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segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A diferença entre ser simpático e de ser empático



''Você é muito, muito, muito, muito.... inteligente'' :)

Eu já relatei que tenho um tio ''interessante'' ** Bem, ele é um mentiroso patológico muito habilidoso. Só teve a ''má sorte'' de ter tido uma irmã muito fértil que deu à luz a dois (de seus três) filhos que parecem ter puxado em partes a sua sagacidade. E pior, porque um destes seus sobrinhos ainda consegue superá-lo em alguns anos luz neste quesito. Nosso tio gosta de inventar histórias, só que ao invés de escrever um livro ele decide transformar seus devaneios em estratégias obscuras para tentar nos iludir na vida real.

Eu não estou brincando, ele se parece com isso aqui embaixo



Não sei se falei que ele inventou que tem uma namorada estrangeira, falei** Uma de suas muito bem pensadas (e pra quê**...) táticas para nos convencer de que tem mesmo uma namorada foi a de alternar conversas pelo celular sem e com viva voz. Quando fala no viva voz com a ''moça'', não parecem agir como namorados, porque ela fala sem parar e ele apenas repete algumas palavras com o seu inglês do ghetto de Varsóvia. Eles não conversam sobre a saudade que sentem um pelo outro, blablablabla (tudo que no final remete a sexo).  No final, eles se despedem de maneira ''fria'' para um casal de apaixonados tripudiados pela distância geográfica. Outro furo de nosso espertalhão é a de dizer que a moça é britânica e ainda por cima atriz de hollywood. Se eu fosse ele não teria cometido estes erros e teria sido mais comedido com minha mentira. Quando estão conversando no viva voz o sotaque da moça parece ser americano!!! Recentemente ele começou a conversar sem usar o viva voz. Resultado: quando ''se despedem'', chovem elogios e juras de amor por parte dele, sei! ;) 
Cadê a voz da moça lhe mandando um ''i lovi u'' ***

Eu fui o único que percebi o padrão. Meus pais cognitivamente inteligentes, que poderiam ser professores universitários, especialmente a minha mãe, são ingênuos e apáticos demais para prestarem atenção a um cérebro super ativo e desequilibrado ao lado. Eu vejo padrões mentalistas ao invés de mecanicistas, uma provável inversão em relação ao que acontece com a maioria dos autistas e outros tipos derivados. Isso nos ajuda a explicar o porquê de ter conseguido capturar cada falha estratégica do meu tio. 

Meu tio é muito simpático e muito esperto (não tanto pro papai aqui). Está sempre elogiando as pessoas ao redor, só que são elogios exagerados, irrealistas. A melhor mentira é aquela que é uma meia verdade. Não é sensato chamar um rapaz cognitivamente medíocre de ''muito inteligente'', mas ele o fez. Nas aulas particulares que leciona, ele tem esbanjado simpatia. Sempre aos elogios, risadas quase-infantis. Ele sabe instintivamente aquilo que os outros querem ouvir, deseja mantê-los em suas zonas de conforto imaturas. Ele sabe que elogiar é milhões de vezes melhor do que xingar ou mesmo, dizer a verdade (aliás, neste quesito ele chegou tarde na distribuição de honestidade).

Elogios abrem portas, ser sincero e honesto te faz um idiota dostoievskiano.

Ele não está errado, a maioria dos seres humanos agem mais ou menos desta maneira, nem tanto no quesito mentira descompensada, mas ainda assim, não muito diferente.

Enquanto que ele se sente extremamente confortável ao dizer mentiras como esta (elogiando o rapaz/aluno de maneira exagerada e irrealista) com a cara ''mais lavada'' do mundo, eu me sinto mal em fazer o mesmo, ainda que possa ser necessário me aprimorar neste quesito, quem sabe, num futuro próximo. No lugar dele eu jamais teria dito que o rapaz está aprendendo a ponto de poder ser chamado de ''muito inteligente''. É mentiroso e até maldoso dizer isso e o rapaz deve saber que não é isso tudo que ele diz. Ele deve ficar envergonhado mas aceitar porque afinal de contas, receber um elogio destes é sempre bom. Ser elogiado é bom, ser exageradamente elogiado é melhor ainda, quase todo mundo gosta.

A simpatia é artificial e é frequentemente usada para agradar as pessoas. A simpatia é uma propaganda de boas intenções enquanto que a empatia é a realidade das boas intenções, sábias ou de idiota útil humanista. E eu já mostrei ou tentei mostrar que a manifestação mais seca e visceral da empatia é a honestidade, isto é, a sinceridade empática ou que tenha como finalidade a harmonização das relações. Exagerar positivamente até que poderia ser entendido como uma forma de harmonizar, mas é sempre melhor quando encontramos um jeito de elogiar a pessoa sem ter a necessidade de apelar para ''mentiras brancas''. 

E novamente o lugar comum que eu falei tanto no outro blogue, o rabugento empático versus o carismático mentiroso. E com o complemento da diferença entre ser sincero e ser honesto. Pessoas honestas podem mentir para preservar a harmonia ou mesmo, o que parece ser o mais comum, de serem inconscientes/ignorantes quanto à mentira que estão pregando. O honesto será melhor para dizer verdades que possam harmonizar o ambiente, inclusive, será a sua maior tendência dentro deste contexto de interações interpessoais. E como falei, também poderá mentir sobre aspectos negativos, não sendo totalmente honesto, mas muito coeso com a sua proposta.  O sincero caminhará para ser mais direto e menos empático quando diz verdades e pode ser inclusive mais voltado para críticas ácidas do que construtivas. A crítica construtiva se consiste na perfeição analítica, uma das muitas faces semânticas da sabedoria. Outra possibilidade complementar de explicação em relação às diferenças dos dois é a de que o sincero poderia ser entendido como um ser honesto só que sem o contexto moral que pré-determina a honestidade. Em outras palavras, o sincero apenas diz as verdades que lhe vem à cabeça enquanto que o honesto precisa do contexto moral para regular a sua abordagem, o sincero é o honesto sem filtro de bom senso. E mais, mentir não será sempre ruim, especialmente dentro do contexto social humano. A mentira muitas vezes servirá como modo de preservação da individualidade dentro de uma realidade sócio-demográfica povoada por ''ignorantes''. 

Uma atualização: a sinceridade tende a ser verbal enquanto que a honestidade tende a ser literal ou que se consiste na ação, ''de fato'', fazer algo, do que apenas falar.



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