Eu disse que os pensadores metafóricos podem ser em média menos capazes de entender abstrações e por isso se utilizam da metáfora como maneira de reduzir a complexidade e ou aumentar a concretude das mesmas para que possam entende-las.
Honestidade e humildade intelectual
No entanto também é fato que muitos pensadores mais abstratos ao invés de serem muito inteligentes para entenderem o pensamento abstrato na verdade são mais de internalizadores que conseguem capturar com facilidade o mesmo, e dependendo de sua área de maior especialidade, mas que não o compreende plenamente e ainda por cima não admite pra si mesmo nem para os outros esta realidade.
Entender concretamente também é entender profundamente
Do metafísico ao físico
Entendemos melhor algo quando o literalizamos, quando podemos ter maior noção entre causa e efeito, entre correlação e causalidade O papel da ciência, muitas se não todas as vezes, é justamente esse, o de transformar aquilo que está em um estado ''meta-físico'' de compreensão para um estado físico. Por exemplo, o comportamento. No entanto ainda podemos entender muito bem certas realidades complexas "apenas" por farejarmos corretamente os seus padrões gerais e também os mais específicos de funcionamento. Ainda assim quando mais abstrato, mais vago, mais distante da realidade concreta ou realidade por si mesma. Usamos as abstrações tanto para entender mundos que não estão no nosso contato imediato e físico quanto para tecer mapas mais ou menos coesos dos mesmos, especialmente antes de conhecê-los a partir de suas origens físicas e expressões. No entanto o ideal seria sempre o de conectar este mundo mais amplo de informações para uma maior concretude para que assim se possa vê-lo com maior nitidez. Metaforicamente falando quando vemos algo de longe podemos intuir ou especular sobre o que se consiste, criando abstrações [certos tipos de abstrações]. Mais perto estamos, menos necessário será o uso do artifício da especulação para tentar adivinhar ou desenhar as curvas desta realidade distante, mais importante será o entendimento do concreto ou literal que encontramos, ainda que não advogue em absoluto por este processo classicamente científico se acredito que por meio do entendimento de suas estruturas ou padrões mais elementares já se pode com isso, ainda que menos nítido, de intuir sobre os seus comportamentos mais característicos.
Por exemplo, se já se sabe que os aspectos intrínsecos influenciam na constituição fisiológica e psicológica dos seres/organismos então, talvez, a busca por suas feições microscópica, pode funcionar como um excesso de detalhismos, se se pode conhecer tais funcionamentos ainda a partir de sua superfície e se se pode usar este conhecimento menos aprofundado de maneiras adequadas, especialmente tendo a sabedoria como bússola. Em outras palavras, usando o exemplo novamente: se eu sei que o comportamento ou expressão, emana do ser, e se existe uma constância de padrões reativos do mesmo, então ainda não será imprescindível buscar por genes específicos que os tornam mais disponíveis ou expressíveis para certo ser/contexto individual, para que eu possa entender ou mesmo reconhecer as origens [ou uma de suas dimensões] e/ou a natureza do comportamento.
No mais é isso. Por um lado o artifício constante da metáfora, além de revelar uma disposição cognitiva específica mais latente, também pode revelar um certo déficit para o entendimento de pensamentos e de ideias muito abstratas. Mas por outro lado, também pode revelar uma motivação intrínseca por um entendimento mais concreto daquilo que está sendo enfatizado, especialmente porque apenas o conhecimento do concreto ou físico que de fato nos ajudará a compreender certa particularidade, justamente aquilo que a ciência tende a fazer, indo para o abstrato, ao desenvolver teorias/regras gerais e regredindo ao concreto, através do empiricismo, para de fato, tentar extrair desta experiência metodicamente arquitetada, a realidade dos fatos, que é decisivamente física.
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