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quarta-feira, 31 de agosto de 2016

O que é pensar pela emoção...

Eu já falei que tenho um tio que é mentiroso patológico. Eu já comentei também que ele inventou que tem uma namorada inglesa, linda, rica e famosa e que por acaso esta namorada se chama Gema Aterton. Meu tio é feio, cheira a gambá, é pobre, se veste com roupas velhas e tem um papo que em sua superfície até pode parecer simpático e interessante mas que inevitavelmente terminará revelando o seu espírito megalomaníaco e infantil. Em suma, ele não tem nada que possa cativar uma mulher. No entanto ele inventou, mostrando absoluta falta de autoconhecimento, que conseguiu conquistar uma mulher de qualidades mundanamente excepcionais. 

Uma pessoa predominantemente lógica ao ser exposta à tamanha afronta de coerência: ''um João-ninguém com toda sorte de repelentes anti-femininos embutidos em si, deixando de joelhos uma mulher linda, rica e famosa'', inevitavelmente julgará que tal situação não pode ser verídica. Mas quando temos o fator emoção mal posicionado onde deveria primeiro ter o raciocínio lógico tudo pode acontecer. Inclusive de se acreditar que tais milagres possam acontecer e em especial com um parente seu. Isso tem acontecido com a minha mãe que como típica mulher mesmo depois de muitas evidências, desde as já alardeadas até as subsequentes, como por exemplo quando o meu tio mentiu pra ela que iria viajar e foi pego no flagra, ainda tem alimentado esperanças de que a tal "namorada" aparecerá pra levar o "Zé Bonitinho" pro estrangeiro, lhe tirando a árdua tarefa de continuar tolerando a presença mal cheirosa do seu irmão problemático. Ela ainda acredita

Pensar com a emoção, e claro, em momentos equivocados, costumeiramente nos faz jogar qualquer lógica na lata do lixo mantendo apenas o sentimento pré-histérico predominando e mandando no raciocínio. Logo pode-se divorciar da métrica rigorosa da lógica e acreditar que papai noel existe ou que. mesmo depois de tantas evidências, certos milagres ainda possam acontecer. 

Como eu pendo muito mais pra lógica do que pra emoção, ainda que não o faça de modo (igualmente) desequilibrado, desde quando passei a ter conhecimento desta ''estória'' que o meu farol de desconfiômetro se ascendeu e por incrível que pareça eu ainda fui capaz de acreditar até porque a minha mente não estava plenamente familiarizada com as fotos que o meu tio usava como "provas". Ele também, proto-astutamente, usava outro nome para o seu ''amor verdadeiro''. É aquelas, por mais absurda que certa estória possa ser dependendo de nossa consciência de sua importância, podemos deixar esses furos lógicos passarem batidos e esta parece ser a regra pra maioria das pessoas.


E claro que este problema de lógica também pode ser observado em vários outros aspectos da vida, porque afinal de contas estamos a todo momento sendo expostos a desafios mentais, no mundo real.

Na política por exemplo da mesma maneira que minha mãe tem sido vagarosa para compreender a natureza explicitamente psicopática da esquerda brasileira, ainda que tal atributo se consista em algo mundialmente generalizado, ela também tem sido lenta para perceber o quão mentiroso e até mesmo perigoso pode ser o meu tio problemático.

Quando pensamos com a lógica tendemos a analisar as relações de causa e efeito, de padrões, de coerência ou contradição entre os elementos, primeiro, enquanto que quando pensamos com a emoção, sentimos primeiro, e aquilo que nossos sentimentos ditam predominará sobre aquilo que nosso raciocínio lógico está apontando, tímida e subconscientemente. 

Pra mim é absolutamente alógeno pensar que uma pessoa possa acreditar em tais incoerências ou que não possa perceber certos padrões bem lógicos, bem fáceis de serem capturados, a priore, porque a minha mente é antes de tudo lógica, mas não termina por aí, porque eu também sinto e muito, e como resultado eu também sou capaz de entender o outro lado.

O pensar com emoção pode ser lindo e existencialmente necessário quando feito de modo racional e extremamente bizarro quando se torna predominante ou desequilibrado.

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