A chuva fria num vento e o sussurro
Mar profundo da memória
No sentido de se sentir tudo
De viver o passado, de se celebra-lo
De se aprofundar em melancolia
Nessas lágrimas que nunca caem
Neste segurar de emoções
Neste apertar, nessas batidas dos corações,
Risos tímidos
Olhos secos de tristeza
Sentir a vida passar
E se apertar junta a ela
Segurando as suas mãos
E numa reza em silêncio
Apertando-a e em vão
Neste navegar solitário
Neste descobrir
Que tudo que é grande vira pó
Que a cultura é um santo do vigário
Que o que é que eu sei,
encerrará e só,
Eu não sou mais Eu, eu sobrevivo, e no meu único Deus...
Eu não sou mais eu,
meu caminho me libertou,
e em frente a mim mesmo,
aqui estou,
e ao invés de ser dominado,
de ser pego no ato,
eu me ponho a agir, e acordado,
que a prisão também é segurança,
eu sobrevivo, eu me coroei esclarecido,
e sou o meu único Deus,
o mel único meu, minha vida singular,
vejo minha natureza pujante e a vivo,
vivo na essência universal, estando nela,
bem no núcleo,
e quão singela...
e habito a minh'alma,
enquanto os outros
que apenas habitam o corpo,
fadado ao destino,
de se ser consumado,
eu sou mais solto,
eu também me consumo,
vez num sopro,
mas ciente que,
meu nome, minhas roupas,
minhas identidades, que eu me encaixo,
eu começo e finalizo em mim,
mim-essência, eu-forte,
eu a espalhar-me em ventos,
como as ondas que quebram as costas, e que voltam ao útero-mar,
e voltam ao nascer, quebrando areias e pedras,
eu reconheço a pérola de minha vida,
na concha, dentro dela,
de se ser minha alma,
''apenas''
e é tudo,
o que último definha,
e de ser apenas alma,
alma minha, minha alma...
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