Dizer a verdade é o mesmo que ser grosseiro??
Não.
A função da compreensão factual é entender sobre algo e não de ofender. A ofensa se consiste em uma intrusão emocionalmente equivocada e no final das contas tende a ter pouco efeito no mundo real.
O clássico caso dos brancos (broncos) nacionalistas que tem passado duas a três décadas falando mal porém de modo factualmente correto, a nível superficial, sobre os seus algozes, imaginários e reais, e no entanto a inércia tem prevalecido desde então. Tal como um divã em que cidadãos comuns da raça branca se prostram a confessar as suas frustrações e medos racionalmente coesos (e outros nem tanto) em sites e blogues direcionados a este público que parecem funcionar exatamente desta maneira e sem encontrar qualquer solução para os seus problemas.
Falar mal ou "a verdade" não tem adiantado muito para os broncos nacionalistas. E então, o que fazer?
É justamente aquilo que falta, fazer.
Em tempos de mordaça politicamente correta tem-se demonizado os eufemismos como se fossem os reais culpados desta situação.
Categorizações não são apenas positivas mas também qualitativamente negativas. Por exemplo o caso dos seres que nascem com algum tipo de retardamento ou déficit em amadurecimento em alguma particularidade. Antes chamava-se um cadeirante ou portador de deficiência locomotora de "aleijado". Um termo abusivo, excessivo e moralmente estúpido. Aleijado é uma ofensa e não uma simples descrição categórica. É um excesso absolutamente inútil.
No entanto alguns eufemismos podem ser mais polêmicos por exemplo o termo "especial" especialmente para pessoas com deficiência mental. Ainda que no final pode-se aprender a associar o termo às condições deficitárias, pra muitos, também ocorre um abuso próximo a uma espécie de humor negro ou deboche porque apesar de todas as boas intenções uma deficiência mental, motora ou biológica continuará sendo uma deficiência. No entanto podemos recorrer à minha ideia quanto a amoralidade das palavras abstratas e portanto "especial" pode facilmente ser percebido neste contexto de uma maneira particularmente qualitativa e não como usualmente fazemos em outros contextos.
O fato é que eufemismos versus dizer a verdade é uma falsa dicotomia e portanto são perfeitamente cambiáveis. Não são como uma dicotomia ''água e óleo'', em que um não pode ocupar o mesmo espaço que o outro.
Para dizer a verdade "limpa" de considerações afetivas e portanto puramente cognitiva é necessário ser grosseiro ou mesmo insolente??
É habitué desde a muito comparar a população negra com primatas. Primeiramente todos nós somos primatas, isto é, um tipo de primata, ou ainda melhor, de animais. Segundo que de fato existem populações humanas que passaram por menos processos seletivos e continuaram olhando como os primeiros seres humanos. O negro subsaariano é metaforicamente falando como um barro enquanto que o branco europeu é como uma jarra. O barro é a matéria prima. A jarra é o produto modificado do barro. Ou outra metáfora, o negro é como a laranja. O branco é como o suco de laranja. Um foi menos modificado que o outro. Essas observações não deveriam ser encaradas de modo histérico pois não há nada de ofensivo olhar mais como um primata se assim somos todos e no final continuamos a continuaremos a ser seres vivos, enquanto continuidades biologicamente recombinantes e divergentes.
Não é ofensa parecer com um animal porque somos animais, primordialmente falando...
Portanto existem dois fatores nesta situação
Eufemismos não buscam mascarar a realidade necessariamente mas quando são usados sabiamente podem ser muito mais precisos do que qualquer ofensa disfarçada de "apenas dizer a verdade".
Ser sincero não significa necessariamente de ser factualmente correto.
O bom uso do eufemismo obviamente visa criar a melhor composição de descrição factual sem a necessidade de excessos tanto para o lado afetivo ou empático que comumente resulta na mentira quanto para o lado cognitivo que usa a desculpa da descrição lógica para ofender de maneira gratuita, contraproducente e excessiva.
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