A normalidade se consiste na manifestação do amalgamento tanto das características positivas ou virtudes/ ordens quanto das negativas ou defeitos/ desordens. Como resultado as excepcionalidades humanas, ainda mais neste cenário evolutivo, tenderão a se encontrar mais à margem deste epicentro de medianidade e especialmente a criatividade em seus níveis mais superlativos. Parece que a fórmula ideal para a mesma necessita de umas pitadas de desordem mental (e algumas vezes mesmo quando ''sai do ponto'' ainda pode ''dar liga''), pois se for normal demais então fatalmente também será convencional demais, e nada mais anti-criativo do que a convencionalidade excessiva.
Os muito criativos tendem a ter um pouco da desatenção e da hiperatividade, especialmente a mental, que está presente na TDAH, da imaginação acima da média, que está totalmente fora de controle no espectro das psicoses, especialmente da esquizofrenia, um pouco ou mesmo bastante dos desníveis diários de humor, que está presente no transtorno bipolar, um pouco ou bastante de um senso mais realista, que está presente no transtorno unipolar ou depressão, da atenção aos detalhes, mais comum no espectro do autismo, enfim... Ainda não sabemos por, talvez, falta de estudos mais detalhados, como que os muito criativos tendem a ser, se mais parecidos com os autistas, ou com os psicóticos, ou com os tdah, ou um pouco [e mais intenso, se comparado com o neurotípico] com todos ao mesmo tempo, tal como um amalgamento de suas características positivas mas também as negativas, só que em níveis bem mais intensos do que entre os convencionais.
Este desafio interno, que é metaforicamente análogo às sociedades, parece ou pode funcionar como uma força ou motivação intrínseca para a superação de barreiras que a própria genética já tende a colocar, tal como eu já falei: quando você nasce com este desafio interno, ou você o supera/transcendência ou você se torna o problema.
Mas e a sabedoria*
Se, como eu defini, a sabedoria se consiste na ordem mental por excelência, na verdadeira, e não por maioria de votos, no caso da normalidade neurotípica, então a sabedoria não se relacionará com nenhum transtorno mental*
Bem, como eu já comentei, a relação entre sabedoria e melancolia é significativa, porque ambas expressam saúde mental intelectual ''extrínseca'', a primeira, com base em uma constância de julgamentos moralmente precisos, e em especial quando se tem a autoconsciência muito ativa e ordenadamente ativa, e a segunda como um apego à vida, causado pela conscientização/ consciência ''cheia'' sobre as verdades existencialistas, que em um mundo de ignorância nos fariam relaxados, mal informados e mesmo crentes de desfechos conhecidos de nossas vidas, por exemplo, na crença da vida após à morte, e que em uma ênfase realista, madura, corajosa porém dolorosa, aceitaríamos ou aceitaremos essas duras e misteriosas verdades quanto a nós mesmos, tendo como consequência esperada a depressão existencial. Por entendermos, compreendermos profundamente o valor e o mistério da vida, nos agarramos à ela, de maneira real, conhecida, e não mais de maneira fantasiosa.
Portanto parece evidente que a sabedoria se relacionará com a depressão, mais precisamente com a sua manifestação mais ''branda'' ou intermediária, que é a melancolia, e pode-se dizer inclusive que esta ênfase existencial ou profundamente realista contribui de sobremaneira para a sabedoria, seja em relação ao altruísmo, ou em relação à busca pela harmonia, principiando por si mesmo, especialmente ao tomarmos consciência final quanto a essas verdades existenciais significativas. O aperto no coração que as mesmas costumam provocar em nós tende a reduzir, por exemplo, nossos ímpetos para a competição, especialmente a que é mais característica, marcada pela ilusão do egocentrismo e aumentar o nosso senso temporal de realidade, nos tornando mais imediatos MAS menos egocentricamente impulsivos, que é a regra em tipos mais instintivos.
Minha lista de blogs
Mostrando postagens com marcador desafio interno. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador desafio interno. Mostrar todas as postagens
quinta-feira, 16 de março de 2017
A criatividade se relaciona com uma série de desordens mentais... e a sabedoria, que é por excelência, a ordem mental*
Marcadores:
criatividade,
desafio interno,
desordem,
desordem mental,
ordem,
sabedoria
sexta-feira, 10 de março de 2017
Dislexia causa ou não sucesso?? Depende da pessoa e da situação... + ''desafio/conflito interno ou congênito'' como mola propulsora para a auto-realização
Quando um defeito, subjetivo ou objetivo, pode funcionar como uma qualidade extra ou aditiva...
A dislexia geralmente é mais um problema do que uma solução porque em uma sociedade que valoriza e exige conhecimentos verbais com certeza que a dificuldade neurológica para ler e escrever será uma grande desvantagem no mercado competitivo. Para algumas ou muitas pessoas com dislexia a mesma pode ser tratada como uma maldição. No entanto também existem aqueles em que ao invés de desarmonizar ou reduzir a eficiência de um organismo a dislexia tem o efeito oposto. A janela de oportunidade mutacional aparece aí.
Pra variar em um mundo ideologicamente cismado de um lado nós temos, neste caso, aqueles que unilateralmente falando, chegam a argumentar que a dislexia se consiste em uma vantagem universal, que qualquer disléxico encontrar-se-á em clara vantagem, por causa de uma suposta lei universal da compensação: "deus tira de um lado e coloca em outro". A psicologia positiva.
Por outro lado nós temos o lado conservador e neurotípico que, pra variar, também gosta de pensar de maneira unilateral e ao invés de analisar cirurgicamente antes de concluir qualquer coisa prefere seguir o caminho oposto. Este lado advoga bem à moda conservadora que um claro defeito como a dislexia não pode ter qualquer efeito positivo e no máximo poder-se-ia dizer que: Disléxicos talentosos alcançaram o sucesso, além de fatores circunstanciais como a sorte e a motivação intrínseca, apesar desta faceta em comum. Será??
Em alguns casos parece evidente que a dislexia tem um papel central na promoção de um talento mais raro. Em outros apesar de não haver um impacto direto ou quase direto de causalidade esses "desafios internos" podem servir como combustível para se perseguir por um objetivo mais do que se não tivesse qualquer barreira interna.
Percebemos que sociedades muito funcionais tendem a afrouxar os instintos de sobrevivência de suas populações e acho que este tipo de situação também acontece a nível individual em que problemas congênitos que geralmente são negativos e claramente desvantajosos podem servir como desafios ou conflitos internos pressionando o indivíduo para alcançar um objetivo ao invés de causar-lhe mal de maneira direta, quase que como um desafio natural em que algumas pessoas podem ter a possibilidade de negociação e portanto de aceitar e lutar contra esse desafio.
O exemplo de uma pessoa que descobre ter uma doença em estado terminal e decide viver a vida de maneira mais intensa e aquela que passa a sua vida em um torpor ou marasmo de emoções e de significados existenciais ou filosóficos. A desordem pode algumas vezes promover a transcendência individual e ainda é debatido o quão necessária ela pode ser para este tipo raro e humano de vivência, que se consiste a grandeza.
Sem a melancolia o que seria do poeta ou do sábio filósofo? Sem a obsessão o que seria do gênio cientista? Sem a paixão histriônica o que seria do artista?
Sem a desordem o que seria a vida?
Assinar:
Postagens (Atom)