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segunda-feira, 22 de agosto de 2016

A metáfora do cume da montanha e da planície para explicar solidão e popularidade, sabedoria e estupidez

O que é mais fácil: continuar na planície ou escalar uma montanha, e viver em seu cume íngreme, perigoso e gelado??

A vantagem de viver nos cumes das montanhas é a de que podemos ver e viver além das nuvens, metáfora para: viver em um mundo filosófico/ finalmente realista e também em um mundo finalmente inteligente, superando o degrau perceptivo geral humano e adentrando à novas realidades, muito mais pesadas, ainda que também muito poderosas.

As desvantagens além das obviamente constatadas, isto é, de viver em um mundo muito mais conscientemente purificado de distrações e portanto realista/ existencialmente depressivo/melancólico, bem perto da angústia existencial, que se consiste em um prelúdio à ideações suicidas e neuróticas, é a do aumento da responsabilidade pessoal sobre as próprias ações e que em contato com um mundo contrastantemente negativo em relação a si terá como efeito a auto-vigilância assim como também as ideações neuróticas, isto é, o faro para problemas e o pior, a incapacidade usual de se soluciona-los.

A quantidade de pessoas que estão destinadas a enfrentar este desafio e a de vivenciarem o seu triunfo filosófico também aumentam as chances para a solidão, se são poucos aqueles que nascem com esta forte e grave disposição. 

Cume: responsabilidade/ elevada autoconsciência e depressão existencial

Planície: facilidades existenciais ou egoísmo, clima bom e proteção das nuvens, metáfora para ignorância ou distrações.



As vantagens de se continuar nas planícies se dá justamente pelo conforto existencial, de se viver protegido da penetração filosófica, da responsabilidade e portanto de se viver em um ambiente densamente povoado de facilidades que podemos também entender como mediocridade, regrado pelo egoísmo de se preocupar fundamentalmente consigo mesmo e de manter o campo de força de sua empatia bem colado à própria pele. O clima bom, a facilidade de se viver em um terreno plano, são muito apelativos e a maioria das pessoas tendem a ver a planície como os seus respectivos paraísos, e passam as suas vidas buscando por esta frívola e vaga percepção e vivência da vida, a única vida que conhecemos. A popularidade é outra vantagem se a grande maioria das pessoas buscarão pelos mesmos lugares para viver.

As desvantagens são uma grande dependência mental dos "tutores do paraíso plano", embotamento emocional que pode se dar de modo literal ou com base no condicionamento histérico em relação aos que são mais emotivos dentro deste largo grupo humano, embotamento intelectual e grande vulnerabilidade para a internalização mesmo que involuntária de falsas filosofias ou"ideologias". O canto da sereia está sempre convidando o "homem comum" para deleitar as facilidades da vida que oferece e tal como a um escravo, é criado dentro de sua redoma e passa a considerar como verdade apenas aquilo que os seus sentidos podem perceber e eles só poderão perceber aquilo que se manifestar dentro de sua redoma. Só é possível de fato ver além das nuvens ou distrações quando se sacrificam facilidades porque aprendemos e superamos etapas de desenvolvimento ou de embotamento quando internalizamos, somos cognitófagos ou ideotófagos.

A perspectiva existencial, o nosso lugar de percepção do mundo, tem uma natureza intrínseca se tudo que se expressa não pode ser divorciado de sua forma, de sua origem literal. 

É portanto muito comum que o outsider e neste caso em específico o sábio tenha uma natureza invariavelmente desequilibrada que o faz perturbar em relação a si mesmo e a sentir a realidade de modo distinto. Uma maior intimidade com qualquer transtorno pode vir acompanhado ou causar uma expansão da autoconsciência ou da consciência da finitude misteriosa da vida.


Esta metáfora parece explicar de modo bastante elucidativo as diferenças tanto entre sábios e tolos e entre as suas respectivamente contrastantes perspectivas existenciais.

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