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segunda-feira, 22 de maio de 2017

O artista sábio é a morte do ator

N'atuação, fingindo ser,
Alguém que não se é,
Imitando, espelhando, 
Sem ser autêntico,
Sendo outro, como um ator,
Como uma sombra, como um adorador,
N'apropriação, vive um sonho, talvez uma inspiração,
Nunca uma realização, nunca de si próprio, sempre o outro, para o outro,
Sempre o palco, e a fama, vem junto o narciso, a derrama, nunca as luzes de si mesmo, em si mesmo, nunca o autoconhecer, 

Precisa de palmas, de elogios, de fãs, de burburinho,
Na morte do ator, do ato de ser o outro, 
Nasce o artista sábio, ainda um princípio, ainda pouco, mas um começo, um despertar, talvez nunca desperte totalmente, ma[i]s sábio será, não mais atua para os outros, torna-se o próprio juízo, que toma ideais, a qualidade, o seu primeiro espelho, não mais os outros, e seus impulsos emotivos, sua confusão, ou seus sinais vermelhos, 

Torna profundo e real este compromisso,
Mesmo o ator, como profissão, 
Torná-lo paixão, 
Mesmo no ato de nunca ser a si mesmo,
Ainda sê-lo,
Deixa de ter impressões e achismos,
Quando descobre o caminho,
Da penumbra, um sentido,
De risos frouxos, de cócegas, um guizo,
Um aviso, um barulhinho, 
Um rito, e a vida fica mais fácil,
Descobre mais e mais, e talvez retorne,
mais e mais, em si, e ergo, 
Jaz tua farsa, deitada e morta,
Vive a tua graça, quente, ansiosa,
Pronta para sê-lo, e tua hora, mais tua,
Descobre um princípio,
Uma rua,
Não sabia onde sair ou ir,
Agora o controla,
Seu verde e cuidado labirinto,
E depois, busca n'outro maior,
Que encobre a própria vida,
Que é a própria vida,
E assim, o sábio artista,
Ser.


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