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sexta-feira, 3 de março de 2017

Ambivertidos: Minoria criativa ou maioria normal?


Eu sempre pensei que o termo ambivertido representasse uma minoria da população humana mas de uns tempos pra cá eu tenho lido o oposto, de que se consistiria numa espécie de maioria esquecida ou silenciosa ainda mais dentro desta briga exacerbada mas nem tanto entre introvertidos e extrovertidos. 

No entanto ao compararmos o ambivertido com o ambidestro ou com o bissexual  chegamos de novo a um paradoxo mas eu acho que é fácil de se resolvê-lo. Novamente a precisão semântica mostra-se essencial para separar e organizar os nossos pensamentos. Pois bem eu defini o termo bissexual tal como geralmente fazemos em relação ao ambidestro. Em ambos existe a restrita necessidade de que apresentem disposições ou desejos significativos para ambos os seus respectivos lados. O ambidestro é o tipo demograficamente raro que pode escrever perfeitamente com as duas mãos. Também poderíamos falar que aquele que pode usar as duas pernas de maneira igual em funcionalidade também pode ser definido como um ambidestro, só que dos membros inferiores (ainda que a descrição supra-ideal do ambidestro seria, aquele que usa em perfeita igualdade de funcionalidade os dois hemisférios do seu corpo, tanto em relação aos membros inferiores quanto aos superiores).

 O bissexual é todo aquele que sente desejo sexual legítimo tanto pelo mesmo sexo quanto pelo sexo oposto, isto é, que sente excitação pelos dois em intensidades muito parecidas, se não idênticas.

 Qualquer pessoa que não pode escrever com as duas mãos ou chutar com os dois pés ou qualquer outra atividade manual em que se exija grande similaridade de funcionalidade de ambos os lados não pode ser considerada como uma ambidestra típica. Talvez possamos ter uma pessoa que é destra para as mãos mas que é muito melhor para chutar com o pé esquerdo. Esta seria uma espécie de ambidestra atípica. 

O mesmo para a bissexualidade em que a típica se manifestará com base na excitação sexual pelos dois sexos enquanto que a segunda o fará com base na excitação por um dos sexos mas grande tolerância sexual pelo outro. 

Mas e para a ambiversão??

Uns dias atrás eu li pelo próprio inventor do termo que os ambivertidos são a maioria da população...

Faz sentido que a maioria das pessoas sejam mais propensas para algum grau de ambiversão ainda que no final eu ache que isso variará de local e que em países como o Brasil tudo indica que vamos ter um predomínio da extroversão principalmente em alguns estados como o Rio de janeiro e os estados nordestinos. 

No entanto se aplicarmos a mesma lógica que eu usei para o ambidestrismo e para a bissexualidade então perfeitos ambivertidos serão uma minoria se percebemos que as pessoas tendem a caminhar mais para uns dos lados mas de maneiras menos intensas.


 Níveis praticamente iguais de introversão e de extroversão ou ''ambiversão típica'' [atenuação quase perfeita dos dois níveis de intensidade), então, seriam mais raros do que a ''ambiversão atípica''. 

E a omniversão?? 

Então, novamente o ambivertido típico é uma minoria enquanto que ambivertidos atípicos serão bem mais comuns emulando a mesma situação do espectro da dominância manual hemisférica em que os ambidestros atípicos (destro na mão e canhoto no pé, por exemplo) não serão tão raros quanto os ambidestros típicos (ambidestro para as mãos, por exemplo). 

A omniversão pode ser um termo válido se se consiste em uma soma da extroversão e da introversão enquanto que a ambiversão se consiste em uma atenuação ou quase anulação de ambos tendendo o segundo a resultar em grande estabilidade emocional enquanto que o primeiro seria mais uma mistura somática atipicamente ou harmoniosamente bipolar de ambos os níveis de reações.


A omniversão parece relacionar-se com o humor ciclotímico ainda que neste caso estejamos falando mais sobre níveis de sensibilidade à densidade de estímulos que estão presentes no ambiente. Eu especulei que o introvertido sentirá de maneira mais intensa os contrastes do mesmo, por exemplo, se sobrecarregando em ambientes densos, e se tornando bem mais leve em ambientes mais calmos, com menor densidade de informações sensoriais. O extrovertido típico será aquele que sentirá menos os contrastes de densidade sensorial dos ambientes e preferindo por aqueles com maior alvoroço, justamente porque encontrar-se-á necessitado de estimulação, enquanto que o introvertido típico, nomeadamente em ambientes muito carregados, encontrar-se-á necessitado de descarregar a sua mente, se já é mais facilmente estimulado. O ambivertido típico, se este tipo existir, se caracterizaria por uma extrema atenuação dos dois níveis de intensidade mais extremos, justamente por localizar-se bem no meio deste espectro. O ambivertido atípico não se sentiria nem muito nem pouco estimulado, possivelmente resultando em uma grande estabilidade emocional/sensorial. Talvez pudéssemos concluir por agora que o ambivertido atípico será aquele que exibirá os níveis mais altos de resiliência psicológica e até que existirá uma forte correlação entre este tipo e a psicopatia, se estabilidade e frieza emocional tendem a se assemelharem em demasia, com a diferença que a primeira não se relacionará com extrema impulsividade ainda que a segunda também possa se manifestar de maneira mais embotada e menos impulsiva. Pode-se ser extremamente estável sem ser frio, frio porém sem ser impulsivo e frio e impulsivo. A aparente estabilidade do psicopata na verdade exibe uma profunda frieza de sentimentos enquanto que se pode ser muito estável e sem ser frio. O ambivertido atípico parece representar a maioria das populações humanas, algumas vezes puxando mais para a introversão, outras vezes mais para a extroversão. O ambivertido atípico ao contrário do extrovertido que está sempre buscando se estimular, o faz de maneira bem mais esporádica e menos intensa. Ele também não se sente quase sempre acuado ou super-estimulado como o introvertido quando está em ambientes muito densos, mas dependendo da situação ele pode ficar. Percebe-se que o ambivertido é mais reativamente ''racional' porque as suas reações dependem mais das nuances do ambiente, isto é, se consistem em reações secundárias, ainda que se originem de uma condição intrínseca de ambiversão. Um ambivertido pode ficar mais introvertido se, por exemplo, ele for à uma festa com pessoas que nunca viu na vida. O introvertido quase sempre ficará mais acuado em ambientes densos como uma festa. Ele pode até gostar de estar lá, mas ficará saturado em pouco tempo. Um ambivertido pode ficar mais solto ou extrovertido também dependendo das variáveis, enquanto que a necessidade de maior estimulação parece estar no automático (ação primária) para o extrovertido.

O omnivertido talvez seja justamente aquele que eu e pelo que parece muitas outras pessoas tem chamado equivocadamente (ou não) de ''ambivertido criativo'', especialmente depois que o famoso psicólogo húngaro Mihaly Csikszentmihalyi analisou e compilou as características de personalidade de algumas das figuras mais eminentes da história humana e concluiu que praticamente todos eles apresentavam contrastes de temperamento e de personalidade. 

Enquanto que o ambivertido atípico (psicologicamente saudáveis) podem ser denominados de ''super-normais'', o omnivertido típico seria o seu quase oposto especialmente em algumas facetas. Assim como o ambivertido o omnivertido também tende a ser mais subconscientemente cirúrgico em suas reações do que os introvertidos e os extrovertidos, mas também tende a sentir a densidade do tamanho, não apenas como um introvertido típico, mas muitas vezes de modo até mais intenso. E também pode sentir grande necessidade de estimulação, como um típico extrovertido. 

Portanto como conclusão redundante eu me achei na possibilidade de diferenciar o ambivertido do omnivertido (onivertido), novamente, mostrando que o primeiro se consiste na ''maioria normal'', menos extrema para um dos níveis mais intensos de reação, enquanto que seria o omnivertido que representaria o arquétipo do mais criativo, que também apresenta um forte estado de ambiversão, só que se manifestaria de modo mais intenso. Ao invés de uma atenuação ou meio-termo entre os extremos, ''se consistiria'' na soma dos níveis e até poderia concluir de modo mais selvagem que a omniversão se consista em um estado superior de auto-consciência, que teoricamente falando, seria o próximo estado evolutivo do ser humano em termos intelectuais e existenciais, por ser uma espécie de estado de completude perceptiva e sensitiva. 

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