"Um país chamado desejo"
Eu já comentei algumas vezes sobre o meu tio materno e sobre ele ser um mentiroso patológico. Falei brevemente sobre as mentiras fantasiosas que ele inventa e que tenta sagazmente forçar minha família e eu, de lambuja, a acreditar.
Pois bem, esta relativa tendência para inventar, viver, acreditar em fantasias também está presente em mim mas de maneira adaptável, isto é, ao invés de arrumar problemas pra mim, esta disposição se tornou uma aliada para me ajudar a aguentar o mundo absurdamente estupido em que vivo ( em que vivemos).
E uma das maneiras mais interessantes para tornar útil aquilo que poderia ser apenas mais uma dor de cabeça foi a de inventar países em que todas as minhas ideias de mundo perfeito pudessem ser aplicadas. Das muitas obsessões que tenho, esta é com certeza uma das que, também, mais me ajuda a aguentar a vivacidade de minha mente enquanto uma híbrida de associações difusas a la esquizofrenia e apreço estético a detalhes específicos a la autismo.
Semelhante a utilidade de um saco de pancadas para reduzir a ansiedade, a invenção e construção subsequente que possa dar sustentação a este devaneio controlado parece estar funcionando muito bem enquanto uma maneira de dispersar todas as minhas frustrações especialmente em relação a realidade coletiva produzida pelo ser humano, exponencialmente destrutiva e categoricamente idiota.
Meu país, uma cidade-estado ao lado de Trinidad e Tobago, perto de Maracaibo, tropical, modernamente reluzente como Cingapura, progressista como San Francisco, filosófica como a Atenas de Sócrates, alegre, artística, sisuda e elegante como a uma tal Paris, salva-me do tédio que a vida propicia a todos os seus navegantes e ao ódio de vivenciar o predomínio asfixiante da estupidez humana e pouco poder fazer ao menos por agora.
Tem "males" que vem pra bem. A imaginação e engenhosidade tagarela do meu tio veio-me via hereditariedade indireta, manifestar-se em mim de maneira mais branda, e eu diria, mais controlada também. Como resultado posso colocar as minhas asas imaginárias para socorrer-me primeiramente de mim mesmo, mas com certeza também do mundo ignóbil do qual eu sou forçado a vivenciar.
O que em meu tio resulta em devaneios sofisticadamente construídos, pra mim, em doses mais parcimoniosas, resulta em uma janela de oportunidade para que possa trabalhar com o meu auto-controle.
Confusão entre causação e correlação
Transmissão de caracteres POR esforço repetitivo = a teoria lamarckiana
ou
O Esforço repetitivo para uma determinada atividade nada mais seria do que a expressão natural (intrínseca) ou relativamente construída da forma ou genótipo, que por sua vez é transmissível (teoria darwiniana)
Lamarck deu grande ênfase a expressão/comportamento como um atributo transmissível enquanto que Darwin mostrou que é a forma/arquitetura genética particular ou geral, que é transmissível e/ou heterogeneamente hereditária, e que por sua vez, se consiste em uma das causas principais para a transmissão e manifestação de certo comportamento.
Lamarck postulou que o fenótipo, que é particularmente produzido pela conjugação de bio-variáveis e circunstâncias ambientais, é fundamentalmente transmitido ou transmissível via esforço repetitivo.
Darwin postulou que é o genotipo (ou forma) que é de fato transmissível.
O fenótipo expressa o conjunto de traços emergentes ou dominantes dentro de um bio-contexto individual ou particular. O fenótipo pode pular uma geração e se manifestar na geração subsequente/netos, ou mesmo perder a sua força e claro que todos esses cenários dependerão fundamentalmente das circunstâncias reprodutivas estruturais, como o compartilhamento conjugal de traços em comum, especialmente os recessivos, para que possam se manifestar, possivelmente, variáveis ambientais, etc
No entanto o genótipo, que reúne todos os espectros de dominância e recessividade expressiva/fenotípica particulares, é aquele que será inegavelmente transmitido, e claro que em formas de vida complexas como a humana, isso ocorrerá a partir de uma tendência de diversificação, fenotípica e genotípica, se somos como mutantes e ou recombinantes de nossos pais e assim por diante numa cadeia de preservação e modificação genética.
Exemplo
Eu começo a fazer exercícios físicos e percebo um potencial para esculpir músculos. Segundo Lamarck, eu passaria esta ''transformação gradual'' ou expressão aos meus filhos.
De fato, eu posso passar como legado intergeracional esta DISPOSIÇAO para esculpir músculos, isto é, o genótipo e não necessária ou diretamente, o fenótipo ou músculos esculpidos. Então, um ou vários dos meus hipotéticos filhos poderão nascer com esta disposição....
Também pode acontecer de um ou vários deles nascerem com ''novas mutações'' desta característica e passar a ideia de que o meu esforço repetitivo foi passado pra eles enquanto legado genético.
Lamarck concluiu que o fenótipo via esforço repetitivo que é transmissível.
O esforço repetitivo é uma expressão do fenótipo e é o genótipo que é transmissível. Lamarck não estava completamente errado... porque fenótipos também podem ser transmitidos, desde que a transmissão intergeracional resulte em sua expressão, tal pai, tal filho.
No entanto, a meu entender, o esforço repetitivo não é a causa mas o resultado de certa disposição fenotípica ou cronicamente emergente, aquilo que está muito latente em nós, que não podemos controlar porque é dominante e imperativo de faze-lo, no caso das disposições comportamentais.
Por que eu sou um introvertido?
Porque eu sou gago,
Porque eu sou sexualmente minoritário,
Porque eu sou emocionalmente hipersensível,
Porque eu tenho hiperidrose,
Porque eu tenho a face avermelhada,
Porque, por ser mais racional, eu deduzo que quanto maior a profundidade e quantidade nas interações sociais mais provável de me tornar irritado,
Porque eu tenho uma tendência para o pensamento literal, objetivo, enfaticamente essencial, o inverso da subjetividade social,
Porque eu sou um solucionador de problemas "idealista',
Porque eu detesto pessoas contraditórias,
Porque eu tenho um cérebro mais introvertido,
Porque eu sou muito honesto e sincero,
Porque eu sou moralmente perfeccionista enquanto que o ambiente "onde" vivo (planeta "terra") é o exato oposto,
Porque eu sou intolerante a estupidez e ignorância..
A Perspectiva existencial é a arquitetura do existir, que se faz por meio da sobreposição de bio-variáveis em conluio com o meio de vivência e/ou fatores ambientais únicos (macro, decisivos e/ou estruturais).
As bio-variáveis se sobrepõem hierarquicamente umas às outras como castelos/arquiteturas de prioridades existenciais/transcendentais, produzindo modos de atuação que tendem a ser lógicos/recíprocos à essas "necessidades vitais".
A maioria das pessoas tendem a apresentar mais similaridades de operacionalidade entre si do que diferenças e esta realidade caminhará para produzir as tão odiadas massas ou coletividades.
Das minorias que exibem os modos mais singulares nós vamos ter os criativos e quanto maior ou mais constante for a influência da criatividade no comportamento/ato de existir, mais únicas serão as suas perspectivas existenciais. Escusado será dizer que não basta estar singularmente localizado dentro do ambiente evolutivamente compartilhado para ser muito criativo, mas principalmente, que esta situação seja acompanhada por predicados que possam incrementar a autopercepção de singularidade, como uma maior inteligência intrapessoal.
Talvez a própria criatividade já possa ser pré-concebida enquanto uma arquitetura bio-existencial "e' cognitiva incomum que resulte em intuições novas e de qualidade, a base primordialmente conceitual deste fenômeno.
Metaforicamente falando é como se a maioria das pessoas estivessem em posições ou localizações discretamente distintas entre si, enquanto que os tipos mais singulares pudessem ser encontrados em localizações completamente discrepantes, via perspectiva existencial.
Localizações distintas produzem campos de visualização ou perspectivas distintas e quanto mais singular, mais interessante, novo e potencialmente útil será.... e novamente, se for acompanhado pela ''bio-aparelhagem'' necessária. Não basta ''ter'' ou ''estar'', também é preciso ''ser''.
Os mais similares interpretam a realidade de forma potencialmente parecida e a cultura aparece como uma maneira de reuni-los sob bandeiras transcendentais homogêneas, que melhor lhes apetecem.
Os mais criativos são, primeiramente, como aves raras e a possibilidade que o fenômeno das massas possa afeta-los será potencialmente pequena se o ápice da criatividade e especialmente da personalidade criativa nada mais será do que o extremo senso de individualidade (não confundir com individualismo).
O verdadeiro gênio criativo ou auto-criativo é a anti matéria do conformista coletivista.
Somos movidos por intuições. Os nossos cérebros operam de maneira intuitiva, distribuindo funções por meio de um falso-ponto cego ou aleatoriedade relativa. É por isso que muitas vezes (na maioria das vezes) agimos de maneira instintiva e emocional. Muitas vezes seremos muito mais reativos do que reflexivos, isto é, de estudarmos as nossas próprias reações. O que difere uma epifania criativa de um cotidiano normal de operacionalidade cerebral ou "convergente", é a sua novidade e não necessariamente a sua natureza intrínseca ou orgânica.
O gênio criativo, "alienado" dentro de seu casulo singular de percepções, dará grande prioridade a sua maneira única de entender o mundo, produzindo novas ideias e/ou associações, enquanto que os neurotipicos recuperarão as suas internalizações e/ou memórias de maneira intuitiva, porque afinal de contas, poucos tem o hábito de pensar sobre os próprios pensamentos e muito daqueles que o fazem ainda se dará via intuição. Não sabemos como que nossos pensamentos chegam tão rápidos até nós. (isso se existirem gagos mentais...) Recuperamos internalizações para atuar no mundo a todo momento, isto é, usamos nossos crescentes arcabolsos perceptivos, filtrados por nossas respectivas formas ou bio-variáveis (bio-arquitetura).
O criativo é aquele que, ao invés de apenas recuperar lembranças, também produzirá nova matéria prima para que mais lembranças e/ou conhecimentos possam ser coletivamente internalizados e aproveitados dentro dos ambientes humanos, mas primeiramente por eles mesmos.
O gago pensa sobre a própria fluência e em como que ela poderá ser expressada, pensa em sua operacionalidade mecanica ou técnica.
"Eu vou falar assim " eu quero comprar uma barra de chocolate" ".
Ele ensaia como que irá falar na débil tentativa de prevenir que gagueje, pois acredita que o modo de pensar humano nao tende a ser puramente reativo.
O criativo pensa em ideias que nunca foram pensadas. O neurotípico pensa em ideias que foram compartilhadas, apesar de ter alguma disposição individual e invariavelmente fraca para produzir novas ideias.
Da mesma maneira que pensamos sem ter ideia de como o fazemos, que se dá intuitivamente, o mesmo acontece com a criatividade. E na minha opinião o fator chave que explica o porquê dos criativos e especialmente os mais geniais, se diferenciarem em relação aos tipos neurotipicos não será apenas por causa de seus estilos cognitivos, que podem ser demonstrados por seus cérebros, mas também por causa de suas perspectivas existenciais singulares, que também explicam as motivações (interesses) intrínsecas ou prioridades evolutivas/existenciais/transcendentais incomuns.
Resumindo, o gênio criativo é como um superdotado (ou um ''muito' inteligente) mas existencialmente direcionado para prioridades incomuns, que serão ricas em novas percepções e muito mais detalhistas quanto às nuances da realidade (consciencia estética) do que em relação aos zumbidos repetitivos das colmeias humanas.
Dentro do contexto dicotomico político ''moderno'' direita x esquerda...
O sábio é aquele que negará as duas vertentes antagonicas porque a verdade se encontrará não apenas no centro deste espectro mas em todas as suas perspectivas, em um mundo onde que a mesma está fracionada em muitos pedaços.
Portanto, não espere atitudes partidárias por parte dos sábios verdadeiros.
Os argumentos (dos conservadores sociais) contra o casamento de pessoas do mesmo sexo ou mesmo contra a homossexualidade tendem a variar pouco, muito pouco e dentro de um espectro estreito de estupidez e incoerência moral. Uma boa parte destes argumentos partem de uma base "religiosa". Em outras palavras, eles usam de estórias infanto-juvenis que não sobrevivem a uma análise completa e sábia, povoadas por contradições internas fatais, especialmente em relação a moralidade que gritam ter monopólio, para tentar proibir que uma pequena fração demográfica possa viver as suas vidas individuais, e especialmente a íntima, de maneira digna e racional para com as suas necessidades fisiológicas mais agudas (e claro que não é toda a minoria sexual que merecerá igual tratamento).
O idiota moral (a maioria deles que são de conservadores, por causa da ave rara que se consiste o esquerdista pós moderno genuíno) que tenta determinar o comportamento neutro de outrem como doença ou monoteisticamente inaceitável, como todo "bom" idiota que se preze, que mereça este elogio, encontrar-se-á desprovido de um necessário autoconhecimento que o faça retroceder na hora de dar o seu show particular, reconhecendo em si a sua inanição moral, incapaz de delimitar fantasias pseudo-místicas em relação a realidade racional e física (literal) da moralidade objetiva.
Eu já devo ter falado um bocado sobre os argumentos dos homoaversivos que em seus íntimos desejariam ver uma certa pluralidade de indivíduos, dentro de instituições psiquiátricas e tomados por uma suposta culpa por não serem como os hipócritas estupidos "religiosos" gostariam que fossem.
Queimarão no fogo do inferno por "escolherem' este caminho "vergonhoso"?? Ou foram sadicamente escolhidos por nosso bondoso ''deus judeu'' para serem oferecidos ao seu filho rebelde e arrogante, que agora queima no submundo da maldade, dos ''pecadores'???
A humanidade culturalmente moderna me parece que já tem uns 20-30 mil anos e mesmo depois de tantas evoluções ainda continuamos a debater algumas extremas obviedades e tendo de ouvir educadamente os disparates de energúmenos que internalizaram como verdade, estorinhas infantis que tem pouco nexo com o mundo real e eu diria muito mais, com a inteligência e/ou a sabedoria em suas cores mais verdadeiras.
Eu tenho a impressão de que a grande maioria dos homoaversivos também sejam contrários aos direitos mais básicos dos animais não- humanos, especialmente aqueles que por nao serem tão encantadores ou bonitos como cachorros ou gatos, foram transformados em algo muito pior do que escravos e agora são trucidados aos milhões para encher a pança do lixo humano.
Em termos de moralidade objetiva e de SER inteligente, usar disparates religiosos contra o desejo de escolha e felicidade de uma minoria a muito irracionalmente perseguida e/ou contra a imensa empatia estendida a um maior número de vidas é uma clara demonstração de imbecilidade moral de último grau.
Ainda que o psicopata seja o candidato perfeito para o posto principal de idiota moral, será justamente aquele que, a partir de uma pluralidade de tipos, passar incólume dentro de sua roupa de "normalidade", que melhor expressará esta débil perspectiva existencial, confusa e perigosa.
Primo rico, primo pobre
Raças, etnicidades, povos e os seus comportamentos médios podem se assemelhar consideravelmente em relação aos famosos e factuais estereótipos das classes sociais (ricos, classe média e pobres)
Mentirosos e/ou trapaceiros, materialistas, ambiciosos, orgulhosos, preguiçosos para o trabalho manual, elitistas, tribais, calculistas frios de alto funcionamento ... "Judeus"??? ('' '' significa ''em média'' e existem vários tipos de ''médias'')
O clássico sociótipo do ''rico chauvinista e trapaceiro''
Mentirosos e/ou trapaceiros, materialistas, socialmente caóticos, preguiçosos para o trabalho manual, orgulhosos, tribais, calculistas frios de baixo funcionamento... "Ciganos"???
O clássico sociótipo do ''pobre malandro''
Como eu sempre falo, pior que o arquétipo do "pobre", apenas o arquétipo do"rico", e sem falar na "classe média" ou "classe de zumbis conformistas", que não é tão ruim, em média, enquanto coletividade social, mas tão pouco que será muito melhor do que os dois extremos citados.