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segunda-feira, 15 de maio de 2017

Sabedoria e seleção natural

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Desde que a teoria darwiniana foi apresentada ao grande público, eu tenho a impressão que a sabedoria, ou aquilo que muitos tem denominado de ''sabedoria'', em suas ''múltiplas formas'', tem sido afastada da primeira, talvez porque desde os primórdios da civilização que tem sido vinculada  às religiões ou crenças humanas. Portanto quando o mundo foi assombrado com a teoria da seleção natural, que destituiu o homem de sua ''divindade prometeica'', muitos daqueles que se declaravam ''sábios'' a viram como uma grande ameaça, e mesmo a própria ciência, como inimiga da sabedoria, atribuindo às duas, diferenças irreconciliáveis, como se fossem completos opostos. De fato a ciência talvez desde os seus primórdios tem se diferenciado da filosofia e portanto da sabedoria, mas isso ainda não significa que sejam opostas, só que a ciência foi transformada em uma ferramenta importante dos governos [em sua maioria corruptos] para que possa legitimar e expandir os seus poderes. Isso também não significa que, então a ciência deixou de produzir conhecimento, se é aquilo que mais busca e que mais faz, geralmente de maneira muito específica e desintegrada. E é aí que os governos tem entrado, para integrar os conhecimentos, resultando em toda sorte de problemas conhecidos. A diferença também está no direcionamento, na finalidade de sua busca ou aqueles que serão os maiores beneficiados de suas descobertas e invenções.

No mais, por principiar-se pela ''espinha dorsal da macro-realidade'', por aquilo que ''mais importa'', a sabedoria, inevitável e imprescindivelmente, acabará tendo como prioridade primária os seres humanos/vivos. A seleção natural foi uma descoberta surpreendente sobre como ocorre a evolução da vida e tem implicações significativas para a sabedoria. Se uma de suas principais funções, em um mundo ideal, seria a melhoria qualitativa das populações, especialmente as humanas, então a descoberta do mecanismo que contribui ostensivamente para formar as suas características psicológicas/morais e cognitivas, tornou muito mais fácil, evidente e mesmo previsível esta tarefa. Se antes, muitos pensadores acreditavam que apenas a cultura que formava o caráter psico-cognitivo das populações, e portanto, tendo a tarefa redobrada de ''ensiná-la' às gerações de maneira sucessiva e constante, tal como em um jogo cego, esperar que o mecanismo da seleção natural, agora artificializado, começasse a operar, mas sem ter conhecimento de sua existência, por meio de apostasias, que querem indicar divergências individuais comportamentais internas/''genéticas' com as exigências culturais vigentes, agora, se pode apressar este processo em que, ao invés de forçar a cultura a uma população e esperar que ela se conforme, diga-se, um processo bem mais demorado, cheio de resultados imprecisos, com muitos tipos camaleônicos ou ''farsantes' se fazendo passar por crentes absolutos, tal como diz o ditado: ''água mole [cultura] em pedra dura [população], tanto bate até que fura'', pode-se direcioná-la de maneira consciente e muito mais previsível ou precisa. Se a seleção artificial com o intuito de alcançar uma predominância de traços desejados, tornou-se muito mais trivial, então tanto a sabedoria quanto as suas irmãs incompletas [más], como a religião, a ideologia e a cultura, também se tornaram muito mais seletivamente acessíveis. No entanto ao exagerar a individualidade prometeica do ser humano, muitos auto-declarados sábios, tem adiado ou mesmo complicado o caminho para se alcançá-la, isto é, com base na seleção artificial das características comportamentais desejadas que mais expressam a sabedoria, ou a supremacia generalizada do conhecimento, tanto em termos morais quanto em termos naturalistas. Estes tem atribuído à humanidade a sua razão ou livre arbítrio como as principais forças ou influências em suas ações, desprezando quase que totalmente o papel do instinto/genética na promoção de suas disposições de comportamento. Portanto, pateticamente falando, percebe-se que a sabedoria, ao menos em termos nominais ou identitários, tem sido sequestrada por auto-declarados sábios que, ao invés de buscarem entender a macro-realidade e em especial com o intuito de promover a sabedoria, eles tem contribuído para torná-la quase que inacessível em termos práticos, em outras palavras, auto-declarados sábios mas que na verdade tem agido de maneira indiscutivelmente estúpida. Se com base na seleção artificial pode-se alcançar a sabedoria de maneira mais rápida, segura e generalizada, então por que tantos ''sábios'' tem lutado contra a prática deste mecanismo*

A generalização psico-cognitiva, evolutiva e/ou biológica da sabedoria é de vital importância, mas muitos dos auto-declarados sábios parecem estar mais preocupados com o próprio ego do que com a introdução de práticas eficientes, seguras e mais rápidas que favoreçam à essa massificação da inteligência entre os seres humanos, e se possível também entre os seres vivos que tem sido domesticados e/ou dominados por ''nós'.

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