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sexta-feira, 17 de março de 2017
A filosofia existencialista defende a degeneração e a ciência a regeneração... E existe uma luta entre os dois mundos
Eu já comentei, já faz um certo tempo, que a filosofia se diferencia da ciência, tal como se tivesse mais um cromossoma, mais existencialista, tornando-a menos afoita ou ansiosa pela resolução de tudo aquilo que possa ser entendido como um problema, porque esta vertente caracteristicamente ''anti-natural'', consiste-se na manifestação mais pura da autoconsciência, do auto-reflexo, que está muito mais desenvolvido em ''nós'', humanos. Enquanto que a ciência está intimamente relacionada com a ordem da natureza, sempre buscando ''melhorá-la'', especialmente quando não é sequestrada por paquidermes psicopáticos no poder, a filosofia, principalmente a sua vertente mais existencial, mais do que funcionar como uma peça utilitária, prefere também ou mesmo de maneira mais intensa, observar, analisar e vivenciar o espetáculo profundamente misterioso da vida, fazendo com que seja ou que se torne muito mais tolerante com a existência de alguns problemas [e no caso do baixo clero da filosofia ou proto-filosofia, com muitos problemas), por exemplo, desordens orgânicas que afetam alguns seres humanos. A ciência busca regenerar a vida, em condições ideais de temperatura e pressão. A filosofia, de maneira geral, busca conciliar o mundo da ordem com o mundo da desordem, entendendo ''intuitivamente'' que, a perfeição, no final do dia, não existe, ou que, talvez, paradoxalmente, a única possibilidade de perfeição se dê justamente com a combinação de características positivas da ordem... e da desordem, porque esta seria a única maneira de se de fato entender a vida, entendendo-a em todo o seu espectro de intensidades. Já a filosofia existencialista, especialmente quando está mais atomizada em si mesma, inevitavelmente caminha para o niilismo profundo, ''vendo a vida passar'', mas sem buscar com isso lhe impor qualquer ordem, mais como o puro ato do espelho, do reflexo da existência ou manifestação mais pura da autoconsciência, em seu simples ato de observar a vida e a si mesmo, do que a ação de se interferir nesta dinâmica, criando portanto, um laço paradoxal entre a profundidade da primeira e a superficialidade do segundo, do niilismo... e ao mesmo tempo em que marcha para fora da lógica naturalista, que consciente ou não, sempre busca pela conservação da vida, ou mesmo da ordem, e sempre acaba lutando contra a desordem, que é um potencial de degeneração ou destruição do estado de conservação, este ramo a mais da filosofia termina por justificar a própria natureza, ao negá-la em sua totalidade, dando-lhe liberdade para agir sem qualquer freio ''civilizatório'' ou que foi originado a partir de uma reflexão mais científica.
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