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sexta-feira, 10 de março de 2017
Dislexia causa ou não sucesso?? Depende da pessoa e da situação... + ''desafio/conflito interno ou congênito'' como mola propulsora para a auto-realização
Quando um defeito, subjetivo ou objetivo, pode funcionar como uma qualidade extra ou aditiva...
A dislexia geralmente é mais um problema do que uma solução porque em uma sociedade que valoriza e exige conhecimentos verbais com certeza que a dificuldade neurológica para ler e escrever será uma grande desvantagem no mercado competitivo. Para algumas ou muitas pessoas com dislexia a mesma pode ser tratada como uma maldição. No entanto também existem aqueles em que ao invés de desarmonizar ou reduzir a eficiência de um organismo a dislexia tem o efeito oposto. A janela de oportunidade mutacional aparece aí.
Pra variar em um mundo ideologicamente cismado de um lado nós temos, neste caso, aqueles que unilateralmente falando, chegam a argumentar que a dislexia se consiste em uma vantagem universal, que qualquer disléxico encontrar-se-á em clara vantagem, por causa de uma suposta lei universal da compensação: "deus tira de um lado e coloca em outro". A psicologia positiva.
Por outro lado nós temos o lado conservador e neurotípico que, pra variar, também gosta de pensar de maneira unilateral e ao invés de analisar cirurgicamente antes de concluir qualquer coisa prefere seguir o caminho oposto. Este lado advoga bem à moda conservadora que um claro defeito como a dislexia não pode ter qualquer efeito positivo e no máximo poder-se-ia dizer que: Disléxicos talentosos alcançaram o sucesso, além de fatores circunstanciais como a sorte e a motivação intrínseca, apesar desta faceta em comum. Será??
Em alguns casos parece evidente que a dislexia tem um papel central na promoção de um talento mais raro. Em outros apesar de não haver um impacto direto ou quase direto de causalidade esses "desafios internos" podem servir como combustível para se perseguir por um objetivo mais do que se não tivesse qualquer barreira interna.
Percebemos que sociedades muito funcionais tendem a afrouxar os instintos de sobrevivência de suas populações e acho que este tipo de situação também acontece a nível individual em que problemas congênitos que geralmente são negativos e claramente desvantajosos podem servir como desafios ou conflitos internos pressionando o indivíduo para alcançar um objetivo ao invés de causar-lhe mal de maneira direta, quase que como um desafio natural em que algumas pessoas podem ter a possibilidade de negociação e portanto de aceitar e lutar contra esse desafio.
O exemplo de uma pessoa que descobre ter uma doença em estado terminal e decide viver a vida de maneira mais intensa e aquela que passa a sua vida em um torpor ou marasmo de emoções e de significados existenciais ou filosóficos. A desordem pode algumas vezes promover a transcendência individual e ainda é debatido o quão necessária ela pode ser para este tipo raro e humano de vivência, que se consiste a grandeza.
Sem a melancolia o que seria do poeta ou do sábio filósofo? Sem a obsessão o que seria do gênio cientista? Sem a paixão histriônica o que seria do artista?
Sem a desordem o que seria a vida?
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