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terça-feira, 27 de setembro de 2022

Foram tantas vezes

 Que eu olhei pra essas mesmas árvores, que eu desprezei essas mesmas paisagens tão bonitas do céu, que eu não prestei atenção na natureza existindo ao meu redor, distraído pela tela do meu celular; que eu subi o mesmo morro, caminhei na mesma trilha e pensei que o futuro seria completamente diferente do que se tornou. 


Já se foram viagens, eventos, situações, amizades e, enquanto tudo passa, tudo é carregado, eu tento parar o tempo com o meu olhar e olhar tudo acontecendo, e pensar, mais uma vez, como será daqui pra frente, como tem sido e o que já não é...

Foram e continuarão a ser tantas essas vezes de fazer as mesmas coisas mas ser tudo tão diferente e único. 

A melhor maneira de saber se está (ideologicamente) doutrinado...

 ... é a de buscar perceber se está negando algum fato que parece óbvio demais para ser negado.


Exemplos: negação da existência e da relevância das raças humanas (mais típico de indivíduos que se declaram de esquerda) e da plausibilidade do ateísmo, isto é, da inexistência de deus/vida eterna (mais típico de indivíduos que se declaram de direita).

Se parece evidente que as raças humanas existem e que suas diferenças médias não são totalmente superficiais, facilmente erradicáveis. E que não existe nenhuma evidência, sequer padrões ou fatos existentes, que possam corroborar indiretamente para a possibilidade da existência de deus/vida eterna. 

Uma atitude que é universalmente repugnante: o pretensionismo

 O ato de acreditar que se é ou se tornou "algo", mas sem ter sido bem sucedido nesse intento, de corresponder ao que se diz ser. 


O pseudo intelectual, o falso moralista, o artista de mercado e, também, o de ideologia, enfim, todos aqueles que passam a agir de maneira pretensiosa, especialmente, os que mais se aprofundam nesse engano.

Sobre o totalitarismo

 Não são apenas as doutrinas ou ideologias que pregam o ódio, a mentira e/ou a exploração que são totalitárias,  mas qualquer doutrina que prega por uma perspectiva muito purista ou intolerante com discordâncias e exceções, incluindo até aquelas que têm como seus valores ou ideais, a solidariedade e a compaixão. Pois mesmo a prática de boas ações ainda pode ser extremista ou causar problemas, especialmente quando são generalizadas, sem distinguir os que merecem dos que não merecem.


Um exemplo de totalitarismo complexo, o veganismo

O Veganismo pode ser considerado primariamente totalitário, por ser uma doutrina que prega pela adoção de um dieta muito restrita bem como de outras mudanças de hábitos sempre com o intuito de minimizar o impacto do consumo individual no bem estar das outras espécies, especialmente as que têm sido usadas na "confecção" de produtos ao ser humano. Mas, a partir do momento em que há alguma compensação de modo que garanta a preservação da saúde dos que aderem à sua prática, então, sua natureza ainda totalitária pode ser menos potencialmente prejudicial. Já a pauta antiespecista, de onde deriva o veganismo, de busca pela eliminação possível de práticas ou tratamentos cruéis às outras espécies, mas sem pregar pela eliminação absoluta, claramente não é totalitária.

Por isso é conclusivo que totalitarismos não são sempre explícita ou diretamente problemáticos em termos morais, especialmente os tipos complexos que se baseiam em ideais nobres. 

De novo sobre o conceito de liberdade econômica

 Esse conceito consiste na falácia de se pensar que questões econômicas e sociais não estão entrelaçadas, como se uma não influenciasse ou dependesse da outra. Por isso que a liberdade econômica não pode se resumir à facilidade para empreender, mas também a tudo aquilo que está relacionado aos termos em destaque: liberdade individual e economia, incluindo um custo de vida baixo ou sustentável, um salário digno, um emprego estável e com direitos respeitados, para que possamos ter, de fato, ou literalmente, liberdade econômica.


Talvez o ideal seria de chamá-lo de liberdade socioeconômica e, assim, pelo menos conceitualmente, começarmos a combater essa falácia desde à sua raiz. 

Exemplos de relativismo histórico-moral de esquerda; de pseudo revisionismo histórico de direita e sua melhor análise (filosófica)

 Relativismo histórico-moral de esquerda:


A escravidão perpetrada por brancos europeus contra negros africanos foi uma crueldade abjeta. 

Mas ....... 

A escravidão praticada entre povos da África subsaariana ou por qualquer outro grupo não-branco era "histórica'' e até ''moralmente justificável", no sentido de, MENOS PIOR, porque (supostamente) não era racismo...

Na verdade, até mesmo a prática de sacrifícios humanos por povos pré-colombianos nas Américas, por exemplo, era "justificável", porque era "cultural" ou normalizada naquelas culturas... 

Hoje em dia, certas "práticas" cruéis ou autoritárias também são consideradas "culturais" e, portanto, mais aceitáveis ou moralmente justificáveis... Por exemplo, a obrigação do uso de véu para as mulheres muçulmanas...

Conclusão: só não é opressivo, autoritário, injusto e/ou cruel se não estiver sendo praticado por "homens brancos"...

Pseudo revisionismo histórico de direita:

Brancos europeus escravizaram negros africanos, mas os negros africanos também se escravizavam, sem falar dos "árabes" muçulmanos, que escravizaram muitos africanos, tanto ou mais que os brancos europeus.

Então......

A prática de escravidão era moralmente justificada, já que era "normal" naquela época...

Conclusão: brancos europeus, em termos histórico-coletivos, estão perdoados por sua crueldade, afinal, os negros africanos também eram cruéis entre si, assim como os "árabes" muçulmanos eram com eles... 

A melhor análise (filosófica):

Não importa se uma prática de escravidão foi ou está sendo praticada por brancos ou por qualquer outro grupo étnico-racial, porque a injustiça, o sofrimento e a crueldade são os mesmos.

Claro que isso também serve para práticas análogas, tal como a exploração econômica das classes basais ou trabalhadoras pelas elites burguesas. 

Até pela irracionalidade da prática, por ser baseada em falácias, por exemplo, de ser o único método que é eficaz na submissão de um povo ou grupo, como se fosse impossível estabelecer uma relação de autoridade por meios menos cruéis ou até opostos à sua brutalidade característica. 

Porque "árabes" muçulmanos escravizavam negros africanos assim como eles faziam consigo mesmos, isso não significa que, então, a escravidão dos africanos pelos europeus era moralmente justificável, afinal, uma ação não se torna racionalmente justa (benigna//ponderada, necessária ou inevitável) apenas porque "todos" ou muitos a praticam. Esse, com certeza, é o caso da escravidão. 

domingo, 18 de setembro de 2022

O problema estratégico da baixa tolerância das esquerdas em tolerar um maior espectro de opiniões e sua principal razão

Estratégias ideológico-idealista e pragmático-realista



"Esperar que a montanha venha até você ou ir até à montanha??"


Pois as esquerdas em todo mundo ocidental têm adotado a mesma estratégia ideológico-idealista, que se consiste na tentativa de convencimento ou atração pela demonstração de persistência, convicção e/ou resiliência de crença em ideias, ideais e/ou pontos de vista que estão sendo defendidos, mas que também tende a resultar na teimosia e arrogância de se acreditar que estão sempre certos e, como consequência, de se tornarem bem pouco tolerantes com qualquer divergência de opiniões, mesmo se forem opiniões que favoreçam o lado progressista, se direta ou indiretamente...


Por esse tipo de estratégia, espera-se que os outros se convençam quanto à força de seus argumentos, ideias e ideais, sem se importar com o que eles pensam ou de onde estão vindo, enfim, sem "lugar de fala" pra forasteiros, apenas "de escuta"...


Já a estratégia pragmático-realista consiste exatamente no oposto, de também considerar o que os outros estão pensando, de analisar seus  pontos de vista de maneira imparcial, inclusive os que estão muito dissonantes aos seus, de estar aberto a aceitar que possam estar mais certos sobre alguns ou mesmo muitos dos seus pontos de vista, de poder ampliar sua tolerância com opiniões divergentes, e se adaptar a eles, de ir até eles, do que esperar que venham até você. Por essa estratégia, é possível até adotar opiniões ou posicionamentos outrora de outros grupos e convertê-los às suas crenças ideológicas, de ir ocupando esses espaços ao invés de se entrincheirar nos seus. Aqui, esses termos são variações dos que cunhei em um outro texto similar: estratégias ou táticas de trincheira e de ataque frontal. Pois se ambas, direitas e esquerdas, usam mais a primeira, está claro que as esquerdas têm se enveredado bem mais nela, mediante sua crescente imobilização quanto à possibilidade de aceitarem novas ideias e tolerarem discordâncias não-absolutas, enfim, de considerarem pontos de vista fora de seus perímetros originais.


Um exemplo altamente polarizado e polemizado: políticas de imigração


As esquerdas tendem a defender por um mundo sem fronteiras, especialmente em relação aos países capitalisticamente desenvolvidos, pois acreditam que "todos" têm o direito de ir e vir, ainda mais se forem refugiados ou imigrantes vindos de países pobres; que é civilizado, no sentido de empático, um país rico ser generoso com os "pobres do mundo", até como maneira de compensar seu provável passado de colonialismo e/ou contínua expropriação de riquezas naturais dos países subdesenvolvidos para desenvolver suas indústrias e empresas.


As direitas defendem por um mundo, tal como ele sempre foi, dividido politicamente por fronteiras e que, são os países, especialmente suas populações nativas, que devem ter a autonomia de decidir como querem organizar suas políticas de imigração...


Neste sentido, por mais nobre possa ser o posicionamento das esquerdas, as direitas estão com mais razão, principalmente porque não adianta, por exemplo, a Europa receber alguns milhões de africanos, se a maioria deles continuarão na África, vivendo em condições precárias, além do risco de que sobrecarreguem os estados europeus e piorem a capacidade dos mesmos de absorver imigrantes. Por isso, o ideal seria de permitir alguma imigração, mas investir no desenvolvimento socioeconômico e ecologicamente sustentável dos países mais pobres, até como maneira de estancar seus fluxos de emigração que, inclusive, costumam prejudicá-los, ainda mais quando são os mais tecnicamente qualificados que estão os deixando. Percebam que um posicionamento anti imigração ou mais moderado sobre o tópico, originalmente de direita, pode ser adotado por progressistas e, de certa maneira, convertidos aos seus ideais.


Esse é um exemplo importante já que é o que mais tem ajudado no avanço da extrema direita, principalmente na Europa. Mas, enquanto as esquerdas não desenvolverem uma precisa e constante autocrítica, aliada à humildade de reconhecerem quando não estão mais certas, continuarão "batendo perna" com os seus ideais e, diga-se, afogando nas ondas de ultra-conservadorismo que prometem continuar invadindo as "regiões costeiras" de muitos países em que elas têm conseguido avanços anteriores... se a estratégia mais logicamente inteligente é a de ampliar o máximo possível a tolerância por opiniões e posicionamentos, sem ter que sacrificar os seus ideais mais caros, de ir ocupando espaços ao invés de se cercar em trincheiras, deixando que outros cantos sejam ocupados por seus oponentes e que estes ganhem mais apoiadores, isso quando ou se as esquerdas já não estão devorando a si mesmas com suas polícias implacáveis de pensamento, algo que parece estar acontecendo, vide o caso das rusgas entre muitas feministas radicais e o ativismo trans.



Em suma, as esquerdas parecem preferir afundar pelos seus ideais do que "dar o braço a torcer" e reconhecerem no que não estão certas, moral e/ou intelectualmente. O que mais tem ajudado a (extrema) direita é o ego inflado de muitos esquerdistas, especialmente de suas elites intelectual e política. 

O problema de se agir como um "chato da gramática"...

 ... é que esse tipo de atitude é elitista e ignorante. 


Elitista, pois tende a repreender aquele que não escreve ou fala de acordo com a norma culta e que, muitas vezes, é um indivíduo humilde, de classe trabalhadora. E é ignorante quanto à natureza fluída, variável e flexível da linguagem humana, inclusive sobre o fato de que, em termos bem literais, não existe o escrever e o falar certo ou errado, se são oficialmente determinados por convenção, que está sempre mudando ao longo do tempo, se varia muito em suas formas coloquiais, dependendo do lugar ou grupo, e se as palavras são invenções que, primariamente, servem como referências aos elementos que são percebidos na realidade, que não existem tal como nós existimos. 

Concordo que, para uma comunicação oral ou escrita adequada, há de se ter o mínimo de inteligibilidade sobre o que está sendo escrito ou falado. Também entendo que essa mania de corrigir o outro pode ser irresistível, principalmente quando visa atacar oponentes ideológicos durante debates ou discussões. Eu mesmo, me vejo, com certa frequência, agindo desta maneira. Mas essa intolerância quanto aos "erros" gramaticais, mesmo depois de ter compreendido o que foi dito ou escrito, muito comum em redes sociais, é claramente reprovável. O ideal, portanto, seria de nos policiarmos quando essa vontade de corrigir e muitas vezes humilhar o outro por essa via, surgir.

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Dois fatos menos conhecidos sobre o politicamente correto

 1. Não é apenas de esquerda


Politicamente correto é qualquer cartilha ideológica que está sendo imposta por um ou mais grupos a partir de meios de comunicação ou governo. E a direita conservadora tem imposto o seu politicamente correto desde há muitos séculos. Só agora que o de esquerda começou a se tornar tão ou mais importante. 

2. Não é sempre problematicamente doutrinário ou autoritário 

Especialmente se busca coibir opiniões maléficas ou falaciosas que incitam à prática de crueldade ou injustiças.

Politicamente correto não tem que ser necessariamente sinônimo de doutrinação com base em mentiras.

Os padrões de votos nas eleições brasileiras como mais uma prova sobre as limitações dos testes de QI (racionalidade)

Nas eleições passadas, Jair Bolsonaro, um sujeito claramente bronco, incapaz de pensar e de se comunicar de maneira inteligente e ponderada; apenas inteligente, ou esperto, para parasitar por três décadas como um político inútil, que nunca propôs ou fez nada em prol daqueles que o elegeu, além de enriquecer a si mesmo e à sua "família" de milicianos congênitos, obteve expressiva votação nas regiões mais desenvolvidas do país, particularmente Sul, Sudeste e Centro-oeste. Não apenas isso, porque ele também angariou votos da maioria dos brancos, de classe média e alta e, portanto, com maior escolaridade. Aqui, desprezando que também recebeu expressiva votação de evangélicos, um grupo que tende a ser menos escolarizado. Então, ele foi eleito e, depois de um mandato marcado por ideologia, políticas públicas estúpidas ou cruéis, incluindo tentativas de sabotagem das políticas mais sensatas, tal como as que foram adotadas para combater a epidemia do novo coronavirus em território nacional, e muita corrupção (sua especialidade), nas próximas eleições, deste ano de 2022 de "meu deus", ele tentará a reeleição. Já em relação ao perfil dos seus eleitores, pouco ou nada mudou, continuando a ser essa desproporção de: homens, brancos, mais velhos, de classe média ou alta, do Sul e Sudeste. Perfil que se relaciona com uma maior média de QI, não apenas no Brasil, mas também no mundo... 


Interessante que, a base eleitoral do Lula, ex-presidente que também disputa essa eleição, tem um perfil médio oposto ao do Bolsonaro: mulheres, pardas ou negras, de classe média baixa e trabalhadora, nortistas e nordestinas, e com médias de QI mais baixas...

Pois se QI fosse totalmente correlato com inteligência, incluindo a capacidade racional, qualquer grupo com maior média de escolaridade e, portanto, de QI, deveria estar apoiando o candidato menos pior, Lula*, e não Bolsonaro, correto??? 

(Vale ressaltar que, certos grupos positivamente  relacionados com alto QI, tal como o de ateus e agnósticos e o de maior escolaridade, mas com formação acadêmica específica nas ciências humanas, são significativamente críticos ao "governo" Bolsonaro). 

* Apesar dos vários problemas durante os seus dois mandatos, é inegável que Lula e sua equipe produziram resultados socioeconômicos e ecológicos muito mais positivos que os do governo atual.

Este é apenas mais um exemplo, de muitos, que mostram o quão limitados os testes de QI podem ser para prever inteligência ou comportamentos inteligentes, especialmente quanto às facetas ou capacidades que não "medem" e comparam, tal como a racionalidade. 

O (pseudo)paradoxo do autoconhecimento

 É que, quanto mais nos conhecemos, mais conscientes de nossas próprias limitações nos tornamos, aumentando nossa tendência de desistir sem tentar, ou mesmo de desistir após ter tentado e constatado, de maneira empírica, sobre o que não somos capazes. Tal como no meu caso em que, depois de algumas vezes tentando passar em concurso público, desisti de tentar ao constatar que não tenho perfil ou, as capacidades mais requisitadas nesse tipo de prova para conseguir pontuar bem, basicamente as de memorização, conhecimentos gerais e motivação extrínseca para me dedicar à tarefas com as quais não sinto vontade intrínseca de realizá-las, novamente esse exemplo, de "estudar", no sentido de memorizar conteúdos que não são ou nunca foram do meu interesse. 

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

''Por que tantos republicanos ficam tão incomodados com as monarquias constitucionais em 2022? Sendo que as monarquias constitucionais são proporcionalmente os países mais desenvolvidos do mundo?''

O que uma coisa tem a ver com a outra??


A Suécia não se desenvolveu social e economicamente por causa de sua família "real". Em boa parte das monarquias atuais, especialmente as europeias, suas "casas reais" nada mais são do que enfeites caros de um passado, diga-se, de subdesenvolvimento, quando realmente governavam esses países.

Incomoda parasitismo, injustiça, mentiras, dissimulação, frivolidade, tudo e mais um pouco que monarquias representam…

Para começar: a diferença entre a rainha e eu, desprezando diferenças óbvias, tal como sexo, nacionalidade, idade, é mínima, porque somos seres vivos e humanos. Portanto, a principal crença que sustenta um regime monárquico, de que membros de famílias reais são absolutamente diferentes, no sentido de superiores aos que não pertencem a essas famílias, é uma falácia grosseira.

Sobre a complexidade da pauta antiespecista

 Um relato pessoal 



Em 2008, eu fui oficialmente apresentado à internet e, desde então, foi amor e vício à primeira vista. Criei meu perfil no Orkut, naquela época, dominante nas redes sociais brasileiras, começando a "curtir" páginas que iam de acordo com o que pensava, incluindo as de protesto. Algumas delas eram contra a crueldade com animais, particularmente o que acontece de maneira relativa no extremo oriente, o consumo de carne de cachorros e gatos que, desde há muito tempo, se transformaram nos maiores "mascotes" da humanidade.

Não que essa prática seja comum, até porque não teria como um bilhão de chineses consumirem esse tipo de carne todo ano.* O fato é que acontece e, até por causa das dimensões demográficas, especialmente as da China, estamos falando de milhares de cachorros e gatos que, anualmente, são mortos e consumidos. Não bastasse isso, também está normalizado naquelas terras, bem como no oriente médio, outras práticas extremamente cruéis: comer animais vivos; caçar baleias... e existem até dois "método de abate" chamados Kosher e Hallal, respectivamente típicos das "religiões" judaica e islâmica (consiste em ferir o animal não-humano, deixando-o sangrar até à morte. Dizem que é um "ritual sagrado")...

*... Mas nada impede, infelizmente, que se torne uma prática comum. É o que pode começar a acontecer na Coreia do Norte.

Não que nós, ocidentais, sejamos muito mais cuidadosos no tratamento que damos aos animais, mas pelo menos tendemos a poupar as espécies que estão mais íntimas ao nosso convívio. 

Pois, quando fui exposto a essa contradição, de continuar comendo outros tipos de carne enquanto acusava orientais de comer cachorro e gato, eu comecei a pensar seriamente em me tornar vegetariano. Pois foram alguns anos até, mais ou menos o ano de 2015, que consegui parar de comer carne, incluindo peixe, porém, mantendo o consumo de derivados do leite. Mas, lá para meados de 2018, não consegui mais dizer não a bolinhos de bacalhau, voltando a comer "frutos do mar". Desde então, tinha mudado o meu "status" moral-alimentício de "vegetariano ovo-lácteo" para "peixetariano". Quanto à minha saúde, não havia notado grandes mudanças, se desde 2015 estava sem comer carne de boi, vaca, porco e frango. 

Então, neste ano de 2022, eu comecei a perceber um declínio na minha saúde com dores de garganta e resfriados frequentes. Justamente no meu mês de aniversário, agosto, eu o passei doente, com a garganta muito dolorida e tosse. O fechei com febre e mal estar, começando setembro com diarreia e fortes dores de barriga, causadas por uma provável intoxicação alimentar, e ainda tive reação alérgica a um remédio contra dor, Buscopan, que quase me causou um choque anafilático (provavelmente associado a uma combinação de abuso de remédios no mesmo dia e baixa imunidade). Pois mesmo que nada disso tenha acontecido por causa da dieta que estava seguindo, eu decidi voltar a consumir carne. Porque, como já havia comentado, eu não tenho exatamente uma saúde de ferro. Outro problema é que, quem começa uma dieta como essa, seja lá por quais razões, precisa se informar bem para conseguir encontrar fontes de alimento que substituam pelo menos uma boa parte da proteína animal que deixará de ser consumida. E eu não sou essa pessoa organizada. Eu fui direto na mudança de dieta por razões morais, como a maioria faz, sem ter acionado o meu paraquedas, isto é, sem ter buscado compreender os prós e contra e compensar de maneira satisfatória.

Mas isso não muda em nada o que penso sobre a pauta antiespecista. Na verdade, confirma aquilo que já sabia, que não é apenas uma questão de parar de comer carne, porque não é e nunca foi tão simples assim. Aliás, essa é uma das pautas mais complexas e, portanto, mais difíceis de serem plenamente implementadas, porque se, por um lado, está muito certa sobre combater todo tipo de crueldade contra animais não-humanos, por outro, ainda não é tão fácil mudar a dieta humana, depois de milhares de anos de co-evolução biológica e cultural. De qualquer maneira, eu continuarei defendendo pelo melhor tratamento possível, inclusive para os animais que são criados para alimentar a humanidade, ajudando com o que estiver ao meu alcance; e continuarei totalmente contrário à certas "práticas culturais", do "abate Hallall" ou "Kosher" ao consumo de carnes de cachorros e gatos, até mesmo pelo status histórico e co-evolutivo dos mesmos com os humanos. Aceitar a complexidade dessa pauta é o primeiro passo. Reconhecer quando não consegue mais sustentar um modo de vida, adotado por razões morais, mas sem desistir de continuar apoiando pela melhoria do tratamento que é dado às outras espécies, além da nossa, é outro passo importante se também for o seu caso. 

6 prováveis mitos sobre o Autismo

 1. É apenas um jeito diferente de ser 


O espectro do autismo é uma condição complexa por ser, ao mesmo tempo, uma identidade individual e um transtorno neurológico, similar às síndromes de Down e Williams, ao contrário do que alguns (ou muitos) "autivistas" pregam... 

Outro diferencial de complexidade do autismo em relação à outras condições é a presença de um potencial inato para certos talentos irregularmente distribuído entre os "portadores". 

E isso varia de caso para caso, desde os mais "brandos", em que o autismo tende a ser percebido e/ou vivenciado como uma identidade pessoal do que como um transtorno, até aos mais "severos", em que é percebido e/ou vivenciado como uma grande limitação de adaptação e autonomia.

Até parece que esses ativistas da neurodiversidade têm se inspirado no ativismo LGBT para afirmar que o autismo não é um transtorno. Mas, diferente dele, não é possível traçar qualquer relação de causalidade de sintomas psiquiátricos ou fisiológicos com a diversidade sexual, se a mesma se consiste e se limita conceitualmente à atração pelo mesmo sexo e/ou grande identificação com o sexo oposto.

2. Está causalmente relacionado com uma maior capacidade racional 

Este é, provavelmente, o mito mais popular entre os autistas, de que, por causa de uma tendência de estarem mais desconectados da vida social ou de serem percebidos como menos emotivos, acabariam se tornando mais racionais que os neurotípicos. Bem, se de acordo com as minhas experiências de uma década em debates ou conversas pela internet com indivíduos autistas, eu diria que, a maioria deles não parecia mais racional, para mim, no sentido de estarem excepcionalmente aptos a pensar de maneira imparcial e objetiva. Além do mais, a racionalidade não é produto de uma ausência de emoções durante o processo de raciocínio, mas de controle, compreensão e cooptação das mesmas para que possam contribuir com a geração de pensamentos ou julgamentos mais ponderados, afinal, elas são fundamentais paras as nossas avaliações estética, moral e até objetiva. 

Dificuldade de interação social, sozinha, também não aumenta a racionalidade, porque não é necessário que um indivíduo esteja inserido dentro de um grupo para que possa se [auto]condicionar ideologicamente. 

Pois parece ser uma combinação de fatores intrínsecos e extrínsecos que contribui para nos tornar mais ou menos racionais... 

Pode ser verdade que, em média, autistas sejam mais racionais que neurotípicos, por serem comparativamente mais propensos a pensar de maneira lógica, mas duvido que seja uma diferença muito notável. Também pode ser verdade que exista uma desproporção de indivíduos autistas altamente racionais se comparados com os neurotípicos. Mas, por enquanto, não há qualquer evidência disso. Pois, se for me basear nas minhas experiências de interação e percepções sobre o ativismo da neurodiversidade, centralizado no autismo, e do nível médio de doutrinação ideológica da população autista, independente de qual ideologia, que é um bom parâmetro de avaliação de capacidade racional, a minha conclusão, novamente, não será favorável à confirmação desta causalidade proposta...

3. Está causalmente relacionado com genialidade criativa 

Mesmo em relação aos autistas mais academicamente inteligentes, bem como aos que apresentam talentos excepcionais, do tipo "savant", um gênio é essencialmente identificado por suas realizações criativas de grande qualidade ou impacto. 

Por isso que, desempenhos excepcionais ainda não são exatamente o mesmo que manifestações genuínas de genialidade, especialmente quando não há originalidade envolvida. Esta é a diferença entre um violinista muito talentoso e um compositor de música clássica altamente original e que tem bom gosto. Pois esse violinista ainda pode ser um grande compositor ou, pelo menos, excepcional na capacidade de improvisar... mas, se se dedicar "apenas" ao ofício de músico instrumentista, então, não pode ser considerado um "gênio".

De qualquer maneira, uma performance fantástica, sem ser original, não lhe torna menos fantástica por isso... 
 
É verdade que indivíduos geniais e autistas compartilham vários traços, como uma tendência para ter atenção aos detalhes, obsessão por interesses especiais e de não ser muito sociável. Nem por isso, o autismo causa a genialidade, já que a maioria dos autistas não é ou se tornou genial, nem a maioria dos gênios é autista. 

4. Não existem autistas de alto e de baixo funcionamento 

O ativismo da neurodiversidade, por causa de uma pretensa empatia, disfarçada de "ciência", resolveu eliminar a distinção que se fazia entre os autistas. Portanto, desde que essa decisão foi tomada, autistas de alto e de baixo funcionamento deixaram de existir, supostamente... 

Mas não há razão para mentir sobre algo tão evidente. E não, não parece difícil de entender que, o autismo de alto funcionamento não significa plena capacidade de adaptação social, se se consiste em uma comparação entre autistas e não com neurotípicos...

5. Autistas são sempre incompreendidos, que só querem ser aceitos pela sociedade

Pedantismo e arrogância 

Duas tendências de comportamento que parecem ser comuns entre os autistas, especialmente os de alto funcionamento. Nesse sentido, estão muito parecidos com os neurotípicos de alto QI, já que também tendem a ser, se de maneira mais implícita ou não, pedantes e arrogantes, excessivamente confiantes sobre suas capacidades intelectuais.  

Sim, o fato de que a maioria dos autistas só querem ser aceitos ou compreendidos pela sociedade, não significa que não possam agir de maneiras reprováveis.

5.1 Não existem autistas de má índole

Como se todo autista fosse ingênuo, que sempre diz a verdade e que não é capaz de cometer atos cruéis ou ter pontos de vista moralmente errados. Arrogantes e pedantes, eu já sei que podem ser...

6. Não existem ''neurotípicos com mais traços "autistas' do que a média''

Não bastassem negar as diferenças de funcionamento entre autistas, alguns (ou muitos) ativistas da neurodiversidade também parecem negar a existência de neurotípicos com alta intensidade de traços autistas (eu, por exemplo), como se não fosse possível haver uma continuidade entre os espectros do autismo e da neurotipicalidade, porque afirmam que, ou se é autista ou não...

Na verdade, também não existe uma divisão nítida entre indivíduos considerados neurotípicos e neuroatípicos, principalmente os que apresentam uma maior mistura de características ou comportamentos associados à "normalidade" e à excentricidade cultural//comportamental. De qualquer maneira, neuroatípicos com mais traços "autistas" que a média e que não são suficientemente autistas para serem considerados como tal, existem.

Com essa pequena lista, não tenho como intenção denegrir a comunidade autista, mas de combater mentiras fabricadas e defendidas por muitos ativistas que dificultam nossa compreensão sobre o tópico, até para abordá-lo da melhor maneira possível. 

domingo, 11 de setembro de 2022

"Neolamarckismo" e "Darwinismo" aplicado à evolução humana

 Por que os seres humanos são, em média, muito mais inteligentes que as outras espécies de animais?? 


Também e/ou especialmente por termos cérebros grandes, se comparados com o tamanho dos nossos corpos, e mais complexos.

Mas como que nossos cérebros se tornaram grandes e complexos?? 


Explicação mais provável: principalmente por seleção natural. 

Os seres humanos com os cérebros maiores e mais complexos, ao longo da história evolutiva de nossa espécie, têm sido mais bem sucedidos em sobreviver e passar seus genes adiante, tendo mais descendentes que aqueles com cérebros menores e mais simples. 

Acontece assim. Mutações surgem naturalmente. Então, as mais "benéficas" para a sobrevivência ou para certo tipo de adaptação, ao longo de milhares de anos, vão sendo selecionadas e se tornando predominantes em determinada população. 

Explicação "neolamarckista": os seres humanos que usaram mais os seus cérebros, foram transmitindo aos seus descendentes, alterações morfológicas mínimas de tamanho e complexidade causadas pelo seu maior uso, aumentando-os cada vez mais, de maneira lenta porém constante, de geração em geração.

Mas, não existe nenhuma evidência de que isso aconteça, nem com as outras espécies, enquanto que o mecanismo da seleção natural tem sido comprovado, inclusive por seleção artificial. 

Exemplos: aumento da resistência de insetos que devastam plantações, aos inseticidas que são administrados contra eles; aumento da resistência de bactérias a antibióticos; a seleção artificial de animais e vegetais para domesticação, que tem sido praticada por seres humanos....

Saúde mental

Me lembro de umas férias de verão, no início dos anos 2000, em que sequer fui à varanda de casa, de tão acostumado com o conforto do meu lar, tão independente dos outros para passar o tempo, mas, também, tão preocupado com a opinião alheia. Me lembro que, por causa disso, minha mãe, em conluio com minha tia, conseguiram uma psicóloga da prefeitura para me consultar. Eu não tinha plena consciência de que estava tendo crises de fobia social, de que precisava de ajuda para me entender e deixar de ser tão arredio. Eu também não havia percebido que a psicóloga com a qual passei a me consultar, não deveria estar atendendo pessoas fragilizadas, mediante o seu amadorismo, especialmente quando me diagnosticou como maníaco-depressivo, vulgo bipolar, logo nas nossas primeiras sessões, já querendo me enfiar antidepressivo goela abaixo. Então, eu duvidei do seu diagnóstico e uma reportagem sobre o transtorno, que passou num programa de domingo, foi a prova de que precisava para confirmar minha suspeita e rechaçar qualquer tentativa de me medicar, se não havia qualquer razão para isso. Naquela fatídica reportagem, uma "atriz bipolar" comentou que não conseguia viver normalmente sem a medicação, e isso me fez perguntar, para mim mesmo, qual deveria ser a façanha que estava fazendo, já que nunca precisei de medicação para estabilizar o meu humor... Foram alguns meses de consulta com uma mulher fria que me dava conselhos rasos que qualquer outra pessoa poderia dar, por exemplo, de que eu deveria me comportar como os adolescentes de minha idade para não acabar isolado, ao invés de, primeiro, tentar me entender. Pelo menos em uma coisa ela foi certeira, em perceber a relação de minha gagueira com a personalidade do meu pai, quando foi chamado para conversar com ela. Eu tive que voltar na memória para reconhecer o momento em que comecei a falar e a gaguejar, e a falta de paciência do meu pai para lidar com essa situação. Sem querer condená-lo, afinal, ninguém é perfeito. 


Eu não sei por que parei de me consultar. Acho que ela me deu alta por alguma razão insossa. Sofri à minha maneira, intuitivamente resiliente, durante a época mais complicada de nossas vidas, a adolescência. Mas também fui muito feliz ali... Consegui passar para a universidade, começando a frequentá-la em 2008, aos 18 anos. Mas, a inquietude de me entender, ainda mais sabendo que era diferente dos outros, continuou. Então, ao ter acesso à internet, passei a procurar por explicações ou diagnósticos para saber por que não era como a maioria. Primeiro, foi o autismo. Depois, eu acho que foi a TDAH. Aí, não lembro a ordem. Só sei que já pesquisei sobre psicopatia, personalidade limítrofe, alta sensibilidade, depressão, ciclotímia, superdotação, fobia social, timidez, psicose... Hoje, eu tenho concluído que devo ter uma espécie de amálgama moderada de expressão desses transtornos e traços que pesquisei. Mas, sem conseguir ser plenamente enquadrado em quase nenhum deles, no máximo, de ser mais autoconsciente, distraído, tímido, irritadiço e sensível. Não sei o que é pior: não ser diagnosticado ou ser e, pelo menos, ter esse diagnóstico, tanto como uma orientação de como proceder quanto como um álibi para justificar aos outros o porquê das minhas excentricidades e dos meus descompassos de adaptação na sociedade em que tenho vivido. 

No entanto, eu melhorei muito desde esse período, de minha primeira consulta com uma psicóloga, especialmente quando comecei a me aceitar do jeito que eu sou, incluindo minha sexualidade; de quando parei de tentar ser quem os outros gostariam que eu fosse. A resposta era muito mais simples do que imaginava, pois estava na minha frente, no espelho... Foram longos anos de auto rejeição e, hoje, eu me sinto muito mais livre e tranquilo do que naqueles tempos sempre saudosos para mim, mas que também foram muito desafiadores... 

sábado, 10 de setembro de 2022

Fim de caminhada

 O cheiro do dia se despedindo. O mato ainda úmido de orvalho da última noite. As meias sujas, a roupa suada. Aquela cidadezinha começando a brilhar, lá embaixo. E eu aqui, no alto, com as nuvens coloridas do entardecer. De um sol de inverno que se põe mais cedo. E eu converso comigo mesmo; com o meu amigo, que se foi no início do ano. Que se foi pra sempre. Para a inexistência de onde viemos. Eu desço e caminho, junto com os pássaros. As árvores escurecem a própria sombra. O silêncio acompanha o meu compasso. Gritos de crianças, de vozes humanas. Cachorros de rua vendo a vida passar. E eu ando de volta ao centro da cidade. Em direção ao meu reino de faz de conta. Para mais um novo ciclo de esperança e cumplicidades. Na espera de uma próxima e única caminhada...


 

Prosa poética inspirada pela música Radiant City de Harold Budd

Sobre "neolamarckismo" e "lamarckxismo"

 Neolamarckismo: aparente tentativa de reavivar e legitimar uma hipótese evolutiva notoriamente defendida por Jean Baptiste de Lamarck, Lamarckismo, há muito desacreditada pela teoria da seleção natural, ou "Darwinismo", que foi paralelamente desenvolvida por Charles Darwin e Alfred Russel Wallace.


"Lamarckxismo" ou lamarckismo de esquerda: termo satírico que eu inventei e que se consiste na combinação da crença na tábula rasa com a realidade da luta de classes e, então, na busca por igualdade ou justiça social com base na primeira; teimosamente popular entre professores e acadêmicos das ciências humanas.

Tábula rasa: (quase) todo ser humano nasce, tal como uma folha de papel em branco. Apenas ou especialmente as condições do meio (desigualdades socioeconômicas, raciais, de gênero; nível de educação recebido, tipo de criação dada pelos pais) que são responsáveis pelas diferenças de desempenho intelectual e de comportamento entre indivíduos e grupos humanos;

Lamarckismo: a evolução das espécies acontece pela transmissão de características adquiridas por esforço repetitivo; 

"Marxismo": a história humana tem girado em torno da luta de classes em que, as classes mais abastadas, principalmente as "elites" político-econômicas, exploram economicamente as outras classes para o próprio benefício.

...

Portanto, acredita-se que, bastaria investir na melhoria dessas condições que essas diferenças, a médio e longo prazo, diminuiriam de maneira significativa ou mesmo desapareceriam por completo. Por exemplo, se, em média, indivíduos das classes trabalhadoras apresentam desempenho intelectual inferior aos indivíduos de classe média, é porque não tiveram igual acesso a uma "educação de qualidade" durante o período escolar, resultando na especialização da maioria desses indivíduos, do primeiro grupo, em trabalhos manuais ou de "baixa qualificação". Então, é preciso oferecer, particularmente aos seus filhos ou às novas gerações, uma "educação de qualidade" para que possam se tornar "tão ou mais 'inteligentes" que os jovens de classe média (lei do uso e do desuso/lamarckismo), aptos a ingressar no ensino superior e, assim, exercer profissões de "maior prestígio", que pagam mais, diminuindo a desigualdade social.* 

* Aqui, como eu já comentei em outros textos, despreza-se que, o mais importante ainda não é que "apenas' uma minoria tenha acesso ao ensino superior, mas que a maioria exerça profissões que paguem tão pouco, ou que existam diferenças salariais tão grandes, até porque, toda sociedade precisa de indivíduos que se dediquem à profissões de "colarinho branco" e também que, mesmo se todos pudessem frequentar uma universidade pública, continuariam existindo os que acabariam se especializando em funções mais básicas, que não exigem uma maior qualificação técnica.

Realidade: 

Um dos mecanismos mais importantes para a evolução das espécies é a seleção natural, de características favoráveis à adaptação. Outros fatores são: deriva genética, que pode resultar em gargalo ou efeito fundador; isolamento geográfico... portanto, a hipótese lamarckista, de que a evolução das espécies acontece fundamentalmente por transmissão de características adquiridas por esforço repetitivo, não parece correta;

Seres humanos não nascem como folhas de papel em branco, totalmente destituídos de predisposições comportamentais. É a biologia que tem um papel mais decisivo, por mais extremas possam ser as condições do meio (uma folha não é levada pelo vento apenas pela força do mesmo, mas também por causa do seu nível de leveza).

Portanto, se indivíduos de classe trabalhadora tendem a apresentar um desempenho intelectual inferior aos de classes média é pelo simples fato de terem, em média, capacidades cognitivas comparativamente mais baixas, e não porque a maioria estudou em escola pública ou não teve acesso a uma "melhor educação". A priori, a única maneira de se igualar desempenhos entre as duas classes seria se os indivíduos mais academicamente inteligentes de classe trabalhadora produzissem mais descendentes que aqueles de menor capacidade do mesmo grupo ou que acontecesse o padrão oposto com os indivíduos de classe média. Desprezando que, muitos dos "mais inteligentes" de origem humilde ascendem socialmente. Sim, eles existem, mesmo sem terem tido acesso a uma "educação de qualidade", seja lá o que isso signifique... 

Pode ser que, altos índices de pobreza extrema causem efeitos intergeracionais--epigenéticos, por exemplo, prejudicando o crescimento ideal dos cérebros dos indivíduos mais afetados. Mas em vários lugares onde a fome deixou de ser endêmica ou epidêmica, percebe-se que não tem havido um ajuste significativo dessas diferenças entre grupos socioeconômicos, raciais ou de gênero, comprovadamente causado pela melhoria das condições sociais, por exemplo, nos EUA, sugerindo que a biologia tem um papel mais decisivo que o meio, mas não absoluto, pelo menos em relação à inteligência humana. Nem por isso, deve-se suspender o apoio à luta contra as desigualdades que causam injustiças sociais...

Pois até parece que as esquerdas usam sua crença na tábula rasa, de que "somos todos naturalmente iguais", como principal argumento em seu combate às desigualdades. Mas eu penso que deveriam adotar o argumento existencialista, de que somos todos iguais, em essência, por nossa fragilidade, finitude e insignificância em comum, diante da monstruosidade descomunal e indiferente do universo. Sem mais se iludirem de que nossas diferenças não-essenciais seriam facilmente erradicáveis. Em outras palavras, de terem como base em suas políticas, verdades absolutas, e não mentiras reconfortantes que se alinham com algumas de suas crenças ideológicas mais importantes.

É verdade que o monopólio administrativo de "elites" político-econômicas mal intencionadas, principalmente as de direita, tem resultado na distribuição desigual das riquezas produzidas, dentre outros crimes... Mas a pobreza também é produto de uma incapacidade individual de adaptação a certos contextos, especialmente de indivíduos que apresentam traços considerados desvantajosos, tal como uma baixa capacidade cognitiva.

Apenas o "marxismo", vagamente definido neste texto como "luta por justiça social", que está mais certo, por ser o básico bom senso de se buscar por uma sociedade mais equilibrada e justa...

''Por que a esquerda brasileira prioriza medidas como distribuição de riquezas/igualdade, ..."

 ... mesmo que não sejamos um país rico, ao invés de focar primeiramente em políticas internas e externas para criação de riquezas e desenvolvimento econômico?" 


Pergunta do Quora. Minha resposta.

O Brasil é um dos 10 países mais ricos do mundo em tamanho do PIB, rico em recursos naturais, incluindo um dos mais importantes de todos, água, e com grande potencial para o turismo.

Realmente, se o Brasil fosse um país pobre, então, por que nossa linda elite é tão rica?????

Outra coisa, para a criação de riquezas e/ou desenvolvimento é preciso ter um mercado interno robusto, característica presente na grande maioria dos países capitalistas mais desenvolvidos…

Sobre a morte da "rainha"...

 Segundo a mídia corporativa e monarquistas conservadores, a morte da "rainha" Elizabeth causa "comoção" em "todo mundo"; que vossa majestade deixa "um grande legado" para a humanidade...


Mas são tantas pessoas que, de fato, fazem coisas maravilhosas em prol do outro e nunca são reconhecidas... Se tivessem "sangue azul", talvez...

sábado, 3 de setembro de 2022

O maior problema sobre a pena de morte nos EUA não é a sentença em si...

 ... mas que, especialmente os mais pobres, sejam condenados e que a imensa maioria dos mais ricos (multimilionários, políticos...), principalmente os que exploram os outros e são responsáveis por muitas mortes e sofrimento, sejam, com frequência, celebrados pela sociedade capitalista estadunidense, que seja muito difícil serem condenados por seus crimes, ainda mais quando sequer são considerados como tal.