... uma espécie ou classe de transtorno obsessivo compulsivo, em que o ''expressador'' [ou o paranoico] transfere expectativas de conduta aos outros indivíduos, ao invés de fazê-lo com ''impessoalidades'', por exemplo, nos casos clássicos do transtorno obsessivo compulsivo, em que se busca descarregar desejos intensos de ordenamento de parte da realidade por meio de rotinas ritualizadas ou mesmo em relação aos objetos ou ''bens materiais'', geralmente que estão dentro de casa. Portanto, poder-se-ia, talvez, denominar a paranoia interpessoal como uma espécie de ''transtorno obsessivo compulsivo parcial inter-pessoal'', e o próprio transtorno obsessivo em ''transtorno obsessivo compulsivo intra-pessoal'' [que quase sempre exibe uma natureza parcial ou específica, ao invés de generalizar-se a todos os hábitos do indivíduo afetado] e impessoal. O segundo cria pra si mesmo rituais rígidos de comportamento, enquanto que o primeiro o faz, de modo diversamente menos rígido, ainda assim caracteristicamente rígido, em relação ao comportamento alheio, criando expectativas quanto às suas condutas em relação a si mesmo. Seria como a ''expectativa da reciprocidade comportamental'' levada ao extremo, ou nem tanto, porque como eu tenho falado, especialmente no caso do ''paranoico' racional, as suas atitudes serão mais justificáveis ou entendíveis do que no caso de ''paranoicos' irracionais.
O processo empático [interpessoal] finaliza-se justamente pela espera [consciente ou não] da reciprocidade, de ação e reação, depois da abordagem empática, de reconhecimento mútuo de padrões, e enquanto que a maioria das pessoas tende a vê-lo e a vivenciá-lo de maneira menos intensa, o paranoico interpessoal o fará de modo histriônico, super enfatizando-o, não necessariamente de maneira ritualística, mas intuitivamente prevendo como que os outros poderão agir em relação a ele. O uso constante do pensamento preditivo interpessoal, amplificado pela internalização acumulativa de padrões comportamentais, pode resultar na paranoia, se antecipando às interações, e/ou reagindo de maneira hiper-sensível às mesmas. Percebe-se claramente a existência de uma hiper-sensibilidade perceptiva desta natureza. Por exemplo, depois de experienciar interações negativas com um certo tipo de pessoa [em termos culturais, invariavelmente étnicos, comportamentais], sempre quando ''a'' vejo andando na rua, eu tendo a me antecipar, e isso parece ser uma espécie de ''memória autobiográfica específica'' a essas particularidades de nossas interações.
Super vigilância preditiva evolutiva
Super-reação ao comportamento não-verbal [mas também verbal] hostil
Não é sempre que uma pessoa com disposições paranoicas se manifesta deste modo, apenas quando ela sente que está sendo ameaçada, de alguma maneira, corretamente identificada ou não. Portanto, sim, a paranoia como muitos sabem também se consiste em uma manifestação geralmente histriônica em relação ao comportamento [não-verbal/verbal] hostil, só que tende a acontecer de modo mais introspectivo do que abertamente declarativo. Até poderíamos dizer que o paranoico tenda a ser o tipo ''impulsivamente agressivo'' só que dotado de maior capacidade de controle, que pode variar de indivíduo para indivíduo, em que, ao invés de partir para a agressão física, consome os sentimentos negativos ''dentro de si''.
OU NÃO, ;)
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