,
- se correlaciona com a grande maioria de todos os tipos de comportamentos e realizações, de maneira relativamente perfeita, como pontuar alto em testes cognitivos, conseguir um bom emprego, que é mais cognitivamente exigente.


QI não mede inteligência porque:

- inteligência é muito diversa, complexa e subjetiva,
- é positivamente tendencioso em relação a alguns tipos de inteligência, desprezando outros tipos como a inteligência emocional ou a inteligência intrapessoal (proxy para sabedoria cognitiva ou autoconhecimento).

Os 3 exemplos acima elucidam uma falha universalmente comum dentro do pensamento habitual humano, que eu identifiquei como ''a dualidade'', ou a disposição para o pensamento e posterior ação dualista, binário ou tendencioso. O ser ou não ser, mas na verdade, depende da perspectiva, porque em um campo de visualização, pode ser que seja, e em outro campo, pode ser que não seja, e ambos estarão certos. Isso ainda não significará que ao constatarmos a veracidade desta viril realidade, que passaremos a evitar a escolha, porque sempre será necessária, por causa de sua natureza gutural, essencial. Estamos sempre escolhendo e evitar de fazê-lo significará a inércia. O pensamento verdadeiramente completo, que resplandecerá/expressará com grande requinte de detalhes todo o quebra cabeças que estiver sendo observado/estudado, precisa aceitar a construção/existência de mais de uma perspectiva, evitando o reducionismo lógico que é o costume dentro do mundo científico, ainda que bastante eficaz e (capitalisticamente) eficiente.

Qi mede inteligência, mas nem tanto, o capitalismo é bom, mas nem tanto, as raças humanas existem, mas nem tanto. Este tipo de binarismo, representado pelas discussões exemplificadas acima, é artificial, arbitrário e parece ser proposital, justamente para dividir a população, forçá-la a escolher apressadamente e estupidamente, qual das duas linhas é a mais correta. Novamente, um de meus mantras intelectualmente corretos: '' a verdade, em um mundo de múltiplas mentiras, está em todo o lugar''. 








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